SOFIA PEDALAVA SUA BICICLETA AZUL PELAS RUAS ESTREITAS DE VILA DA SERRA, SENTINDO O VENTO BAGUNÇAR SEUS CABELOS CACHEADOS. SUA BICICLETA NÃO ERA UMA BICICLETA COMUM. PELO MENOS, ERA O QUE SEU AVÔ SEMPRE DIZIA. "ESSA BICICLETA TEM MAGIA NOS PEDAIS, MINHA MENINA. SÓ PRECISA SABER PARA ONDE QUER IR."

SOFIA NUNCA ENTENDEU BEM O QUE ELE QUERIA DIZER, MAS ADORAVA IMAGINAR QUE SUA BICICLETA ERA ESPECIAL. CERTO DIA, ALGO ACONTECEU QUE FEZ COM QUE ELA NUNCA MAIS DUVIDASSE DAS PALAVRAS DO AVÔ.

ERA UMA TARDE QUENTE DE VERÃO, E SOFIA PEDALAVA ATÉ A PADARIA DO SENHOR AMBRÓSIO PARA COMPRAR AÇÚCAR PARA A MÃE, QUE IA FAZER SEU FAMOSO BOLO DE LARANJA. O CÉU ESTAVA AZUL BRILHANTE, E AS FOLHAS DAS ÁRVORES DANÇAVAM AO SABOR DO VENTO. MAS, NO MEIO DO CAMINHO, ALGO INESPERADO ACONTECEU.

AO DOBRAR UMA ESQUINA, UMA RAJADA FORTE DE VENTO SOPROU COM TANTA FORÇA QUE QUASE A DERRUBOU DA BICICLETA. O VENTO PARECIA SUSSURRAR ALGO EM SEU OUVIDO, COMO SE QUISESSE CONTAR UM SEGREDO. E ENTÃO, DE REPENTE, A BICICLETA COMEÇOU A GIRAR AS RODAS SOZINHA.

— EI! O QUE ESTÁ ACONTECENDO? — SOFIA GRITOU, SEGURANDO FIRME NO GUIDÃO.

A BICICLETA ACELEROU COMO NUNCA ANTES, SUBINDO A COLINA MAIS ALTA DA VILA SEM QUE ELA PRECISASSE PEDALAR. O CORAÇÃO DE SOFIA BATIA FORTE, MAS ELA SENTIA MAIS EXCITAÇÃO DO QUE MEDO. O VENTO CONTINUAVA SOPRANDO AO REDOR DELA, COMO SE ESTIVESSE GUIANDO-A.

QUANDO FINALMENTE A BICICLETA PAROU, SOFIA SE VIU DIANTE DE UMA ENORME ÁRVORE DE TRONCO RETORCIDO. NUNCA TINHA REPARADO NAQUELA ÁRVORE ANTES, MESMO TENDO PASSADO TANTAS VEZES POR AQUELE CAMINHO. NO MEIO DO TRONCO, HAVIA UM PEQUENO BURACO BRILHANTE. CURIOSA, SOFIA DESCEU DA BICICLETA E SE APROXIMOU.

— SERÁ QUE É UM ESCONDERIJO? — SUSSURROU PARA SI MESMA.

ELA ESTICOU A MÃO E, NO INSTANTE EM QUE TOCOU A ÁRVORE, UM CLARÃO DOURADO A ENVOLVEU. SOFIA SENTIU COMO SE ESTIVESSE SENDO SUGADA PARA DENTRO DO BURACO, E ENTÃO... TUDO FICOU EM SILÊNCIO.

QUANDO ABRIU OS OLHOS, NÃO ESTAVA MAIS NA VILA DA SERRA. ESTAVA EM UM LUGAR MÁGICO, ONDE AS NUVENS ERAM FEITAS DE ALGODÃO-DOCE E UM AROMA DOCE PAIRAVA NO AR. PEQUENOS PÁSSAROS COLORIDOS VOAVAM EM CÍRCULOS, E MONTANHAS DE CHOCOLATE CERCAVAM O HORIZONTE.

— ONDE ESTOU? — SOFIA SE PERGUNTOU, MARAVILHADA.

