NO CORAÇÃO DA FLORESTA SUSSURRANTE, ONDE AS ÁRVORES CONTAVAM SEGREDOS AO VENTO E OS RIACHOS CANTAVAM CANÇÕES DE NINAR, MORAVA UMA CORUJA MUITO ESPECIAL. ELA SE CHAMAVA OLÍVIA, MAS NINGUÉM NA FLORESTA A CONHECIA POR ESSE NOME. PARA TODOS, ELA ERA A CORUJA MASCARADA, A HEROÍNA MAIS RÁPIDA, ESPERTA E EMPLUMADA QUE JÁ EXISTIU!

OLÍVIA NÃO ERA UMA CORUJA QUALQUER. ENQUANTO SUAS PRIMAS E TIAS COCHILAVAM DURANTE O DIA, OLÍVIA TREINAVA. ELA PRATICAVA VOOS RASANTES ENTRE OS GALHOS, ATERRISSAGENS SILENCIOSAS COMO UMA PLUMA E, O MAIS IMPORTANTE, A ARTE DE ESCUTAR. SEUS OLHOS GRANDES E DOURADOS, QUE BRILHAVAM AINDA MAIS POR TRÁS DA SUA ELEGANTE MÁSCARA PRETA DE SEDA, VIAM TUDO, E SEUS OUVIDOS AGUÇADOS CAPTAVAM QUALQUER PEDIDO DE AJUDA.

UMA NOITE, A LUA CHEIA ILUMINAVA A FLORESTA COMO UM FAROL GIGANTE. O PEQUENO ESQUILO SALTITANTE ESTAVA EM APUROS. ELE TINHA ESCONDIDO SUAS BOLOTAS MAIS PRECIOSAS NO OCO DE UMA ÁRVORE ANTIGA, MAS UM VENTO TRAVESSO DERRUBOU O GALHO ONDE ELE MARCAVA O LUGAR. SALTITANTE, DESESPERADO, PULAVA DE UM LADO PARA O OUTRO, SEM SABER O QUE FAZER.

"OH, NÃO! MINHAS BOLOTAS! QUEM VAI ME AJUDAR AGORA?", CHORAMINGOU ELE.

DE REPENTE, UMA SOMBRA VOOU SILENCIOSAMENTE ACIMA DELE. SALTITANTE ERGUEU OS OLHINHOS E VIU UMA SILHUETA FAMILIAR. ERA A CORUJA MASCARADA! ELA PLANOU SUAVEMENTE E POUSOU NUM GALHO PRÓXIMO, SEUS OLHOS FIXOS NO ESQUILO AFLITO.

"QUAL O PROBLEMA, PEQUENO SALTITANTE?", PERGUNTOU A CORUJA MASCARADA COM UMA VOZ SUAVE, MAS FIRME.

SALTITANTE EXPLICOU SEU DILEMA. A CORUJA MASCARADA OUVIU COM ATENÇÃO E, NUM PISCAR DE OLHOS, COMEÇOU A VOAR EM CÍRCULOS SOBRE A ÁRVORE. ELA USOU SUA VISÃO DE SUPER-HEROÍNA PARA ESCANEAR CADA DETALHE, CADA GALHO CAÍDO, CADA FOLHA AMASSADA. DEMOROU UM POUQUINHO, MAS ELA PERCEBEU UM PEQUENO RASTRO DE CASCAS DE BOLOTA QUE O VENTO NÃO CONSEGUIU LEVAR.

"ENCONTREI!", GUINCHOU A CORUJA MASCARADA, POUSANDO AO LADO DE UM BURACO QUASE ESCONDIDO PELA FOLHAGEM.

SALTITANTE CORREU PARA O LOCAL E, PARA SUA ALEGRIA, LÁ ESTAVAM SUAS BOLOTAS! ELE ABRAÇOU A CORUJA COM TODAS AS SUAS FORÇAS DE ESQUILO.

"MUITO OBRIGADO, CORUJA MASCARADA! VOCÊ É A MELHOR!", EXCLAMOU ELE.

A CORUJA MASCARADA SORRIU POR TRÁS DE SUA MÁSCARA. "LEMBRE-SE, SALTITANTE", DISSE ELA, "A FLORESTA É UM LUGAR MÁGICO, MAS ÀS VEZES PRECISAMOS DE UMA AJUDINHA. E EU ESTAREI SEMPRE AQUI PARA PROTEGER A ALEGRIA DE TODOS!"

COM UM ÚLTIMO ACENO DE SUAS ASAS PODEROSAS, A CORUJA MASCARADA SUBIU AO CÉU NOTURNO, ABANDONANDO APENAS UMA LEVE BRISA E UM SENTIMENTO DE PAZ EM TODA A FLORESTA SUSSURRANTE. E ASSIM, NOITE APÓS NOITE, ELA CONTINUOU A SER A HEROÍNA SECRETA QUE GARANTIA QUE TODOS OS MORADORES DA FLORESTA DORMISSEM TRANQUILOS, SABENDO QUE A CORUJA MASCARADA ESTAVA SEMPRE VIGILANTE, PROTEGENDO SEUS SONHOS.

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A FAMA DA CORUJA MASCARADA CRESCEU POR TODA A FLORESTA SUSSURRANTE. OS ANIMAIS CONTAVAM HISTÓRIAS SOBRE SEUS FEITOS HEROICOS, E A CONFIANÇA E A ALEGRIA FLORESCIAM SOB A PROTEÇÃO DE SUAS ASAS. MAS NEM TODAS AS NOITES ERAM TRANQUILAS.

UMA SEMANA DEPOIS DA AVENTURA DE SALTITANTE, UM NOVO PROBLEMA SURGIU. A PEQUENA RATINHA PIPOCA, CONHECIDA POR SUA COLEÇÃO DE PEDRINHAS BRILHANTES, ESTAVA EM PRANTOS. A MAIS BONITA DE SUAS PEDRAS, UMA QUE CINTILAVA COMO UM PEDAÇO DE ARCO-ÍRIS, HAVIA SUMIDO! ELA A GUARDAVA EM SEU ESCONDERIJO SECRETO, PERTO DA RAIZ DE UM PINHEIRO JOVEM, MAS QUANDO FOI ADMIRÁ-LA, A PEDRA NÃO ESTAVA LÁ.

"MINHA PEDRA DO ARCO-ÍRIS! SUMIU!", CHORAMINGAVA PIPOCA, ENQUANTO REVIRAVA SEU NINHO COM AS PATINHAS.

O CHORO DA RATINHA ERA PEQUENO, MAS O OUVIDO AGUÇADO DA CORUJA MASCARADA, QUE OBSERVAVA A FLORESTA DO ALTO DE UMA SEQUOIA GIGANTE, CAPTOU O SOM DA TRISTEZA. COM UM MERGULHO SILENCIOSO, ELA DESCEU E POUSOU SUAVEMENTE PERTO DO PINHEIRO.

"O QUE AFLIGE VOCÊ, PEQUENA PIPOCA?", PERGUNTOU A CORUJA MASCARADA, SUA VOZ ACALMANDO O CORAÇÃO DA RATINHA.

PIPOCA, COM O NARIZINHO TREMENDO, EXPLICOU SOBRE SUA PEDRA PERDIDA. ELA TINHA CERTEZA DE QUE NINGUÉM PODERIA TER ENTRADO EM SEU ESCONDERIJO. A CORUJA MASCARADA PENSOU POR UM MOMENTO. SE NINGUÉM ENTROU, TALVEZ A PEDRA TIVESSE SIDO MOVIDA POR ALGO INUSITADO.

ELA COMEÇOU A INSPECIONAR O CHÃO AO REDOR DO ESCONDERIJO DE PIPOCA. SEUS OLHOS ANALISARAM CADA FOLHA, CADA PEDACINHO DE TERRA. NÃO HAVIA RASTROS DE PÉS GRANDES, NEM PENAS, MAS ELA NOTOU ALGO PECULIAR: UMA TRILHA MUITO, MUITO FININHA DE UMA GOSMA BRILHANTE, QUASE INVISÍVEL. ERA TÃO PEQUENA QUE SÓ A CORUJA MASCARADA, COM SUA VISÃO NOTURNA SUPER APURADA, CONSEGUIRIA VÊ-LA.

A TRILHA LEVAVA PARA UMA CLAREIRA NÃO MUITO LONGE. A CORUJA MASCARADA SEGUIU O RASTRO, VOANDO BAIXO E COM CUIDADO. A TRILHA TERMINAVA PERTO DE UMA POÇA D'ÁGUA ONDE O SAPO COAXANTE ESTAVA SENTADO, CANTAROLANDO.

"BOA NOITE, COAXANTE", DISSE A CORUJA MASCARADA, POUSANDO NA MARGEM DA POÇA. "POR ACASO, VOCÊ VIU ALGO BRILHANTE POR AQUI?"

