ERA UMA VEZ, EM UM REINO DISTANTE CHAMADO OVOLÂNDIA, ONDE AS FLORES SEMPRE FLORESCIAM E OS RIOS CORRIAM COM ÁGUAS CRISTALINAS, UMA JOVEM COELHA CHAMADA LILI. LILI NÃO ERA UMA COELHA COMUM. ELA POSSUÍA UMA PELAGEM DOURADA QUE BRILHAVA SOB O SOL E OLHOS DA COR DO CÉU AO AMANHECER. MAS O QUE REALMENTE A TORNAVA ESPECIAL ERA SEU DOM: ELA CONSEGUIA OUVIR O SUSSURRO DAS FLORES E CONVERSAR COM OS ANIMAIS DA FLORESTA.

OVOLÂNDIA ERA CONHECIDA POR SUA GRANDE CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA. TODOS OS ANOS, QUANDO A PRIMAVERA CHEGAVA, OS HABITANTES DECORAVAM OS CAMPOS COM OVOS COLORIDOS, CANTAVAM CANÇÕES ANTIGAS E DANÇAVAM SOB A LUZ DAS ESTRELAS. PORÉM, NAQUELA PÁSCOA, ALGO ESTRANHO ACONTECEU. OS OVOS MÁGICOS, RESPONSÁVEIS POR TRAZER ALEGRIA E ESPERANÇA A TODOS, DESAPARECERAM MISTERIOSAMENTE NA VÉSPERA DO FESTIVAL.

O REI TULIPAS, UM VELHO COELHO SÁBIO DE LONGAS ORELHAS E COROA FEITA DE MARGARIDAS, CONVOCOU TODOS OS HABITANTES AO GRANDE CARVALHO. "QUEM SALVARÁ A PÁSCOA?" PERGUNTOU ELE COM A VOZ EMBARGADA. O SILÊNCIO REINOU ATÉ QUE LILI DEU UM PASSO À FRENTE. "EU IREI, MAJESTADE. DESCOBRIREI O QUE ACONTECEU COM OS OVOS MÁGICOS."

COM UM MAPA ANTIGO ENROLADO SOB O BRAÇO E UMA CESTA ENCANTADA DADA PELA FADA DOS BOTÕES-DE-OURO, LILI PARTIU EM SUA JORNADA. SEU PRIMEIRO DESTINO FOI A MONTANHA DOS VENTOS MURMURANTES, ONDE VIVIA A CORUJA ORÁCULA. ESTA, COM OLHOS PROFUNDOS COMO POÇOS DE SABEDORIA, REVELOU UM ENIGMA: "AQUELE QUE ESCONDE A LUZ DA PÁSCOA, TEME O BRILHO DA ESPERANÇA. PROCURE ONDE O SOL NÃO TOCA E ONDE AS SOMBRAS DANÇAM COM A TRISTEZA."

LILI SEGUIU AS PISTAS ATÉ O VALE DOS SUSPIROS, UM LUGAR ONDE O TEMPO PARECIA NÃO PASSAR. ALI ENCONTROU UM GRUPO DE ESQUILOS TRISTES, QUE LHE CONTARAM SOBRE UMA CRIATURA MISTERIOSA QUE SURGIU RECENTEMENTE: O COELHO CINZENTO. DIZIAM QUE ELE VIVIA NAS CAVERNAS SOMBRIAS DO MONTE SEM NOME E ERA MOVIDO PELA SOLIDÃO E PELA INVEJA DA FELICIDADE ALHEIA.

COM CORAGEM, LILI ENFRENTOU O CAMINHO ATÉ A CAVERNA. NO TRAJETO, FOI AJUDADA POR AMIGOS ANTIGOS E NOVOS: O SAPO CANTOCHÃO, QUE AFASTAVA OS PERIGOS COM SEU CANTO GRAVE; A BORBOLETA VIOLETA, QUE ILUMINAVA OS CANTOS ESCUROS COM SUAS ASAS BRILHANTES; E O ESQUILO NINO, QUE CONHECIA ATALHOS SECRETOS ENTRE AS ÁRVORES.

NA CAVERNA, LILI ENCONTROU O COELHO CINZENTO, DE OLHOS TRISTES E CORAÇÃO PESADO. "POR QUE ROUBASTE OS OVOS MÁGICOS?" PERGUNTOU ELA COM DOÇURA. O COELHO RESPONDEU: "NINGUÉM JAMAIS ME CONVIDOU PARA A FESTA. EU SÓ QUERIA SENTIR A ALEGRIA DA PÁSCOA... NEM QUE FOSSE SÓ PARA MIM."

LILI, COM O CORAÇÃO CHEIO DE COMPAIXÃO, EXPLICOU QUE A VERDADEIRA MAGIA DA PÁSCOA ESTAVA EM COMPARTILHAR. COM UM TOQUE DA VARINHA DA FADA DOS BOTÕES-DE-OURO, ELA DIVIDIU A LUZ DOS OVOS MÁGICOS COM O COELHO CINZENTO, QUE AOS POUCOS FOI SE TORNANDO UM TOM PRATEADO RELUZENTE.

