ERA UMA VEZ UMA MENINA CHAMADA BOINA ESCARLATE, QUE MORAVA EM UM REINO ONDE TODAS AS HISTÓRIAS PARECIAM SE MISTURAR COMO SOPA DE LETRINHAS. UM DIA, SUA MÃE PEDIU QUE ELA LEVASSE UMA CESTA DE DOCES PARA SUA VOVÓ, QUE ESTAVA DOENTINHA. MAS COMO A CONFUSÃO ERA GRANDE NAQUELE REINO, A POBRE BOINA ACABOU PEGANDO A CESTA ERRADA, QUE CONTINHA... UMA MAÇÃ ENVENENADA!

LÁ FOI BOINA, CANTAROLANDO PELA FLORESTA, ATÉ QUE DEU DE CARA COM UM ESPELHO FALANTE NO MEIO DO CAMINHO. “QUEM É VOCÊ?”, PERGUNTOU. O ESPELHO, CANSADO DE RESPONDER SEMPRE A MESMA PERGUNTA PARA A IMPERATRIZ MALVADA, APENAS SUSPIROU E DISSE: “VOCÊ É A JOVEM MAIS PERDIDA QUE JÁ VI! SUA VOVÓ NÃO MORA AQUI, VOCÊ DEVE SEGUIR PELO CAMINHO DA TORRE PROIBIDA!”

SEM PENSAR MUITO, BOINA SEGUIU AS ORIENTAÇÕES E ACABOU SE DEPARANDO COM UMA LINDA JOVEM ADORMECIDA: A PRINCESA SONOLENTA, QUE TODOS CHAMAVAM DE PANDORA, APESAR DE SEU CABELO ESTAR TODO DESGRENHADO APÓS CEM ANOS DE SONO. COMO BOINA ERA MUITO CURIOSA, DECIDIU TENTAR ACORDÁ-LA DO JEITO MAIS TRADICIONAL: DEU-LHE UM BEIJO NA TESTA. NADA. CUTUCOU-A COM O DEDO. NADA. REVIROU OS OLHOS E GRITOU: “OLHA, UM PRÍNCIPE ENCANTADO ENTREGANDO PIZZA!”. NADA.

ENQUANTO ISSO, DO OUTRO LADO DO REINO, UM BELO PRÍNCIPE CHAMADO FREDERICO, TAMBÉM CONHECIDO COMO FRED PARA OS MAIS ÍNTIMOS, PROCURAVA POR UMA PRINCESA PARA CASAR, PORQUE, SEGUNDO AS REGRAS DA REALEZA, ELE PRECISAVA UNIR OS REINOS. FRED ENCONTROU A CASA DA VOVÓ DE BOINA E, AO INVÉS DA IDOSA, ENCONTROU UMA IMPERATRIZ VESTIDA DE VOVOZINHA, SEGURANDO UM CESTO DE MAÇÃS SUSPEITAS.

“BOA TARDE, JOVEM!”, DISSE A IMPERATRIZ DISFARÇADA. “BOA TARDE... VOCÊ TEM CERTEZA DE QUE É UMA IDOSA? ESSE NARIZ FALSO ESTÁ CAINDO...”, DESCONFIOU FRED. A IMPERATRIZ, NERVOSA, EMPURROU UMA MAÇÃ EM SUA MÃO E SAIU CORRENDO. FRED, QUE NÃO RESISTIA A UM LANCHINHO, DEU UMA MORDIDA E CAIU NO CHÃO, RONCANDO ALTO.

NESSE MOMENTO, BOINA CHEGOU, VIU A CENA E DISSE: “AH, NÃO! OUTRO DORMINDO? EU NÃO AGUENTO MAIS!”. ENTÃO, PEGOU UM PEDAÇO DE TORTA DA CESTA E ENFIOU NA BOCA DO PRÍNCIPE, QUE ACORDOU ASSUSTADO. “O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?!”

ANTES QUE ALGUÉM PUDESSE RESPONDER, PANDORA, AINDA MEIO SONOLENTA, APARECEU CAMBALEANDO PELO BOSQUE. “EU OUVI ALGO SOBRE BOLO GRÁTIS? ONDE ESTÁ? EU DORMI TEMPO DEMAIS E ESTOU MORRENDO DE FOME!”

FRED PISCOU, CONFUSO. “PERAÍ... VOCÊ É UMA PRINCESA?”

“SIM! EU ERA FAMOSA HÁ CEM ANOS, MAS ACHO QUE FUI ESQUECIDA. AGORA SÓ QUERO UM LANCHE.”

BOINA REVIROU OS OLHOS. “ÓTIMO. MAIS UMA PESSOA ESFOMEADA.”

NESSE INSTANTE, A IMPERATRIZ MALVADA REAPARECEU, AGORA SEM DISFARCE. “CHEGA! NÃO AGUENTO MAIS ESSE CAOS! EU SÓ QUERIA ENVENENAR UMA PRINCESA, MAS VOCÊS ESTÃO BAGUNÇANDO TODA A MINHA TRAMA!”

PANDORA PEGOU UMA DAS MAÇÃS DO CESTO DA IMPERATRIZ E DEU UMA MORDIDA. “HMM... VOCÊ COLOCOU CANELA? NADA MAL!”

A IMPERATRIZ GRITOU DE FRUSTRAÇÃO E SUMIU EM UMA NUVEM DE FUMAÇA.

FRED OLHOU PARA BOINA E PANDORA. “BOM, JÁ QUE NINGUÉM FOI REALMENTE ENVENENADO E TEMOS UMA CESTA CHEIA DE DOCES... QUE TAL FAZERMOS UM PIQUENIQUE?”

