HAVIA UMA PEQUENA VILA CHAMADA CAMPOS BRILHANTES, CERCADA POR COLINAS VERDES E UM CÉU QUASE SEMPRE AZUL. NO CENTRO DA VILA, VIVIA UMA GAROTA CHAMADA VIOLETA. SEU NOME ERA INSPIRADO PELAS FLORES VIOLETAS QUE CRESCIAM NO JARDIM DE SUA AVÓ, E ELA PARECIA TÃO DELICADA QUANTO AS PÉTALAS DESSAS FLORES, MAS SEU CORAÇÃO ERA CHEIO DE CURIOSIDADE E CORAGEM.

VIOLETA ERA CONHECIDA POR SUA PAIXÃO POR PLANTAS E PELA HABILIDADE DE FAZER QUALQUER FLOR CRESCER, MESMO NOS CANTOS MAIS SOMBRIOS DO JARDIM. ELA TINHA UM SORRISO BRILHANTE E OLHOS CURIOSOS QUE PARECIAM GUARDAR SEGREDOS, COMO SE ENXERGASSEM O QUE NINGUÉM MAIS CONSEGUIA VER.

UMA MANHÃ ENSOLARADA, ENQUANTO CUIDAVA DO JARDIM DE SUA AVÓ, VIOLETA ENCONTROU UMA SEMENTE DIFERENTE. ERA PEQUENA E BRILHAVA COM UM TOM PÚRPURA. INTRIGADA, ELA PERGUNTOU À AVÓ, DONA LÍDIA, SOBRE A SEMENTE MISTERIOSA.

— ESSA SEMENTE? — DONA LÍDIA OLHOU COM ATENÇÃO. — PARECE SER MÁGICA. DIZEM QUE SEMENTES ASSIM SÓ APARECEM PARA AQUELES QUE TÊM UM GRANDE DESTINO PELA FRENTE.

VIOLETA FICOU PENSATIVA. UM GRANDE DESTINO? ELA RIU, ACHANDO A IDEIA CURIOSA. MESMO ASSIM, PLANTOU A SEMENTE NO CANTO MAIS ENSOLARADO DO JARDIM.

NOS DIAS SEGUINTES, A SEMENTE CRESCEU RAPIDAMENTE, MUITO MAIS RÁPIDO DO QUE QUALQUER PLANTA COMUM. EM UMA SEMANA, TINHA SE TRANSFORMADO EM UMA PLANTA ALTA, COM FOLHAS QUE BRILHAVAM À LUZ DO SOL E UMA ÚNICA FLOR GRANDE E ROXA, COM PÉTALAS QUE PARECIAM FEITAS DE CRISTAL. QUANDO VIOLETA SE APROXIMOU PARA TOCAR A FLOR, ALGO MÁGICO ACONTECEU: A FLOR SE ABRIU, E DE DENTRO DELA SURGIU UMA PEQUENA CRIATURA. PARECIA UMA FADA, COM ASAS TRANSLÚCIDAS E CABELOS DA MESMA COR DA FLOR.

— OBRIGADA POR ME LIBERTAR! — DISSE A PEQUENA FADA COM UMA VOZ DOCE. — EU SOU AMETISTA. ESTOU AQUI PARA TE AJUDAR.

VIOLETA PISCOU, SEM ACREDITAR NO QUE VIA.

— ME AJUDAR? COM O QUÊ? — PERGUNTOU ELA, INCRÉDULA.

— O QUE VOCÊ AINDA NÃO SABE, MAS VAI DESCOBRIR — RESPONDEU AMETISTA COM UM SORRISO MISTERIOSO.

DESDE AQUELE DIA, VIOLETA E AMETISTA SE TORNARAM INSEPARÁVEIS. A FADA TINHA O DOM DE ENTENDER AS PLANTAS E OS ANIMAIS E AJUDAVA VIOLETA A TORNAR O JARDIM AINDA MAIS BELO. MAS, CONFORME OS DIAS PASSAVAM, COISAS ESTRANHAS COMEÇARAM A ACONTECER NA VILA.

PRIMEIRO, OS RIACHOS QUE CORRIAM PELAS COLINAS COMEÇARAM A SECAR. DEPOIS, OS ANIMAIS DA FLORESTA PRÓXIMA COMEÇARAM A DESAPARECER. POR FIM, UMA NÉVOA ESPESSA COMEÇOU A ENVOLVER CAMPOS BRILHANTES TODAS AS NOITES, DEIXANDO OS MORADORES ASSUSTADOS.

— ISSO NÃO É NATURAL — DISSE AMETISTA, FRANZINDO A TESTA ENQUANTO VOAVA EM CÍRCULOS AO REDOR DE VIOLETA. — ALGUÉM ESTÁ MEXENDO COM O EQUILÍBRIO DA NATUREZA.

VIOLETA SENTIU UM FRIO NA ESPINHA. ELA NÃO GOSTAVA DE PROBLEMAS, MAS SABIA QUE ALGO PRECISAVA SER FEITO. NA NOITE SEGUINTE, ELA DECIDIU SEGUIR A NÉVOA ATÉ A FLORESTA, LEVANDO AMETISTA COM ELA.

