CLARO! AQUI ESTÁ UM CONTO INFANTOJUVENIL CHAMADO UMA CAVALEIRA ATRAPALHADA NO REINO DE CAMELOT COM APROXIMADAMENTE 4000 PALAVRAS.

UMA CAVALEIRA ATRAPALHADA NO REINO DE CAMELOT

NO CORAÇÃO DE UM REINO ANTIGO E MÁGICO, ONDE A NÉVOA DANÇAVA SOBRE OS PICOS DAS MONTANHAS E OS RIOS CANTAVAM CANÇÕES SECRETAS, ERGUIA-SE CAMELOT. NÃO ERA APENAS UM CASTELO, MAS UM LUGAR DE LENDAS, LAR DO NOBRE REI ARTHUR, DOS CAVALEIROS DA TÁVOLA REDONDA E DE UMA CERTA ASPIRANTE A CAVALEIRA CHAMADA LIRA, QUE, PARA SER SINCERA, ERA MAIS ATRAPALHADA DO QUE HEROICA.

LIRA NÃO ERA COMO AS OUTRAS MENINAS DE CAMELOT. ENQUANTO SUAS AMIGAS APRENDIAM A BORDAR TAPEÇARIAS OU A COMPOR BALADAS, LIRA SONHAVA COM COTAS DE MALHA, ESPADAS BRILHANTES E A EMOÇÃO DE SALVAR O DIA. ELA PASSAVA HORAS TREINANDO COM UM GALHO DE ÁRVORE EM VEZ DE UMA ESPADA DE VERDADE, TROPEÇANDO NOS PRÓPRIOS PÉS E CAINDO EM ARBUSTOS DE FRAMBOESA, MAS SUA DETERMINAÇÃO ERA INABALÁVEL.

SEU CABELO COR DE FOGO ESTAVA QUASE SEMPRE DESPENTEADO, E SUAS ROUPAS, QUE DEVERIAM SER DE LINHO FINO, VIVIAM COM MANCHAS DE TERRA E GRAMA. MAS SOB TODA AQUELA DESORGANIZAÇÃO, BATIA UM CORAÇÃO CORAJOSO E SONHADOR, QUE ANSIAVA POR UM LUGAR NA TÁVOLA REDONDA, MESMO QUE A MAIORIA DOS CAVALEIROS A VISSE APENAS COMO A "MENINA QUE SEMPRE DERRUBA AS COISAS".

UM DIA, A NOTÍCIA MAIS ASSUSTADORA VARREU CAMELOT COMO UM VENTO GELADO DE INVERNO: O DRAGÃO ESCARLATE, UMA FERA LENDÁRIA QUE SE PENSAVA SER APENAS UMA HISTÓRIA DE NINAR, HAVIA DESPERTADO! ELE NÃO CUSPIA APENAS FOGO, MAS TAMBÉM UM BAFO MÁGICO QUE TRANSFORMAVA TUDO EM PEDRA, E O PIOR: HAVIA CAPTURADO A PRINCESA AURORA, A FILHA MAIS QUERIDA DO REI ARTHUR, E A LEVADO PARA SUA FORTALEZA NAS MONTANHAS SUSSURRANTES.

O REI ESTAVA DESOLADO. OS MAIS BRAVOS CAVALEIROS DE CAMELOT – SIR LANCELOT, COM SUA ARMADURA IMPECÁVEL, SIR GAWAIN, COM SUA FORÇA IMENSA, E SIR PERCIVAL, COM SUA ASTÚCIA – PARTIRAM UM A UM PARA RESGATAR A PRINCESA, MAS NENHUM RETORNOU. O SILÊNCIO QUE SE SEGUIU ERA MAIS PESADO DO QUE QUALQUER NUVEM DE TEMPESTADE.

LIRA SENTIA SEU CORAÇÃO APERTAR. ELA SABIA QUE TINHA QUE FAZER ALGUMA COISA. ENQUANTO TODOS LAMENTAVAM, ELA CORREU PARA O ESTÁBULO, ONDE SEU FIEL – E IGUALMENTE ATRAPALHADO – PÔNEI, BOLINHO, A ESPERAVA. BOLINHO ERA PEQUENO, GORDO E ADORAVA MAÇÃS, MAS TINHA UM GALOPE SURPRISINGLY RÁPIDO QUANDO QUERIA.