COAXANTE, UM POUCO DISTRAÍDO, PISCOU SEUS GRANDES OLHOS. "BRILHANTE? AH, SIM! ONTEM À NOITE, ENQUANTO EU PULAVA PERTO DAQUELE PINHEIRO, SENTI ALGO CAIR EM MINHAS COSTAS. ERA TÃO LINDO! PENSEI QUE FOSSE UM PRESENTE DA LUA. MAS DEPOIS, AO PULAR NA POÇA, ELA ESCORREGOU! QUE PENA, ERA TÃO BONITA."

A CORUJA MASCARADA SORRIU GENTILMENTE. A PEDRA NÃO HAVIA SIDO ROUBADA, APENAS MUDOU DE LUGAR POR ACASO! ELA MERGULHOU UMA DE SUAS PATAS DELICADAS NA ÁGUA RASA DA POÇA E, COM CUIDADO, TATEOU O FUNDO ATÉ SENTIR ALGO LISO E FRIO. PUXANDO A PATA PARA FORA, LÁ ESTAVA ELA: A PEDRA DO ARCO-ÍRIS DE PIPOCA, AINDA MAIS RELUZENTE DEPOIS DE UM BANHO NA ÁGUA DA POÇA!

A CORUJA MASCARADA LEVOU A PEDRA DE VOLTA PARA UMA PIPOCA CHEIA DE ESPERANÇA. OS OLHOS DA RATINHA SE ENCHERAM DE ALEGRIA AO VER SUA COLEÇÃO COMPLETA NOVAMENTE.

"OH, CORUJA MASCARADA, VOCÊ É INCRÍVEL! COMO VOCÊ SABIA?", PERGUNTOU PIPOCA, ABRAÇANDO A PEDRA.

"A FLORESTA NOS DÁ PISTAS, PIPOCA", RESPONDEU A CORUJA MASCARADA, COM UM BRILHO MISTERIOSO NOS OLHOS POR TRÁS DA MÁSCARA. "BASTA SABER COMO OLHAR E ESCUTAR. E O MAIS IMPORTANTE, BASTA TER CORAGEM PARA SEGUIR AS PISTAS. LEMBRE-SE, MESMO A MENOR DAS COISAS PODE NOS AJUDAR A ENCONTRAR O QUE PERDEMOS."

COM A MISSÃO CUMPRIDA E A ALEGRIA RESTAURADA, A CORUJA MASCARADA ALÇOU VOO NOVAMENTE, DESAPARECENDO NA ESCURIDÃO ESTRELADA. A FLORESTA SUSSURRANTE ESTAVA MAIS UMA VEZ EM PAZ, E PIPOCA DORMIU FELIZ, SONHANDO COM AS CORES DE SUA PRECIOSA PEDRA DO ARCO-ÍRIS E A GENTILEZA DE SUA HEROÍNA EMPLUMADA.

A CORUJA MASCARADA CONTINUAVA SUA VIGÍLIA, GARANTINDO QUE A FLORESTA SUSSURRANTE FOSSE UM LUGAR DE HARMONIA. MAS NEM TODOS OS PROBLEMAS ERAM SOBRE OBJETOS PERDIDOS. ÀS VEZES, O QUE PRECISAVA SER ENCONTRADO ERA A CORAGEM.

NAQUELA MESMA SEMANA, UM PEQUENO OURIÇO CHAMADO ESPINHO ESTAVA ENFRENTANDO UM GRANDE DESAFIO. ELE TINHA PAVOR DE TROVOADAS. E A PREVISÃO DO TEMPO DOS VENTOS FALANTES INDICAVA QUE UMA GRANDE TEMPESTADE SE APROXIMAVA. ESPINHO ERA MUITO TÍMIDO E SE ESCONDIA EM SUA TOCA TODA VEZ QUE O CÉU FICAVA CINZENTO. MAS DESTA VEZ, SUA IRMÃZINHA, A OURIÇA CACHEADA, ESTAVA DOENTE E PRECISAVA DE UMA FOLHA DE ORVALHO ESPECIAL QUE SÓ NASCIA NO TOPO DA COLINA RONCADA, UM LUGAR QUE ELE JAMAIS OUSARIA IR EM MEIO A UMA TEMPESTADE.

ESPINHO SENTIA SEU CORAÇÃO BATER COMO UM TAMBOR. ELE SE ENCOLHIA, SUAS AGULHAS TREMENDO. ELE PRECISAVA SER BRAVO POR CACHEADA, MAS O MEDO O PARALISAVA. "EU NÃO CONSIGO!", SUSSURROU ELE, QUASE CHORANDO.

LÁ DO ALTO, A CORUJA MASCARADA SENTIU A AFLIÇÃO DE ESPINHO. ELA NÃO OUVIU UM CHORO ALTO, MAS SIM O SILÊNCIO DE UM PEQUENO ANIMAL EM DESESPERO. VOANDO SUAVEMENTE, ELA POUSOU PERTO DA TOCA DE ESPINHO.

"ESPINHO, O QUE TE AFLIGE?", PERGUNTOU A CORUJA MASCARADA, SUA VOZ TRANQUILIZADORA.

ESPINHO, SURPRESO, OLHOU PARA CIMA. ELE EXPLICOU SOBRE CACHEADA E SEU MEDO DA TEMPESTADE QUE SE APROXIMAVA. A CORUJA MASCARADA OUVIU COM PACIÊNCIA E ENTÃO SEUS OLHOS BRILHANTES FOCARAM NOS DELE.

"O MEDO É COMO UMA NUVEM ESCURA, ESPINHO", ELA DISSE. "ELE TENTA NOS COBRIR, MAS POR TRÁS DELE, SEMPRE HÁ A LUZ DA CORAGEM. E VOCÊ TEM ESSA LUZ DENTRO DE SI. A FOLHA DE ORVALHO DA COLINA RONCADA NÃO TEM SEGREDOS PARA VOCÊ. APENAS UM PEQUENO PASSO DE CADA VEZ."

ENQUANTO OS PRIMEIROS PINGOS DE CHUVA COMEÇAVAM A CAIR, A CORUJA MASCARADA PROPÔS UM PLANO. "EU IREI À SUA FRENTE. NÃO PARA LEVÁ-LO, MAS PARA MOSTRAR O CAMINHO. VOCÊ ME SEGUIRÁ, UM PASSO DE CADA VEZ, E VERÁ QUE A COLINA RONCADA NÃO É TÃO ASSUSTADORA QUANDO SE TEM UM OBJETIVO MAIOR."

ESPINHO HESITOU, MAS A DETERMINAÇÃO NOS OLHOS DA CORUJA MASCARADA E O PENSAMENTO DE CACHEADA O IMPULSIONARAM. ELE ASSENTIU.

A CORUJA MASCARADA DECOLOU, VOANDO EM CÍRCULOS LENTOS, ILUMINADA PELOS PRIMEIROS CLARÕES DISTANTES. ESPINHO, COM O CORAÇÃO ACELERADO, COMEÇOU A SEGUIR. CADA TROVÃO FAZIA SUAS AGULHAS SE ERIÇAREM, MAS ELE OLHAVA PARA A SILHUETA GRACIOSA DA CORUJA MASCARADA À FRENTE. ELA NÃO O PRESSIONAVA, APENAS VOAVA EM UM RITMO CONSTANTE, MOSTRANDO QUE O CAMINHO ERA SEGURO.

QUANDO CHEGARAM AO TOPO DA COLINA RONCADA, A CHUVA ENGROSSOU. MAS LÁ ESTAVA, RELUZINDO SOB A LUZ DOS RELÂMPAGOS, A FOLHA DE ORVALHO ESPECIAL. ESPINHO A PEGOU COM CUIDADO. ELE HAVIA CONSEGUIDO! E NÃO ESTAVA MAIS TREMENDO.

"VOCÊ VIU, ESPINHO?", DISSE A CORUJA MASCARADA, POUSANDO AO LADO DELE. "SUA CORAGEM BRILHOU MAIS FORTE QUE QUALQUER TROVÃO. VOCÊ NÃO DEIXOU O MEDO TE PARAR."

ESPINHO OLHOU PARA A FOLHA EM SUA PATA E DEPOIS PARA A CORUJA MASCARADA, SEUS OLHOS CHEIOS DE GRATIDÃO. "MUITO OBRIGADO, CORUJA MASCARADA. EU NÃO TERIA CONSEGUIDO SEM VOCÊ."

"VOCÊ CONSEGUIU, ESPINHO. EU APENAS O AJUDEI A ENCONTRAR A CORAGEM QUE JÁ ESTAVA DENTRO DE VOCÊ", RESPONDEU ELA COM UM SORRISO POR TRÁS DA MÁSCARA.

