ERA UMA VEZ UM PEQUENO VILAREJO ESCONDIDO ENTRE AS MONTANHAS, ONDE O VENTO SUSSURRAVA HISTÓRIAS ANTIGAS E O RIO CANTAVA CANÇÕES ESQUECIDAS. ALI, MORAVA UM MENINO CHAMADO LÉO, QUE TINHA UMA CURIOSIDADE SEM FIM E UM NARIZ QUE FAREJAVA AVENTURAS DE LONGE.

CERTO DIA, ENQUANTO EXPLORAVA A FLORESTA ATRÁS DA CASA DE SUA AVÓ, LÉO ESCUTOU UM SOM ESTRANHO. "ECO, ECO, ECO!", REPETIA A VOZ MISTERIOSA. O MENINO, INTRIGADO, TENTOU DESCOBRIR DE ONDE VINHA AQUELE SOM.

— QUEM ESTÁ AÍ? — PERGUNTOU ELE.

— QUEM ESTÁ AÍ? — REPETIU A VOZ.

LÉO DEU UMA RISADA. JÁ TINHA OUVIDO FALAR DE ECOS, MAS NUNCA HAVIA CONVERSADO COM UM ANTES.

— QUAL É O SEU NOME? — ELE PERGUNTOU.

— QUAL É O SEU NOME? — RESPONDEU O ECO.

LÉO COÇOU O NARIZ E PENSOU: SE O ECO SÓ REPETE O QUE EU DIGO, COMO POSSO SABER QUEM ELE REALMENTE É?

ELE TEVE UMA IDEIA! PEGOU UMA FOLHA GRANDE E ASSOPROU, FAZENDO UM SOM DIFERENTE.

PARA SUA SURPRESA, O ECO RESPONDEU COM UM SOM SEMELHANTE, MAS UM POUCO MAIS SUAVE. LÉO SORRIU.

— AHÁ! ENTÃO VOCÊ PODE IMITAR, MAS NÃO PERFEITAMENTE! — EXCLAMOU.

— AHÁ! ENTÃO VOCÊ PODE IMITAR, MAS NÃO... PERFEITAMENTE! — DISSE O ECO, HESITANTE.

AGORA, LÉO ESTAVA DETERMINADO A CONHECER O DONO DAQUELA VOZ MISTERIOSA. ELE SEGUIU O SOM ATÉ UMA CAVERNA ESCONDIDA ENTRE AS PEDRAS. COM UM POUCO DE MEDO, ENTROU DEVAGAR. DENTRO, ENCONTROU UM SALÃO ENORME, ONDE SUA VOZ ECOAVA AINDA MAIS FORTE.

— OLÁ, SENHOR ECO! — DISSE LÉO.

— OLÁ, SENHOR ECO! — RESPONDEU A VOZ.

FOI QUANDO ALGO INCRÍVEL ACONTECEU. DO FUNDO DA CAVERNA, SURGIU UMA CRIATURINHA AZULADA E BRILHANTE, COM UM NARIZ COMPRIDO E PONTUDO. PARECIA UM PEQUENO DUENDE DE LUZ.

— VOCÊ NÃO É UM ECO DE VERDADE! — EXCLAMOU LÉO, ESPANTADO.

A CRIATURINHA SORRIU E DISSE:

— EU SOU O GUARDIÃO DO SOM! MORO AQUI HÁ SÉCULOS, CUIDANDO DOS ECOS E DAS VOZES QUE SE PERDEM NAS MONTANHAS.

LÉO ARREGALOU OS OLHOS.

— ENTÃO... VOCÊ ESTAVA BRINCANDO COMIGO ESSE TEMPO TODO?

O GUARDIÃO RIU.

— NA VERDADE, EU ESTAVA TESTANDO SUA CURIOSIDADE! VOCÊ TEM UM OUVIDO ATENTO E UM NARIZ QUE SENTE AVENTURAS NO AR. POR ISSO, QUERO TE DAR UM PRESENTE.

ELE TOCOU LEVEMENTE O NARIZ DE LÉO, E DE REPENTE, O MENINO PERCEBEU QUE PODIA OUVIR SONS DISTANTES, COMO O MURMÚRIO DO RIO LÁ EMBAIXO E O VENTO ACARICIANDO AS FOLHAS.

— AGORA, SEMPRE QUE ESCUTAR UM ECO, LEMBRE-SE: CADA SOM TEM UMA HISTÓRIA PARA CONTAR — DISSE O GUARDIÃO ANTES DE DESAPARECER COMO UM SOPRO DE VENTO.

LÉO VOLTOU PARA CASA COM UM GRANDE SORRISO E, DESDE ENTÃO, NUNCA MAIS IGNOROU UM ECO. AFINAL, ELE SABIA QUE POR TRÁS DE CADA REPETIÇÃO, HAVIA UM SEGREDO ESPERANDO PARA SER DESCOBERTO.