NA PEQUENA VILA DE CAMPO ALEGRE, ENTRE MONTANHAS VERDES E RIOS CRISTALINOS, VIVIA UMA MENINA CHAMADA JOAQUINA. ELA ADORAVA BRINCAR AO AR LIVRE, CORRER PELOS CAMPOS FLORIDOS E SENTIR O VENTO BAGUNÇAR SEUS CABELOS. SEU MELHOR AMIGO ERA OTONIEL, UM GAROTO DE SORRISO LARGO E OLHOS BRILHANTES DE CURIOSIDADE. ELES ESTAVAM SEMPRE JUNTOS, EXPLORANDO CADA CANTO DA VILA E INVENTANDO NOVAS AVENTURAS.

UM DIA, ENQUANTO CAMINHAVAM PELO CAMPO, ENCONTRARAM UM PEDAÇO DE PAPEL COLORIDO PRESO EM UMA CERCA. OTONIEL PEGOU O PAPEL E TEVE UMA IDEIA.

— QUE TAL FAZERMOS UMA PIPA? — ELE SUGERIU, ENTUSIASMADO.

— ÓTIMA IDEIA! — EXCLAMOU JOAQUINA. — PODEMOS USAR ALGUNS GALHOS FINOS E BARBANTE DA MINHA AVÓ!

OS DOIS PASSARAM A TARDE INTEIRA CONSTRUINDO A PIPA. ELA FICOU UM POUCO TORTA E DESAJEITADA, MAS ELES NÃO SE IMPORTARAM. PUSERAM UMA LONGA CAUDA FEITA DE RETALHOS COLORIDOS E, QUANDO TERMINARAM, SORRIRAM ORGULHOSOS.

NO DIA SEGUINTE, CORRERAM PARA A COLINA MAIS ALTA DA VILA PARA TESTAR A CRIAÇÃO. O VENTO SOPRAVA FORTE, E OTONIEL SEGUROU A PIPA COM FIRMEZA.

— PRONTA, JOAQUINA? — PERGUNTOU ELE.

— PRONTÍSSIMA! — RESPONDEU ELA.

OTONIEL SOLTOU A PIPA E CORREU PARA TRÁS, DEIXANDO O VENTO TOMÁ-LA. NO INÍCIO, ELA SUBIU AOS POUCOS, MAS, DE REPENTE, COMEÇOU A BALANÇAR DESCONTROLADAMENTE.

— PARECE QUE ELA ESTÁ DANÇANDO! — RIU JOAQUINA.

— OU TENTANDO FUGIR! — BRINCOU OTONIEL.

MAS, ANTES QUE PUDESSEM AJEITÁ-LA, UM GRUPO DE CRIANÇAS SE APROXIMOU E COMEÇOU A RIR.

— QUE PIPA FEIA! — DISSE UM DOS MENINOS. — PARECE UM PÁSSARO TODO AMASSADO!

JOAQUINA SENTIU SEU ROSTO ESQUENTAR. OTONIEL ABAIXOU A CABEÇA, ENVERGONHADO. ELES SABIAM QUE A PIPA NÃO ERA PERFEITA, MAS TINHAM TRABALHADO TANTO NELA...

— VAMOS EMBORA, OTONIEL — MURMUROU JOAQUINA.

OS DOIS DESCERAM A COLINA, DESANIMADOS. QUANDO CHEGARAM AO RIO, SENTARAM-SE NA MARGEM E SUSPIRARAM.

— TALVEZ A GENTE DEVESSE FAZER OUTRA PIPA... UMA MAIS BONITA — DISSE OTONIEL, CHUTANDO UMA PEDRINHA NA ÁGUA.

— MAS EU GOSTAVA DESSA — RESPONDEU JOAQUINA, SEGURANDO A PIPA NO COLO. — ELA PODE NÃO SER A MAIS BONITA, MAS É ESPECIAL. FOI FEITA COM CARINHO.

DE REPENTE, UMA BRISA FORTE SOPROU, E A PIPA SE MEXEU SOZINHA. UM BRILHO SUAVE PERCORREU SEUS CONTORNOS, E, PARA SURPRESA DOS AMIGOS, ELA COMEÇOU A FALAR!

— VOCÊS NÃO PRECISAM ME ACHAR BONITA — DISSE A PIPA, SUA VOZ LEVE COMO O VENTO. — O IMPORTANTE É QUE ACREDITAM EM MIM.

JOAQUINA E OTONIEL ARREGALARAM OS OLHOS.

— VOCÊ... VOCÊ FALA? — GAGUEJOU OTONIEL.

— SIM! E EU QUERO VOAR! — RESPONDEU A PIPA. — NÃO DEIXEM QUE O QUE OS OUTROS DIZEM TIRE NOSSA ALEGRIA!

OS AMIGOS SORRIRAM. COM O CORAÇÃO RENOVADO, VOLTARAM PARA A COLINA. IGNORARAM OS RISOS DAS OUTRAS CRIANÇAS E JOGARAM A PIPA AO VENTO. DESSA VEZ, ALGO MÁGICO ACONTECEU: A PIPA SUBIU ALTO, MUITO ALTO, BRILHANDO COMO UM PEQUENO SOL NO CÉU.

AS CRIANÇAS QUE ANTES ZOMBAVAM FICARAM BOQUIABERTAS.

— COMO VOCÊS FIZERAM ISSO? — PERGUNTOU UM DELES.

— NÓS ACREDITAMOS NELA — RESPONDEU JOAQUINA, RADIANTE.

A PARTIR DAQUELE DIA, A PIPA ENCANTADA VOAVA SOBRE CAMPO ALEGRE, LEMBRANDO A TODOS QUE O VALOR VERDADEIRO ESTÁ NAQUILO QUE FAZEMOS COM AMOR. E, PRINCIPALMENTE, QUE A VERDADEIRA BELEZA VEM DE DENTRO.