LARA ESTAVA JOGADA NO SOFÁ DA SALA, MUDANDO OS CANAIS DA TELEVISÃO SEM MUITO INTERESSE. ERA UMA TARDE QUENTE, E A PREGUIÇA DOMINAVA O AMBIENTE. SUA AVÓ, DONA CELINA, ENTROU NA SALA CARREGANDO UMA TIGELA DE UVAS FRESCAS E A COLOCOU NA MESINHA DE CENTRO.

— NADA DE INTERESSANTE NA TV? — PERGUNTOU A AVÓ, SENTANDO-SE AO LADO DA NETA.

LARA SUSPIROU E PEGOU UMA UVA.

— NADA. QUERIA QUE ALGO EMOCIONANTE ACONTECESSE NA MINHA VIDA. ALGO COMO UMA GRANDE AVENTURA!

DONA CELINA SORRIU DE UM JEITO MISTERIOSO E APONTOU PARA UM VELHO BAÚ NO CANTO DA SALA.

— SE QUER UMA AVENTURA, TALVEZ DEVA ABRIR AQUELE BAÚ.

LARA OLHOU PARA O OBJETO EMPOEIRADO. NUNCA TINHA PRESTADO ATENÇÃO NELE ANTES. CURIOSA, LEVANTOU-SE E FOI ATÉ LÁ. AO ABRIR A TAMPA RANGENTE, ENCONTROU VÁRIAS COISAS ANTIGAS: FOTOGRAFIAS AMARELADAS, UM DIÁRIO DE CAPA DE COURO E, NO FUNDO, ALGO INESPERADO — UMA ESPADA PEQUENA E RELUZENTE.

SEUS OLHOS BRILHARAM.

— UAU! DE QUEM ERA ISSO, VOVÓ?

DONA CELINA PEGOU A ESPADA COM DELICADEZA, SEUS OLHOS CHEIOS DE LEMBRANÇAS.

— ESSA ERA A ESPADA DE AMORA. PERTENCEU A UMA GRANDE GUERREIRA… E TALVEZ AGORA SEJA SUA VEZ DE DESCOBRIR SEU SEGREDO.

ANTES QUE LARA PUDESSE PERGUNTAR MAIS, UMA LUZ INTENSA EMANOU DA LÂMINA, ENVOLVENDO-A POR COMPLETO. QUANDO ABRIU OS OLHOS NOVAMENTE, NÃO ESTAVA MAIS NA SALA DE SUA CASA, MAS SIM EM UMA FLORESTA MÁGICA, ONDE ÁRVORES TINHAM TRONCOS DOURADOS E FRUTOS BRILHANTES PENDIAM DOS GALHOS.

UM PEQUENO SER DE ASAS VIOLETAS PAIRAVA DIANTE DELA.

— FINALMENTE, A GUARDIÃ DA ESPADA DE AMORA CHEGOU! O REINO DE VINNATERRA PRECISA DE VOCÊ, LARA!

CONFUSA, MAS EMPOLGADA, LARA APERTOU A ESPADA EM SUAS MÃOS E SORRIU. A AVENTURA QUE TANTO ESPERAVA FINALMENTE COMEÇAVA.

LARA OLHOU AO REDOR, MARAVILHADA COM A FLORESTA ENCANTADA. O AR CHEIRAVA A MEL E FRUTAS MADURAS, E UM RIO CRISTALINO CORTAVA O CAMINHO À SUA FRENTE. O PEQUENO SER DE ASAS VIOLETAS GIROU NO AR E POUSOU EM SEU OMBRO.

— MEU NOME É LÚMINA. SOU UMA FADA GUARDIÃ DE VINNATERRA. VOCÊ FOI ESCOLHIDA PARA SALVAR NOSSO REINO DO LORDE UMBROS, UM FEITICEIRO QUE DESEJA APAGAR TODA A LUZ E COR DAQUI.

LARA ENGOLIU EM SECO. ELA ADORAVA HISTÓRIAS DE AVENTURA, MAS NUNCA IMAGINOU ESTAR DENTRO DE UMA.

