NUMA PEQUENA VILA NO INTERIOR DO BRASIL, CERCADA POR CAMPOS VERDES E MONTANHAS COBERTAS POR NÉVOA, MORAVA UM MENINO CHAMADO JOÃO. ELE TINHA DOZE ANOS E ERA APAIXONADO POR HISTÓRIAS DE AVENTURA. SEU AVÔ, SEU ZECA, ERA UM CONTADOR DE HISTÓRIAS E SABIA MUITAS LENDAS SOBRE OS TEMPOS ANTIGOS. MAS HAVIA UMA HISTÓRIA EM ESPECIAL QUE JOÃO SEMPRE QUIS OUVIR, A LENDA DA COLINA DO TEMPO.

"VOVÔ, CONTA DE NOVO SOBRE A COLINA!" JOÃO PEDIA TODA NOITE ANTES DE DORMIR.

SEU ZECA SORRIA E COMEÇAVA: "DIZEM QUE HÁ MUITOS E MUITOS ANOS, ANTES MESMO DO BRASIL SER O QUE É HOJE, UM JOVEM AFRICANO CHAMADO KOFI FOI TRAZIDO PARA CÁ À FORÇA, COMO ESCRAVO. MAS KOFI TINHA UM SEGREDO, UM AMULETO DADO POR UM ANCIÃO DA SUA ALDEIA NA ÁFRICA, QUE O PROTEGIA E TINHA O PODER DE LEVÁ-LO DE VOLTA PARA CASA..."

OS OLHOS DE JOÃO BRILHAVAM TODA VEZ QUE OUVIA ESSA PARTE. ELE SONHAVA EM ENCONTRAR ESSE AMULETO E DESCOBRIR SE A LENDA ERA REAL.

A JORNADA COMEÇA

UM DIA, ENQUANTO EXPLORAVA OS ARREDORES DA VILA COM SUA MELHOR AMIGA, MARIANA, JOÃO ENCONTROU UM OBJETO BRILHANTE ENTERRADO PERTO DO PÉ DA COLINA QUE FICAVA ATRÁS DA CASA DE SEU AVÔ. ELE ESCAVOU COM AS MÃOS E TIROU UM MEDALHÃO DE BRONZE, COBERTO DE TERRA E MUSGO. NO CENTRO, HAVIA UM DESENHO ESTRANHO, COMO UM SOL COM RAIOS ONDULADOS.

"SERÁ QUE É... O AMULETO DE KOFI?" JOÃO SUSSURROU.

MARIANA ARREGALOU OS OLHOS. "PRECISAMOS MOSTRAR AO SEU AVÔ!"

ELES CORRERAM ATÉ A CASA DE SEU ZECA. QUANDO O VELHO VIU O MEDALHÃO, FICOU PÁLIDO.

"MENINO, ONDE VOCÊ ENCONTROU ISSO?"

JOÃO APONTOU PARA A COLINA. "ESTAVA ENTERRADO PERTO DAS RAÍZES DE UMA ÁRVORE GRANDE. É O AMULETO DE KOFI, NÃO É?"

SEU ZECA RESPIROU FUNDO E ASSENTIU. "SIM, É ELE. MAS SE O ENCONTRARAM, SIGNIFICA QUE A COLINA AINDA GUARDA SEGREDOS..."

O PORTAL PARA A ÁFRICA

NAQUELA NOITE, JOÃO NÃO CONSEGUIU DORMIR. O MEDALHÃO PARECIA VIBRAR LEVEMENTE EM SUAS MÃOS. CURIOSO, ELE E MARIANA DECIDIRAM VOLTAR À COLINA. A LUA CHEIA ILUMINAVA O CAMINHO. ELES PARARAM AO PÉ DA ÁRVORE ONDE ENCONTRARAM O OBJETO E, SEM PENSAR, JOÃO APERTOU O MEDALHÃO COM FORÇA.

UMA RAJADA DE VENTO LEVANTOU FOLHAS AO REDOR DELES, E UM CLARÃO DOURADO OS ENVOLVEU. QUANDO ABRIRAM OS OLHOS, NÃO ESTAVAM MAIS NA VILA.

ESTAVAM NO MEIO DE UMA SAVANA AFRICANA, CERCADOS POR ÁRVORES GIGANTES E SONS DE ANIMAIS QUE NUNCA TINHAM OUVIDO ANTES.

"JOÃO... ONDE ESTAMOS?" MARIANA PERGUNTOU, SEGURANDO SEU BRAÇO.