COM A FOLHA DE ORVALHO EM SEGURANÇA, A CORUJA MASCARADA ACOMPANHOU ESPINHO DE VOLTA PARA SUA TOCA, GARANTINDO QUE A PEQUENA CACHEADA RECEBESSE SUA MEDICINA. ENQUANTO A TEMPESTADE ACALMAVA E O ORVALHO DA MANHÃ COBRIA AS FOLHAS, A CORUJA MASCARADA SUBIU NOVAMENTE AOS CÉUS, SABENDO QUE, MAIS UMA VEZ, A ALEGRIA E A ESPERANÇA HAVIAM SIDO RESTAURADAS NA FLORESTA SUSSURRANTE.

AS ESTAÇÕES MUDARAM NA FLORESTA SUSSURRANTE, TRAZENDO CORES VIBRANTES DE OUTONO E A PROMESSA DE UM INVERNO ACONCHEGANTE. A CORUJA MASCARADA OBSERVAVA TUDO DO ALTO, GARANTINDO QUE A PAZ CONTINUASSE A REINAR. NO ENTANTO, UMA NOVA PREOCUPAÇÃO COMEÇOU A SE ESPALHAR ENTRE OS ANIMAIS: O RIO CRISTALINO, QUE SEMPRE FOI A FONTE MAIS PURA DE ÁGUA PARA TODOS, ESTAVA FICANDO TURVO E SUAS MARGENS, ANTES LIMPAS, AGORA TINHAM UM CHEIRO ESTRANHO.

OS PATOS NÃO QUERIAM MAIS NADAR, OS PEIXES SE ESCONDIAM NO FUNDO E OS COELHOS EVITAVAM BEBER SUA ÁGUA. O VELHO CASTOR SABICHÃO, QUE MORAVA PERTO DAS MARGENS, TENTAVA ENTENDER O QUE ESTAVA ACONTECENDO, MAS NÃO CONSEGUIA DESCOBRIR A CAUSA. A ALEGRIA DA FLORESTA PARECIA DIMINUIR A CADA DIA QUE O RIO FICAVA MAIS SUJO.

A CORUJA MASCARADA PERCEBEU A INQUIETAÇÃO GERAL. O SILÊNCIO DOS ANIMAIS PERTO DO RIO FALAVA MAIS ALTO DO QUE QUALQUER GRITO DE SOCORRO. COM UM VOO RÁPIDO E DETERMINADO, ELA FOI AO ENCONTRO DO CASTOR SABICHÃO.

"CASTOR SABICHÃO, O QUE AFLIGE O RIO CRISTALINO?", PERGUNTOU A CORUJA MASCARADA, POUSANDO EM UMA PEDRA LISA À BEIRA DA ÁGUA TURVA.

O CASTOR SABICHÃO, COM SEUS ÓCULOS NA PONTA DO NARIZ, SUSPIROU. "AH, CORUJA MASCARADA! NÃO SEI. PARECE QUE ALGO ESTÁ CAINDO NO RIO MAIS ACIMA, MAS NÃO CONSIGO ENCONTRAR A ORIGEM. A ÁGUA ESTÁ FICANDO IMPRÓPRIA, E TODOS ESTÃO PREOCUPADOS."

A CORUJA MASCARADA ASSENTIU. PROTEGER A NATUREZA DA FLORESTA ERA TÃO IMPORTANTE QUANTO PROTEGER SEUS HABITANTES. ELA DECIDIU SEGUIR O RIO A MONTANTE, USANDO SUA VISÃO AGUÇADA PARA PROCURAR QUALQUER COISA FORA DO COMUM. VOOU POR ENTRE AS ÁRVORES, SOBRE OS ARBUSTOS E CONTORNANDO AS PEDRAS, SEGUINDO O CURSO DA ÁGUA TURVA.

QUANTO MAIS ELA SUBIA, MAIS FORTE FICAVA O CHEIRO ESTRANHO. FINALMENTE, ELA VIU. NÃO ERA UM MONSTRO, NEM UMA ARMADILHA. ERA O PEQUENO GAMBÁ FEDORINO, QUE, SEM QUERER, HAVIA DERRUBADO UM GRANDE POTE DE SUAS "POÇÕES DE CHEIRO FORTE" – MISTURAS QUE ELE ADORAVA FAZER COM PLANTAS E FRUTAS PARA CRIAR PERFUMES (QUE PARA OS OUTROS ANIMAIS ERAM, NA VERDADE, FEDORENTOS!). O POTE HAVIA ROLADO LADEIRA ABAIXO E SE QUEBRADO BEM NA NASCENTE DO RIO CRISTALINO, LIBERANDO TODA A SUA MISTURA NA ÁGUA.

FEDORINO ESTAVA SENTADO AO LADO DO POTE QUEBRADO, COM UMA EXPRESSÃO DE TRISTEZA. "OH, NÃO! MINHAS POÇÕES! ELAS FORAM TODAS PARA A ÁGUA!", LAMENTOU ELE, SEM PERCEBER O MAL QUE ESTAVA CAUSANDO AO RIO.

A CORUJA MASCARADA POUSOU SUAVEMENTE AO LADO DELE. "FEDORINO", DISSE ELA COM GENTILEZA, "SUAS POÇÕES ACABARAM NO RIO E ESTÃO DEIXANDO A ÁGUA TURVA E COM UM CHEIRO RUIM. OS ANIMAIS NÃO PODEM MAIS BEBER OU BRINCAR NELE."

FEDORINO, PERCEBENDO A GRAVIDADE DA SITUAÇÃO PELA PRIMEIRA VEZ, ARREGALOU OS OLHOS. ELE NUNCA QUIS PREJUDICAR NINGUÉM! "OH, NÃO! O QUE EU FAÇO? POSSO LIMPAR?", PERGUNTOU ELE, JÁ COMEÇANDO A JUNTAR OS CACOS DO POTE.

A CORUJA MASCARADA PENSOU RAPIDAMENTE. A MISTURA NÃO ERA PERIGOSA, APENAS FEDORENTA E TURVA. "SIM, VOCÊ PODE AJUDAR! PRECISAMOS DE UM FILTRO PARA A NASCENTE. RECOLHA TODAS AS FOLHAS GRANDES E MACIAS QUE PUDER ENCONTRAR, E ALGUNS GALHOS FINOS. ENQUANTO ISSO, EU VOU BUSCAR A AJUDA DO CASTOR SABICHÃO."

JUNTOS, A CORUJA MASCARADA, FEDORINO E O CASTOR SABICHÃO TRABALHARAM EM EQUIPE. FEDORINO JUNTOU UMA MONTANHA DE FOLHAS, E O CASTOR SABICHÃO USOU SEUS DENTES FORTES PARA CORTAR GALHOS FINOS. A CORUJA MASCARADA ORIENTOU A CONSTRUÇÃO DE UMA PEQUENA BARREIRA DE GALHOS E FOLHAS NA NASCENTE, AGINDO COMO UM FILTRO NATURAL PARA QUE A ÁGUA LIMPA PUDESSE COMEÇAR A CORRER NOVAMENTE.

DEMOROU UM POUCO, MAS A ÁGUA COMEÇOU A CLAREAR. FEDORINO, ENVERGONHADO NO INÍCIO, FICOU ORGULHOSO DE TER AJUDADO A CONSERTAR SEU ERRO.

"NUNCA MAIS FAREI MINHAS POÇÕES PERTO DO RIO", PROMETEU FEDORINO, COM UM SORRISO ARREPENDIDO.

A CORUJA MASCARADA SORRIU. "É IMPORTANTE APRENDER COM NOSSOS ERROS, FEDORINO. E O MAIS IMPORTANTE, É TER A INICIATIVA DE CONSERTÁ-LOS. TODOS NA FLORESTA APRECIAM SEU ESFORÇO."

QUANDO O SOL SE PÔS, O RIO CRISTALINO VOLTAVA A BRILHAR, E O CHEIRO ESTRANHO QUASE DESAPARECERA. OS ANIMAIS, AO VEREM A ÁGUA LIMPA NOVAMENTE, CELEBRARAM COM ALEGRIA. A CORUJA MASCARADA, COMO SEMPRE, OBSERVOU DE LONGE, UM SÍMBOLO SILENCIOSO DE QUE, COM SABEDORIA, TRABALHO EM EQUIPE E A VONTADE DE AJUDAR, TODOS OS PROBLEMAS PODIAM SER RESOLVIDOS NA FLORESTA SUSSURRANTE.

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COM O RIO CRISTALINO NOVAMENTE LÍMPIDO, A FLORESTA SUSSURRANTE FICAVA calma. MAS A PAZ NÃO DURARIA PARA SEMPRE. DESTA VEZ, O PROBLEMA NÃO ERA UM OBJETO PERDIDO OU UM MEDO, MAS SIM UM DESENTENDIMENTO QUE AMEAÇAVA DIVIDIR OS AMIGOS.

