BENTO MORAVA NUMA VILA ESCONDIDA ENTRE FALÉSIAS, ONDE O MAR ERA TÃO PROFUNDO QUE OS MAIS VELHOS CONTAVAM HISTÓRIAS SOBRE MONSTROS ADORMECIDOS E CIDADES SUBMERSAS. ELE OUVIA TUDO COM FASCINAÇÃO, MAS NÃO ACREDITAVA EM MONSTROS — ACREDITAVA EM AVENTURAS. DESDE PEQUENO, PASSAVA HORAS MERGULHADO, DESCOBRINDO CAVERNAS, ACOMPANHANDO CARDUMES E ENFRENTANDO AS CORRENTES.

NAQUELE DIA, ACORDOU COM UM PRESSENTIMENTO ESQUISITO. O MAR ESTAVA MAIS SILENCIOSO QUE O NORMAL, SEM AS ONDAS COSTUMEIRAS BATENDO NAS PEDRAS. O CÉU, LIMPO E AZUL, PARECIA MAIOR, COMO SE CHAMASSE BENTO PARA LONGE, PARA ALÉM DO QUE ELE CONHECIA.

PEGOU SEU EQUIPAMENTO DE MERGULHO E NADOU EM DIREÇÃO AO RECIFE MAIS AFASTADO, QUE TODOS NA VILA EVITAVAM POR MEDO DAS LENDAS. O MERGULHO FOI MAIS LONGO E CANSATIVO QUE O ESPERADO. PEIXES COLORIDOS PASSAVAM APRESSADOS, E UMA SOMBRA ENORME CRUZOU SEU CAMINHO — UMA ARRAIA GIGANTE, QUE DESLIZOU TRANQUILA, COMO SE NEM NOTASSE SUA PRESENÇA.

BENTO SEGUIU EM FRENTE ATÉ CHEGAR A UMA FENDA ESTREITA ENTRE DUAS ROCHAS COBERTAS DE CORAIS DUROS. PASSOU POR ELA SE ESGUEIRANDO, RASPANDO OS BRAÇOS, E ENTÃO VIU: NO FUNDO DE UMA CLAREIRA ARENOSA, UMA OSTRA GIGANTESCA, COM A CONCHA ORNAMENTADA POR DESENHOS NATURAIS QUE PARECIAM SÍMBOLOS ANTIGOS.

ANTES QUE PUDESSE SE APROXIMAR, UMA SÚBITA CORRENTE O PUXOU PARA O LADO. BENTO GIROU NO TURBILHÃO, LUTANDO PARA ESTABILIZAR O CORPO, MAS A FORÇA DA ÁGUA O LEVOU ATÉ UM TÚNEL ESCURO QUE SE ABRIA NA BASE DA ROCHA.

SEM CONSEGUIR LUTAR CONTRA A CORRENTE, BENTO FOI ARRASTADO PELO TÚNEL ESTREITO E ESCORREGADIO, ATÉ SER LANÇADO NUMA CAVERNA SUBAQUÁTICA IMENSA. A LUZ QUE VINHA DA ENTRADA MAL ILUMINAVA O ESPAÇO, MAS AOS POUCOS, SEUS OLHOS SE ACOSTUMARAM.

ALI, FLUTUANDO LENTAMENTE, HAVIA CRIATURAS QUE BENTO NUNCA TINHA VISTO: ÁGUAS-VIVAS GIGANTES, TRANSPARENTES COMO VIDRO, E ENGUIAS QUE SOLTAVAM FAÍSCAS AZULADAS. EM MEIO À PENUMBRA, VIU TAMBÉM ALGO QUE O DEIXOU PARALISADO: UMA SERPENTE-MARINHA, COM OLHOS QUE BRILHAVAM COMO ESMERALDAS, ENROSCADA NUMA COLUNA DE PEDRA. ELA ABRIU OS OLHOS DEVAGAR E VIROU A CABEÇA PARA ELE.

BENTO FICOU IMÓVEL, PRENDENDO A RESPIRAÇÃO.

