ERA UMA VEZ, EM UMA VILA COLORIDA CERCADA POR MONTANHAS AZULADAS E CAMPOS DE FLORES DANÇANTES, UMA MENINA CHAMADA ROSSANA. ELA TINHA NOVE ANOS, CABELOS CACHEADOS COMO MOLAS DE BRINQUEDO E OLHOS CURIOSOS QUE PARECIAM ESTRELAS CINTILANDO. ROSSANA ERA CONHECIDA POR SUA CRIATIVIDADE E POR NUNCA SAIR DE CASA SEM SUAS JOELHEIRAS LILASES, QUE USAVA EM TODAS AS SUAS AVENTURAS.

ROSSANA VIVIA COM SUA AVÓ, DONA AURORA, UMA COSTUREIRA FAMOSA NA VILA POR FAZER BONECAS MÁGICAS DE PANO. CADA BONECA QUE SAÍA DAS MÃOS DE DONA AURORA CARREGAVA UMA HISTÓRIA, UMA CANÇÃO OU UM SEGREDO. MAS HAVIA UMA BONECA ESPECIAL, CHAMADA ESTELINHA, QUE ERA A PREFERIDA DE ROSSANA. ESTELINHA TINHA OLHOS BORDADOS COM FIOS DOURADOS, CABELOS DE LÃ COR-DE-ROSA E UM VESTIDINHO DE ESTRELAS. O QUE ROSSANA MAIS AMAVA ERA QUE, SEMPRE QUE TOCAVA O TAMBOR QUE SEU AVÔ DEIXARA COMO HERANÇA, ESTELINHA PARECIA SORRIR.

O TAMBOR ERA DIFERENTE DE QUALQUER OUTRO: PEQUENO, DE MADEIRA ESCURA, COM DESENHOS DE LUAS E SÓIS ENTALHADOS NAS BORDAS. QUANDO ROSSANA O TOCAVA COM DELICADEZA, O SOM ERA DOCE COMO VENTO ENTRE FOLHAS; QUANDO BATIA COM FORÇA, PARECIA QUE UM TROVÃO ALEGRE DANÇAVA PELO QUARTO.

UMA TARDE, APÓS UMA CHUVA DE VERÃO, ROSSANA ENCONTROU ALGO ESTRANHO. ENQUANTO BRINCAVA NO SÓTÃO COM ESTELINHA E SEU TAMBOR, OUVIU UMA BATIDA DIFERENTE. TOC-TOC, TOC-TOC..., MAS NÃO ERA ELA QUEM TOCAVA. O TAMBOR ESTAVA RESPONDENDO SOZINHO!

— ESTELINHA, VOCÊ OUVIU ISSO? — SUSSURROU ROSSANA, APERTANDO A BONECA CONTRA O PEITO.

DE REPENTE, O TAMBOR BRILHOU. UMA LUZ DOURADA SAIU DO CENTRO DELE E FORMOU UM ARCO-ÍRIS EM MINIATURA QUE LEVOU ROSSANA E ESTELINHA PARA UM OUTRO LUGAR: UMA FLORESTA ENCANTADA ONDE ÁRVORES TINHAM SINOS NO LUGAR DE FOLHAS, E FLORES TOCAVAM MÚSICAS SUAVES.

ALI, ROSSANA CONHECEU OUTRAS MENINAS: LUNA, UMA PERCUSSIONISTA COM TRANÇAS COLORIDAS E JOELHEIRAS DE GLITTER; MALU, UMA INVENTORA DE INSTRUMENTOS MUSICAIS, QUE USAVA ÓCULOS ENORMES E TINHA UM CINTO CHEIO DE FERRAMENTAS BRILHANTES; E SOLANGE, UMA CONTADORA DE HISTÓRIAS QUE DAVA VIDA ÀS PALAVRAS COM SUA VOZ MELODIOSA.

AS MENINAS EXPLICARAM QUE ESTAVAM EM UMA MISSÃO: DESCOBRIR O SEGREDO DO TAMBOR ENCANTADO, QUE SÓ RESPONDIA A CORAÇÕES PUROS E CRIATIVOS. SEGUNDO A LENDA, QUANDO O TAMBOR ENCONTRASSE SUA VERDADEIRA TOCADORA, UM PORTAL PARA A HARMONIA PERFEITA SE ABRIRIA, UM LUGAR ONDE A MÚSICA CURAVA, AS PALAVRAS CONSTRUÍAM PONTES E AS BONECAS GANHAVAM VIDA DE VERDADE.

ROSSANA FICOU MARAVILHADA. E, CLARO, TOPOU AJUDAR. DURANTE DIAS, AS MENINAS TREINARAM JUNTAS. TOCAVAM TAMBORES, INVENTAVAM RITMOS, CONTAVAM HISTÓRIAS E DANÇAVAM. ROSSANA, SEMPRE COM SUAS JOELHEIRAS, LIDERAVA OS ENSAIOS COM ESTELINHA EM SEU COLO.

UM DIA, ENQUANTO TOCAVA UM RITMO QUE APRENDERA COM SUA AVÓ — UMA BATIDA QUE IMITAVA O SOM DAS MÁQUINAS DE COSTURA — O TAMBOR BRILHOU MAIS FORTE DO QUE NUNCA. UM SOM GRAVE E DOCE PREENCHEU A FLORESTA E, DE REPENTE, TODAS AS BONECAS DA VILA MÁGICA COMEÇARAM A SE MOVER. ESTELINHA PISCOU PARA ROSSANA.

— VOCÊ CONSEGUIU! — GRITARAM AS MENINAS.

O TAMBOR GIROU NO AR E SE TRANSFORMOU EM UMA PULSEIRA DOURADA, QUE ENVOLVEU O BRAÇO DE ROSSANA.

— AGORA, A MÚSICA ESTÁ EM VOCÊ — DISSE SOLANGE.

AO VOLTAR PARA CASA, ROSSANA PERCEBEU QUE TUDO HAVIA MUDADO. AS PESSOAS SORRIAM MAIS, CANTAVAM JUNTAS, E BONECAS DE PANO APARECIAM EM TODOS OS LUGARES, AJUDANDO COM PEQUENAS TAREFAS E ESPALHANDO ALEGRIA.

DONA AURORA, COM LÁGRIMAS NOS OLHOS, ABRAÇOU A NETA:

— VOCÊ TROUXE MAGIA DE VOLTA À NOSSA VILA.

DESDE ENTÃO, ROSSANA CONTINUOU SUAS AVENTURAS COM ESTELINHA, O TAMBOR-PULSEIRA, E SUAS JOELHEIRAS MÁGICAS, INSPIRANDO OUTRAS MENINAS A ENCONTRAREM SUA PRÓPRIA MÚSICA INTERIOR. PORQUE, NO FINAL, A VERDADEIRA MAGIA ESTAVA NA CORAGEM DE SER CRIATIVA E NO PODER DA AMIZADE.

E ASSIM, A VILA DANÇAVA AO SOM DE TAMBORES, SONHOS E HISTÓRIAS.