NO TRANQUILO VILAREJO DE ALVORADA, ONDE O SOL PARECIA NASCER MAIS CEDO E OS DIAS ERAM SEMPRE PREENCHIDOS POR RISOS DE CRIANÇAS, VIVIA UM MENINO CHAMADO PEDRO. ELE ERA CURIOSO COMO POUCOS E TINHA UM APELIDO ENTRE SEUS AMIGOS: "PEDRO, O DESCOBRIDOR". TUDO O QUE ERA NOVO OU MISTERIOSO, PEDRO QUERIA INVESTIGAR.

CERTO DIA, ENQUANTO EXPLORAVA O SÓTÃO POEIRENTO DA CASA DA VOVÓ AURORA, ELE ENCONTROU ALGO INCRÍVEL: UM CAPACETE ANTIGO, BRILHANTE, COM PEQUENOS DESENHOS GRAVADOS QUE PARECIAM FORMAR ESTRELAS E PLANETAS. ERA COMO SE AQUELE CAPACETE CARREGASSE UM PEDAÇO DO UNIVERSO EM SUA SUPERFÍCIE.

— VOVÓ, DE ONDE VEIO ESSE CAPACETE? — PERGUNTOU PEDRO, OS OLHOS BRILHANDO DE EMPOLGAÇÃO.

AURORA, COM UM SORRISO ENIGMÁTICO, RESPONDEU: — ESSE É O CAPACETE MÁGICO DO DESCOBRIDOR. DIZEM QUE ELE PERTENCEU A UM AVENTUREIRO MUITO CORAJOSO, CAPAZ DE VIAJAR PARA LUGARES QUE NINGUÉM NUNCA IMAGINOU.

PEDRO, ENCANTADO, COLOCOU O CAPACETE NA CABEÇA. ASSIM QUE O FEZ, SENTIU UM LEVE TREMOR, COMO SE UM VENTO INVISÍVEL SOPRASSE AO SEU REDOR. DE REPENTE, UMA VOZ SUAVE, QUASE COMO UM SUSSURRO, ECOOU EM SUA MENTE:

— OLÁ, PEDRO. VOCÊ ESTÁ PRONTO PARA DESCOBRIR O DESCONHECIDO?

ASSUSTADO, MAS TAMBÉM MUITO CURIOSO, PEDRO RESPONDEU: — QUEM É VOCÊ? E COMO SABE MEU NOME?

— EU SOU O ESPÍRITO DO CAPACETE MÁGICO. ESTÁ PREPARADO PARA AVENTURAS?

PEDRO NÃO PENSOU DUAS VEZES: — SEMPRE!

ASSIM QUE DISSE ISSO, O MUNDO AO SEU REDOR MUDOU. AS PAREDES DO SÓTÃO DESAPARECERAM, E PEDRO SE VIU EM UMA VASTA PLANÍCIE DOURADA, ONDE O CHÃO PARECIA FEITO DE AREIA BRILHANTE, E O CÉU ERA PINTADO COM TONS DE ROXO E LARANJA. ELE PERCEBEU QUE SEGURAVA UM PEQUENO MAPA EM SUAS MÃOS, COM UM "X" MARCADO NO CENTRO.

— O QUE É ISSO? ONDE ESTOU? — PERGUNTOU.

— VOCÊ ESTÁ NO MUNDO DOS SEGREDOS PERDIDOS. SUA MISSÃO É ENCONTRAR O TESOURO DA SABEDORIA, ESCONDIDO EM ALGUM LUGAR DESTE MAPA.

PEDRO SENTIU UM MISTO DE EXCITAÇÃO E NERVOSISMO, MAS SABIA QUE PRECISAVA SEGUIR EM FRENTE. COMEÇOU A CAMINHAR, EXPLORANDO AQUELE LUGAR ESTRANHO. O SOL NÃO QUEIMAVA, MAS AQUECIA DE FORMA CONFORTÁVEL. A CADA PASSO, ELE VIA CRIATURAS FANTÁSTICAS: COELHOS COM ASAS DE BORBOLETA, ÁRVORES QUE FALAVAM COM VOZES MUSICAIS E RIOS DE ÁGUA CINTILANTE QUE PARECIAM DANÇAR.

DEPOIS DE ALGUM TEMPO, PEDRO ENCONTROU UMA PONTE GUARDADA POR UMA FIGURA PECULIAR: UM SAPO GIGANTE QUE VESTIA UMA CAPA DE VELUDO VERMELHO E SEGURAVA UM CAJADO.

— QUEM SE APROXIMA DA PONTE DO ENIGMA? — CROCITOU O SAPO.