"BOLINHO, MEU AMIGO", DISSE LIRA, ACARICIANDO O FOCINHO MACIO DO PÔNEI, "ACHO QUE É A NOSSA HORA DE BRILHAR. OU PELO MENOS, TENTAR NÃO CAIR ENQUANTO BRILHAMOS."

BOLINHO RELINCHOU, PARECENDO ENTENDER A SERIEDADE DA SITUAÇÃO (OU TALVEZ ELE SÓ ESTIVESSE PENSANDO NA PRÓXIMA MAÇÃ). LIRA PEGOU SUA "ARMADURA" IMPROVISADA: UM CAPACETE DE COZINHA ENFERRUJADO, UM ESCUDO FEITO DE UMA TAMPA DE BARRIL E SUA "ESPADA" DE GALHO. ELA PARECIA MAIS UMA COZINHEIRA FUGIDA DO QUE UMA CAVALEIRA, MAS SEUS OLHOS BRILHAVAM COM DETERMINAÇÃO.

SEU PLANO ERA SIMPLES: SEGUIR OS RASTROS DOS CAVALEIROS DESAPARECIDOS E, DE ALGUMA FORMA, ENFRENTAR O DRAGÃO ESCARLATE. SIMPLES, CERTO? PARA LIRA, SIM.

A JORNADA COMEÇOU. A PRIMEIRA PARTE DO CAMINHO ERA UMA FLORESTA DENSA E ESCURA, ONDE AS ÁRVORES PARECIAM SUSSURRAR SEGREDOS E AS RAÍZES SE EMARANHAVAM COMO COBRAS NO CHÃO. LIRA, COM SUA INCRÍVEL CAPACIDADE DE TROPEÇAR, NÃO DEMOROU A TER PROBLEMAS. EM UM MOMENTO, ELA SE VIU PENDURADA DE CABEÇA PARA BAIXO EM UM CIPÓ, ENQUANTO BOLINHO, QUE HAVIA PARADO PARA MORDISCAR UMA FOLHA, A OLHAVA COM CURIOSIDADE.

"BOLINHO, UMA AJUDINHA AQUI, POR FAVOR?", ELA RESMUNGOU, COM O CAPACETE DE COZINHA ESCORREGANDO.

ELE APENAS SOLTOU UM BUFO. LIRA SUSPIROU E CONSEGUIU SE SOLTAR, CAINDO COM UM BAQUE SUAVE NO CHÃO. ELA SE LEVANTOU, LIMPOU A POEIRA E CONTINUOU. NÃO MUITO LONGE, ELA ENCONTROU UM DOS CAVALEIROS DESAPARECIDOS. ERA SIR LANCELOT, PETRIFICADO EM UMA POSE DRAMÁTICA, COM SUA ESPADA AINDA ERGUIDA. SEUS OLHOS, ANTES CHEIOS DE BRAVURA, AGORA ERAM DE PEDRA.

"OH, SIR LANCELOT!", LIRA EXCLAMOU, SENTINDO UMA PONTADA DE TRISTEZA. "EU DEVERIA TER PREVISTO QUE BAFO DE DRAGÃO NÃO ERA UMA BOA IDEIA PARA UMA ARMADURA TÃO POLIDA."

ELA NOTOU ALGO EM SUA MÃO PETRIFICADA: UM PEQUENO AMULETO DE CRISTAL QUE ELE SEMPRE USAVA. ELE BRILHAVA LEVEMENTE, MESMO EM PEDRA. LIRA HESITOU, MAS DEPOIS DE UM MOMENTO, GENTILMENTE O PEGOU. ELA TINHA UMA SENSAÇÃO DE QUE ELE PODERIA SER ÚTIL.

AVANÇANDO, O CAMINHO SE TORNOU MAIS ÍNGREME E ROCHOSO. AS MONTANHAS SUSSURRANTES FAZIAM JUS AO NOME, COM O VENTO ASSOBIANDO E AS PEDRAS PARECENDO CONVERSAR EM MURMÚRIOS. LIRA, COM SEU PASSO DESAJEITADO, ESCORREGOU EM UMA PEDRA SOLTA E ROLOU MONTANHA ABAIXO, BATENDO EM UM ARBUSTO ESPINHOSO. BOLINHO, MAIS ESPERTO, SEGUROU-SE FIRME E ESPEROU POR ELA.

"DESSA VEZ, FUI EU QUEM TROPEÇOU NA MONTANHA, NÃO O CONTRÁRIO", ELA DISSE PARA SI MESMA, SENTINDO UM ARRANHÃO NA BOCHECHA.

