ERA UMA VEZ UM PEQUENO SOLDADO DE BRINQUEDO, FEITO DE ESTANHO, COM UM UNIFORME AZUL E UM CHAPÉU ALTO. ELE PERTENCIA A UM MENINO CHAMADO PEDRO, QUE ADORAVA BRINCAR COM SEUS BRINQUEDOS TODAS AS TARDES DEPOIS DA ESCOLA. ENTRE TODOS OS BRINQUEDOS QUE POSSUÍA, O SOLDADO DE ESTANHO ERA O SEU FAVORITO.

MAS O PEQUENO SOLDADO TINHA UM DETALHE ESPECIAL: ELE TINHA APENAS UMA PERNA. FORA MOLDADO ASSIM POR ACASO, MAS ISSO NUNCA O IMPEDIU DE FICAR FIRME E ERETO, SEMPRE PRONTO PARA DEFENDER O CASTELO DE BRINQUEDO DO MENINO PEDRO.

UMA NOITE, ENQUANTO TODOS DORMIAM, ALGO MÁGICO ACONTECEU. O SOLDADO DE ESTANHO PISCOU OS OLHOS E OLHOU AO REDOR. PARA SUA SURPRESA, OS OUTROS BRINQUEDOS TAMBÉM GANHARAM VIDA. URSOS DE PELÚCIA BOCEJAVAM, BONECAS ARRUMAVAM SUAS ROUPAS, CARRINHOS CORRIAM PELO QUARTO E ATÉ UM PALHAÇO DE MOLA SALTITAVA ANIMADO.

FOI ENTÃO QUE O SOLDADO DE ESTANHO VIU ALGO QUE NUNCA TINHA NOTADO ANTES: UMA DELICADA BAILARINA DE PAPEL, POSICIONADA SOBRE UMA CAIXINHA DE MÚSICA. ELA USAVA UM VESTIDO BRILHANTE E TINHA UM SEMBLANTE DOCE E GRACIOSO. O PEQUENO SOLDADO FICOU ENCANTADO. ELE PENSOU QUE ELA TAMBÉM TINHA UMA PERNA SÓ, POIS ESTAVA NA PONTA DOS PÉS. "QUE BELA E CORAJOSA DAMA!", DISSE PARA SI MESMO.

MAS NEM TODOS ESTAVAM FELIZES COM ESSE ENCANTAMENTO. UM DUENDE DE MADEIRA, QUE MORAVA DENTRO DE UMA CAIXINHA ESCURA NO FUNDO DA PRATELEIRA, FICOU COM CIÚMES. ELE TAMBÉM GOSTAVA DA BAILARINA, MAS NUNCA FORA NOTADO POR ELA. VENDO O OLHAR DE ADMIRAÇÃO DO SOLDADO, O DUENDE SUSSURROU: "VOCÊ NUNCA SERÁ DIGNO DA BAILARINA!" E, COM UM SOPRO MÁGICO, LANÇOU O SOLDADO PARA FORA DA JANELA.

O PEQUENO SOLDADO CAIU NA RUA ESCURA E FRIA. CHOVIA MUITO, E AS GOTAS BATERAM FORTE EM SEU UNIFORME DE ESTANHO. LOGO, DOIS MENINOS QUE PASSAVAM VIRAM O BRINQUEDO E, SEM PENSAR DUAS VEZES, COLOCARAM-NO EM UM BARQUINHO DE PAPEL E O SOLTARAM EM UMA CORRENTEZA QUE SE FORMAVA NA SARJETA.

O BARQUINHO NAVEGOU POR VIELAS E ESGOTOS, ENFRENTANDO ONDAS FEITAS PELAS RODAS DOS CARROS E REDEMOINHOS PERIGOSOS. O SOLDADO, FIRME E VALENTE, MANTEVE-SE ERETO DENTRO DO BARCO, SEM MEDO. "SOU UM SOLDADO, E UM SOLDADO NUNCA DESISTE!", PENSAVA ELE.

APÓS UMA LONGA JORNADA, O BARQUINHO CAIU DENTRO DE UM BUEIRO E FOI PARAR EM UM RIO ESCURO. UM ENORME PEIXE, CURIOSO COM AQUELE OBJETO BRILHANTE, ENGOLIU O SOLDADO DE ESTANHO DE UMA SÓ VEZ!

NO FUNDO DO VENTRE DO PEIXE, TUDO ERA SILENCIOSO E APERTADO. O PEQUENO SOLDADO NÃO SABIA O QUE ACONTECERIA COM ELE, MAS MANTEVE-SE FIRME E PACIENTE. ENTÃO, ALGO INCRÍVEL ACONTECEU: UM PESCADOR PEGOU O PEIXE E O LEVOU AO MERCADO. NO DIA SEGUINTE, A COZINHEIRA DA CASA DE PEDRO COMPROU O PEIXE PARA O JANTAR E, AO ABRI-LO, ENCONTROU O PEQUENO SOLDADO DE ESTANHO!

"ORA, ORA! NÃO É O BRINQUEDO DE PEDRO?", EXCLAMOU ELA, LIMPANDO O SOLDADO E DEVOLVENDO-O AO QUARTO DO MENINO.

PEDRO FICOU IMENSAMENTE FELIZ AO VER SEU SOLDADO FAVORITO NOVAMENTE. COLOCOU-O DE VOLTA AO LADO DA BAILARINA DE PAPEL, QUE GIRAVA SUAVEMENTE AO SOM DA MÚSICA. O PEQUENO SOLDADO OLHOU PARA ELA E SORRIU, FELIZ POR ESTAR DE VOLTA.

NAQUELA NOITE, QUANDO A CASA ADORMECEU, OS BRINQUEDOS VOLTARAM À VIDA. O SOLDADO E A BAILARINA TROCARAM OLHARES, E, EMBORA NÃO PUDESSEM DIZER PALAVRAS, SABIAM QUE ESTAVAM JUNTOS NOVAMENTE. E ISSO ERA O SUFICIENTE PARA SEREM FELIZES PARA SEMPRE.

E ASSIM, O PEQUENO SOLDADO DE ESTANHO, COM APENAS UMA PERNA, PROVOU QUE CORAGEM E AMOR PODEM SUPERAR QUALQUER OBSTÁCULO. E QUE, MESMO DIANTE DAS MAIORES AVENTURAS, O DESTINO SEMPRE ENCONTRA UM JEITO DE TRAZER OS CORAÇÕES VALENTES DE VOLTA PARA CASA.