HAVIA UMA PEQUENA VILA CHAMADA CAMPESTRE, RODEADA POR COLINAS E FLORESTAS ENCANTADAS. NA VILA, MORAVA UM MENINO CHAMADO THEO, QUE ADORAVA EXPLORAR OS CANTOS MAIS MISTERIOSOS DO LUGAR. SEU LUGAR FAVORITO ERA A VELHA MANSÃO ABANDONADA NO ALTO DA COLINA.

AS LENDAS DA VILA DIZIAM QUE A MANSÃO ERA ASSOMBRADA POR UM FANTASMA. MAS THEO, CURIOSO COMO SEMPRE, NÃO ACREDITAVA EM FANTASMAS E ESTAVA DETERMINADO A PROVAR QUE TUDO NÃO PASSAVA DE HISTÓRIAS PARA ASSUSTAR CRIANÇAS.

CERTA TARDE, QUANDO O SOL JÁ COMEÇAVA A SE ESCONDER ATRÁS DAS MONTANHAS, THEO DECIDIU SUBIR ATÉ A MANSÃO. ELE VESTIU SEU CASACO AZUL, COLOCOU SEU CHAPÉU DE FELTRO PREFERIDO E LEVOU UMA LANTERNA, POIS SABIA QUE O INTERIOR DA CASA ERA ESCURO COMO A NOITE.

AO ENTRAR NA MANSÃO, O CHÃO RANGEU SOB SEUS PÉS, E UMA BRISA FRIA PERCORREU O SALÃO EMPOEIRADO. ELE CAMINHOU DEVAGAR, OBSERVANDO OS MÓVEIS COBERTOS POR LENÇÓIS BRANCOS E OS QUADROS ANTIGOS PENDURADOS NAS PAREDES. DE REPENTE, OUVIU UM BARULHO VINDO DO ANDAR DE CIMA. SEU CORAÇÃO ACELEROU, MAS SUA CURIOSIDADE FOI MAIS FORTE DO QUE O MEDO.

SUBIU AS ESCADAS LENTAMENTE, TENTANDO NÃO FAZER BARULHO. QUANDO ALCANÇOU O CORREDOR, VIU ALGO QUE O FEZ PRENDER A RESPIRAÇÃO: UM CHAPÉU FLUTUAVA NO AR, COMO SE ESTIVESSE SENDO USADO POR UM SER INVISÍVEL.

THEO ARREGALOU OS OLHOS. "FANTASMA!" ELE PENSOU. MAS, AO INVÉS DE SAIR CORRENDO, DECIDIU FAZER ALGO INUSITADO. COM CORAGEM, DEU UM PASSO À FRENTE E DISSE:

— QUEM ESTÁ AÍ?

O CHAPÉU GIROU NO AR E, PARA SURPRESA DE THEO, UMA VOZ BAIXA E TRISTONHA RESPONDEU:

— EU SOU O FANTASMA DESTA MANSÃO. MAS NÃO SE ASSUSTE, EU NÃO QUERO ASSUSTAR NINGUÉM.

THEO PISCOU ALGUMAS VEZES, TENTANDO ENTENDER O QUE VIA E OUVIA. ENTÃO, PERGUNTOU:

— SE VOCÊ NÃO QUER ASSUSTAR, POR QUE SE ESCONDE?

O FANTASMA SUSPIROU (SE É QUE FANTASMAS PODEM SUSPIRAR) E DISSE:

— AS PESSOAS TÊM MEDO DE MIM, ENTÃO EU FICO SOZINHO. MAS GOSTO DE USAR MEU CHAPÉU. ME FAZ SENTIR UM POUCO MAIS NORMAL.

THEO OLHOU PARA SEU PRÓPRIO CHAPÉU E SORRIU.

— SE QUISER, PODEMOS SER AMIGOS.

O FANTASMA HESITOU POR UM INSTANTE E DEPOIS RESPONDEU COM ALEGRIA:

— SÉRIO? VOCÊ NÃO TEM MEDO DE MIM?

— UM POUQUINHO — ADMITIU THEO —, MAS GOSTO DE CONHECER NOVAS PESSOAS, OU FANTASMAS.

E ASSIM, THEO E O FANTASMA DE CHAPÉU SE TORNARAM GRANDES AMIGOS. ELE DESCOBRIU QUE O NOME DO FANTASMA ERA HUGO E QUE, ANTES DE SER UM ESPÍRITO SOLITÁRIO, HAVIA SIDO UM JOVEM MUITO DIVERTIDO, QUE ADORAVA CONTAR HISTÓRIAS.

JUNTOS, PASSARAM A SE ENCONTRAR TODAS AS TARDES NA MANSÃO. THEO OUVIA AS HISTÓRIAS DE HUGO, E HUGO APRENDIA SOBRE AS NOVIDADES DO MUNDO LÁ FORA. COM O TEMPO, A VILA DEIXOU DE TEMER A CASA ASSOMBRADA, E TODOS PERCEBERAM QUE AQUELE NÃO ERA UM FANTASMA ASSUSTADOR, MAS SIM UM AMIGO ESPECIAL.

E ASSIM, COM A CORAGEM DE THEO E A AMIZADE DE HUGO, A VELHA MANSÃO DEIXOU DE SER UM LUGAR DE MEDO E SE TORNOU UM LOCAL DE ALEGRIA, ONDE TODOS PODIAM OUVIR AS MELHORES HISTÓRIAS JÁ CONTADAS POR UM FANTASMA DE CHAPÉU.