MAIS ADIANTE, ELA ENCONTROU SIR GAWAIN, TRANSFORMADO EM UMA ESTÁTUA COLOSSAL DE PEDRA, SEU PUNHO CERRADO EM FÚRIA CONGELADA. AO SEU LADO, NO CHÃO, ESTAVA UM MAPA ANTIGO E EMPOEIRADO COM SÍMBOLOS ESTRANHOS. LIRA O PEGOU. PARECIA UM MAPA DAS CAVERNAS SOB A MONTANHA, TALVEZ A FORTALEZA DO DRAGÃO.

"PELO MENOS ELE NÃO O PERDEU", LIRA PENSOU, DESENROLANDO O PERGAMINHO.

COM O MAPA EM MÃOS, A JORNADA SE TORNOU UM POUCO MENOS ALEATÓRIA, MAS NÃO MENOS PERIGOSA. O MAPA LEVAVA A UMA ENTRADA SECRETA, UMA FENDA ESCURA NA ROCHA, QUE LEVAVA ÀS PROFUNDEZAS DAS CAVERNAS.

"AQUI VAMOS NÓS, BOLINHO", LIRA SUSSURROU, ACENDENDO UMA TOCHA QUE HAVIA ENCONTRADO EM UMA MOCHILA ABANDONADA DE SIR GAWAIN.

AS CAVERNAS ERAM FRIAS E ÚMIDAS, COM ESTALACTITES PONTIAGUDAS PENDURADAS COMO DENTES AFIADOS. O SOM DE GOTAS DE ÁGUA ECOAVA, E SOMBRAS DANÇAVAM NAS PAREDES À MEDIDA QUE A TOCHA DE LIRA TREMELUZIA. ELA, É CLARO, TROPEÇOU EM UMA ROCHA E DEIXOU A TOCHA CAIR NA ÁGUA.

"ÓTIMO", ELA MURMUROU, NO ESCURO. "AGORA ESTAMOS SEM LUZ."

MAS ENTÃO, O AMULETO DE CRISTAL QUE ELA HAVIA PEGADO DE SIR LANCELOT COMEÇOU A BRILHAR COM UMA LUZ SUAVE E CONSTANTE, ILUMINANDO O CAMINHO. LIRA SORRIU. "NEM TUDO ESTÁ PERDIDO, BOLINHO."

ELES CONTINUARAM SEGUINDO AS PASSAGENS SINUOSAS DO MAPA. DE REPENTE, UMA CRIATURA PELUDA E ASSUSTADORA SALTOU DE TRÁS DE UMA PEDRA. ERA UM GRIFO, COM PENAS CINZENTAS E OLHOS VERMELHOS BRILHANTES, QUE PARECIA TER PROTEGIDO A ENTRADA. ELE ROSNOU, MOSTRANDO DENTES AFIADOS.

LIRA SE ENCOLHEU, MAS LEMBROU-SE DE UM CONTO DE FADAS QUE SUA AVÓ COSTUMAVA CONTAR: GRIFOS ADORAVAM CHARADAS.

"OLÁ, SENHOR GRIFO", LIRA DISSE, COM A VOZ TREMENDO LIGEIRAMENTE, MAS TENTANDO PARECER CORAJOSA. "POSSO FAZER UMA PERGUNTA?"

O GRIFO INCLINOU A CABEÇA, SURPRESO.

"O QUE TEM CIDADES, MAS NÃO CASAS; FLORESTAS, MAS NÃO ÁRVORES; E ÁGUA, MAS NÃO PEIXES?" LIRA PERGUNTOU, LEMBRANDO-SE DE UMA CHARADA POPULAR EM CAMELOT.

O GRIFO PISCOU. ELE PARECIA CONFUSO. DEPOIS DE UM MOMENTO, ELE SOLTOU UM PEQUENO MIADO E ENCOLHEU OS OMBROS PELUDOS. "UM MAPA!", ELE GUINCHOU.

LIRA RIU. "ISSO MESMO! VOCÊ É MUITO ESPERTO."

O GRIFO, QUE OBVIAMENTE NÃO ESTAVA ACOSTUMADO A SER ELOGIADO, BATEU AS ASAS COM ENTUSIASMO E APONTOU PARA UMA PASSAGEM LATERAL. "POR AQUI, PEQUENA CAVALEIRA!"