— E COMO EU POSSO AJUDAR? — PERGUNTOU.

LÚMINA INDICOU A ESPADA EM SUAS MÃOS.

— A ESPADA DE AMORA NÃO É UMA ARMA COMUM. ELA REAGE À CORAGEM E À BONDADE DE QUEM A EMPUNHA. VOCÊ DEVE ENCONTRAR AS TRÊS FRUTAS DO DESTINO PARA ATIVAR TODO O SEU PODER E DERROTAR LORDE UMBROS.

LARA ASSENTIU, DETERMINADA.

— ONDE ENCONTRO ESSAS FRUTAS?

LÚMINA VOOU ADIANTE, SINALIZANDO PARA QUE A SEGUISSE.

— A PRIMEIRA ESTÁ NA ÁRVORE DOS ECOS, ONDE AS VOZES DO PASSADO SUSSURRAM SEGREDOS. MAS CUIDADO, POIS A ÁRVORE TESTA A FORÇA DO CORAÇÃO.

LARA RESPIROU FUNDO E COMEÇOU A CAMINHADA. A FLORESTA, APESAR DE BELA, PARECIA ESCONDER SEGREDOS ENTRE AS SOMBRAS. DE REPENTE, UM RUGIDO ECOOU ENTRE AS ÁRVORES. LARA SE VIROU E VIU UM ENORME LOBO DE OLHOS PRATEADOS SAINDO DAS SOMBRAS. ELE ROSNAVA, BLOQUEANDO SEU CAMINHO.

— LARA! ESSE É O GUARDIÃO DA ÁRVORE DOS ECOS! — GRITOU LÚMINA. — VOCÊ PRECISA PROVAR QUE TEM UM CORAÇÃO PURO!

LARA APERTOU A ESPADA, SENTINDO-A VIBRAR LEVEMENTE EM SUA MÃO. O LOBO A ENCARAVA, SEUS OLHOS PENETRANTES AVALIANDO CADA MOVIMENTO. ELA SENTIU QUE LUTAR NÃO ERA A RESPOSTA. EM VEZ DISSO, AJOELHOU-SE E ESTENDEU A MÃO.

— EU NÃO QUERO MACHUCÁ-LO — DISSE CALMAMENTE. — SÓ QUERO SALVAR VINNATERRA.

O LOBO INCLINOU A CABEÇA, OBSERVANDO-A COM CURIOSIDADE. ENTÃO, EM UM INSTANTE MÁGICO, SUA FORMA MUDOU. DIANTE DE LARA AGORA ESTAVA UM VELHO SÁBIO DE LONGOS CABELOS PRATEADOS.

— VOCÊ PASSOU NO TESTE, JOVEM GUARDIÃ. A BONDADE É A PRIMEIRA CHAVE DO PODER DA ESPADA DE AMORA.

COM UM GESTO, ELE FEZ SURGIR UMA FRUTA BRILHANTE E LILÁS. LARA A PEGOU COM UM SORRISO.

— A PRIMEIRA FRUTA! — EXCLAMOU LÚMINA. — AGORA, PRECISAMOS SEGUIR PARA O DESFILADEIRO DAS SOMBRAS.

LARA OLHOU PARA A ESPADA EM SUAS MÃOS, SENTINDO-SE MAIS FORTE DO QUE NUNCA. A AVENTURA ESTAVA APENAS COMEÇANDO.

A JORNADA ATÉ O DESFILADEIRO DAS SOMBRAS FOI LONGA E DESAFIADORA. ÁRVORES RETORCIDAS SUSSURRAVAM SEGREDOS AO VENTO, E SOMBRAS SE MOVIAM AO REDOR DELAS COMO SE ESTIVESSEM VIVAS. LARA MANTEVE A ESPADA FIRME, SENTINDO-A PULSAR LEVEMENTE, COMO SE TENTASSE AVISÁ-LA DE UM PERIGO IMINENTE.

— O QUE NOS ESPERA AQUI? — PERGUNTOU LARA, OLHANDO PARA LÚMINA.