A SERPENTE SE MOVEU LENTAMENTE, DESLIZANDO PELA PEDRA, E ENTÃO SUMIU NA ESCURIDÃO, COMO SE NÃO QUISESSE INCOMODÁ-LO.

ALIVIADO, BENTO PERCEBEU QUE HAVIA OUTRA SAÍDA DA CAVERNA, POR ONDE UMA FRACA LUZ FILTRAVA. NADOU EM DIREÇÃO À PASSAGEM E EMERGIU NUM BOLSÃO DE AR, ONDE PODIA RESPIRAR.

FICOU ALI UM TEMPO, RECUPERANDO O FÔLEGO, OUVINDO OS SONS ABAFADOS DO MAR AO SEU REDOR.

QUANDO MERGULHOU DE NOVO, VOLTOU À CLAREIRA ONDE ESTAVA A OSTRA. AGORA, ELA ESTAVA ABERTA.

NO MEIO DA CONCHA, REPOUSAVA A PÉROLA MAIS INCRÍVEL QUE BENTO JÁ TINHA VISTO: DO TAMANHO DE UMA MELANCIA, COM UM BRILHO QUENTE E PULSANTE. QUANDO ELE SE APROXIMOU, O BRILHO FICOU AINDA MAIS INTENSO, ILUMINANDO TUDO À SUA VOLTA.

MAS, DE REPENTE, ALGO SE MEXEU NO FUNDO DA AREIA.

UMA CRIATURA EMERGIU: UM POLVO GIGANTESCO, COM TENTÁCULOS GROSSOS E OLHOS NEGROS E BRILHANTES. O POLVO ESTICOU DOIS TENTÁCULOS PARA PROTEGER A OSTRA, BLOQUEANDO BENTO.

ELE FICOU PARADO, OBSERVANDO, ENQUANTO O POLVO LENTAMENTE SE ACOMODAVA AO LADO DA OSTRA, COMO UM GUARDIÃO.

BENTO ENTENDEU: AQUELA PÉROLA NÃO ERA DELE. NUNCA SERIA. ERA PARTE DAQUELE MUNDO, PROTEGIDA NÃO SÓ PELA CONCHA, MAS TAMBÉM POR CRIATURAS QUE ELE MAL CONHECIA.

DEU UM ÚLTIMO OLHAR PARA A OSTRA E COMEÇOU A NADAR PARA A SUPERFÍCIE, QUANDO SENTIU NOVAMENTE A CORRENTEZA, DESTA VEZ EMPURRANDO-O PARA CIMA, COMO SE O MAR ESTIVESSE AJUDANDO.

EMERGIU LONGE, BEM ALÉM DOS RECIFES QUE CONHECIA, ONDE O MAR ERA ABERTO E PROFUNDO. O BARCO DO PAI ESTAVA LÁ, AO LONGE, E ELE COMEÇOU A NADAR NA DIREÇÃO DELE.

MAS, ANTES QUE PUDESSE AVANÇAR MUITO, OUVIU UM SOM VINDO DAS PROFUNDEZAS: UM CANTO GRAVE, QUE PARECIA UM TROVÃO ABAFADO. OLHOU PARA BAIXO E VIU, A UMA DISTÂNCIA ABSURDA, UMA SOMBRA COLOSSAL SE MOVENDO — LENTA, PESADA, COM NADADEIRAS ENORMES QUE AGITAVAM AS ÁGUAS.

SEU CORAÇÃO ACELEROU. NÃO SABIA SE ERA UMA BALEIA OU ALGUM MONSTRO ADORMECIDO. PREFERIU NÃO ESPERAR PARA DESCOBRIR. NADOU COM TODAS AS FORÇAS ATÉ O BARCO.

QUANDO SUBIU A BORDO, OFEGANTE, O PAI PERGUNTOU:

— O QUE ACONTECEU, BENTO? ESTÁ BRANCO!

MAS ELE APENAS RIU, ALIVIADO, E RESPONDEU:

— O MAR ME MOSTROU COISAS INCRÍVEIS HOJE.