LIRA E BOLINHO AGRADECERAM AO GRIFO, QUE AGORA PARECIA MAIS UM GATO GIGANTE DO QUE UMA CRIATURA ATERRORIZANTE, E SEGUIRAM PELA PASSAGEM. ELES NÃO ANDARAM MUITO ANTES DE ENCONTRAR O ÚLTIMO CAVALEIRO DESAPARECIDO: SIR PERCIVAL, PETRIFICADO EM UMA POSE DE SURPRESA, UM LIVRO ABERTO EM SUAS MÃOS DE PEDRA.

"POBRE SIR PERCIVAL", LIRA SUSPIROU. "PELO MENOS ELE ESTAVA LENDO UM BOM LIVRO."

LIRA OLHOU PARA O LIVRO. ERA UM TOMO ANTIGO SOBRE MAGIA E POÇÕES, E UMA PÁGINA ESTAVA ABERTA EM UMA RECEITA DE UMA POÇÃO ANTI-PETRIFICAÇÃO. O PROBLEMA ERA QUE A RECEITA ESTAVA INCOMPLETA. FALTAVA UM INGREDIENTE. ELA GUARDOU O LIVRO, PENSANDO QUE TALVEZ PUDESSE SER ÚTIL.

ELES CONTINUARAM, E O AR COMEÇOU A ESQUENTAR. UM BRILHO AVERMELHADO PULSAVA À FRENTE. ERA O COVIL DO DRAGÃO ESCARLATE. O SOM DE SUA RESPIRAÇÃO PESADA ECOAVA PELAS CAVERNAS, E O CHEIRO DE ENXOFRE E PEDRA QUEIMADA PREENCHIA O AR.

LIRA SENTIU UM FRIO NA BARRIGA, MAS SUA DETERMINAÇÃO NÃO VACILOU. ELA E BOLINHO SE ESPREMERAM POR UMA FENDA E LÁ ESTAVA ELE: O DRAGÃO ESCARLATE, UMA MONTANHA DE ESCAMAS VERMELHAS CINTILANTES, SEUS OLHOS COMO BRASAS ARDENTES. E, ENCOLHIDA EM UMA GAIOLA DE OSSOS NO CENTRO DO COVIL, ESTAVA A PRINCESA AURORA, PÁLIDA E ASSUSTADA.

"PRINCESA AURORA!", LIRA SUSSURROU.

O DRAGÃO GIROU A CABEÇA, SUAS NARINAS SOLTANDO FUMAÇA. "ORA, ORA. O QUE TEMOS AQUI? MAIS UMA FORMIGA PARA TRANSFORMAR EM ESTÁTUA?" SUA VOZ ERA PROFUNDA E ROCHOSA, FAZENDO AS CAVERNAS TREMEREM.

LIRA ERGUEU SUA "ESPADA" DE GALHO, QUE PARECIA AINDA MAIS RIDÍCULA DIANTE DA MAJESTADE ATERRORIZANTE DO DRAGÃO. "EU VIM RESGATAR A PRINCESA!"

O DRAGÃO SOLTOU UMA GARGALHADA QUE PARECIA ROCHAS CAINDO. "VOCÊ? UMA CRIANÇA COM UM PEDAÇO DE PAU? QUE PIADA!"

ELE SE PREPAROU PARA SOLTAR SEU BAFO PETRIFICANTE. LIRA PENSOU RÁPIDO. ELA SE LEMBROU DE UMA COISA QUE SUA AVÓ SEMPRE DIZIA SOBRE ENFRENTAR VALENTÕES: "ÀS VEZES, A MELHOR ARMA É A MENTE, NÃO A FORÇA."

"ESPERE!", LIRA GRITOU. "EU SEI O QUE VOCÊ REALMENTE QUER!"

O DRAGÃO PAROU, CURIOSO. "E O QUE SERIA, PEQUENA ATREVIDA?"

"VOCÊ É SOLITÁRIO!", LIRA DECLAROU. "VOCÊ ESTÁ SOZINHO AQUI NESSAS CAVERNAS ESCURAS, E TUDO O QUE VOCÊ QUERIA ERA UM POUCO DE COMPANHIA. É POR ISSO QUE VOCÊ PEGOU A PRINCESA!"

O DRAGÃO PISCOU, UMA EXPRESSÃO DE SURPRESA EM SEU ROSTO ESCAMOSO. "S-SOLITÁRIO? O GRANDE DRAGÃO ESCARLATE, SOLITÁRIO?" ELE PARECIA PERTURBADO PELA IDEIA.

