JUDITE, JANETE E JULIETE ERAM MELHORES AMIGAS E MORAVAM NA MESMA RUA. AS TRÊS MENINAS ADORAVAM BRINCAR JUNTAS, EXPLORAR LUGARES E INVENTAR HISTÓRIAS. CERTO DIA, ALGO INESPERADO ACONTECEU NA CASA DE JUDITE. SUA GAIOLA DE PASSARINHOS, QUE FICAVA SEMPRE AO LADO DA JANELA, APARECEU VAZIA.

— ONDE FOI PARAR O AZULINHO? — PERGUNTOU JUDITE, AFLITA, SEGURANDO A PORTINHA ABERTA DA GAIOLA.

AZULINHO ERA O PASSARINHO QUE ELA CUIDAVA COM TANTO CARINHO. ELE TINHA PENAS BRILHANTES E UM CANTO DOCE QUE ALEGRAVA A CASA TODAS AS MANHÃS. MAS, NAQUELA MANHÃ, A GAIOLA ESTAVA VAZIA, E A JANELA, ENTREABERTA.

JANETE ARREGALOU OS OLHOS.

— VOCÊ DEIXOU A JANELA ABERTA À NOITE? TALVEZ ELE TENHA VOADO PARA LONGE!

— EU SEMPRE FECHO — GARANTIU JUDITE. — ALGUMA COISA ESTRANHA ACONTECEU AQUI.

JULIETE, QUE ADORAVA MISTÉRIOS, COLOCOU AS MÃOS NA CINTURA E OBSERVOU ATENTAMENTE A GAIOLA E A JANELA.

— PRECISAMOS INVESTIGAR! VAMOS PROCURAR PISTAS!

AS TRÊS MENINAS COMEÇARAM A PROCURAR PELO QUARTO. JANETE OLHOU EMBAIXO DA CAMA. JULIETE VERIFICOU O PARAPEITO DA JANELA, E JUDITE OBSERVOU O CHÃO AO REDOR DA GAIOLA. DE REPENTE, ENCONTROU ALGO CURIOSO.

— VEJAM ISSO! — EXCLAMOU, APONTANDO PARA UMA PEQUENA PENA AZUL CAÍDA PERTO DA PORTA.

— SE AZULINHO TIVESSE FUGIDO SOZINHO, ESSA PENA ESTARIA MAIS PERTO DA JANELA — ANALISOU JULIETE. — ISSO SIGNIFICA QUE ELE PODE TER SIDO LEVADO!

JUDITE FICOU AINDA MAIS PREOCUPADA.

— MAS QUEM PEGARIA O AZULINHO?

JANETE COÇOU A CABEÇA.

— TALVEZ UM GATO TENHA ENTRADO E LEVADO ELE…

— OU ALGUÉM ABRIU A GAIOLA DE PROPÓSITO! — SUGERIU JULIETE.

ELAS PRECISAVAM DE MAIS PISTAS, ENTÃO DECIDIRAM PERGUNTAR AOS VIZINHOS. A PRIMEIRA PARADA FOI NA CASA DA DONA OLÍVIA, UMA SENHORA MUITO SIMPÁTICA QUE PASSAVA A MAIOR PARTE DO TEMPO NO JARDIM CUIDANDO DE SUAS FLORES.

— AZULINHO DESAPARECEU? QUE TRISTEZA! — DISSE A SENHORA, FRANZINDO A TESTA. — ONTEM À NOITE, OUVI UM BARULHO ESTRANHO VINDO DO LADO DE FORA. PARECIA UM CHIADO… COMO SE FOSSE UM SUSSURRO.

AS MENINAS SE ENTREOLHARAM. UM SUSSURRO? QUEM SUSSURRARIA À NOITE PERTO DA CASA DE JUDITE?

A PRÓXIMA VISITA FOI NA CASA DO SEU ALFREDO, UM SENHOR QUE ADORAVA CONTAR HISTÓRIAS.

