ERA UMA VEZ, EM UMA PEQUENA VILA CERCADA POR COLINAS VERDES, UM MENINO CHAMADO PEDRO QUE ADORAVA DESENHAR. ELE TINHA UM TALENTO ESPECIAL PARA CRIAR IMAGENS QUE PARECIAM GANHAR VIDA. SEMPRE QUE TINHA TEMPO, PEDRO PEGAVA SEU VELHO CADERNO DE DESENHO E SE SENTAVA DEBAIXO DE UMA GRANDE ÁRVORE NO QUINTAL DE SUA CASA.

CERTO DIA, ENQUANTO EXPLORAVA O SÓTÃO EMPOEIRADO DA CASA DE SUA AVÓ, PEDRO ENCONTROU ALGO CURIOSO: UM QUADRO VAZIO COM UMA MOLDURA DOURADA E RELUZENTE. A TELA ESTAVA BRANCA COMO NEVE, MAS HAVIA ALGO DE ESPECIAL NELA. A MOLDURA TINHA DETALHES DE GALHOS E FOLHAS, E NO TOPO, UMA PEQUENA ESCULTURA DOURADA DE UMA GALINHA. ENCANTADO, PEDRO LEVOU O QUADRO PARA O SEU QUARTO.

NAQUELA NOITE, QUANDO TODOS NA CASA DORMIAM, PEDRO DECIDIU EXPERIMENTAR DESENHAR NA TELA. PEGOU SEUS PINCÉIS, TINTAS E COMEÇOU A CRIAR. ELE PINTOU UMA GALINHA COM PENAS COLORIDAS — VERMELHO, AZUL E DOURADO — E OLHOS BRILHANTES QUE PARECIAM CHEIOS DE VIDA. AO TERMINAR, COLOCOU O PINCEL DE LADO E ADMIROU SUA OBRA-PRIMA.

DE REPENTE, ALGO INACREDITÁVEL ACONTECEU.

A GALINHA DO QUADRO SE MEXEU! PRIMEIRO, ELA PISCOU OS OLHOS. DEPOIS, SAIU DA TELA COM UM SALTO, POUSANDO SUAVEMENTE NO CHÃO DO QUARTO DE PEDRO. O MENINO ARREGALOU OS OLHOS E RECUOU, ASSUSTADO, MAS TAMBÉM FASCINADO. A GALINHA OLHOU PARA ELE, DEU UMA BICADINHA NO CHÃO E CACAREJOU:

— OBRIGADA POR ME DAR VIDA, PEDRO! MEU NOME É ESTELA.

PEDRO MAL PODIA ACREDITAR NO QUE ESTAVA ACONTECENDO.

— VOCÊ... VOCÊ PODE FALAR? — ELE GAGUEJOU.

— CLARO QUE POSSO! E DEVO DIZER, VOCÊ FEZ UM ÓTIMO TRABALHO ME PINTANDO. MAS AGORA QUE ESTOU AQUI, TENHO ALGO IMPORTANTE PARA LHE CONTAR.

PEDRO SE APROXIMOU COM CUIDADO.

— O QUÊ? O QUE VOCÊ QUER DIZER?

— ESSE QUADRO É MÁGICO — EXPLICOU ESTELA, BATENDO AS ASAS COLORIDAS. — TUDO O QUE VOCÊ DESENHAR NELE PODE SE TORNAR REAL. MAS CUIDADO! A MAGIA É PODEROSA E PODE TRAZER TANTO COISAS BOAS QUANTO RUINS.

PEDRO NÃO SABIA O QUE DIZER. ELE OLHOU PARA O QUADRO VAZIO, QUE AGORA PARECIA AINDA MAIS MISTERIOSO. SERÁ QUE ELE DEVERIA EXPERIMENTAR DESENHAR ALGO MAIS?

NA MANHÃ SEGUINTE, PEDRO CONTOU À SUA MELHOR AMIGA, CLARA, SOBRE O QUADRO MÁGICO E SOBRE ESTELA. CLARA, QUE ERA CURIOSA E ADORAVA AVENTURAS, QUIS VER TUDO COM SEUS PRÓPRIOS OLHOS. QUANDO CHEGOU AO QUARTO DE PEDRO E VIU ESTELA, FICOU MARAVILHADA.

— VOCÊ PODERIA DESENHAR QUALQUER COISA! — CLARA DISSE, COM OS OLHOS BRILHANDO. — QUE TAL DESENHAR UMA ÁRVORE CHEIA DE DOCES? OU UM TESOURO DE OURO?

ESTELA, NO ENTANTO, DEU UM SALTO E INTERROMPEU:

— NEM TUDO SÃO BRINCADEIRAS. VOCÊS PRECISAM TER CUIDADO! SE DESENHAREM ALGO PERIGOSO, PODE SER UM PROBLEMA.

PEDRO FICOU PENSATIVO. ELE SABIA QUE ESTELA TINHA RAZÃO, MAS A IDEIA DE CRIAR ALGO ESPECIAL ERA TENTADORA. ELE DECIDIU COMEÇAR COM ALGO SIMPLES E INOFENSIVO. PEGOU O PINCEL E DESENHOU UM CESTO CHEIO DE FRUTAS. ASSIM QUE TERMINOU, O CESTO APARECEU MAGICAMENTE NO QUARTO, CHEIO DE MAÇÃS, BANANAS E UVAS. CLARA PEGOU UMA MAÇÃ E DEU UMA MORDIDA.

— DELICIOSO! — ELA EXCLAMOU.

