O SOL SE PUNHA SOBRE A VILA DAS ROSAS, TINGINDO O CÉU DE DOURADO E LILÁS. NO CORAÇÃO DA VILA VIVIAM DUAS AMIGAS INSEPARÁVEIS: PERLA E MANUELA. DIFERENTES COMO O DIA E A NOITE, ELAS COMPARTILHAVAM UM MESMO DESEJO: EXPLORAR O MUNDO E SE TORNAR GRANDES AVENTUREIRAS.

PERLA ERA IMPULSIVA, CORAJOSA E VIVIA COLECIONANDO HABILIDADES. NUM DIA APRENDIA A TECER REDES DE PESCA, NO OUTRO TREINAVA ESGRIMA COM O VELHO CAPITÃO DO PORTO. JÁ MANUELA ERA PACIENTE, CUIDADOSA E PREFERIA APERFEIÇOAR O QUE JÁ SABIA. SEU TALENTO PARA ESCULPIR MADEIRA ERA NOTÁVEL, E TODOS NA VILA ELOGIAVAM SUAS OBRAS.

CERTA MANHÃ, UM FORASTEIRO CHEGOU À VILA TRAZENDO NOTÍCIAS DE UM TESOURO ESCONDIDO NAS MONTANHAS DE SAFIRA. DIZIAM QUE QUEM ENCONTRASSE A JOIA MÍSTICA GANHARIA O PODER DE ESCOLHER UM ÚNICO TALENTO PARA DOMINAR COMPLETAMENTE.

— ESSE É O NOSSO DESTINO! — EXCLAMOU PERLA, OS OLHOS BRILHANDO DE EXCITAÇÃO.

— MAS SERÁ PERIGOSO… — PONDEROU MANUELA. — E SE FOR APENAS UMA LENDA?

— SÓ HÁ UM JEITO DE DESCOBRIR! VAMOS PARTIR AMANHÃ AO AMANHECER.

E ASSIM, ARMADAS COM MOCHILAS CHEIAS DE MANTIMENTOS E CORAGEM, AS DUAS SE LANÇARAM NA JORNADA. MAS NÃO ESTAVAM SOZINHAS. MATEO, UM JOVEM CARTÓGRAFO COM UM MAPA ENIGMÁTICO, E ELIAS, UM FERREIRO QUE SONHAVA EM FORJAR ARMAS LENDÁRIAS, JUNTARAM-SE A ELAS.

O CAMINHO DOS DESAFIOS

A PRIMEIRA PARTE DA JORNADA OS LEVOU ATÉ A FLORESTA DOS MURMÚRIOS, ONDE OS VENTOS SUSSURRAVAM SEGREDOS AOS VIAJANTES. LÁ, ENCONTRARAM UM RIO REVOLTO, IMPOSSÍVEL DE ATRAVESSAR SEM UMA PONTE.

— EU SEI CONSTRUIR PONTES DE MADEIRA! — DISSE MANUELA.

— E EU SEI NÓS DE MARINHEIRO! PODEMOS JUNTAR OS TRONCOS COM CORDAS! — DISSE PERLA.

COMBINANDO SEUS CONHECIMENTOS, CONSEGUIRAM ATRAVESSAR, MAS NÃO SEM ALGUMAS QUEDAS E GARGALHADAS NO PROCESSO.

APÓS DIAS DE CAMINHADA, ALCANÇARAM O DESFILADEIRO DOS ECOS, UM LABIRINTO DE FENDAS E PEDRAS TRAIÇOEIRAS. LÁ, ENCONTRARAM UM ENIGMA ESCULPIDO EM UM MONÓLITO:

“APRENDIZ DE MUITO, MESTRE DE NADA, SEGUE O ECO, E A SAÍDA É DADA.”

— ISSO PARECE UMA CRÍTICA A MIM… — RESMUNGOU PERLA. — EU APRENDO MUITAS COISAS, MAS NÃO SOU MESTRE EM NENHUMA.

— MAS TALVEZ SEJA JUSTAMENTE SUA VERSATILIDADE QUE NOS GUIARÁ AGORA — DISSE ELIAS.

PERLA TESTOU DIFERENTES CAMINHOS, ATÉ PERCEBER QUE SEU CONHECIMENTO DE ACÚSTICA, ADQUIRIDO DE UM VELHO VIOLINISTA DA VILA, AJUDAVA A ENTENDER A DIREÇÃO CERTA. SEGUINDO OS ECOS CORRETOS, SAÍRAM DO DESFILADEIRO ILESOS.

O ENCONTRO COM A GUARDIÃ

FINALMENTE, CHEGARAM ÀS MONTANHAS DE SAFIRA, ONDE UMA CAVERNA RESPLANDECIA COM UM BRILHO AZUL PROFUNDO. NO CENTRO, UMA MULHER DE CABELOS PRATEADOS OS ESPERAVA.

— EU SOU CELESTE, A GUARDIÃ DA JOIA MÍSTICA. APENAS UM DE VOCÊS PODE REIVINDICAR SEU PODER. MAS CUIDADO, POIS AO SE TORNAR MESTRE DE UM ÚNICO TALENTO, PERDERÃO TODOS OS OUTROS APRENDIZADOS.

O SILÊNCIO TOMOU CONTA DO GRUPO. MANUELA HESITOU, POIS AMAVA ESCULPIR, MAS TAMBÉM GOSTAVA DE APRENDER SOBRE ERVAS E ASTRONOMIA. ELIAS SONHAVA EM SER O MELHOR FERREIRO, MAS NÃO QUERIA RENUNCIAR A SUA HABILIDADE COM ARCOS. MATEO, APESAR DE SEU TALENTO COMO CARTÓGRAFO, ADORAVA MÚSICA.

— EU ACEITO! — DISSE PERLA, DANDO UM PASSO À FRENTE.

— TEM CERTEZA? — PERGUNTOU MANUELA.

PERLA PAROU. A LEMBRANÇA DE TODAS AS COISAS QUE JÁ APRENDERA PASSOU POR SUA MENTE. SE ESCOLHESSE UM ÚNICO TALENTO, NUNCA MAIS PODERIA PULAR DE HABILIDADE EM HABILIDADE, NUNCA MAIS PODERIA SER AQUELA QUE SEMPRE DESCOBRIA ALGO NOVO.

ELA RESPIROU FUNDO E SORRIU.

— NÃO. EU NÃO QUERO. EU GOSTO DE SER APRENDIZ DE TUDO. PREFIRO APRENDER MIL COISAS A SER MESTRE DE APENAS UMA.

CELESTE SORRIU, SATISFEITA. A JOIA BRILHOU INTENSAMENTE E SE DISSOLVEU NO AR, ABANDONANDO UMA ÚNICA MENSAGEM GRAVADA NA PEDRA:

“A VERDADEIRA RIQUEZA NÃO ESTÁ EM UM ÚNICO DOM, MAS NA INFINITA CAPACIDADE DE APRENDER.”

AS AMIGAS SE OLHARAM E RIRAM. AFINAL, A MAIOR AVENTURA DE TODAS ERA CONTINUAR APRENDENDO.

E ASSIM, COM OS CORAÇÕES CHEIOS DE NOVAS HISTÓRIAS, PERLA, MANUELA E SEUS AMIGOS VOLTARAM PARA A VILA DAS ROSAS, PRONTOS PARA A PRÓXIMA JORNADA.