— UM PASSARINHO SUMIU? — PERGUNTOU ELE, PENSATIVO. — BEM, ONTEM VI ALGO DIFERENTE… UM VULTO CORRENDO PELO JARDIM.

— COMO ERA ESSE VULTO? — PERGUNTOU JULIETE, CURIOSA.

— ERA PEQUENO E ÁGIL. ACHEI QUE FOSSE UM CACHORRO OU UM GUAXINIM.

AS MENINAS AGRADECERAM E VOLTARAM PARA A CASA DE JUDITE. AGORA TINHAM ALGUMAS PISTAS: UM SUSSURRO MISTERIOSO E UM VULTO CORRENDO PELO JARDIM. MAS NADA DISSO EXPLICAVA ONDE AZULINHO ESTAVA.

FOI ENTÃO QUE JANETE TEVE UMA IDEIA.

— E SE TENTARMOS CHAMAR POR ELE? SE ELE AINDA ESTIVER POR PERTO, TALVEZ NOS RESPONDA!

ELAS FORAM ATÉ O QUINTAL E COMEÇARAM A ASSOBIAR E CHAMAR POR AZULINHO. NO INÍCIO, NADA ACONTECEU. MAS, DE REPENTE, UM PEQUENO PIADO RESPONDEU, VINDO DA ÁRVORE DO OUTRO LADO DA RUA.

— ELE ESTÁ ALI! — APONTOU JULIETE, EMPOLGADA.

AS TRÊS CORRERAM ATÉ A ÁRVORE E, PARA A SURPRESA DELAS, ENCONTRARAM AZULINHO DENTRO DE UMA PEQUENA GAIOLA IMPROVISADA, PENDURADA EM UM GALHO BAIXO. E AO LADO DA GAIOLA, SENTADO NO CHÃO COM UM OLHAR CULPADO, ESTAVA PEDRINHO, O IRMÃO MAIS NOVO DE JULIETE.

— PEDRINHO?! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? — EXCLAMOU JULIETE.

PEDRINHO ABAIXOU A CABEÇA.

— EU… EU SÓ QUERIA BRINCAR COM AZULINHO… EU o ACHEI TÃO BONITO E QUERIA QUE ELE FICASSE COMIGO POR UM TEMPINHO…, MAS EU IA DEVOLVER, EU JURO! JUDITE SUSPIROU ALIVIADA AO VER AZULINHO SÃO E SALVO.  ELA ABRIU A GAIOLA IMPROVISADA E PEGOU SEU PASSARINHO DE VOLTA, SENTINDO UM GRANDE SORRISO SE FORMAR EM SEU ROSTO.

— PEDRINHO, VOCÊ NÃO PODE PEGAR OS BICHINHOS DOS OUTROS ASSIM — DISSE ELA, COM CARINHO. — ELE PODE TER SE ASSUSTADO MUITO.

— EU SEI… DESCULPA — MURMUROU PEDRINHO, CABISBAIXO.

— QUE TAL VIRMOS VISITAR AZULINHO JUNTOS SEMPRE QUE QUISER? — SUGERIU JANETE.

PEDRINHO ABRIU UM GRANDE SORRISO.

— SÉRIO? EU ADORARIA!

E ASSIM, O MISTÉRIO DA GAIOLA VAZIA FOI RESOLVIDO. AZULINHO VOLTOU PARA CASA SÃO E SALVO, E PEDRINHO APRENDEU UMA LIÇÃO IMPORTANTE SOBRE RESPEITO E AMIZADE. NO FINAL DAQUELE DIA, AS TRÊS AMIGAS RIRAM E COMEMORARAM, FELIZES POR MAIS UMA AVENTURA JUNTAS.

E A PARTIR DE ENTÃO, SEMPRE QUE OLHAVAM PELA JANELA E VIAM AZULINHO CANTAR, SABIAM QUE A AMIZADE VERDADEIRA ERA TÃO PRECIOSA QUANTO AQUELE PEQUENO PÁSSARO AZUL.