OS PEQUENOS MORCEGOS NOTURNOS, CONHECIDOS POR SUAS BRINCADEIRAS VELOZES AO ANOITECER, E OS VAGALUMES, QUE ADORAVAM CRIAR PADRÕES DE LUZ CINTILANTES, ESTAVAM EM UMA BRIGA. OS MORCEGOS, SEM QUERER, PASSAVAM RÁPIDO DEMAIS E APAGAVAM ALGUMAS LUZES DOS VAGALUMES, O QUE OS DEIXAVA ZANGADOS. OS VAGALUMES, POR SUA VEZ, ÀS VEZES BRILHAVAM MUITO FORTE BEM NA FRENTE DOS MORCEGOS, ATRAPALHANDO SEUS VOOS ACROBÁTICOS. NINGUÉM CONSEGUIA ENTRAR EM UM ACORDO, E A FLORESTA, QUE ANTES ERA CHEIA DE RISADAS, AGORA TINHA UM SILÊNCIO TENSO AO ANOITECER.

A CORUJA MASCARADA NOTOU A FALTA DE HARMONIA. ELA NÃO OUVIU GRITOS, MAS SIM A AUSÊNCIA DAS BRINCADEIRAS NOTURNAS. OS MORCEGOS VOAVAM EM UM CANTO, OS VAGALUMES BRILHAVAM EM OUTRO, E A ALEGRIA DA NOITE SE PERDIA. VOANDO EM SEU COSTUMEIRO SILÊNCIO, ELA OBSERVOU A SITUAÇÃO DE PERTO.

ELA CONVOCOU UMA PEQUENA REUNIÃO. PRIMEIRO, CONVERSOU COM OS MORCEGOS, QUE RECLAMARAM DA LUZ FORTE NOS OLHOS. DEPOIS, COM OS VAGALUMES, QUE SE QUEIXARAM DE TEREM SUAS LUZES "APAGADAS" PELOS VOOS RÁPIDOS. A CORUJA MASCARADA ESCUTOU A TODOS COM ATENÇÃO, SEM TOMAR PARTIDO, COMPREENDENDO O PONTO DE VISTA DE CADA UM.

"ENTENDO A FRUSTRAÇÃO DE VOCÊS", DISSE A CORUJA MASCARADA, SUA VOZ CALMA E MEDIADORA. "MAS A FLORESTA É GRANDE O SUFICIENTE PARA AS BRINCADEIRAS DE TODOS. PRECISAMOS ENCONTRAR UMA MANEIRA DE VOCÊS COEXISTIREM EM HARMONIA, PARA QUE A ALEGRIA DA NOITE VOLTE."

FOI ENTÃO QUE A CORUJA MASCARADA TEVE UMA IDEIA. "MORCEGOS, SUAS BRINCADEIRAS SÃO INCRÍVEIS, E VOCÊS SÃO MESTRES EM VOAR NO ESCURO. QUE TAL CRIARMOS UMA ÁREA DE VOO ACROBÁTICO PARA VOCÊS, MAIS AFASTADA DA PARTE ONDE OS VAGALUMES GOSTAM DE DANÇAR COM SUAS LUZES?"

OS MORCEGOS PARECERAM INTERESSADOS. "E NÓS, VAGALUMES?", PERGUNTOU O LÍDER DELES, UM VAGALUME CHAMADO BRILHANTE.

"VAGALUMES, A LUZ DE VOCÊS É A ESTRELA DA FLORESTA NOTURNA. QUE TAL VOCÊS CRIAREM UM ESPETÁCULO DE LUZES COORDENADO? VOCÊS PODEM AVISAR OS MORCEGOS QUANDO FARÃO SUAS DANÇAS MAIS INTENSAS, E ELES PODEM DESVIAR OU ATÉ MESMO ASSISTIR AO SHOW DE VOCÊS!"

A PRINCÍPIO, HOUVE UM POUCO DE HESITAÇÃO. MAS A CORUJA MASCARADA INSISTIU: "A AMIZADE É COMO UMA MELODIA. PRECISAMOS DE TODAS AS NOTAS PARA QUE ELA SEJA LINDA. UM POUCO DE ORGANIZAÇÃO E MUITO RESPEITO PODEM FAZER A DIFERENÇA."

COM A SABEDORIA DA CORUJA MASCARADA, OS MORCEGOS E OS VAGALUMES COMEÇARAM A ENSAIAR SUAS NOVAS ROTINAS. OS MORCEGOS DESIGNARAM UMA ÁREA PARA SEUS VOOS MAIS RADICAIS, E OS VAGALUMES COMEÇARAM A CRIAR PADRÕES DE LUZES INCRÍVEIS, AVISANDO QUANDO IRIAM BRILHAR MAIS FORTE.

EM POUCAS NOITES, A FLORESTA SE ENCHEU NOVAMENTE DE ALEGRIA. OS MORCEGOS VOAVAM LIVRES E FELIZES EM SUA ÁREA, E OS VAGALUMES ORGANIZAVAM SHOWS DE LUZES QUE ENCANTAVAM A TODOS, INCLUINDO OS MORCEGOS, QUE PARAVAM PARA ASSISTIR AO ESPETÁCULO.

"VOCÊ NOS AJUDOU A ENXERGAR QUE PODEMOS SER AMIGOS E BRILHAR JUNTOS, CORUJA MASCARADA!", DISSE BRILHANTE, O VAGALUME, COM SUA LUZ PISCANDO EM AGRADECIMENTO.

A CORUJA MASCARADA ASSENTIU, OBSERVANDO A HARMONIA QUE RETORNARA À NOITE. "LEMBREM-SE, PEQUENOS AMIGOS", DISSE ELA, "A COMUNICAÇÃO E O RESPEITO SÃO OS MAIORES TESOUROS DE QUALQUER COMUNIDADE. ELES PERMITEM QUE CADA UM BRILHE À SUA MANEIRA, SEM APAGAR A LUZ DO OUTRO."

E ASSIM, A CORUJA MASCARADA CONTINUOU SUA VIGÍLIA, SABENDO QUE A FLORESTA SUSSURRANTE ESTAVA MAIS FORTE NÃO APENAS PELA AUSÊNCIA DE PROBLEMAS, MAS PELA CAPACIDADE DE SEUS HABITANTES DE RESOLVEREM SUAS DIFERENÇAS COM SABEDORIA E AMIZADE.

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COM A HARMONIA RESTAURADA ENTRE MORCEGOS E VAGALUMES, A FLORESTA SUSSURRANTE PROSPERAVA. MAS UM NOVO MISTÉRIO COMEÇAVA A INTRIGAR SEUS HABITANTES: FLORES MÁGICAS QUE FLORESCIAM APENAS NA LUA CHEIA ESTAVAM PERDENDO SEU BRILHO. ERAM AS FLORES DA LUZ NOTURNA, QUE, SEGUNDO AS LENDAS ANTIGAS, PROTEGIAM OS SONHOS DE TODOS NA FLORESTA. SEM SEU BRILHO, OS SONHOS DOS PEQUENOS ANIMAIS ESTAVAM FICANDO CONFUSOS E CHEIOS DE PESADELOS.

A PEQUENA JOANINHA PINTADA, QUE SONHAVA EM SER UMA GRANDE ARTISTA, ACORDAVA TODAS AS MANHÃS COM SEUS DESENHOS BORRADOS E SUAS CORES APAGADAS EM SUA MENTE. O CASTOR DENTUÇO, QUE SONHAVA EM CONSTRUIR A MAIOR REPRESA DO MUNDO, AGORA SÓ SONHAVA COM SUA REPRESA DESMORONANDO. A ALEGRIA QUE PERMEAVA O SONO DA FLORESTA ESTAVA SE DESVANECENDO.

A CORUJA MASCARADA SENTIU A MUDANÇA NO AR. NÃO ERA UM BARULHO, MAS UMA SENSAÇÃO DE TRISTEZA QUE PAIRAVA SOBRE OS ANIMAIS QUANDO ELES ACORDAVAM. VOANDO EM SEU VOO SILENCIOSO, ELA VISITOU O BOSQUE DOS SONHOS, ONDE AS FLORES DA LUZ NOTURNA COSTUMAVAM BRILHAR COM INTENSIDADE. ELAS ESTAVAM LÁ, MAS FRACAS, QUASE OPACAS.

ELA FOI ATÉ A VOVÓ TARTARUGA, A MAIS ANTIGA E SÁBIA MORADORA DA FLORESTA, QUE ESTAVA MEDITANDO PERTO DE UM CÓRREGO.

"VOVÓ TARTARUGA", PERGUNTOU A CORUJA MASCARADA, "AS FLORES DA LUZ NOTURNA ESTÃO PERDENDO SEU BRILHO. OS SONHOS DOS NOSSOS AMIGOS ESTÃO SE DESFAZENDO. VOCÊ SABE O QUE PODE ESTAR ACONTECENDO?"