LIRA CONTINUOU APROVEITANDO A ABERTURA. "SIM! VOCÊ VIVE NESTA CAVERNA ESCURA, SEM NINGUÉM PARA CONVERSAR. VOCÊ TRANSFORMA TODOS EM PEDRA PORQUE NÃO SABE COMO FAZER AMIGOS! VOCÊ SÓ QUER UM AMIGO PARA BRINCAR, NÃO É?"

O DRAGÃO SOLTOU UM SOM QUE PARECIA UM SOLUÇO MISTURADO COM UM RONCO. "EU... EU NUNCA TINHA PENSADO NISSO. MAS... É VERDADE. É TÃO CHATO AQUI!"

A PRINCESA AURORA, DA GAIOLA, PARECIA CONFUSA, MAS ESPERANÇOSA.

"CLARO QUE É CHATO!", LIRA DISSE, AGORA SE SENTINDO MAIS CONFIANTE. "MAS TRANSFORMAR PESSOAS EM PEDRA NÃO VAI TE DAR AMIGOS. VAI TE DEIXAR AINDA MAIS SOZINHO! SE VOCÊ LIBERTAR A PRINCESA E TODOS OS CAVALEIROS, EU PROMETO QUE VOU TE ENSINAR A FAZER AMIGOS E A BRINCAR DE JOGOS DIVERTIDOS!"

O DRAGÃO PONDEROU POR UM MOMENTO, AS FUMAÇAS DE SUAS NARINAS DIMINUINDO. "JOGOS? QUE TIPO DE JOGOS?"

"ESCONDE-ESCONDE! PEGA-PEGA! E ADIVINHAÇÕES!", LIRA LISTOU, ENTUSIASMADA.

O DRAGÃO PARECEU INTERESSADO. "HMM... ADIVINHAÇÕES, VOCÊ DIZ? GOSTO DE ADIVINHAÇÕES."

"ENTÃO, VOCÊ ACEITA?", LIRA PERGUNTOU, COM OS OLHOS BRILHANDO. "LIBERTA A PRINCESA E TODOS OS CAVALEIROS, E EU TE ENSINAREI A SER O DRAGÃO MAIS POPULAR DAS MONTANHAS SUSSURRANTES!"

O DRAGÃO ESCARLATE SUSPIROU. "MUITO BEM, PEQUENA. EU LIBERTO A PRINCESA E TODOS OS OUTROS. MAS SE VOCÊ ESTIVER MENTINDO SOBRE OS JOGOS E OS AMIGOS, EU VOU TRANSFORMAR VOCÊ E SEU PÔNEI GORDINHO EM ESTÁTUAS DE JARDIM!"

LIRA E BOLINHO ESTREMECERAM, MAS LIRA MANTEVE SEU SORRISO. "FEITO!"

O DRAGÃO DEU UM RUGIDO, MAS ERA UM RUGIDO DE FRUSTRAÇÃO, NÃO DE RAIVA. ELE TOCOU A GAIOLA COM UMA GARRA, E AS BARRAS DE OSSO SE DESFIZERAM. A PRINCESA AURORA SAIU, CAMBALEANDO, E CORREU PARA ABRAÇAR LIRA.

"VOCÊ É UMA HEROÍNA, LIRA!", A PRINCESA EXCLAMOU, COM LÁGRIMAS NOS OLHOS.

"AINDA NÃO", LIRA DISSE, OLHANDO PARA O DRAGÃO. "AINDA TEMOS OS CAVALEIROS."

O DRAGÃO BUFOU E USOU SEU BAFO, MAS DESTA VEZ, EM VEZ DE PETRIFICAR, ELE LIBEROU UMA NÉVOA DOURADA SOBRE OS CAVALEIROS PETRIFICADOS QUE LIRA HAVIA ENCONTRADO. LENTAMENTE, AS ESTÁTUAS COMEÇARAM A RACHAR E DESMORONAR, REVELANDO OS CAVALEIROS, CONFUSOS E UM POUCO DESORIENTADOS, MAS INTEIROS.

SIR LANCELOT, SIR GAWAIN E SIR PERCIVAL OLHARAM AO REDOR, SURPRESOS. QUANDO VIRAM LIRA E O DRAGÃO ESCARLATE, ELES IMEDIATAMENTE SE COLOCARAM EM POSIÇÃO DE ATAQUE.

