LUCAS E SUA IRMÃ MAIS NOVA, SOFIA, PASSAVAM TODAS AS FÉRIAS NA CASA DA VOVÓ CARMEM, EM UM VILAREJO CERCADO POR MONTANHAS E FLORESTAS EXUBERANTES. A MELHOR PARTE DA VIAGEM ERA EXPLORAR A NATUREZA, MAS O LOCAL MAIS FASCINANTE ERA, SEM DÚVIDA, A CACHOEIRA ENCANTADA.

A CACHOEIRA FICAVA ESCONDIDA ENTRE ÁRVORES CENTENÁRIAS E CONTAVA-SE QUE ERA ASSOMBRADA POR UM FANTASMA. OS MORADORES DO VILAREJO EVITAVAM O LOCAL, AFIRMANDO QUE, AO CAIR DA NOITE, PODIA-SE OUVIR SUSSURROS MISTERIOSOS E VER SOMBRAS DANÇANTES ENTRE AS PEDRAS.

CERTO DIA, MOVIDOS PELA CURIOSIDADE E PELO ESPÍRITO AVENTUREIRO, LUCAS E SOFIA DECIDIRAM DESVENDAR O MISTÉRIO. MUNIDOS DE LANTERNAS, LANCHES E CORAGEM, PARTIRAM EM DIREÇÃO À CACHOEIRA. O CAMINHO ERA ÍNGREME E REPLETO DE RAÍZES RETORCIDAS, MAS A PAISAGEM COMPENSAVA O ESFORÇO.

AO CHEGAREM, FICARAM DESLUMBRADOS. A ÁGUA CAÍA EM UM VÉU PRATEADO, FORMANDO UM PEQUENO LAGO DE TOM ESMERALDA. O SOL FILTRAVA-SE PELAS FOLHAS, CRIANDO UM ESPETÁCULO DE LUZES. MAS A BELEZA DO LUGAR NÃO OS FEZ ESQUECER A LENDA. COMEÇARAM A EXPLORAR A ÁREA, ATENTOS A QUALQUER SINAL DE ATIVIDADE SOBRENATURAL.

DE REPENTE, UM SOM ESTRANHO ECOOU. PARECIA UM LAMENTO VINDO DE TRÁS DA CORTINA D’ÁGUA. SOFIA SEGUROU A MÃO DO IRMÃO, SEU CORAÇÃO ACELERADO. LUCAS RESPIROU FUNDO E DECIDIU INVESTIGAR. COM PASSOS HESITANTES, CONTORNARAM A CACHOEIRA E DESCOBRIRAM UMA GRUTA ESCONDIDA.

DENTRO DA GRUTA, UM BRILHO AZULADO ILUMINAVA AS PAREDES ÚMIDAS. NO CENTRO, UMA FIGURA TRANSLÚCIDA PAIRAVA NO AR. ERA UM MENINO, VESTINDO ROUPAS ANTIGAS E COM OLHOS TRISTES. LUCAS E SOFIA ENGOLIRAM EM SECO.

— QUEM É VOCÊ? — PERGUNTOU SOFIA, SUA VOZ TREMENDO.

O ESPÍRITO SORRIU COM DOÇURA.

— MEU NOME É TOMÁS. MORO AQUI HÁ MUITO TEMPO… OU MELHOR, MOREI. EU COSTUMAVA BRINCAR PERTO DA CACHOEIRA, MAS UM DIA CAÍ E NÃO CONSEGUI VOLTAR PARA CASA. DESDE ENTÃO, ESTOU PRESO AQUI.

LUCAS E SOFIA SENTIRAM UM APERTO NO CORAÇÃO. O FANTASMA NÃO ERA ASSUSTADOR, APENAS SOLITÁRIO. QUERIAM AJUDÁ-LO.

— COMO PODEMOS LIBERTÁ-LO? — PERGUNTOU LUCAS.

TOMÁS APONTOU PARA UMA PEDRA COM SÍMBOLOS GRAVADOS.

— DIZEM QUE, SE ALGUÉM CONSEGUIR DECIFRAR ESTE ENIGMA, MINHA ALMA PODERÁ DESCANSAR.

OS IRMÃOS SE APROXIMARAM E ANALISARAM OS SÍMBOLOS. ERAM DESENHOS DE ANIMAIS, RIOS E ESTRELAS. LEMBRAVAM-SE DE QUE A VOVÓ CARMEM CONTAVA HISTÓRIAS SOBRE ANTIGAS TRADIÇÕES INDÍGENAS. TALVEZ ELA SOUBESSE O SIGNIFICADO!

PROMETENDO VOLTAR, CORRERAM PARA CASA E CONTARAM TUDO À AVÓ. ELA ARREGALOU OS OLHOS, MAS, EM VEZ DE DUVIDAR, PEGOU UM VELHO LIVRO DE SUA ESTANTE. JUNTOS, ENCONTRARAM A RESPOSTA: OS SÍMBOLOS SIGNIFICAVAM "AMIZADE E DESPEDIDA".

NA MANHÃ SEGUINTE, VOLTARAM À CAVERNA E TOCARAM NA PEDRA, REPETINDO AS PALAVRAS EM VOZ ALTA. UM BRILHO INTENSO TOMOU CONTA DO LOCAL. TOMÁS SORRIU, LÁGRIMAS DE FELICIDADE ESCORRENDO POR SEU ROSTO ETÉREO.

— OBRIGADO, AMIGOS! — DISSE ELE ANTES DE DESAPARECER COMO UM SOPRO DE VENTO.

DESDE ENTÃO, A CACHOEIRA ENCANTADA PERDEU SUA FAMA DE ASSOMBRADA. AGORA, TODOS A VISITAVAM SEM MEDO, SENTINDO APENAS A LEVE BRISA DE UM ESPÍRITO FINALMENTE EM PAZ.