A VOVÓ TARTARUGA PISCOU LENTAMENTE. "AH, CORUJA MASCARADA. AS FLORES DA LUZ NOTURNA SE ALIMENTAM DA ALEGRIA PURA E DESINTERESSADA. ELAS BRILHAM MAIS QUANDO A FLORESTA ESTÁ EM PLENA HARMONIA, COM TODOS SE AJUDANDO SEM PEDIR NADA EM TROCA. TALVEZ ALGO ESTEJA BLOQUEANDO ESSA ENERGIA."

A CORUJA MASCARADA PONDEROU. NÃO HAVIA BRIGA, NEM SUJEIRA NO RIO. O QUE PODERIA ESTAR BLOQUEANDO A ALEGRIA? ELA VOOU ALTO, OBSERVANDO TODA A FLORESTA. ENTÃO, ELA VIU. NO CENTRO DA CLAREIRA PRINCIPAL, UM GRUPO DE JOVENS ESQUILOS E COELHOS ESTAVA EM UMA COMPETIÇÃO ACIRRADA. ELES ESTAVAM APOSTANDO QUEM CONSEGUIA ENCONTRAR MAIS FRUTAS SILVESTRES, E A COMPETIÇÃO ESTAVA VIRANDO RIVALIDADE. ELES NÃO ESTAVAM MAIS SE DIVERTINDO JUNTOS; ESTAVAM TENTANDO SUPERAR UNS AOS OUTROS, E ALGUNS ATÉ ESCONDIAM AS FRUTAS UNS DOS OUTROS.

A CORUJA MASCARADA DESCEU GRACIOSAMENTE ATÉ A CLAREIRA. "AMIGOS", DISSE ELA, COM SUA VOZ SUAVE E AUTORITÁRIA, "VEJO QUE VOCÊS ESTÃO EM UMA COMPETIÇÃO. A COMPETIÇÃO PODE SER DIVERTIDA, MAS QUANDO ELA SE TORNA SOBRE QUEM É MELHOR, E NÃO SOBRE A ALEGRIA DE PARTICIPAR, ELA PODE ROUBAR ALGO PRECIOSO."

OS PEQUENOS ANIMAIS PARARAM SUAS BUSCAS, UM POUCO ENVERGONHADOS. "MAS NÓS SÓ QUERÍAMOS VER QUEM ERA O CAMPEÃO!", DISSE UM COELHO.

“E é MARAVILHOSO QUERER SER BOM NO QUE FAZ", RESPONDEU A CORUJA MASCARADA. "MAS A ALEGRIA VERDADEIRA VEM DE COMPARTILHAR E CELEBRAR AS CONQUISTAS DE TODOS, NÃO APENAS AS SUAS PRÓPRIAS. AS FLORES DA LUZ NOTURNA DEPENDEM DA ALEGRIA QUE NASCE DA UNIÃO."

A CORUJA MASCARADA PROPÔS UM NOVO JOGO. "QUE TAL VOCÊS TRABALHAREM JUNTOS PARA ENCONTRAR O MÁXIMO DE FRUTAS QUE PUDEREM, E DEPOIS DIVIDIREM TUDO? E CADA UM QUE ENCONTRAR UMA FRUTA ESPECIAL PODE MOSTRÁ-LA AOS OUTROS, E TODOS PODEM APLAUDIR A DESCOBERTA."

OS JOVENS ANIMAIS SE ENTREOLHARAM. PARECIA UMA IDEIA ESTRANHA, MAS A SABEDORIA DA CORUJA MASCARADA ERA INEGÁVEL. ELES CONCORDARAM EM TENTAR. EM VEZ DE COMPETIR, COMEÇARAM A COLABORAR. "OLHE, UMA FRAMBOESA AQUI!", GRITOU UM ESQUILO, E UM COELHO CORREU PARA AJUDAR A COLHER. A ALEGRIA DAS DESCOBERTAS COMPARTILHADAS ENCHEU A CLAREIRA.

NAQUELA NOITE, SOB A LUA CHEIA, O BOSQUE DOS SONHOS VOLTOU A BRILHAR. AS FLORES DA LUZ NOTURNA, ALIMENTADAS PELA ALEGRIA DESINTERESSADA E PELA AMIZADE RENOVADA, IRRADIAVAM CORES VIBRANTES NOVAMENTE. OS ANIMAIS DA FLORESTA SUSSURRANTE DORMIRAM PROFUNDAMENTE, E SEUS SONHOS ESTAVAM CHEIOS DE CORES BRILHANTES E AVENTURAS FELIZES.

A CORUJA MASCARADA OBSERVOU O BRILHO DAS FLORES, SABENDO QUE, ÀS VEZES, A MAIOR DAS AMEAÇAS NÃO VINHA DE FORA, MAS DE PEQUENOS DESEQUILÍBRIOS NA FORMA COMO OS AMIGOS INTERAGIAM. E QUE A SOLUÇÃO ERA SEMPRE A MESMA: UNIÃO, RESPEITO E A ALEGRIA DE ESTAR JUNTO.

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COM OS SONHOS DA FLORESTA SUSSURRANTE SEGUROS E BRILHANTES NOVAMENTE, UM SENTIMENTO DE OTIMISMO PAIRAVA NO AR. NO ENTANTO, UMA NOVA PREOCUPAÇÃO COMEÇOU A TOMAR CONTA DOS ANIMAIS, ALGO QUE ELES NUNCA HAVIAM ENFRENTADO ANTES: O GRANDE ESQUECIMENTO. PEQUENAS COISAS COMEÇARAM A SER ESQUECIDAS. O CASTOR DENTUÇO ESQUECEU ONDE GUARDOU SEUS GALHOS FAVORITOS, A JOANINHA PINTADA NÃO LEMBRAVA MAIS AS CORES QUE IA USAR EM SEUS DESENHOS, E ATÉ MESMO A VOVÓ TARTARUGA, PELA PRIMEIRA VEZ, ESQUECEU O CAMINHO PARA SUA SESTA DA TARDE.

NÃO ERA ALGO QUE CAUSASSE TRISTEZA OU MEDO DIRETAMENTE, MAS UMA CONFUSÃO SUAVE, UMA NÉVOA QUE PARECIA COBRIR AS MEMÓRIAS. A ROTINA DA FLORESTA ESTAVA SENDO ALTERADA, E A PREOCUPAÇÃO CRESCIA À MEDIDA QUE MAIS E MAIS ESQUECIMENTOS ACONTECIAM.

A CORUJA MASCARADA, SEMPRE ATENTA, PERCEBEU QUE AS PEQUENAS CONVERSAS DOS ANIMAIS ESTAVAM CHEIAS DE "ONDE FOI QUE EU COLOQUEI...?" E "EU TINHA CERTEZA QUE...". ELA SABIA QUE PRECISAVA INVESTIGAR.

VOANDO ATÉ O CENTRO DA FLORESTA, A CORUJA MASCARADA OBSERVOU. NÃO HAVIA NADA VISÍVEL, NENHUM SINAL DE PROBLEMA. FOI ENTÃO QUE ELA NOTOU ALGO INCOMUM NO VELHO CARVALHO SÁBIO, A ÁRVORE MAIS ANTIGA E COM MAIS MEMÓRIAS DA FLORESTA. SUAS FOLHAS, QUE NORMALMENTE SUSSURRAVAM HISTÓRIAS, ESTAVAM QUASE IMÓVEIS. E EM SUA BASE, UM PEQUENO BURACO, ANTES COBERTO POR MUSGO, AGORA ESTAVA EXPOSTO.

ELA POUSOU SILENCIOSAMENTE PERTO DA RAIZ EXPOSTA E OLHOU PARA DENTRO DO BURACO. LÁ DENTRO, ESTAVA UM PEQUENO E MUITO ANTIGO BESOURO DA MEMÓRIA — UMA CRIATURA LENDÁRIA QUE RARAMENTE ERA VISTA, E QUE TINHA O PODER DE COLETAR E ORGANIZAR AS MEMÓRIAS DA FLORESTA, GUARDANDO-AS COM CUIDADO. MAS O BESOURO DA MEMÓRIA ESTAVA MUITO FRACO, QUASE SEM BRILHO. ELE TINHA FICADO PRESO E NÃO CONSEGUIA ALCANÇAR AS RAÍZES DO CARVALHO SÁBIO PARA SE ALIMENTAR DA SABEDORIA QUE ALI FLUÍA.

"PEQUENO BESOURO DA MEMÓRIA, O QUE ACONTECEU?", PERGUNTOU A CORUJA MASCARADA COM SUAVIDADE.

