NA PEQUENA VILA DE PORTO AZUL, ONDE O CÉU ENCONTRAVA O MAR EM UM ABRAÇO AZUL INFINITO, MORAVA UM MENINO CHAMADO TOMÁS. ELE VIVIA COM SUA AVÓ, DONA BENTA, UMA SENHORA BONDOSA QUE ADORAVA CUIDAR DE FLORES E CONTAR HISTÓRIAS MÁGICAS SOBRE O OCEANO.

CERTA MANHÃ, ENQUANTO AJUDAVA SUA AVÓ A REGAR AS PLANTAS NO QUINTAL, TOMÁS NOTOU UM VASO DIFERENTE ENTRE AS FLORES. ERA UM VASO DE CERÂMICA AZUL E BRANCA, COM DESENHOS QUE LEMBRAVAM ONDAS DO MAR. MAS O MAIS CURIOSO ERA O QUE HAVIA DENTRO DELE: UMA PENA BRANCA E MACIA, MUITO MAIOR DO QUE QUALQUER OUTRA QUE TOMÁS JÁ TIVESSE VISTO.

— VOVÓ, DE ONDE VEIO ESSA PENA? — PERGUNTOU ELE, SEGURANDO-A COM DELICADEZA.

DONA BENTA OLHOU PARA O VASO E SORRIU.

— ESSA É UMA PENA DE GAIVOTA, MEU QUERIDO. MAS NÃO DE UMA GAIVOTA QUALQUER. DIZEM QUE ESSA PENA PERTENCE À GAIVOTA DE PRATA, UMA AVE MÁGICA QUE PROTEGE O OCEANO.

OS OLHOS DE TOMÁS BRILHARAM DE CURIOSIDADE.

— GAIVOTA DE PRATA? NUNCA OUVI FALAR!

A AVÓ SE SENTOU NA CADEIRA DE BALANÇO E COMEÇOU A CONTAR:

— HÁ MUITO TEMPO, ANTES MESMO DE EU NASCER, OS PESCADORES DIZIAM QUE, QUANDO O MAR ESTAVA BRAVO, A GAIVOTA DE PRATA APARECIA E, COM UM BATER DE ASAS, ACALMAVA AS ONDAS. DIZEM QUE SUAS PENAS POSSUEM UM BRILHO ESPECIAL E QUE, QUEM ENCONTRAR UMA DELAS, PODE FAZER UM PEDIDO AO MAR.

TOMÁS FICOU MARAVILHADO COM A HISTÓRIA E DECIDIU QUE FARIA UM PEDIDO. SEGURANDO A PENA COM FORÇA, ELE FECHOU OS OLHOS E SUSSURROU:

— QUERO ENCONTRAR A GAIVOTA DE PRATA!

NO DIA SEGUINTE, TOMÁS ACORDOU BEM CEDO E CORREU ATÉ A PRAIA. ELE LEVOU A PENA CONSIGO E FICOU OBSERVANDO O CÉU, ESPERANDO QUE A AVE APARECESSE. MAS NADA ACONTECEU. O MENINO SUSPIROU E SENTOU-SE NA AREIA, PENSANDO NO QUE SUA AVÓ HAVIA DITO.

DE REPENTE, UMA RAJADA DE VENTO FORTE FEZ A PENA VOAR DE SUAS MÃOS. TOMÁS CORREU ATRÁS DELA, MAS A PENA PARECIA TER VONTADE PRÓPRIA. ELA FLUTUOU SOBRE AS DUNAS, PASSOU POR ENTRE AS ROCHAS E SEGUIU ATÉ UM PEQUENO BARCO DE PESCA ANCORADO NA BEIRA DO MAR.

AO CHEGAR AO BARCO, TOMÁS VIU UM PESCADOR IDOSO SENTADO ALI, CONSERTANDO SUAS REDES. O HOMEM SORRIU AO VER O MENINO OFEGANTE.

— PERDEU ALGUMA COISA, GAROTO? — PERGUNTOU O PESCADOR.

— MINHA PENA! — RESPONDEU TOMÁS, APONTANDO PARA ONDE A PENA HAVIA POUSADO, BEM AO LADO DO PESCADOR.

O HOMEM PEGOU A PENA E A SEGUROU CONTRA A LUZ DO SOL. ELA BRILHOU COMO PRATA PURA.

— ESSA NÃO É UMA PENA COMUM — DISSE ELE. — VOCÊ SABE A LENDA DA GAIVOTA DE PRATA?

TOMÁS ASSENTIU ENTUSIASMADO.

— QUERO ENCONTRÁ-LA! ACHA QUE É POSSÍVEL?

O PESCADOR SORRIU.

— TUDO É POSSÍVEL PARA AQUELES QUE ACREDITAM. VENHA, VAMOS DAR UMA VOLTA NO MAR. TALVEZ A GAIVOTA DE PRATA ESTEJA NOS ESPERANDO.

TOMÁS SUBIU NO BARCO COM O CORAÇÃO BATENDO FORTE DE EMOÇÃO. O VELHO PESCADOR REMOU ATÉ UMA ÁREA MAIS AFASTADA, ONDE O MAR ERA MAIS PROFUNDO E CALMO. O MENINO SEGUROU SUA PENA E OLHOU AO REDOR, ESPERANDO ALGUM SINAL DA AVE MÁGICA.

ENTÃO, UMA BRISA SUAVE SOPROU E, NO HORIZONTE, SURGIU UMA GRANDE GAIVOTA DE PENAS BRILHANTES, PRATEADAS COMO A LUA. ELA VOAVA EM CÍRCULOS SOBRE O BARCO, EMITINDO UM CANTO SUAVE E ENCANTADOR.

TOMÁS FICOU SEM PALAVRAS. ERA ELA! A GAIVOTA DE PRATA!

A AVE DESCEU ATÉ O BARCO E, COM UM MOVIMENTO GRACIOSO, PEGOU A PENA DO MENINO EM SEU BICO. EM SEGUIDA, BATEU AS ASAS E DESAPARECEU NO CÉU AZUL, DEIXANDO UM BRILHO CINTILANTE NO AR.

O VELHO PESCADOR COLOCOU A MÃO NO OMBRO DE TOMÁS E DISSE:

— VOCÊ TEVE SORTE, GAROTO. DIZEM QUE AQUELES QUE VEEM A GAIVOTA DE PRATA SEMPRE LEVAM CONSIGO UM PEDAÇO DA MAGIA DO OCEANO.

TOMÁS SORRIU, SENTINDO-SE PARTE DAQUELA HISTÓRIA ENCANTADA. ELE VOLTOU PARA CASA CORRENDO E CONTOU TUDO PARA SUA AVÓ, QUE APENAS SORRIU E PISCOU UM OLHO.

DESDE AQUELE DIA, TODA VEZ QUE OLHAVA PARA O CÉU E VIA UMA GAIVOTA VOANDO LIVREMENTE, TOMÁS SE LEMBRAVA DA GAIVOTA DE PRATA E DA MAGIA QUE EXISTE PARA AQUELES QUE ACREDITAM NOS MISTÉRIOS DO MAR.