ENQUANTO NAVEGAVAM DE VOLTA PARA A VILA, BENTO OLHOU PARA TRÁS E VIU, POR UM INSTANTE, UMA ENORME CAUDA ESCURA SE ERGUENDO DAS ÁGUAS E DESAPARECER DE NOVO NAS PROFUNDEZAS.

NO DIA SEGUINTE, QUANDO FORAM PESCAR, A REDE SE ENCHEU COMO NUNCA ANTES: PEIXES DE TODAS AS CORES, TAMANHOS E FORMAS, COMO SE O MAR ESTIVESSE AGRADECIDO PELA VISITA DE BENTO, OU QUEM SABE O ESTIVESSE RECOMPENSANDO POR TER RESPEITADO SEUS MISTÉRIOS.

DEPOIS DISSO, BENTO CONTINUOU A EXPLORAR AS ÁGUAS PROFUNDAS, MAS SEMPRE COM A CERTEZA DE QUE LÁ EMBAIXO, ESCONDIDO ENTRE OS RECIFES, HAVIA UM MUNDO MUITO MAIOR, CHEIO DE CRIATURAS QUE ELE MAL PODIA IMAGINAR — E QUE AINDA O AGUARDAVAM, PARA NOVAS AVENTURAS.

E, TODA VEZ QUE MERGULHAVA, ESPERAVA COM UM MISTO DE MEDO E EXCITAÇÃO VOLTAR A OUVIR O CANTO PROFUNDO E ENCONTRAR, QUEM SABE, O GUARDIÃO DAS PROFUNDEZAS OUTRA VEZ.

DEPOIS DAQUELE DIA INESQUECÍVEL EM QUE ENCONTRARA A OSTRA GIGANTE E ESCAPARA DA SERPENTE MARINHA, BENTO NÃO CONSEGUIU MAIS SER O MESMO. TODAS AS MANHÃS, AO ACORDAR, OLHAVA PARA O MAR COM OLHOS FAMINTOS DE AVENTURA. NÃO PODIA IGNORAR O CHAMADO DAS ÁGUAS PROFUNDAS.

ALGUNS DIAS DEPOIS, DECIDIU PREPARAR-SE MELHOR: PEGOU UMA PEQUENA EMBARCAÇÃO, REFORÇOU A QUILHA, LEVOU CORDAS, LANTERNAS À PROVA D'ÁGUA, UMA FACA AFIADA, BÚSSOLA E SUPRIMENTOS PARA DOIS DIAS. NÃO CONTOU PARA NINGUÉM — NEM MESMO PARA O PAI — SOBRE A NOVA EXPEDIÇÃO.

AO AMANHECER, PARTIU SOZINHO.

NAVEGOU POR HORAS, ATÉ QUE AS FALÉSIAS DE SUA VILA SUMIRAM NO HORIZONTE. O MAR FICOU DIFERENTE: MAIS ESCURO, MAIS FRIO, E O VENTO COMEÇOU A SOPRAR FORTE. DE REPENTE, UMA NÉVOA ESPESSA SE FORMOU, COBRINDO TUDO. BENTO NÃO CONSEGUIA VER NADA A UM METRO DE DISTÂNCIA.

ENTÃO, DO MEIO DA NÉVOA, SURGIU UMA SILHUETA FANTASMAGÓRICA: UM NAVIO ANTIGO, DE MADEIRA CARCOMIDA, COM VELAS RASGADAS. PARECIA ABANDONADO, MAS O SINO NO TOPO DO MASTRO TOCAVA SUAVEMENTE, EMBALADO PELO BALANÇO DAS ONDAS.

BENTO REMOU DEVAGAR ATÉ O NAVIO E SUBIU A BORDO. A MADEIRA RANGIA SOB SEUS PÉS. O CONVÉS ESTAVA COBERTO DE ALGAS SECAS E CONCHAS QUEBRADAS. HAVIA CORDAS SOLTAS, BARRIS VAZIOS E VELHAS ÂNCORAS ENFERRUJADAS.