O BESOURO TENTOU RESPONDER, MAS SUA VOZ ERA UM MERO SUSSURRO. ELE ESTAVA EXAUSTO POR NÃO CONSEGUIR SE CONECTAR À ÁRVORE.

A CORUJA MASCARADA RAPIDAMENTE ENTENDEU O PROBLEMA. SEM A ENERGIA DO CARVALHO SÁBIO, O BESOURO DA MEMÓRIA NÃO CONSEGUIA CUMPRIR SUA FUNÇÃO, E AS MEMÓRIAS DA FLORESTA COMEÇARAM A SE DISPERSAR. ERA COMO SE A BIBLIOTECA DA FLORESTA ESTIVESSE SEM SEU BIBLIOTECÁRIO.

MAS COMO AJUDAR O BESOURO A SE CONECTAR NOVAMENTE? ELE ERA MUITO FRÁGIL PARA SER MOVIDO. A CORUJA MASCARADA PENSOU EM UMA SOLUÇÃO. ELA PRECISAVA LEVAR A ENERGIA DO CARVALHO SÁBIO ATÉ ELE. COM SUAS GARRAS DELICADAS, ELA COMEÇOU A REUNIR PEQUENOS FIOS DE MUSGO E CASCA DE ÁRVORE QUE BRILHAVAM COM A SEIVA DO CARVALHO.

CUIDADOSAMENTE, ELA CRIOU UMA PEQUENA "PONTE" IMPROVISADA, UMA ESTEIRA DE MUSGO E GALHOS FINOS QUE IA DO BESOURO DA MEMÓRIA ATÉ UMA RAIZ MAIS PRÓXIMA. ERA UM TRABALHO MINUCIOSO E EXIGIA PACIÊNCIA, MAS A CORUJA MASCARADA ERA PERSISTENTE.

QUANDO A PEQUENA PONTE FICOU PRONTA, O BESOURO DA MEMÓRIA, COM UM ESFORÇO FINAL, CONSEGUIU SE MOVER LENTAMENTE POR ELA, CONECTANDO-SE À RAIZ DO CARVALHO SÁBIO. UM BRILHO SUAVE COMEÇOU A EMANAR DELE, CRESCENDO A CADA MINUTO. O CARVALHO SÁBIO PARECEU RESPIRAR MAIS FUNDO, E SUAS FOLHAS VOLTARAM A SUSSURRAR.

NO DIA SEGUINTE, A MAGIA DA MEMÓRIA COMEÇOU A RETORNAR. O CASTOR ENCONTROU SEUS GALHOS, A JOANINHA LEMBROU AS CORES DE UM PÔR DO SOL QUE QUERIA PINTAR, E A VOVÓ TARTARUGA SORRIU, LEMBRANDO-SE DE UMA CANÇÃO DE NINAR QUE NÃO CANTAVA HÁ MUITO TEMPO. A FLORESTA SUSSURRANTE ESTAVA VOLTANDO AO NORMAL, E A ALEGRIA DO RECONHECIMENTO PREENCHEU O AR.

A CORUJA MASCARADA OBSERVOU TUDO DO ALTO, UM SORRISO INVISÍVEL POR TRÁS DE SUA MÁSCARA. O GRANDE ESQUECIMENTO HAVIA SIDO SUPERADO. ELA SABIA QUE A FLORESTA, COMO QUALQUER COMUNIDADE, DEPENDIA DE CADA UM DE SEUS ELEMENTOS, ATÉ MESMO DOS MENORES E MAIS ESCONDIDOS, PARA PROSPERAR EM PLENA FELICIDADE.

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COM A MEMÓRIA DA FLORESTA RESTAURADA, A VIDA NA FLORESTA SUSSURRANTE VOLTOU AO SEU RITMO ALEGRE E PREVISÍVEL. NO ENTANTO, O PRÓXIMO DESAFIO DA CORUJA MASCARADA NÃO SERIA UM PROBLEMA INTERNO, MAS ALGO QUE VINHA DE FORA, AMEAÇANDO A PRÓPRIA EXISTÊNCIA DE UM PEDACINHO DA FLORESTA.

UM DIA, AO SOBREVOAR A PARTE MAIS ANTIGA DA FLORESTA, ONDE AS ÁRVORES ERAM TÃO ALTAS QUE PARECIAM TOCAR O CÉU, A CORUJA MASCARADA SENTIU UMA VIBRAÇÃO ESTRANHA. ERA UM SOM DISTANTE E PERTURBADOR: O RANGER DE METAIS E O BAQUE DE MADEIRA CONTRA MADEIRA. O SOM VINHA DO LIMITE DA FLORESTA, PERTO DO VALE DAS SOMBRAS, UM LUGAR QUE OS ANIMAIS EVITAVAM POR SER ESCURO E MISTERIOSO.

ELA VOOU PARA INVESTIGAR. O QUE ELA VIU FEZ SEU CORAÇÃO DE SUPER-HEROÍNA APERTAR. GRANDES MÁQUINAS, OPERADAS POR SERES ESTRANHOS (HUMANOS, MAS NÃO AQUELES QUE VISITAVAM A FLORESTA COM RESPEITO), ESTAVAM DERRUBANDO AS ÁRVORES MAIS JOVENS NA BEIRADA DO VALE. ELES ESTAVAM CONSTRUINDO UMA NOVA ESTRADA, E A CADA ÁRVORE QUE CAÍA, UM PEDAÇO DA FLORESTA PARECIA CHORAR.

O COELHINHO MEDROSO, QUE VIVIA ALI PERTO, ESTAVA TREMENDO EM SUA TOCA. A FAMÍLIA URSO, QUE TINHA SUA CAVERNA NAQUELA ÁREA, ROSNAVA DE PREOCUPAÇÃO. TODOS OS ANIMAIS DAQUELA PARTE DA FLORESTA ESTAVAM APAVORADOS E SEM SABER O QUE FAZER CONTRA ALGO TÃO GRANDE E BARULHENTO.

A CORUJA MASCARADA SABIA QUE NÃO PODIA LUTAR CONTRA AS MÁQUINAS COM SUAS GARRAS E PENAS. ELA PRECISAVA DE ALGO MAIS. PRECISAVA DA SABEDORIA E DA UNIÃO DE TODA A FLORESTA.

ELA CONVOCOU UMA ASSEMBLEIA URGENTE NO CORAÇÃO DA FLORESTA, A CLAREIRA ONDE AS ÁRVORES MAIS ANTIGAS SE REUNIAM. TODOS OS ANIMAIS COMPARECERAM: O ESQUILO SALTITANTE, A RATINHA PIPOCA, O OURIÇO ESPINHO, O CASTOR SABICHÃO, OS MORCEGOS, OS VAGALUMES E ATÉ A VOVÓ TARTARUGA.

"AMIGOS DA FLORESTA SUSSURRANTE", DISSE A CORUJA MASCARADA, SUA VOZ RESSOANDO COM SERIEDADE. "NOSSA CASA ESTÁ EM PERIGO. SERES ESTRANHOS ESTÃO DERRUBANDO NOSSAS ÁRVORES NO VALE DAS SOMBRAS. NÃO PODEMOS LUTAR COM FORÇA, MAS PODEMOS LUTAR COM O QUE TEMOS DE MAIS PRECIOSO: NOSSA INTELIGÊNCIA E NOSSA UNIÃO."

O COELHINHO MEDROSO CHORAMINGOU: "MAS O QUE PODEMOS FAZER? ELES SÃO MUITO GRANDES!"

A CORUJA MASCARADA VOOU PARA O CENTRO E EXPLICOU SEU PLANO. ELA HAVIA NOTADO QUE OS HUMANOS PARAVAM DE TRABALHAR QUANDO O SOL COMEÇAVA A SE PÔR. ELES TEMIAM A ESCURIDÃO E OS SONS ESTRANHOS DA NOITE.

"NÓS VAMOS MOSTRAR A ELES QUE ESTA FLORESTA TEM VIDA, E QUE ELA OS LEMBRA QUEM A HABITA. MORCEGOS, VOCÊS VOARÃO EM GRUPOS GRANDES, FAZENDO SOMBRAS ENORMES SOBRE AS MÁQUINAS. VAGALUMES, VOCÊS PISCARÃO SUAS LUZES EM PADRÕES ESTRANHOS E RÁPIDOS AO REDOR DELES. COELHOS E ESQUILOS, VOCÊS FARÃO BARULHOS DE PASSOS E SUSSURROS POR ENTRE AS FOLHAS, COMO SE A FLORESTA ESTIVESSE ACORDANDO PARA OBSERVÁ-LOS. CASTOR SABICHÃO, FAÇA BARULHOS COM A CAUDA NA ÁGUA DO RIO, SONS QUE NUNCA OUVIRAM ANTES. E TODOS NÓS FAREMOS O QUE A FLORESTA FAZ DE MELHOR: SER A FLORESTA."

