LUCAS MORAVA EM UMA PEQUENA VILA ÀS MARGENS DE UM GRANDE RIO. ELE ADORAVA EXPLORAR OS ARREDORES, SEMPRE CURIOSO SOBRE AS HISTÓRIAS QUE OS MAIS VELHOS CONTAVAM. MAS HAVIA UM CONTO QUE O INTRIGAVA MAIS DO QUE QUALQUER OUTRO: A LENDA DA CANOA ENCANTADA. DIZIAM QUE, EM NOITES DE LUA CHEIA, UMA CANOA DE MADEIRA SURGIA DAS ÁGUAS, GUIADA POR UMA LUZ MISTERIOSA, LEVANDO AQUELES DE BOM CORAÇÃO PARA UMA AVENTURA INESQUECÍVEL.

NUMA NOITE DE INVERNO, QUANDO O FRIO APERTAVA E A NEBLINA COBRIA O RIO, LUCAS ESTAVA SENTADO PERTO DA LAREIRA TOMANDO UMA TIGELA DE SOPA QUENTE QUE SUA AVÓ HAVIA PREPARADO. ERA UMA SOPA DELICIOSA, COM PEDAÇOS DE LEGUMES E UM TEMPERO ESPECIAL QUE SÓ ELA SABIA FAZER. ENQUANTO SABOREAVA A SOPA, OUVIU UM LEVE BARULHO VINDO DO RIO. SEU CORAÇÃO BATEU MAIS FORTE. ELE CORREU ATÉ A BEIRA DA ÁGUA E LÁ ESTAVA: A CANOA ENCANTADA, BRILHANDO SOB A LUZ DO LUAR.

SEM PENSAR DUAS VEZES, ELE SE APROXIMOU E TOCOU A MADEIRA LISA E BRILHANTE DA EMBARCAÇÃO. PARA SUA SURPRESA, A CANOA PARECEU ENTENDÊ-LO E INCLINOU-SE SUAVEMENTE, CONVIDANDO-O A ENTRAR. LUCAS HESITOU POR UM MOMENTO, MAS A CURIOSIDADE FOI MAIS FORTE. ASSIM QUE SE SENTOU, A CANOA DESLIZOU SILENCIOSAMENTE PELO RIO.

AS ÁGUAS CALMAS REFLETIAM O CÉU ESTRELADO, E LOGO LUCAS PERCEBEU QUE NÃO ESTAVA SOZINHO. UM PEQUENO SER, COM OLHOS BRILHANTES E UMA AURA AZULADA, SURGIU NA PROA DA CANOA.

— BEM-VINDO, LUCAS! — DISSE A CRIATURA COM UMA VOZ SUAVE. — EU SOU MIRTO, O GUARDIÃO DA CANOA ENCANTADA. HOJE, VOCÊ FOI ESCOLHIDO PARA VIVER UMA GRANDE AVENTURA!

LUCAS ARREGALOU OS OLHOS, MAS NÃO SENTIU MEDO. PELO CONTRÁRIO, UM CALOR ACONCHEGANTE TOMOU CONTA DELE, COMO SE ESTIVESSE EM CASA.

— PARA ONDE ESTAMOS INDO? — PERGUNTOU ELE.

— PARA UM LUGAR ESPECIAL. MAS ANTES, PRECISO SABER: VOCÊ TEM UM CORAÇÃO BONDOSO?

LUCAS SE LEMBROU DE TODAS AS VEZES QUE AJUDARA SUA AVÓ NA COZINHA, DISTRIBUÍRA SOPA AOS VIZINHOS NOS DIAS FRIOS OU PROTEGERA OS PASSARINHOS QUE CAÍAM DOS NINHOS.

— ACHO QUE SIM! — RESPONDEU ELE COM UM SORRISO.

MIRTO ASSENTIU E APONTOU PARA A FRENTE. A CANOA ACELEROU E, EM SEGUNDOS, O RIO SE ABRIU EM UM CAMINHO DE LUZ DOURADA. ELES ATRAVESSARAM UMA CORTINA DE NÉVOA E CHEGARAM A UM BOSQUE ILUMINADO POR VAGA-LUMES.

ALI, CRIATURAS ENCANTADAS CAMINHAVAM ENTRE ÁRVORES DE TRONCOS BRILHANTES. ALGUMAS COLHIAM FRUTOS COLORIDOS, OUTRAS PARECIAM CANTAR UMA MELODIA SUAVE. NO CENTRO DO BOSQUE, HAVIA UM GRANDE CALDEIRÃO BORBULHANDO SOBRE UMA FOGUEIRA AZULADA. O CHEIRO ERA INCRIVELMENTE FAMILIAR.

— ESSA É A SOPA DA BONDADE — EXPLICOU MIRTO. — QUEM PROVA DELA SE ENCHE DE CORAGEM E GENTILEZA. MAS O CALDEIRÃO PRECISA SER PROTEGIDO, POIS HÁ CRIATURAS QUE DESEJAM ROUBAR SUA MAGIA.

DE REPENTE, UM VENTO FRIO SOPROU PELO BOSQUE. SOMBRAS SE MOVERAM ENTRE AS ÁRVORES, E LUCAS SENTIU UM ARREPIO. MIRTO OLHOU PARA ELE COM ESPERANÇA.

— VOCÊ NOS AJUDARIA A PROTEGÉ-LA?

LUCAS SABIA QUE TINHA MEDO DO ESCURO, MAS TAMBÉM SABIA QUE COISAS BOAS PRECISAVAM SER PROTEGIDAS. ELE PEGOU UM PEDAÇO DE MADEIRA E SE POSTOU AO LADO DO CALDEIRÃO, PRONTO PARA ENFRENTAR QUALQUER PERIGO. AS SOMBRAS SE APROXIMARAM, MAS AO VEREM A CORAGEM DE LUCAS, HESITARAM E DESAPARECERAM NA NOITE.

OS SERES ENCANTADOS APLAUDIRAM E OFERECERAM A ELE UMA TIGELA DA SOPA ESPECIAL. AO PROVAR, LUCAS SENTIU UM CALOR INEXPLICÁVEL, COMO SE TODA A BONDADE DO MUNDO ESTIVESSE DENTRO DELE.

A CANOA O LEVOU DE VOLTA PARA CASA ANTES DO AMANHECER. QUANDO ELE ACORDOU, ESTAVA EM SUA CAMA, COM O CHEIRO DA SOPA DE SUA AVÓ AINDA NO AR. ELE SE PERGUNTOU SE TUDO HAVIA SIDO UM SONHO, MAS AO OLHAR PARA SUAS MÃOS, ENCONTROU UMA PEQUENA COLHER DOURADA, LEMBRANÇA DA NOITE MÁGICA.

E DESDE AQUELE DIA, LUCAS NUNCA MAIS DUVIDOU DO PODER DA BONDADE E DA MAGIA QUE EXISTIA NOS PEQUENOS GESTOS.