ANTES QUE PUDESSE EXPLORAR, UM PEQUENO SER SURGIU CORRENDO EM SUA DIREÇÃO. PARECIA UM DUENDE, COM ROUPAS FEITAS DE FOLHAS DE HORTELÃ E UM CHAPÉU PONTUDO COBERTO DE AÇÚCAR CRISTALIZADO.

— VOCÊ É A ESCOLHIDA! — DISSE ELE, OFEGANTE.

— ESCOLHIDA PARA QUÊ? — SOFIA PERGUNTOU, FRANZINDO A TESTA.

— NOSSA RAINHA DOS DOCES FOI SEQUESTRADA PELA BRUXA AMARGURA! PRECISAMOS DE SUA AJUDA PARA SALVÁ-LA! VOCÊ TEM A BICICLETA ENCANTADA, NÃO TEM?

SOFIA OLHOU PARA TRÁS E VIU SUA BICICLETA BRILHANDO COM UM TOM DOURADO. ALGO DENTRO DELA DIZIA QUE AQUELE DUENDE FALAVA A VERDADE. ELA SEMPRE QUIS VIVER UMA AVENTURA E AGORA ERA SUA CHANCE.

— VAMOS! — ELA DISSE, SUBINDO NA BICICLETA.

O DUENDE PULOU NA CESTINHA DA FRENTE, E JUNTOS PARTIRAM PELO REINO DOS DOCES, ENFRENTANDO DESAFIOS E MISTÉRIOS PELO CAMINHO. ELES PASSARAM PELO LAGO DE CARAMELO, ONDE PEIXES DE GELATINA SALTAVAM NA ÁGUA, E PELA FLORESTA DE PIRULITOS, ONDE AS ÁRVORES TINHAM TRONCOS LISTRADOS E FOLHAS DE HORTELÃ.

FINALMENTE, CHEGARAM AO CASTELO AMARGO, ONDE A BRUXA AMARGURA MANTINHA A RAINHA DOS DOCES PRISIONEIRA. A BRUXA ERA ALTA E ESGUIA, COM CABELOS LONGOS E ESCUROS, E OLHOS BRILHANTES COMO CARVÃO.

— O QUE UMA GAROTINHA PENSA QUE PODE FAZER CONTRA MIM? — A BRUXA ZOMBOU, RINDO.

SOFIA ENGOLIU EM SECO, MAS ENTÃO LEMBROU-SE DAS PALAVRAS DO AVÔ: "SÓ PRECISA SABER PARA ONDE QUER IR." ELA RESPIROU FUNDO, SEGUROU FIRME O GUIDÃO E DESEJOU, DO FUNDO DO CORAÇÃO, QUE A BICICLETA A AJUDASSE A SALVAR A RAINHA.

DE REPENTE, A BICICLETA COMEÇOU A GIRAR AS RODAS COM UMA VELOCIDADE INCRÍVEL. O VENTO SE ERGUEU AO REDOR DELA, FORMANDO UM REDEMOINHO DE AÇÚCAR BRILHANTE. A BRUXA TENTOU LANÇAR UM FEITIÇO, MAS FOI ENVOLVIDA PELO DOCE FURACÃO. AOS POUCOS, SEU PODER FOI SE DISSIPANDO E, COM UM ÚLTIMO GRITO DE FÚRIA, ELA DESAPARECEU.

A RAINHA DOS DOCES FOI LIBERTADA E AGRADECEU A SOFIA COM UM COLAR FEITO DE ESTRELAS DE AÇÚCAR. COM UM SORRISO, A GAROTA SUBIU NOVAMENTE EM SUA BICICLETA, E ANTES QUE PERCEBESSE, ESTAVA DE VOLTA À VILA DA SERRA, PARADA EM FRENTE À PADARIA DO SENHOR AMBRÓSIO.

AINDA ATORDOADA, SOFIA ENTROU E COMPROU O AÇÚCAR. QUANDO CHEGOU EM CASA, SUA MÃE PERGUNTOU POR QUE ELA ESTAVA TÃO SUADA.

— ACHO QUE O VENTO ESTAVA FORTE HOJE — SOFIA DISSE, PISCANDO.

E DESDE ENTÃO, TODA VEZ QUE SENTIA O VENTO BATER EM SEU ROSTO, SABIA QUE A MAGIA AINDA ESTAVA POR PERTO, PRONTA PARA LEVÁ-LA A NOVAS AVENTURAS.