QUANDO ATRAVESSOU A PORTA DA CABINE DO CAPITÃO, ENCONTROU UM MAPA PRESO À PAREDE, COM DESENHOS DE ILHAS E MARCAS ESTRANHAS. PENDURADO AO LADO, UM MEDALHÃO COM A FIGURA DE UMA CAVEIRA SORRIDENTE.

ENQUANTO OBSERVAVA TUDO AQUILO, OUVIU PASSOS.

VIROU-SE RAPIDAMENTE, MAS NÃO HAVIA NINGUÉM.

O NAVIO, DE REPENTE, PARECEU SE MOVER SOZINHO, COMO SE ESTIVESSE NAVEGANDO COM VIDA PRÓPRIA. A NÉVOA ABRIU-SE POR UM INSTANTE E BENTO VIU, AO LONGE, UMA CADEIA DE PEQUENAS ILHAS CERCADAS POR ROCHAS AFIADAS E RECIFES MORTAIS.

O BARCO SEGUIU ATÉ LÁ, PARANDO SUAVEMENTE NUMA ENSEADA ESCONDIDA.

SEM ENTENDER COMO, BENTO DESCEU DO NAVIO E PISOU NUMA PRAIA DESERTA. O CHÃO ESTAVA COBERTO DE OSSOS DE PEIXES E CARAPAÇAS DE TARTARUGAS. NO CENTRO DA ILHA, ERGUIA-SE UMA ENORME CONSTRUÇÃO DE PEDRA, COMO AS RUÍNAS DE UM TEMPLO ANTIGO.

BENTO SE APROXIMOU, E AO EMPURRAR UMA DAS PORTAS DE PEDRA, ELA CEDEU, REVELANDO UM SALÃO SUBMERSO: ÁGUA CRISTALINA COBRIA O PISO, MAS O TETO ERA ALTO E SECO, SUSTENTADO POR COLUNAS TALHADAS COM FIGURAS DE CRIATURAS MARINHAS — POLVOS, SERPENTES, TRITÕES E SEREIAS.

NO CENTRO DO SALÃO, HAVIA UMA ESCADARIA QUE DESCIA EM ESPIRAL ATÉ DESAPARECER NA ÁGUA.

SEM HESITAR, BENTO PRENDEU A RESPIRAÇÃO E MERGULHOU.

DESCEU OS DEGRAUS SUBMERSOS, ENQUANTO A LUZ DIMINUÍA A CADA METRO, ATÉ ENCONTRAR UMA CÂMARA SECRETA, ONDE DESCANSAVA UMA ESTÁTUA COLOSSAL DE UMA DEUSA DO MAR, SEGURANDO NAS MÃOS UMA ESFERA DE CRISTAL.

QUANDO BENTO TOCOU A ESFERA, UM MECANISMO FOI ATIVADO. AS PAREDES DA CÂMARA COMEÇARAM A SE MOVER, REVELANDO UMA PASSAGEM SECRETA POR ONDE UMA CORRENTE FORTE O PUXOU. SEM CONSEGUIR RESISTIR, BENTO FOI ARRASTADO POR UM LONGO TÚNEL DE ÁGUA, GIRANDO E SE DEBATENDO ATÉ SER EXPELIDO VIOLENTAMENTE NO MAR ABERTO, LONGE DA ILHA.

ENQUANTO RECUPERAVA O FÔLEGO, NOTOU QUE O CÉU TINHA ESCURECIDO DE REPENTE.

UMA TEMPESTADE SE FORMAVA.

RAIOS CORTAVAM O CÉU, E ONDAS GIGANTES AMEAÇAVAM VIRAR SUA PEQUENA EMBARCAÇÃO. BENTO NADOU ATÉ O BARCO E SE AGARROU A ELE COM TODAS AS FORÇAS. A CORRENTEZA O LEVOU PARA LONGE, JOGANDO-O DE UM LADO PARA OUTRO, ATÉ QUE UMA ONDA GIGANTESCA O ENGOLIU E O FEZ PERDER A CONSCIÊNCIA.

QUANDO ACORDOU, ESTAVA NUMA ENSEADA CALMA, CERCADA POR PENHASCOS ALTOS. AO OLHAR AO REDOR, PERCEBEU QUE NÃO ESTAVA SOZINHO.