"PAREM!", LIRA GRITOU. "ELE É MEU AMIGO AGORA! ELE SÓ PRECISAVA DE UM POUCO DE COMPANHIA!"

OS CAVALEIROS SE ENTREOLHARAM, INCRÉDULOS. SIR LANCELOT ESFREGOU A TÊMPORA. "AMIGO? LIRA, VOCÊ ESTÁ BEM?"

LIRA EXPLICOU A SITUAÇÃO, E EMBORA OS CAVALEIROS AINDA ESTIVESSEM CÉTICOS, ELES VIRAM A PRINCESA AURORA SÃ E SALVA E O DRAGÃO PARECIA MAIS UMA PILHA DE ESCAMAS RESMUNGONAS DO QUE UMA AMEAÇA.

"AGORA, DRAGÃO ESCARLATE", LIRA DISSE, COM UM SORRISO, "VAMOS COMEÇAR COM A LIÇÃO NÚMERO UM SOBRE FAZER AMIGOS: SER GENTIL. E QUE TAL UMA PARTIDA DE ESCONDE-ESCONDE?"

O DRAGÃO SOLTOU UM RONCO. "ESCONDE-ESCONDE? EU SOU ENORME! ONDE VOU ME ESCONDER?"

"ESSE É O DESAFIO!", LIRA DISSE, PISCANDO.

NOS DIAS QUE SE SEGUIRAM, CAMELOT ESTAVA EM FESTA. A PRINCESA AURORA HAVIA RETORNADO, E OS CAVALEIROS ESTAVAM DE VOLTA. MAS A MAIOR SURPRESA FOI A HISTÓRIA DE LIRA E O DRAGÃO ESCARLATE. NINGUÉM PODIA ACREDITAR QUE UMA MENINA TÃO ATRAPALHADA PUDESSE TER SALVADO O DIA DE UMA FORMA TÃO INUSITADA.

O REI ARTHUR, AO OUVIR TODA A HISTÓRIA, CONVOCOU LIRA.

"LIRA", O REI COMEÇOU, COM UM SORRISO EM SEU ROSTO, "VOCÊ PROVOU QUE A VERDADEIRA BRAVURA NÃO ESTÁ APENAS NA FORÇA DA ESPADA, MAS NA INTELIGÊNCIA, NA COMPAIXÃO E NA CAPACIDADE DE VER O BEM ONDE OUTROS VEEM APENAS O MAL. VOCÊ NÃO APENAS SALVOU MINHA FILHA, MAS TAMBÉM ENSINOU AO REINO UMA LIÇÃO VALIOSA."

ELE SE VIROU PARA A TÁVOLA REDONDA, ONDE OS CAVALEIROS ESTAVAM SENTADOS, ALGUNS AINDA UM POUCO CONFUSOS COM A REVIRAVOLTA DOS ACONTECIMENTOS.

"LIRA", O REI ARTHUR CONTINUOU, "EMBORA VOCÊ POSSA NÃO USAR ARMADURA DE AÇO E ESPADA FORJADA POR ANÕES, SUA CORAGEM E SABEDORIA SÃO DIGNAS DOS MAIORES CAVALEIROS. POR SEUS ATOS, EU TE CONVOCO PARA SER A PRIMEIRA... CAVALEIRA DA COMPREENSÃO!"

LIRA ARREGALOU OS OLHOS. "UMA CAVALEIRA? EU?"

"SIM, VOCÊ!", O REI ARTHUR DISSE. "SUA FUNÇÃO SERÁ NOS LEMBRAR QUE A FORÇA DO CORAÇÃO É TÃO IMPORTANTE QUANTO A FORÇA DOS MÚSCULOS, E QUE A COMPAIXÃO PODE RESOLVER PROBLEMAS QUE NENHUMA ESPADA JAMAIS CONSEGUIRIA."

LIRA, PELA PRIMEIRA VEZ, NÃO TROPEÇOU AO SE CURVAR. ELA SENTIU UM ORGULHO IMENSO, MESMO COM O CAPACETE DE COZINHA AINDA UM POUCO TORTO NA CABEÇA.

E ASSIM, LIRA SE TORNOU A CAVALEIRA DA COMPREENSÃO. ELA CONTINUOU SENDO UM POUCO ATRAPALHADA, É CLARO. ÀS VEZES, ELA DERRUBAVA A JARRA DE SUCO NA TÁVOLA REDONDA OU TROPEÇAVA NAS ESCADAS DO CASTELO, MAS NINGUÉM MAIS ZOMBAVA DELA. PELO CONTRÁRIO, ELES SORRIAM E A AJUDAVAM.

