ERA UMA VEZ, NAS ÁGUAS CRISTALINAS DE UM RECIFE COLORIDO, UM CARANGUEJO MUITO ESPECIAL CHAMADO SEBASTIÃO. O QUE O TORNAVA DIFERENTE DOS OUTROS CARANGUEJOS ERA O SEU LONGO E IMPRESSIONANTE BIGODE. SIM, UM CARANGUEJO COM BIGODE! E NÃO ERA QUALQUER BIGODE, MAS UM LONGO E ELEGANTE CONJUNTO DE FIOS DOURADOS QUE BALANÇAVAM SUAVEMENTE COM O MOVIMENTO DAS ONDAS.

DESDE PEQUENO, SEBASTIÃO PERCEBEU QUE SEU BIGODE ERA ÚNICO. ENQUANTO OS OUTROS CARANGUEJOS TINHAM ANTENAS E GARRAS FORTES, ELE OSTENTAVA AQUELE ADORNO INCOMUM. NO INÍCIO, ELE SE SENTIA ESTRANHO, POIS SEUS AMIGOS SEMPRE RIAM E DIZIAM: “CARANGUEJOS NÃO TÊM BIGODES!” MAS, COM O TEMPO, SEBASTIÃO APRENDEU A GOSTAR DAQUELA PECULIARIDADE. ELE SE OLHAVA REFLETIDO NA SUPERFÍCIE DA ÁGUA E PENSAVA: “SE TENHO ESSE BIGODE, DEVE SER POR UM MOTIVO!”

SEBASTIÃO VIVIA EM UM RECIFE CHEIO DE VIDA, COM PEIXES COLORIDOS, CORAIS BRILHANTES E ESTRELAS-DO-MAR QUE COCHILAVAM SOB A LUZ DO SOL. MAS, APESAR DE TUDO, ELE SENTIA QUE SUA VERDADEIRA MISSÃO AINDA NÃO HAVIA SIDO DESCOBERTA.

CERTO DIA, UMA GRANDE CONFUSÃO TOMOU CONTA DO RECIFE. UM CARDUME DE PEQUENOS PEIXES VEIO NADANDO APRESSADO, GRITANDO:

— SOCORRO! O TEMIDO PEIXE-ESPADA ESTÁ VINDO PARA CÁ! ELE ESTÁ DEVORANDO TUDO PELO CAMINHO!

OS HABITANTES DO RECIFE ENTRARAM EM PÂNICO. O PEIXE-ESPADA ERA CONHECIDO POR SUA VELOCIDADE E DENTES AFIADOS. O POLVO TENTOU SE ESCONDER ENTRE AS ROCHAS, OS PEIXINHOS BUSCARAM REFÚGIO ENTRE OS CORAIS, E ATÉ A TARTARUGA MARINHA, CONHECIDA POR SUA CALMA, NADOU PARA LONGE.

SEBASTIÃO, PORÉM, FICOU PARADO, PENSANDO. “O QUE POSSO FAZER? SOU APENAS UM CARANGUEJO COM UM BIGODE COMPRIDO...” MAS ENTÃO, UMA IDEIA BRILHOU EM SUA MENTE.

ELE SE POSICIONOU BEM NO MEIO DO RECIFE, DEIXANDO SEU LONGO BIGODE SE ESPALHAR COMO SE FOSSEM ALGAS MARINHAS. EM POUCOS MINUTOS, SEU BIGODE SE CAMUFLOU PERFEITAMENTE COM O AMBIENTE.

QUANDO O PEIXE-ESPADA CHEGOU, FAMINTO E FEROZ, ELE VIU O RECIFE VAZIO. MAS ENTÃO, ALGO ESTRANHO ACONTECEU. O PEIXE-ESPADA NADOU DIRETAMENTE PARA O BIGODE DE SEBASTIÃO E FICOU PRESO! OS FIOS LONGOS E RESISTENTES SE ENROSCARAM EM SUA BARBATANA E CAUDA.

— O QUE É ISSO? — RESMUNGOU O PEIXE-ESPADA, TENTANDO SE SOLTAR, MAS SEM SUCESSO.

NESSE MOMENTO, TODOS OS HABITANTES DO RECIFE PERCEBERAM A ARMADILHA GENIAL DE SEBASTIÃO. O POLVO RAPIDAMENTE LANÇOU UM JATO DE TINTA PARA CONFUNDIR O PREDADOR, ENQUANTO OS OUTROS PEIXES AJUDARAM A EMPURRÁ-LO PARA LONGE DALI. O PEIXE-ESPADA, ASSUSTADO E DESORIENTADO, FUGIU EM DISPARADA, PROMETENDO NUNCA MAIS VOLTAR.

QUANDO A TRANQUILIDADE RETORNOU AO RECIFE, TODOS OS ANIMAIS SE REUNIRAM AO REDOR DE SEBASTIÃO. O POLVO, A TARTARUGA, OS PEIXINHOS E ATÉ OS CORAIS PARECIAM BRILHAR DE ALEGRIA.

— VIVA O CARANGUEJO DO BIGODE DOURADO! — GRITARAM EM CORO.

SEBASTIÃO SORRIU, ORGULHOSO. ELE FINALMENTE DESCOBRIRA O MOTIVO DE TER AQUELE BIGODE TÃO ESPECIAL. NÃO ERA UM FARDO, MAS SIM UM PRESENTE! GRAÇAS A ELE, O RECIFE ESTAVA SEGURO.

E ASSIM, SEBASTIÃO PASSOU A SER CONHECIDO COMO O GUARDIÃO DO RECIFE, UM HERÓI ENTRE OS MARES. SEU BIGODE NUNCA MAIS FOI MOTIVO DE RISO, MAS SIM DE ADMIRAÇÃO.

E, DESDE AQUELE DIA, SEMPRE QUE UM PEIXINHO NOVO CHEGAVA AO RECIFE E PERGUNTAVA SOBRE O CARANGUEJO DE BIGODE, OS MAIS VELHOS SORRIAM E CONTAVAM A INCRÍVEL HISTÓRIA DO DIA EM QUE O BIGODE SALVOU A TODOS.

E ASSIM, ENTRE CORRENTES E CONCHAS, SEBASTIÃO VIVEU FELIZ, ORGULHOSO DE SER EXATAMENTE QUEM ERA.