UM GRUPO DE CRIANÇAS COM ROUPAS COLORIDAS E PINTURAS NO ROSTO SURGIU DE TRÁS DAS ÁRVORES. UM DELES, UM MENINO ALTO COM OLHOS CURIOSOS, SE APROXIMOU.

"VOCÊS SÃO DO FUTURO?" ELE PERGUNTOU EM PORTUGUÊS, MAS COM UM SOTAQUE DIFERENTE.

JOÃO E MARIANA SE ENTREOLHARAM. "QUEM É VOCÊ?" JOÃO PERGUNTOU.

O MENINO SORRIU. "SOU KOFI. BEM-VINDOS À MINHA ALDEIA."

A MISSÃO DE KOFI

KOFI OS LEVOU ATÉ SUA ALDEIA, ONDE ADULTOS OLHAVAM PARA ELES COM ESPANTO. O ANCIÃO DA ALDEIA, UM HOMEM DE OLHAR SÁBIO, EXAMINOU JOÃO E MARIANA.

"O AMULETO TROUXE VOCÊS. ISSO SIGNIFICA QUE DEVEM AJUDAR KOFI."

"AJUDÁ-LO COMO?" MARIANA PERGUNTOU.

"OS CAÇADORES DE ESCRAVOS ESTÃO CHEGANDO. QUEREM LEVAR NOSSO POVO. KOFI PRECISA PROTEGER O AMULETO PARA GARANTIR QUE A ALDEIA TENHA ESPERANÇA. MAS, NO FUTURO, ELE TAMBÉM PRECISARÁ DE VOCÊS PARA ENCONTRAR O CAMINHO DE VOLTA."

JOÃO SENTIU UM ARREPIO. ERA COMO SE ESTIVESSE DENTRO DA HISTÓRIA QUE SEU AVÔ SEMPRE CONTAVA!

A LUTA PELA LIBERDADE

NAQUELA NOITE, JOÃO E MARIANA AJUDARAM KOFI E SUA ALDEIA A SE PREPARAR. CONSTRUÍRAM ARMADILHAS, ESCONDERAM AS CRIANÇAS E REFORÇARAM AS CABANAS. QUANDO OS CAÇADORES DE ESCRAVOS CHEGARAM, ENCONTRARAM UMA RESISTÊNCIA INESPERADA. AS ARMADILHAS FORAM ATIVADAS, E A ALDEIA CONSEGUIU TEMPO PARA FUGIR PARA AS MONTANHAS.

ANTES DE PARTIR, KOFI ENTREGOU O MEDALHÃO DE VOLTA A JOÃO.

"ESTE AMULETO GUARDA NOSSAS HISTÓRIAS E NOSSA FORÇA. AGORA, ELE PERTENCE A VOCÊ. MAS UM DIA, TALVEZ NOS ENCONTREMOS DE NOVO."

JOÃO SEGUROU O MEDALHÃO COM FORÇA. UM NOVO CLARÃO OS ENVOLVEU, E, NUM PISCAR DE OLHOS, ESTAVAM DE VOLTA À COLINA.

O FUTURO

O SOL COMEÇAVA A NASCER. MARIANA OLHOU PARA JOÃO. "ISSO... ACONTECEU DE VERDADE?"

ELE OLHOU PARA O MEDALHÃO, AGORA BRILHANDO SUAVEMENTE. SABIA A RESPOSTA.

DE REPENTE, O MEDALHÃO EMITIU UM ÚLTIMO BRILHO FORTE, E UMA IMAGEM SURGIU DIANTE DELES – KOFI, AGORA MAIS VELHO, DE PÉ SOBRE A MESMA COLINA, OLHANDO PARA O MAR. SEU OLHAR ERA DETERMINADO, COMO SE SOUBESSE QUE SUA LUTA AINDA NÃO TINHA ACABADO.

OS OLHOS DE JOÃO SE ENCHERAM DE LÁGRIMAS. "ELE CONSEGUIU... ELE VOLTOU PARA CASA."

SEU ZECA APARECEU ATRÁS DELES, SORRINDO. "AGORA VOCÊ ENTENDE, NÃO É? O PASSADO E O PRESENTE ESTÃO LIGADOS. E ALGUMAS HISTÓRIAS NUNCA TERMINAM... ELAS VIVEM DENTRO DE NÓS."

JOÃO APERTOU O MEDALHÃO COM FORÇA. NÃO ERA APENAS UM OBJETO ANTIGO. ERA UM SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA, AMIZADE E ESPERANÇA. E, NO FUNDO, ELE SABIA QUE SUA PRÓPRIA AVENTURA ESTAVA APENAS COMEÇANDO.