UM GRUPO DE PIRATAS O OBSERVAVA DA PRAIA.

ERAM HOMENS E MULHERES DE APARÊNCIA FEROZ, COM ROUPAS RASGADAS, CICATRIZES E TATUAGENS DE MONSTROS MARINHOS. O LÍDER, UM HOMEM ALTO COM UMA PERNA DE PAU E UM TAPA-OLHO, APROXIMOU-SE.

— O QUE TEMOS AQUI? UM PEIXE FORA D’ÁGUA? — ZOMBOU, PUXANDO BENTO PELA GOLA DA CAMISA.

BENTO, AINDA TONTO, NÃO RESPONDEU.

— LEVEM-NO PARA O NAVIO — ORDENOU O PIRATA.

AMARRARAM BENTO E O LEVARAM PARA UM GRANDE GALEÃO ESCONDIDO ATRÁS DAS ROCHAS. LÁ, O PRENDERAM NO PORÃO, JUNTO COM OUTROS TESOUROS: BAÚS CHEIOS DE MOEDAS DE OURO, ESPADAS ENFERRUJADAS E MAPAS ANTIGOS.

BENTO ESPEROU ATÉ A NOITE, QUANDO OS PIRATAS FICARAM OCUPADOS COMEMORANDO. CONSEGUIU SOLTAR AS AMARRAS COM A FACA ESCONDIDA NA BOTA E SAIU SILENCIOSAMENTE DO PORÃO.

ANDOU PELA EMBARCAÇÃO ATÉ ENCONTRAR UM BOTE DE EMERGÊNCIA.

MAS, ANTES QUE PUDESSE LANÇÁ-LO AO MAR, OUVIU UM GRITO:

— LÁ ESTÁ ELE! O MOLEQUE!

OS PIRATAS CORRERAM EM SUA DIREÇÃO.

BENTO NÃO PENSOU DUAS VEZES: PULOU NO MAR, MESMO COM O BOTE PRESO, E NADOU COM TODA A FORÇA. MERGULHOU FUNDO PARA ESCAPAR DAS BALAS QUE ASSOBIAVAM AO SEU REDOR.

QUANDO EMERGIU, A CORRENTEZA JÁ O LEVAVA PARA LONGE.

NADOU ATÉ NÃO TER MAIS FORÇAS E ACABOU SENDO RESGATADO POR UM GOLFINHO, QUE O EMPURROU COM O FOCINHO ATÉ LEVÁ-LO À SEGURANÇA DE UM ROCHEDO.

EXAUSTO, BENTO DEITOU-SE ALI, OLHANDO O CÉU ESTRELADO, AGRADECIDO POR ESTAR VIVO.

NA MANHÃ SEGUINTE, CONSEGUIU IMPROVISAR UMA JANGADA COM TRONCOS FLUTUANTES E, GUIADO PELO SOL E PELA INTUIÇÃO, NAVEGOU DE VOLTA PARA CASA.

QUANDO FINALMENTE AVISTOU AS FALÉSIAS CONHECIDAS DA VILA, QUASE NÃO ACREDITOU. REMOU COM AS ÚLTIMAS FORÇAS E, AO PISAR NA AREIA, CAIU DE JOELHOS, SORRINDO.

DESDE ENTÃO, TODOS NA VILA PERCEBERAM QUE BENTO NÃO ERA MAIS O MESMO MENINO: TINHA NOS OLHOS A CORAGEM DE QUEM ENFRENTOU MONSTROS MARINHOS, TEMPESTADES, PIRATAS E RUÍNAS ESQUECIDAS.

MAS, MESMO DEPOIS DE TODAS ESSAS AVENTURAS, BENTO SABIA, NO FUNDO, QUE O MAR AINDA ESCONDIA MUITOS OUTROS SEGREDOS, ESPERANDO APENAS O MOMENTO CERTO PARA REVELÁ-LOS.

E ELE, É CLARO, MAL PODIA ESPERAR PARA PARTIR NOVAMENTE.