A PARTIR DAQUELE DIA, PEDRO USAVA O QUADRO PARA PEQUENAS CRIAÇÕES. ELE DESENHAVA BRINQUEDOS, FLORES E COMIDA PARA COMPARTILHAR COM SUA FAMÍLIA E OS VIZINHOS. A VILA COMEÇOU A SE TRANSFORMAR EM UM LUGAR MAIS ALEGRE E CHEIO DE COR, E TODOS ADMIRAVAM O TALENTO DO MENINO, SEM SABER SOBRE A MAGIA POR TRÁS DE TUDO.

PORÉM, COMO EM TODA BOA HISTÓRIA, ALGO INESPERADO ACONTECEU.

UM DIA, ENQUANTO PEDRO ESTAVA FORA AJUDANDO SUA AVÓ NA HORTA, CLARA FICOU SOZINHA NO QUARTO COM O QUADRO. ELA OLHOU PARA A TELA VAZIA E PENSOU:

— E SE EU DESENHASSE ALGO GRANDE? ALGO REALMENTE INCRÍVEL?

MESMO LEMBRANDO DO AVISO DE ESTELA, CLARA NÃO RESISTIU. PEGOU UM PINCEL E COMEÇOU A DESENHAR UM DRAGÃO. ELA PINTOU UM DRAGÃO VERDE E DOURADO COM ASAS ENORMES E OLHOS FLAMEJANTES. QUANDO TERMINOU, RECUOU PARA ADMIRAR SUA CRIAÇÃO.

NO MESMO INSTANTE, O DRAGÃO SE MEXEU NA TELA. ELE SOLTOU UM RUGIDO QUE FEZ AS PAREDES TREMEREM E, COM UM SALTO PODEROSO, SAIU DO QUADRO. O DRAGÃO ERA IMENSO E OCUPAVA QUASE TODO O QUARTO. CLARA TENTOU SE ESCONDER, MAS O DRAGÃO BATEU SUAS ASAS GIGANTESCAS E VOOU PELA JANELA, DESAPARECENDO NO CÉU.

QUANDO PEDRO VOLTOU PARA CASA E SOUBE DO QUE ACONTECEU, FICOU APAVORADO. ESTELA TAMBÉM ESTAVA PREOCUPADA.

— VOCÊ PRECISA CONSERTAR ISSO, PEDRO! — DISSE A GALINHA. — UM DRAGÃO SOLTO PODE CAUSAR MUITOS PROBLEMAS.

— O QUE PODEMOS FAZER? — PERGUNTOU CLARA, ARREPENDIDA.

PEDRO PENSOU POR UM MOMENTO E TEVE UMA IDEIA. PEGOU O PINCEL E DESENHOU UM CAVALO ALADO NA TELA. ASSIM QUE O DESENHO GANHOU VIDA, ELE SUBIU NO CAVALO, LEVANDO ESTELA COM ELE.

— EU VOU TRAZÊ-LO DE VOLTA! — DISSE PEDRO, ENQUANTO O CAVALO ALADO DECOLAVA.

O DRAGÃO ESTAVA CAUSANDO ESTRAGOS NA VILA, QUEIMANDO CAMPOS E ASSUSTANDO OS MORADORES. PEDRO E ESTELA VOARAM RÁPIDO ATÉ ENCONTRÁ-LO. QUANDO FINALMENTE O ALCANÇARAM, PEDRO GRITOU:

— DRAGÃO! VOLTE PARA O QUADRO DE ONDE VOCÊ VEIO!

O DRAGÃO SOLTOU OUTRO RUGIDO E TENTOU ATINGI-LOS COM UMA BAFORADA DE FOGO, MAS PEDRO ERA RÁPIDO. ELE PEGOU O PINCEL MÁGICO, QUE HAVIA TRAZIDO CONSIGO, E COMEÇOU A DESENHAR NO AR. RÁPIDO COMO UM RAIO, ELE DESENHOU UMA GAIOLA MÁGICA AO REDOR DO DRAGÃO. ASSIM QUE TERMINOU, A GAIOLA APARECEU E PRENDEU A CRIATURA.

COM CUIDADO, PEDRO E ESTELA LEVARAM O DRAGÃO DE VOLTA PARA O QUARTO. PEDRO PEGOU A TELA MÁGICA E DESENHOU O DRAGÃO NOVAMENTE, DESSA VEZ COM MAIS CALMA E DETALHANDO CADA LINHA. ASSIM QUE TERMINOU, O DRAGÃO FOI PUXADO DE VOLTA PARA O QUADRO, ONDE FICOU QUIETO E IMÓVEL, COMO UMA PINTURA COMUM.

CLARA PEDIU DESCULPAS A PEDRO E A ESTELA.

— EU NÃO DEVERIA TER MEXIDO NO QUADRO SEM VOCÊ. AGORA ENTENDI A QUÃO PODEROSA É ESSA MAGIA.

PEDRO SORRIU.

— TUDO BEM, CLARA. O IMPORTANTE É QUE APRENDEMOS ALGO. E AGORA SABEMOS QUE PRECISAMOS USAR ESSA MAGIA COM RESPONSABILIDADE.

A PARTIR DAQUELE DIA, PEDRO CONTINUOU CRIANDO COISAS LINDAS E ÚTEIS COM O QUADRO, SEMPRE COM CUIDADO E COM ESTELA AO SEU LADO PARA ACONSELHÁ-LO. E, CLARO, CLARA TAMBÉM AJUDAVA, MAS DESSA VEZ COM MAIS PRUDÊNCIA. JUNTOS, ELES TROUXERAM ALEGRIA E CORES À VILA, TORNANDO-A UM LUGAR AINDA MAIS ESPECIAL.

E QUANTO AO DRAGÃO? ELE CONTINUOU NO QUADRO, COMO UM LEMBRETE DE QUE A MAGIA DEVE SER USADA COM SABEDORIA.