TODOS CONCORDARAM, E ASSIM O GRUPO APROVEITOU UM DIA DE DIVERSÃO, COMIDA E HISTÓRIAS MALUCAS QUE NINGUÉM JAMAIS CONSEGUIRIA ENTENDER COMPLETAMENTE.

NO MEIO DO PIQUENIQUE, UM SOM ESTRIDENTE INTERROMPEU A CALMARIA. DO NADA, UMA FADA SURGIU VOANDO EM CÍRCULOS, DESESPERADA.

“GENTE! GENTE! VOCÊS BAGUNÇARAM TODAS AS HISTÓRIAS! ISSO É UM DESASTRE NARRATIVO!”

BOINA, DE BOCA CHEIA, OLHOU PARA A FADA E DEU DE OMBROS. “E DAÍ? PELO MENOS NINGUÉM MORREU.”

A FADA SUSPIROU, PUXANDO UM PERGAMINHO ENORME. “AGORA TENHO QUE REFAZER TUDO! PANDORA, VOCÊ DEVIA ESTAR DORMINDO ATÉ UM PRÍNCIPE ACORDÁ-LA! BOINA, VOCÊ DEVERIA ESTAR ENFRENTANDO UM LOBO! E FRED, VOCÊ DEVIA ESTAR CAVALGANDO HEROICAMENTE PARA RESGATAR ALGUÉM!”

FRED APONTOU PARA PANDORA. “EU MEIO QUE RESGATEI ELA... DO JEJUM ETERNO.”

A FADA REVIROU OS OLHOS. “ÓTIMO. AGORA OS LIVROS DE CONTOS DE FADAS NUNCA MAIS SERÃO OS MESMOS! VAMOS TER CRIANÇAS LENDO SOBRE PRINCESAS QUE SÓ QUEREM COMER E PRÍNCIPES QUE CAEM NO SONO AO INVÉS DE SALVAR O DIA!”

PANDORA SORRIU. “PARECE BEM MAIS DIVERTIDO ASSIM.”

A FADA BUFOU, DESISTINDO. “AH, QUER SABER? SE VOCÊS GOSTAM TANTO DO CAOS, ENTÃO QUE FIQUEM COM ELE. BOA SORTE COM AS PRÓXIMAS AVENTURAS... VOCÊS VÃO PRECISAR!” E DESAPARECEU EM UM BRILHO MÁGICO.

OS TRÊS SE ENTREOLHARAM E RIRAM. SE AS HISTÓRIAS NUNCA MAIS SERIAM AS MESMAS... ENTÃO QUE FOSSEM AINDA MAIS DIVERTIDAS!

DE REPENTE, UM TROVÃO RIBOMBOU NOS CÉUS E UMA FIGURA MISTERIOSA APARECEU ENTRE AS ÁRVORES. “VOCÊS PENSARAM QUE TINHAM TERMINADO? POIS EU, O LOBO DESORIENTADO, ESTOU AQUI PARA REIVINDICAR MINHA HISTÓRIA!”

BOINA FRANZIU A TESTA. “LOBO... DESORIENTADO?”

O LOBO SUSPIROU. “SIM, EU DEVERIA SER O GRANDE LOBO MAU, MAS ME PERDI NA FLORESTA E ACABEI VIRANDO VEGETARIANO. AGORA SÓ QUERO UMA BOA SALADA!”

PANDORA ARREGALOU OS OLHOS. “TEM PIZZA?”

FRED RIU. “EU JÁ NEM SEI MAIS O QUE É ESSE CONTO DE FADAS.”

DE REPENTE, UM NOVO CLARÃO BRILHOU E UM SAPO FALANTE PULOU NO MEIO DO GRUPO. “AHÁ! EU SOU UM PRÍNCIPE ENCANTADO PRESO NESSA FORMA! PRECISO DE UM BEIJO PARA VOLTAR AO NORMAL!”

BOINA DEU UM PASSO PARA TRÁS. “EU JÁ TIVE MINHA COTA DE BEIJAR GENTE DORMINDO HOJE. PRÓXIMO!”

PANDORA PEGOU O SAPO E O ANALISOU. “MAS VOCÊ VIRA UM PRÍNCIPE BONITÃO OU UM DAQUELES QUE SÓ FICA RECLAMANDO DE ETIQUETA REAL?”

O SAPO COÇOU O QUEIXO. “HUMMM... TALVEZ UM POUCO DOS DOIS?”

PANDORA DEU DE OMBROS. “É ARRISCADO. MAS SE VOCÊ SOUBER COZINHAR, POSSO CONSIDERAR.”

O SAPO SUSPIROU. “POR QUE NINGUÉM SEGUE MAIS OS ROTEIROS CLÁSSICOS?”

NESSE INSTANTE, UM BARULHO ENSURDECEDOR ECOOU PELO BOSQUE, E UMA CARRUAGEM DOURADA CAIU DO CÉU, PUXADA POR DOIS RATOS GIGANTES. DE DENTRO DELA, SALTOU UMA FIGURA IMPONENTE: UMA MOÇA COM UM VESTIDO BRILHANTE E UM SAPATO DE CRISTAL NA MÃO.

“EI! ALGUÉM AQUI PERDEU UM SAPATINHO E UM PRÍNCIPE? PORQUE ESSE AQUI ESTÁ ME DANDO DOR DE CABEÇA!”, DISSE ELA, APONTANDO PARA UM JOVEM DESMAIADO NO FUNDO DA CARRUAGEM.

BOINA, FRED E PANDORA SE ENTREOLHARAM.

BOINA SUSPIROU. “AH, PRONTO. MAIS UM DORMINDO.”

E ASSIM, A CONFUSÃO ESTAVA LONGE DE ACABAR...