A FLORESTA ESTAVA SILENCIOSA DEMAIS, COMO SE TODOS OS SONS TIVESSEM SIDO SUGADOS. NO CORAÇÃO DA FLORESTA, VIOLETA ENCONTROU UMA ENORME ÁRVORE MORTA. SUAS RAÍZES ESTAVAM SECAS E SUAS FOLHAS CAÍDAS. AO LADO DA ÁRVORE, UMA FIGURA ENCAPUZADA MEXIA EM UM CALDEIRÃO, MURMURANDO PALAVRAS ESTRANHAS.

— QUEM É VOCÊ? — PERGUNTOU VIOLETA, TENTANDO NÃO DEMONSTRAR MEDO.

A FIGURA SE VIROU, REVELANDO UM ROSTO PÁLIDO E OLHOS SOMBRIOS. ERA UMA BRUXA CHAMADA MELÂNIA, QUE ESTAVA DRENANDO A ENERGIA DA FLORESTA PARA ALIMENTAR SUA MAGIA.

— ORA, UMA GAROTINHA CURIOSA. — MELÂNIA RIU. — NÃO DEVERIA ESTAR AQUI, PEQUENA.

AMETISTA VOOU PARA FRENTE, CORAJOSA.

— VOCÊ ESTÁ DESTRUINDO A NATUREZA! — ACUSOU A FADA. — PARE COM ISSO!

MAS MELÂNIA APENAS RIU NOVAMENTE, LEVANTANDO UMA MÃO PARA LANÇAR UM FEITIÇO. VIOLETA AGARROU UM GALHO CAÍDO E SE COLOCOU ENTRE A BRUXA E AMETISTA.

— NÃO VOU DEIXAR VOCÊ MACHUCAR MINHA AMIGA — DISSE ELA, FIRME.

A BRUXA HESITOU, SURPRESA PELA CORAGEM DA GAROTA.

AMETISTA SUSSURROU ALGO NO OUVIDO DE VIOLETA:

— A FLOR QUE VOCÊ PLANTOU TEM UM PODER ESPECIAL. ELA PODE RESTAURAR A VIDA DA FLORESTA, MAS VOCÊ PRECISA ACREDITAR NA FORÇA QUE EXISTE DENTRO DE VOCÊ.

VIOLETA NÃO TINHA CERTEZA DO QUE AQUILO SIGNIFICAVA, MAS CONFIAVA EM AMETISTA. ELA CORREU DE VOLTA PARA CASA, PEGOU A FLOR ROXA MÁGICA E VOLTOU À FLORESTA. A BRUXA TENTOU IMPEDI-LA COM FEITIÇOS, MAS VIOLETA ERA RÁPIDA E DETERMINADA.

QUANDO CHEGOU À ÁRVORE MORTA, VIOLETA PLANTOU A FLOR MÁGICA AO LADO DELA E COLOCOU AS MÃOS SOBRE O SOLO. ELA FECHOU OS OLHOS E PENSOU EM TODAS AS COISAS QUE AMAVA NA NATUREZA: AS FLORES, OS ANIMAIS, OS RIACHOS E O VENTO NAS ÁRVORES.

DE REPENTE, A FLOR COMEÇOU A BRILHAR INTENSAMENTE. A LUZ SE ESPALHOU POR TODA A FLORESTA, E A ÁRVORE MORTA VOLTOU À VIDA. SUAS RAÍZES CRESCERAM NOVAMENTE, E SUAS FOLHAS FICARAM VERDES E BRILHANTES. A NÉVOA DESAPARECEU, E OS RIACHOS COMEÇARAM A FLUIR NOVAMENTE.

MELÂNIA GRITOU, DERROTADA PELA LUZ DA FLOR E PELA CORAGEM DE VIOLETA. ELA DESAPARECEU NA ESCURIDÃO, DEIXANDO A FLORESTA EM PAZ.

QUANDO VIOLETA VOLTOU PARA A VILA, FOI RECEBIDA COMO UMA HEROÍNA. TODOS FICARAM MARAVILHADOS COM SUA BRAVURA E GRATIDÃO PELA RESTAURAÇÃO DA NATUREZA. O JARDIM DE SUA AVÓ SE TORNOU AINDA MAIS ESPECIAL, POIS A FLOR MÁGICA CONTINUAVA A CRESCER, PROTEGENDO A VILA DE FUTUROS PERIGOS.

AMETISTA FICOU COM VIOLETA, PROMETENDO AJUDÁ-LA EM TODAS AS SUAS AVENTURAS. E VIOLETA, EMBORA AINDA FOSSE A MESMA GAROTA CURIOSA E APAIXONADA POR FLORES, SABIA QUE HAVIA ALGO ESPECIAL DENTRO DELA: A CORAGEM DE ENFRENTAR QUALQUER DESAFIO PARA PROTEGER O QUE AMAVA.

E ASSIM, A PEQUENA VILA DE CAMPOS BRILHANTES PROSPEROU, SEMPRE GUARDANDO A HISTÓRIA DA GAROTA QUE TROUXE A MAGIA DE VOLTA À NATUREZA.