— SOU PEDRO, O DESCOBRIDOR. ESTOU EM BUSCA DO TESOURO DA SABEDORIA.

— PARA CRUZAR A PONTE, PRECISA RESPONDER AO MEU ENIGMA. CASO ERRE, SERÁ LEVADO PELA CORRENTEZA DO RIO DAS DÚVIDAS.

PEDRO ENGOLIU SECO, MAS ASSENTIU. O SAPO, COM UM BRILHO TRAVESSO NOS OLHOS, DISSE:

— TENHO QUATRO PÉS DE DIA E SEIS PÉS À NOITE. QUEM SOU EU?

PEDRO PENSOU, PENSOU, ATÉ QUE UMA IDEIA SURGIU EM SUA MENTE.

— É O TAMANDUÁ-BANDEIRA! DURANTE O DIA, ELE CAMINHA COM SUAS QUATRO PATAS. DE NOITE, ELE USA AS PATAS DA FRENTE PARA COBRIR O ROSTO, PARECENDO TER SEIS PÉS.

O SAPO SORRIU.

— MUITO BEM, JOVEM DESCOBRIDOR. PODE ATRAVESSAR.

PEDRO CRUZOU A PONTE, SENTINDO-SE MAIS CONFIANTE. O CAPACETE PARECIA BRILHAR MAIS FORTE, COMO SE ESTIVESSE ORGULHOSO DELE.

MAIS À FRENTE, ELE CHEGOU A UMA FLORESTA ONDE TODAS AS ÁRVORES ERAM FEITAS DE CRISTAL. NO MEIO DELAS, HAVIA UMA CABANA ILUMINADA POR UMA LUZ DOURADA. LÁ DENTRO, UMA SENHORA COM LONGOS CABELOS PRATEADOS E OLHOS QUE MUDAVAM DE COR A CADA SEGUNDO O OBSERVAVA ATENTAMENTE.

— BEM-VINDO, PEDRO. ESTAVA ESPERANDO POR VOCÊ. — DISSE ELA.

— ME ESPERANDO? COMO SABE QUEM EU SOU? — PERGUNTOU PEDRO, SURPRESO.

— O CAPACETE TE ESCOLHEU, NÃO FOI? ELE SEMPRE ENCONTRA OS MAIS CORAJOSOS E CURIOSOS.

ELA LHE ENTREGOU UMA PEQUENA CHAVE DOURADA.

— ESTA CHAVE ABRIRÁ O BAÚ ONDE O TESOURO DA SABEDORIA ESTÁ ESCONDIDO. MAS LEMBRE-SE: NEM SEMPRE O QUE PROCURAMOS É O QUE IMAGINAMOS.

PEDRO AGRADECEU E CONTINUOU SUA JORNADA. SEGUINDO O MAPA, CHEGOU À ENTRADA DE UMA CAVERNA ESCURA. A CHAVE EM SUA MÃO COMEÇOU A BRILHAR, ILUMINANDO O CAMINHO.

DENTRO DA CAVERNA, ENCONTROU O BAÚ. ABRIU-O COM A CHAVE, O CORAÇÃO BATENDO ACELERADO. MAS, PARA SUA SURPRESA, NÃO HAVIA MOEDAS DE OURO OU JOIAS. HAVIA APENAS UM ESPELHO.

— UM ESPELHO? ISSO É O TESOURO DA SABEDORIA? — PERGUNTOU.

A VOZ DO CAPACETE RESPONDEU:

— OLHE COM ATENÇÃO.

PEDRO OLHOU NO ESPELHO E VIU NÃO APENAS SEU REFLEXO, MAS TAMBÉM TODAS AS AVENTURAS QUE HAVIA VIVIDO NAQUELE DIA. ELE ENTENDEU QUE A VERDADEIRA SABEDORIA ESTAVA EM APRENDER, EXPLORAR E SUPERAR DESAFIOS.

O MUNDO COMEÇOU A DESAPARECER, E, DE REPENTE, PEDRO ESTAVA DE VOLTA AO SÓTÃO. O CAPACETE ESTAVA EM SUAS MÃOS, AGORA SEM BRILHO.

— OBRIGADO POR ME ENSINAR. — DISSE PEDRO, COLOCANDO O CAPACETE DE VOLTA NO LUGAR.

E ASSIM, PEDRO VOLTOU À SUA ROTINA, MAS COM UMA NOVA LIÇÃO: A DE QUE A MAIOR DESCOBERTA É AQUELA QUE FAZEMOS SOBRE NÓS MESMOS.