NUMA NOITE DE LUA CHEIA, TRÊS AMIGOS—JOÃO, BIA E DUDA—AVENTURAVAM-SE NA MATA PARA ENCONTRAR A LENDÁRIA LAGOA DOURADA, ONDE, SEGUNDO HISTÓRIAS ANTIGAS, A MÃE DO OURO GUARDAVA UM TESOURO BRILHANTE. MAS O QUE ELES NÃO SABIAM ERA QUE A FLORESTA ESTAVA CHEIA DE CRIATURAS MÁGICAS E TRAVESSAS.

ENQUANTO ANDAVAM, OUVIRAM PASSOS LEVES ATRÁS DELES. QUANDO OLHARAM, UMA MULHER DE CABELOS LONGOS E NEGROS APARECEU ENTRE AS ÁRVORES. ERA A COMADRE FULOZINHA, PROTETORA DA MATA.

— O QUE PROCURAM, CRIANÇAS? — PERGUNTOU ELA COM UM SORRISO MISTERIOSO.

— A LAGOA DOURADA! QUEREMOS VER SE O TESOURO EXISTE! — RESPONDEU DUDA ANIMADA.

COMADRE FULOZINHA RIU E ASSOBIOU ALTO. O SOM ECOOU PELA FLORESTA, E DE REPENTE, UM VENTO FORTE SOPROU, TRAZENDO CONSIGO A MATINTA PERERA EM SUA FORMA DE VELHA ENCURVADA.

— CUIDADO, CRIANÇAS! MUITOS JÁ SE PERDERAM NESTA BUSCA. — ALERTOU MATINTA, AJEITANDO SEU XALE PUÍDO.

MAS OS AMIGOS ESTAVAM DECIDIDOS. CONTINUARAM ATÉ CHEGAREM A UM RIO DE ÁGUAS CRISTALINAS, ONDE UMA LINDA MULHER DE CABELOS VERDES EMERGIU CANTANDO: ERA IARA.

— SIGAM PARA O LESTE, MAS CUIDADO COM A CUCA! — DISSE A SEREIA COM UM SORRISO TRAVESSO.

ELES OBEDECERAM E AVANÇARAM COM CAUTELA. DE REPENTE, OUVIRAM UM RELINCHO ESTRONDOSO E VIRAM UM CLARÃO DE FOGO. ERA A MULA SEM CABEÇA, GALOPANDO FURIOSA PELA MATA. ESCONDERAM-SE ATRÁS DE UMA ÁRVORE, TREMENDO DE MEDO, ATÉ QUE A CRIATURA DESAPARECEU NA ESCURIDÃO.

DEPOIS DO SUSTO, PERCEBERAM QUE ESTAVAM SENDO OBSERVADOS. NO ALTO DE UMA PEDRA, UMA MULHER DE PELE PÁLIDA E CABELOS DOURADOS BRILHAVA SOB A LUA. ERA A ALAMOA, UMA ASSOMBRAÇÃO DAS AREIAS DISTANTES, QUE SORRIU PARA ELES E APONTOU PARA UM GRANDE CARVALHO. SOB SUAS RAÍZES, UM BRILHO DOURADO RELUZIA.

— O TESOURO! — GRITOU JOÃO.

MAS ANTES QUE PUDESSEM PEGÁ-LO, UM RISO ASSUSTADOR ECOOU. DE TRÁS DAS ÁRVORES, A CUCA APARECEU COM SEU OLHAR MALIGNO. MAS ANTES QUE PUDESSE AGIR, A CAIPORA SURGIU MONTADA EM UM PORCO-DO-MATO E, COM UM ASSOVIO PODEROSO, FEZ A CUCA FUGIR.

— MELHOR VOCÊS IREM EMBORA ANTES QUE OUTRAS SURPRESAS APAREÇAM! — ACONSELHOU CAIPORA.

OS AMIGOS CONCORDARAM E CORRERAM DE VOLTA PARA CASA. MAS, NO MEIO DO CAMINHO, AO PASSAREM POR UMA VELHA CABANA ABANDONADA, OUVIRAM UM BARULHO VINDO DE DENTRO. CURIOSOS, ESPIARAM PELA JANELA E VIRAM UM VULTO DE CABELOS LOIROS E DESGRENHADOS.

— QUEM ESTÁ AÍ? — PERGUNTOU BIA, HESITANTE.

DE REPENTE, A PORTA RANGEU E, EM UM CLARÃO, SURGIU A LOIRA DO BANHEIRO! SEUS OLHOS BRILHAVAM SINISTRAMENTE, E UM SORRISO TRAVESSO SE FORMOU EM SEU ROSTO.

— ACHAM QUE SÓ EXISTEM LENDAS NA FLORESTA? CUIDADO, PORQUE EU TAMBÉM GOSTO DE PREGAR SUSTOS! — DISSE ELA, SOLTANDO UMA RISADA MISTERIOSA.

APAVORADOS, OS TRÊS SAÍRAM CORRENDO E SÓ PARARAM AO CHEGAR EM CASA. QUANDO FINALMENTE SE ACALMARAM, PERCEBERAM QUE ALGO BRILHAVA EM SEUS BOLSOS: PEQUENAS PEDRINHAS DOURADAS. O TESOURO DA MÃE DO OURO OS RECOMPENSARA PELA CORAGEM.

DESDE AQUELE DIA, JOÃO, BIA E DUDA NUNCA MAIS DUVIDARAM DAS LENDAS DA FLORESTA. E PROMETIAM CONTAR A HISTÓRIA PARA QUEM QUISESSE OUVIR..., MAS SEMPRE DEIXANDO UM ASSOVIO NO AR, PARA CHAMAR A PROTEÇÃO DA COMADRE FULOZINHA.