O DRAGÃO ESCARLATE, AGORA CONHECIDO COMO FÚFIO (NOME QUE LIRA INSISTIU EM DAR A ELE), TORNOU-SE UM AMIGO INESPERADO DE CAMELOT. ELE AINDA VIVIA NAS MONTANHAS SUSSURRANTES, MAS VISITAVA O CASTELO REGULARMENTE PARA JOGAR ADIVINHAÇÕES COM LIRA E ATÉ PARTICIPAVA DE PARTIDAS DE "PEGA-PEGA" COM OS CAVALEIROS MAIS JOVENS (COM A CONDIÇÃO DE QUE ELE NÃO USASSE SEU BAFO DE NÉVOA). FÚFIO ATÉ SE TORNOU UM ÓTIMO CONTADOR DE HISTÓRIAS, E SUAS LENDAS ERAM AS FAVORITAS DAS CRIANÇAS DE CAMELOT.

LIRA, A CAVALEIRA QUE COSTUMAVA SER A MAIS ATRAPALHADA DE CAMELOT, PROVOU QUE NÃO SÃO AS HABILIDADES DE LUTA QUE DEFINEM UM HERÓI, MAS A CORAGEM DE SER DIFERENTE, A INTELIGÊNCIA PARA RESOLVER PROBLEMAS DE FORMAS INESPERADAS E, ACIMA DE TUDO, UM CORAÇÃO CHEIO DE BONDADE. E ASSIM, LIRA SE TORNOU A CAVALEIRA DA COMPREENSÃO. ELA CONTINUOU SENDO UM POUCO ATRAPALHADA, É CLARO. ÀS VEZES, ELA DERRUBAVA A JARRA DE SUCO NA TÁVOLA REDONDA OU TROPEÇAVA NAS ESCADAS DO CASTELO, MAS NINGUÉM MAIS ZOMBAVA DELA. PELO CONTRÁRIO, ELES SORRIAM E A AJUDAVAM.

O DRAGÃO ESCARLATE, AGORA CONHECIDO COMO FÚFIO (NOME QUE LIRA INSISTIU EM DAR A ELE), TORNOU-SE UM AMIGO INESPERADO DE CAMELOT. ELE AINDA VIVIA NAS MONTANHAS SUSSURRANTES, MAS VISITAVA O CASTELO REGULARMENTE PARA JOGAR ADIVINHAÇÕES COM LIRA E ATÉ PARTICIPAVA DE PARTIDAS DE "PEGA-PEGA" COM OS CAVALEIROS MAIS JOVENS (COM A CONDIÇÃO DE QUE ELE NÃO USASSE SEU BAFO DE NÉVOA). FÚFIO ATÉ SE TORNOU UM ÓTIMO CONTADOR DE HISTÓRIAS, E SUAS LENDAS ERAM AS FAVORITAS DAS CRIANÇAS DE CAMELOT.

LIRA, A CAVALEIRA QUE COSTUMAVA SER A MAIS ATRAPALHADA DE CAMELOT, PROVOU QUE NÃO SÃO AS HABILIDADES DE LUTA QUE DEFINEM UM HERÓI, MAS A CORAGEM DE SER DIFERENTE, A INTELIGÊNCIA PARA RESOLVER PROBLEMAS DE FORMAS INESPERADAS E, ACIMA DE TUDO, UM CORAÇÃO CHEIO DE BONDADE E COMPREENSÃO. COM SUA ALEGRIA CONTAGIANTE E SEU JEITO ÚNICO DE VER O MUNDO, ELA ENSINOU A TODOS EM CAMELOT QUE AS MAIORES VITÓRIAS NEM SEMPRE SÃO CONQUISTADAS COM ESPADAS, MAS COM A MAGIA DA AMIZADE E A FORÇA DE UM BOM CORAÇÃO. E A HISTÓRIA DA CAVALEIRA DA COMPREENSÃO SE TORNOU A MAIS QUERIDA DE TODAS AS LENDAS, ECOANDO PELOS SALÕES DO CASTELO E INSPIRANDO NOVAS GERAÇÕES A SONHAR GRANDE E A ENCONTRAR SUA PRÓPRIA MANEIRA DE SER UM HERÓI.