ERA UMA VEZ UM PEQUENO VILAREJO CHAMADO PORTO SERENO, ONDE AS CRIANÇAS ADORAVAM BRINCAR À BEIRA DO RIO. ENTRE ELAS ESTAVA TOMÁS, UM MENINO DE OITO ANOS COM UMA IMAGINAÇÃO FÉRTIL E UM GRANDE SONHO: TORNAR-SE UM EXPLORADOR DOS MARES.

TOMÁS PASSAVA HORAS ADMIRANDO OS BARCOS QUE CHEGAVAM AO PORTO E CONSTRUÍA PEQUENAS EMBARCAÇÕES DE MADEIRA PARA NAVEGAR NOS RIACHOS DA REGIÃO. SEU MAIOR TESOURO ERA UMA CARAVELA DE BRINQUEDO QUE ELE MESMO MONTOU COM PEDAÇOS DE MADEIRA E TECIDO VELHO. ELE A CHAMOU DE “BRAVURA” E SONHAVA COM O DIA EM QUE NAVEGARIA PELOS OCEANOS EM UMA DE VERDADE.

CERTA MANHÃ, APÓS UMA TEMPESTADE FORTE, O RIO QUE CRUZAVA O VILAREJO FICOU LAMACENTO E AGITADO. AS CRIANÇAS FORAM PROIBIDAS DE BRINCAR NA MARGEM, POIS A CORRENTEZA ESTAVA MAIS FORTE DO QUE O NORMAL. MAS TOMÁS, CURIOSO E CORAJOSO, DECIDIU LEVAR A BRAVURA ATÉ A BEIRA DA ÁGUA E SOLTÁ-LA PARA VER SE CONSEGUIRIA ATRAVESSAR A CORRENTEZA.

ASSIM QUE COLOCOU SUA PEQUENA CARAVELA NO RIO, UMA CORRENTE INESPERADA A PUXOU PARA LONGE. DESESPERADO, TOMÁS CORREU PELA MARGEM TENTANDO ALCANÇÁ-LA, MAS A BRAVURA FOI ENGOLIDA PELA LAMA E DESAPARECEU NA CURVA DO RIO.

TOMÁS FICOU ARRASADO. VOLTOU PARA CASA DESOLADO, SENTINDO QUE HAVIA PERDIDO NÃO SÓ UM BRINQUEDO, MAS UM PEDAÇO DE SEU SONHO. SEU AVÔ, O VELHO MARINHEIRO SEBASTIÃO, PERCEBEU SUA TRISTEZA E SE SE SENTOU AO SEU LADO.

— O QUE ACONTECEU, MEU RAPAZ? — PERGUNTOU O AVÔ, COM UM OLHAR BONDOSO.

TOMÁS EXPLICOU TUDO. O AVÔ SORRIU E DISSE:

— NEM SEMPRE OS MARES SÃO CALMOS, MEU MENINO. ÀS VEZES, ENFRENTAMOS TEMPESTADES E ONDAS GIGANTES. MAS SABE O QUE OS GRANDES NAVEGADORES FAZEM? ELES NÃO DESISTEM.

NAQUELA NOITE, TOMÁS TEVE UM SONHO. ELE ESTAVA A BORDO DE UMA GRANDE CARAVELA, NAVEGANDO POR UM MAR FEITO DE LAMA. O VENTO SOPRAVA FORTE E A EMBARCAÇÃO PARECIA AFUNDAR, MAS ELE SEGURAVA FIRME O LEME, DETERMINADO A SEGUIR EM FRENTE. QUANDO ACORDOU, TEVE UMA IDEIA.

JUNTO COM SEU AVÔ E ALGUNS AMIGOS, TOMÁS DECIDIU PROCURAR A BRAVURA. DURANTE DIAS, EXPLORARAM AS MARGENS DO RIO E, APÓS MUITA BUSCA, ENCONTRARAM-NA PRESA ENTRE GALHOS E COBERTA DE LAMA. COM PACIÊNCIA, LIMPARAM O PEQUENO BARCO E O CONSERTARAM.

TOMÁS APRENDEU QUE MESMO QUANDO TUDO PARECE PERDIDO, A PERSISTÊNCIA PODE TRAZER GRANDES RECOMPENSAS. E NAQUELE DIA, ENQUANTO COLOCAVA A BRAVURA DE VOLTA NA ÁGUA, SENTIU QUE ESTAVA UM PASSO MAIS PERTO DE SE TORNAR O GRANDE EXPLORADOR DOS MARES QUE SEMPRE SONHOU SER.