NAQUELA NOITE, SOB A ORIENTAÇÃO DA CORUJA MASCARADA, A FLORESTA SE TRANSFORMOU. OS MORCEGOS VOARAM EM FORMAÇÃO, PARECENDO NUVENS ESCURAS GIGANTES. OS VAGALUMES CRIARAM UM SHOW DE LUZES HIPNOTIZANTE E UM TANTO ASSUSTADOR. O CASTOR SABICHÃO BATIA A CAUDA NA ÁGUA, CRIANDO ECOS MISTERIOSOS. OS SUSSURROS E PASSOS FANTASMAGÓRICOS VINHAM DE TODOS OS LADOS. A FLORESTA INTEIRA PARECIA ESTAR VIVA, RESPIRANDO E OBSERVANDO OS INVASORES.

OS HUMANOS, QUE NÃO ENTENDIAM A LINGUAGEM DA FLORESTA, FICARAM ASSUSTADOS. ELES VIAM SOMBRAS, LUZES ESTRANHAS, OUVIAM SONS QUE NÃO CONSEGUIAM IDENTIFICAR. ELES COMEÇARAM A SE INQUIETAR, COCHICHANDO ENTRE SI. NA MANHÃ SEGUINTE, QUANDO O SOL NASCEU, AS MÁQUINAS ESTAVAM LÁ, MAS OS HUMANOS HAVIAM IDO EMBORA. ELES NÃO RETORNARAM MAIS.

A CORUJA MASCARADA OBSERVOU A BEIRADA DO VALE DAS SOMBRAS. ALGUMAS ÁRVORES HAVIAM CAÍDO, MAS A MAIOR PARTE DA FLORESTA ESTAVA SALVA. OS ANIMAIS CELEBRARAM, MAIS UNIDOS DO QUE NUNCA. ELES HAVIAM DEFENDIDO SUA CASA NÃO COM FORÇA BRUTA, MAS COM A INTELIGÊNCIA E A MAGIA DA PRÓPRIA FLORESTA.

"VOCÊS VIRAM, AMIGOS?", DISSE A CORUJA MASCARADA. "A FLORESTA É MAIS DO QUE ÁRVORES E RIOS. ELA É O LAR, E QUANDO NOS UNIMOS PARA PROTEGÊ-LA, NÃO HÁ DESAFIO GRANDE DEMAIS."

E ASSIM, A CORUJA MASCARADA CONTINUOU SUA VIGÍLIA, SABENDO QUE A MAIOR FORÇA DA FLORESTA SUSSURRANTE NÃO ESTAVA EM UM ÚNICO HERÓI, MAS NA CORAGEM E NA COLABORAÇÃO DE TODOS OS SEUS HABITANTES.

COM A AMEAÇA EXTERNA REPELIDA, A FLORESTA SUSSURRANTE CELEBROU SUA VITÓRIA, E A VIDA PARECIA VOLTAR À SUA MAIS PURA ESSÊNCIA. NO ENTANTO, A PAZ LOGO FOI TESTADA POR UM ENIGMA QUE COMEÇOU A AFETAR A PRÓPRIA MELODIA DA FLORESTA. O CANTO DO LUAR, UMA SINFONIA NATURAL CRIADA PELOS GRILOS, RÃS E PÁSSAROS NOTURNOS, QUE ACALMAVA A FLORESTA E EMBALAVA TODOS PARA UM SONO PROFUNDO E FELIZ, ESTAVA DESAPARECENDO. AS NOTAS ESTAVAM DESAFINADAS, OS RITMOS QUEBRADOS, E A CANÇÃO, QUE ANTES ERA DOCE, AGORA ERA UMA MISTURA CONFUSA DE SONS.

O MAESTRO GRILO, QUE ERA O GUARDIÃO E REGENTE DO CANTO DO LUAR, ESTAVA DESESPERADO. SEUS INSTRUMENTOS NATURAIS (SUAS PATINHAS E AS FOLHAS SECAS) NÃO PRODUZIAM MAIS OS SONS CORRETOS. AS RÃS COAXAVAM EM TONS ERRADOS, E OS PÁSSAROS NOTURNOS PIUPIAVAM SEM MELODIA. A INSÔNIA COMEÇOU A AFETAR OS MORADORES DA FLORESTA, QUE SENTIAM FALTA DA CANÇÃO QUE GUIAVA SEUS SONHOS.

A CORUJA MASCARADA PERCEBEU A INQUIETAÇÃO. AS NOITES, QUE DEVERIAM SER EMBALADAS POR SONS SUAVES, ESTAVAM CHEIAS DE BARULHOS DESORDENADOS E, PIOR, SILÊNCIOS INCÔMODOS. ELA SABIA QUE A HARMONIA DO SONO ERA ESSENCIAL PARA A ENERGIA E A ALEGRIA DA FLORESTA.

ELA VOOU ATÉ O MAESTRÓ GRILO, QUE ESTAVA TENTANDO, SEM SUCESSO, COORDENAR UM GRUPO DE RÃS. "MAESTRO GRILO, O QUE ACONTECE COM O CANTO DO LUAR?", PERGUNTOU A CORUJA MASCARADA.

O MAESTRO GRILO SUSPIROU, ABATIDO. "CORUJA MASCARADA, NÃO SEI! PARECE QUE PERDEMOS O RITMO. NOSSAS VOZES E NOSSOS INSTRUMENTOS ESTÃO DESAFINADOS. É COMO SE A PRÓPRIA HARMONIA DA FLORESTA TIVESSE SUMIDO."

A CORUJA MASCARADA PENSOU PROFUNDAMENTE. NÃO ERA ALGO FÍSICO, COMO UM OBJETO PERDIDO OU UMA POLUIÇÃO. ERA ALGO SUTIL, QUE AFETAVA A ESSÊNCIA DOS SONS. ELA COMEÇOU A VOAR LENTAMENTE POR TODA A FLORESTA, PRESTANDO ATENÇÃO A CADA SOM, A CADA SUSSURRO DO VENTO.

FOI ENTÃO QUE ELA NOTOU. PERTO DE UMA CLAREIRA ONDE A LUZ DA LUA BATIA MAIS FORTE, HAVIA UM GRUPO DE FLORES CHAMADAS FLORES DO ECO. ESSAS FLORES TINHAM O PODER DE ABSORVER E AMPLIFICAR OS SONS AO SEU REDOR, MAS ESTAVAM CHEIAS DE ORVALHO DA MANHÃ, O QUE AS DEIXAVA ÚMIDAS E SATURADAS. EM VEZ DE AMPLIFICAR, ELAS ESTAVAM DISTORCENDO OS SONS, ENVIANDO ECOS ESTRANHOS E DESAFINADOS DE VOLTA PARA OS MÚSICOS DA FLORESTA.

A CORUJA MASCARADA PERCEBEU QUE AS FLORES DO ECO ESTAVAM SOBRECARREGADAS. PRECISAVAM SECAR PARA FUNCIONAR CORRETAMENTE. MAS COMO SECAR TANTAS FLORES RAPIDAMENTE NA ESCURIDÃO DA NOITE?

ELA TEVE UMA IDEIA. VOOU DE VOLTA PARA O MAESTRO GRILO E SEUS AMIGOS MÚSICOS. "AMIGOS, ENCONTREI A CAUSA! AS FLORES DO ECO ESTÃO MUITO ÚMIDAS E ESTÃO DISTORCENDO O CANTO DO LUAR. PRECISAMOS SECÁ-LAS, E PARA ISSO, PRECISAMOS DE CALOR."

O MAESTRO GRILO FICOU CONFUSO. "CALOR À NOITE? COMO?"

"COM O FOGO INTERIOR DE VOCÊS!", DISSE A CORUJA MASCARADA COM UM BRILHO NOS OLHOS POR TRÁS DE SUA MÁSCARA. "VAGALUMES, SE VOCÊS SE CONCENTRAREM, PODEM BRILHAR COM MAIS INTENSIDADE POR UM TEMPO. E VOCÊS, GRILOS, RÃS E PÁSSAROS, PRECISAM CANTAR A MAIS BELA E PURA NOTA QUE PUDEREM, A NOTA DA ESPERANÇA. A ENERGIA COMBINADA DE SUAS LUZES E SUAS VOZES PURAS, SEM DESAFINAR, PODE CRIAR UM CALOR SUAVE QUE SECARÁ AS FLORES."

ERA UM DESAFIO GRANDE, MAS OS MÚSICOS DA FLORESTA CONFIARAM NA CORUJA MASCARADA. OS VAGALUMES SE REUNIRAM PERTO DAS FLORES DO ECO E COMEÇARAM A BRILHAR COM TODA A SUA FORÇA, SUAS LUZES PULSANDO EM SINCRONIA. OS GRILOS, RÃS E PÁSSAROS NOTURNOS, SOB A ORIENTAÇÃO DO MAESTRO GRILO, COMEÇARAM A CANTAR A NOTA MAIS SIMPLES E MAIS VERDADEIRA QUE CONHECIAM, A NOTA DA UNIÃO E DA CONFIANÇA.