JUNTOS, VOLTARAM PARA OVOLÂNDIA, ONDE FORAM RECEBIDOS COM ALEGRIA. O REI TULIPAS DECLAROU QUE, DALI EM DIANTE, O COELHO CINZENTO — AGORA CHAMADO COELHO PRATEADO — SERIA O GUARDIÃO DA ALEGRIA E TERIA UM LUGAR DE HONRA NO FESTIVAL.

A FESTA DE PÁSCOA DAQUELE ANO FOI A MAIS LINDA DE TODAS. OVOS BRILHANTES COMO ESTRELAS ENFEITAVAM OS CAMPOS, CANÇÕES DE AMIZADE ECOAVAM PELOS VALES, E TODOS APRENDERAM QUE ATÉ MESMO A TRISTEZA PODE FLORESCER EM FELICIDADE QUANDO TOCADA PELA BONDADE.

MAS A AVENTURA DE LILI AINDA NÃO HAVIA TERMINADO. ALGUMAS NOITES DEPOIS, ENQUANTO A LUA CHEIA ILUMINAVA OS CAMPOS, UMA BRISA FRIA TROUXE UM SUSSURRO MISTERIOSO DAS MONTANHAS DISTANTES. ERA A FADA DOS BOTÕES-DE-OURO, QUE APARECIA APENAS EM TEMPOS DE GRANDE NECESSIDADE. "LILI, A MAGIA DA PÁSCOA DESPERTOU ALGO ANTIGO — UM FEITIÇO ADORMECIDO NA FLORESTA DOS ESPELHOS. UMA SOMBRA CONHECIDA COMO MEDRONHA ESTÁ DESPERTANDO E AMEAÇA ESPALHAR A DÚVIDA E O MEDO SOBRE TODOS OS REINOS."

SEM HESITAR, LILI CONVOCOU SEUS AMIGOS. JUNTO AO COELHO PRATEADO, CANTOCHÃO, VIOLETA E NINO, PARTIRAM RUMO À FLORESTA DOS ESPELHOS, ONDE TUDO REFLETIA A VERDADE DA ALMA. ALI, FORAM POSTOS À PROVA: VIOLETA TEVE QUE ENFRENTAR LEMBRANÇAS DE QUANDO SE SENTIA INVISÍVEL; CANTOCHÃO PRECISOU CANTAR MESMO COM O MEDO DE ERRAR; NINO REENCONTROU O IRMÃO QUE PERDERA E TEVE QUE PERDOAR; E O COELHO PRATEADO VIU SEU REFLEXO MAIS SOMBRIO, AINDA FERIDO PELA SOLIDÃO.

LILI, POR SUA VEZ, ENFRENTOU O REFLEXO DA DÚVIDA — UMA LILI QUE DIZIA QUE ELA ERA PEQUENA DEMAIS PARA FAZER DIFERENÇA. MAS COM A FORÇA DA AMIZADE, TODOS SUPERARAM SUAS PROVAÇÕES. NO CORAÇÃO DA FLORESTA, ENCONTRARAM MEDRONHA, UMA CRIATURA FEITA DE FUMAÇA ESCURA E OLHOS QUE MUDAVAM DE COR CONFORME OS SENTIMENTOS AO REDOR. ELA SE ALIMENTAVA DA DESESPERANÇA.

COM UM GESTO DE CORAGEM, LILI APROXIMOU-SE E CANTOU A CANÇÃO DA AURORA, ENSINADA PELAS FLORES EM SUA INFÂNCIA. A MELODIA, PURA E CHEIA DE ESPERANÇA, ILUMINOU A ESCURIDÃO. MEDRONHA SE DISSOLVEU EM PÉTALAS NEGRAS QUE LOGO SE TRANSFORMARAM EM SEMENTES LUMINOSAS, PROMETENDO NOVOS COMEÇOS.

A FLORESTA DOS ESPELHOS SE TRANSFORMOU. DE LUGAR DE TEMORES, TORNOU-SE UM BOSQUE ENCANTADO ONDE OS VIAJANTES PODIAM ENCONTRAR CORAGEM DENTRO DE SI. LILI E SEUS AMIGOS VOLTARAM A OVOLÂNDIA COM NOVAS HISTÓRIAS E UMA LIÇÃO AINDA MAIS PROFUNDA: A MAGIA DA PÁSCOA NÃO ESTÁ APENAS NOS OVOS OU NA FESTA, MAS NO RENASCIMENTO INTERIOR QUE ACONTECE QUANDO ENFRENTAMOS NOSSAS SOMBRAS COM AMOR.

NA PRIMAVERA SEGUINTE, UM NOVO RITUAL FOI ADICIONADO À CELEBRAÇÃO: A TRAVESSIA DOS ESPELHOS, ONDE TODOS, PEQUENOS E GRANDES, CRUZAVAM UMA PONTE DE CRISTAL E DEIXAVAM PARA TRÁS SEUS MEDOS, ABRAÇANDO COM ALEGRIA A LUZ QUE BROTA DE DENTRO.

E ASSIM, ANO APÓS ANO, OVOLÂNDIA FLORESCEU AINDA MAIS COLORIDA, COM LILI SENDO LEMBRADA NÃO APENAS COMO A SALVADORA DA PÁSCOA, MAS COMO AQUELA QUE TROUXE LUZ ATÉ MESMO ONDE ANTES SÓ HAVIA ESCURIDÃO.