— A SEGUNDA FRUTA ESTÁ GUARDADA POR ESPECTROS DAS SOMBRAS — EXPLICOU A FADA. — ELES SE ALIMENTAM DO MEDO. SE VOCÊ CEDER AO MEDO, ELES O TRANSFORMARÃO EM UMA ILUSÃO SEM FIM.

LARA RESPIROU FUNDO. NÃO PODIA SE DEIXAR LEVAR PELO MEDO.

DE REPENTE, VULTOS NEGROS COMEÇARAM A SURGIR DA NÉVOA, ENVOLVENDO LARA. ELA OUVIU VOZES FAMILIARES CHAMANDO SEU NOME — A VOZ DE SUA MÃE, A RISADA DE SUA MELHOR AMIGA, O CARINHO DE SUA AVÓ. O CORAÇÃO APERTOU. AS SOMBRAS TENTAVAM ENGANÁ-LA, FAZÊ-LA ACREDITAR QUE ESTAVA SEGURA SE DESISTISSE.

MAS LARA LEMBROU-SE DE SUA MISSÃO. ELA CERROU OS PUNHOS E FECHOU OS OLHOS, CONCENTRANDO-SE NA CORAGEM DENTRO DE SI. QUANDO OS ABRIU NOVAMENTE, A ESPADA DE AMORA BRILHOU INTENSAMENTE, DISSIPANDO OS ESPECTROS DAS SOMBRAS COMO FUMAÇA AO VENTO.

DIANTE DELA, SURGIU UMA ÁRVORE NEGRA E RETORCIDA, E PENDENDO DE UM GALHO SECO, UMA FRUTA PRATEADA BRILHAVA.

— VOCÊ CONSEGUIU! — EXCLAMOU LÚMINA.

LARA PEGOU A SEGUNDA FRUTA E SENTIU UMA NOVA ONDA DE ENERGIA PERCORRER SEU CORPO. APENAS MAIS UMA FRUTA RESTAVA, E A BATALHA FINAL CONTRA LORDE UMBROS SE APROXIMAVA.

SEGUINDO AS INDICAÇÕES DE LÚMINA, LARA CHEGOU AO ÚLTIMO DESAFIO: A MONTANHA DO CREPÚSCULO. NO TOPO, A TERCEIRA FRUTA ESTAVA GUARDADA DENTRO DE UMA CAVERNA OCULTA POR UMA ILUSÃO.

A CADA PASSO, LARA SENTIA O AR MAIS PESADO, E SOMBRAS TENTAVAM DISTRAÍ-LA COM IMAGENS DE SUAS MAIORES DÚVIDAS E INSEGURANÇAS. MAS A ESPADA DE AMORA BRILHOU, GUIANDO-A ATÉ A ENTRADA DA CAVERNA.

DENTRO, ENCONTROU LORDE UMBROS, ESPERANDO-A.

— VOCÊ VEIO LONGE, GAROTA — DISSE ELE, SEGURANDO A TERCEIRA FRUTA, UMA RELUZENTE FRUTA DOURADA. — MAS NÃO DEIXAREI QUE COMPLETE SUA MISSÃO!

LARA ERGUEU A ESPADA, SENTINDO SUA FORÇA. O COMBATE FOI INTENSO, MAS, COM CORAGEM E DETERMINAÇÃO, ELA USOU O PODER DAS DUAS FRUTAS PARA ENFRAQUECER O FEITICEIRO. COM UM GOLPE FINAL, A ESPADA ABSORVEU SUA ESCURIDÃO E O PRENDEU PARA SEMPRE.

COM AS TRÊS FRUTAS EM MÃOS, A ESPADA BRILHOU, RESTAURANDO A LUZ E A COR A VINNATERRA. LARA SENTIU A MAGIA AO SEU REDOR E, EM UM PISCAR DE OLHOS, ESTAVA DE VOLTA À SALA DE CASA.

SUA AVÓ SORRIU.

— ENTÃO, QUERIDA… COMO FOI SUA AVENTURA?

LARA SORRIU DE VOLTA E PEGOU MAIS UMA UVA.

— INCRÍVEL. E ACHO QUE ESSA FOI SÓ A PRIMEIRA DE MUITAS.