LENTAMENTE, QUASE IMPERCEPTIVELMENTE, AS FLORES DO ECO COMEÇARAM A SECAR. À MEDIDA QUE SECAVAM, OS ECOS DISTORCIDOS DIMINUÍAM E, FINALMENTE, DESAPARECERAM. A MELODIA DA ESPERANÇA DOS MÚSICOS COMEÇOU A SOAR CLARA E PURA.

EM POUCO TEMPO, O CANTO DO LUAR RETORNOU EM SUA PLENITUDE, MAIS BELO E HARMONIOSO DO QUE NUNCA. OS ANIMAIS DA FLORESTA SUSSURRANTE, EMBALADOS PELA DOCE SINFONIA, CAÍRAM EM UM SONO PROFUNDO E REPARADOR, CHEIOS DE SONHOS VÍVIDOS E FELIZES.

A CORUJA MASCARADA OBSERVOU A CENA, COM O CORAÇÃO EM PAZ. ELA SABIA QUE A VERDADEIRA MAGIA DA FLORESTA NÃO ESTAVA APENAS EM SUAS CRIATURAS E PLANTAS, MAS NA CONEXÃO INVISÍVEL ENTRE TODAS ELAS, NA HARMONIA QUE PODIA SER RESTAURADA PELA SABEDORIA, PELA UNIÃO E PELA PURA INTENÇÃO DE FAZER O BEM.

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COM O CANTO DO LUAR RESTAURADO E OS SONHOS DOS HABITANTES DA FLORESTA SUSSURRANTE SEGUROS NOVAMENTE, UMA SENSAÇÃO DE PAZ DURADOURA SE INSTALOU. A CORUJA MASCARADA OBSERVAVA COM SATISFAÇÃO DO ALTO DE SEU CARVALHO FAVORITO. ELA HAVIA ENFRENTADO DESAFIOS DE TODOS OS TIPOS: OBJETOS PERDIDOS, MEDOS, POLUIÇÃO, DESENTENDIMENTOS E ATÉ O ESQUECIMENTO. MAS O MAIOR DESAFIO AINDA ESTAVA POR VIR, E ELE NÃO ENVOLVIA UM PROBLEMA, MAS SIM UMA CELEBRAÇÃO.

OS ANIMAIS DA FLORESTA, UM POR UM, COMEÇARAM A SE APROXIMAR DA CORUJA MASCARADA, TRAZENDO PEQUENOS PRESENTES E PALAVRAS DE AGRADECIMENTO. O ESQUILO SALTITANTE OFERECEU-LHE A MAIOR E MAIS BRILHANTE BOLOTA QUE ENCONTROU. A RATINHA PIPOCA TROUXE UMA DE SUAS PEDRINHAS MAIS CINTILANTES. O OURIÇO ESPINHO, SUPERANDO SUA TIMIDEZ, DEU-LHE UMA FLOR SILVESTRE PERFUMADA. O CASTOR SABICHÃO ENTREGOU UM PEDACINHO DE MADEIRA POLIDA, E ATÉ O GAMBÁ FEDORINO OFERECEU UMA DE SUAS "POÇÕES" (DESSA VEZ, UMA COM CHEIRO DE ORVALHO FRESCO).

"CORUJA MASCARADA", DISSE O MAESTRO GRILO, FALANDO EM NOME DE TODOS, "VOCÊ TEM SIDO NOSSA PROTETORA, NOSSA GUIA, A LUZ EM NOSSAS NOITES MAIS ESCURAS. QUEREMOS LHE AGRADECER POR TUDO QUE FEZ POR NÓS, SEM NUNCA PEDIR NADA EM TROCA."

A CORUJA MASCARADA SENTIU UM CALOR SUAVE EM SEU PEITO. ELA HAVIA AJUDADO A TODOS COM DEDICAÇÃO, MAS A GRATIDÃO EXPLÍCITA ERA ALGO NOVO E, DE ALGUMA FORMA, O MAIS EMOCIONANTE DE TODOS OS SEUS DESAFIOS. ELA NÃO USAVA SUA MÁSCARA PARA ESCONDER SUA IDENTIDADE, MAS PARA QUE OS ANIMAIS FOCASSEM NA AJUDA, E NÃO NELA. ACEITAR TANTO RECONHECIMENTO A FAZIA SENTIR-SE... EXPOSTA.

ELA OBSERVOU OS OLHOS CHEIOS DE ADMIRAÇÃO DE SEUS AMIGOS DA FLORESTA E PERCEBEU QUE AQUELE NÃO ERA UM MOMENTO PARA SE ESCONDER. ERA UM MOMENTO PARA COMPARTILHAR A ALEGRIA.

"MEUS QUERIDOS AMIGOS DA FLORESTA SUSSURRANTE", COMEÇOU A CORUJA MASCARADA, SUA VOZ SUAVE, MAS CLARA, ECOANDO NA CLAREIRA. "NÃO SOU UMA HEROÍNA SOZINHA. CADA VEZ QUE AJUDEI UM DE VOCÊS, VOCÊS ME AJUDARAM TAMBÉM. A CORAGEM DE ESPINHO, A PERSISTÊNCIA DE SALTITANTE, A PERCEPÇÃO DE PIPOCA, A INTELIGÊNCIA DO CASTOR, O DESEJO DE FEDORINO DE CORRIGIR SEUS ERROS, A HARMONIA DO MAESTRO GRILO, E A CONFIANÇA DE TODOS VOCÊS – ESSES FORAM OS VERDADEIROS PODERES QUE RESOLVERAM NOSSOS PROBLEMAS."

ELA OLHOU PARA CADA UM, SEUS OLHOS BRILHANDO POR TRÁS DA MÁSCARA. "MINHA MÁSCARA NÃO ESCONDE QUEM EU SOU, MAS MOSTRA QUE A AJUDA PODE VIR DE QUALQUER LUGAR, E QUE A VERDADEIRA FORÇA ESTÁ EM TODOS NÓS, QUANDO NOS UNIMOS. EU SOU APENAS UMA PARTE DA FLORESTA SUSSURRANTE, ASSIM COMO CADA UM DE VOCÊS. E ENQUANTO FORMOS UMA FAMÍLIA, PROTEGENDO UNS AOS OUTROS E NOSSO LAR, NÃO HAVERÁ ESCURIDÃO QUE POSSA NOS VENCER."

AO FINAL DE SUAS PALAVRAS, A CORUJA MASCARADA FEZ ALGO QUE RARAMENTE FAZIA. ELA VOOU MAIS ALTO, PARA A COPA DA ÁRVORE MAIS ALTA DA CLAREIRA, ONDE A LUZ DA LUA CHEIA A ENVOLVIA. LÁ, ELA TIROU SUAVEMENTE SUA MÁSCARA DE SEDA PRETA. A LUZ REVELOU SEUS OLHOS GENTIS E SÁBIOS, E UM SORRISO MEIGO EM SEU BICO. ELA NÃO TINHA UM NOME SECRETO OU UMA IDENTIDADE HUMANA; ELA ERA SIMPLESMENTE OLÍVIA, A CORUJA QUE ESCOLHEU SER A GUARDIÃ DA ALEGRIA.

OS ANIMAIS OFEGARAM. NÃO COM SURPRESA POR QUEM ELA ERA, MAS COM ADMIRAÇÃO POR SUA HUMILDADE E AMOR. ELES VIRAM QUE A HEROÍNA QUE OS PROTEGIA ERA, DE FATO, UM DELES, E QUE SUA FORÇA VINHA DO CORAÇÃO DA PRÓPRIA FLORESTA.

E ASSIM, A CORUJA MASCARADA, OU MELHOR, OLÍVIA, CONTINUOU A PROTEGER A FLORESTA SUSSURRANTE. NÃO COMO UMA SUPER-HEROÍNA MISTERIOSA QUE CHEGAVA E SUMIA, MAS COMO UMA PARTE VITAL DA COMUNIDADE, UM LEMBRETE VIVO DE QUE A MAIOR MAGIA ESTÁ NA UNIÃO, NA EMPATIA E NA CORAGEM DE CADA UM DE NÓS PARA ILUMINAR A VIDA DO PRÓXIMO. E TODA NOITE, O CANTO DO LUAR EMBALAVA A FLORESTA COM UMA CANÇÃO DE GRATIDÃO, SABEDORIA E AMOR, ASSEGURANDO QUE OS SONHOS DE TODOS FOSSEM SEMPRE OS MAIS BELOS E CHEIOS DE ESPERANÇA.