ERA UMA VEZ, EM UM VILAREJO DISTANTE, UM CASTELO ANTIGO E MISTERIOSO. ESTE CASTELO ESTAVA LOCALIZADO NO TOPO DE UMA COLINA, RODEADO POR UMA DENSA FLORESTA, ONDE OS PÁSSAROS CANTAVAM, AS ÁRVORES BALANÇAVAM SUAVEMENTE AO VENTO E O SOL SE ESCONDIA ATRÁS DAS NUVENS COMO SE ESTIVESSE BRINCANDO DE ESCONDE-ESCONDE COM AS CRIANÇAS. O CASTELO TINHA ALGO DE MÁGICO, MAS NINGUÉM SABIA O QUE EXATAMENTE FAZIA DELE UM LUGAR TÃO ESPECIAL. TUDO O QUE AS PESSOAS DO VILAREJO SABIAM ERA QUE O CASTELO NUNCA PARECIA SUJO, ESTAVA SEMPRE BRILHANDO, COMO SE ALGUÉM ESTIVESSE CUIDANDO DELE, MESMO QUANDO NINGUÉM O VIA.

ENTRE OS MORADORES DA VILA, HAVIA UMA MENINA CHAMADA LÍVIA, QUE, APESAR DE JOVEM, ERA MUITO CURIOSA. DESDE QUE ERA PEQUENA, ELA OUVIA HISTÓRIAS SOBRE O CASTELO DE SEUS AVÓS, MAS SEMPRE HAVIA ALGO MISTERIOSO NESSAS HISTÓRIAS, ALGO QUE ELA NÃO CONSEGUIA ENTENDER COMPLETAMENTE. A CADA ANO, LÍVIA FICAVA MAIS FASCINADA POR AQUELE CASTELO DISTANTE E SEUS SEGREDOS.

UM DIA, LÍVIA DECIDIU QUE IRIA DESVENDAR O MISTÉRIO DO CASTELO. ELA SABIA QUE SERIA UMA AVENTURA PERIGOSA, MAS SUA CORAGEM ERA MAIOR DO QUE QUALQUER MEDO. PREPAROU UMA MOCHILA COM UMA GARRAFA DE ÁGUA, ALGUMAS MAÇÃS, E UM COBERTOR, E SAIU DE CASA BEM CEDO, ANTES QUE O SOL SURGISSE.

A JORNADA ATÉ O CASTELO FOI LONGA. ELA ATRAVESSOU CAMPOS VERDES, PULOU PEQUENOS RIACHOS, ESCALOU MONTANHAS E ENFRENTOU VENTOS FORTES. MAS FINALMENTE, DEPOIS DE UM DIA INTEIRO DE CAMINHADA, LÍVIA CHEGOU AO CASTELO. PARA SUA SURPRESA, O PORTÃO ESTAVA ABERTO. ELA HESITOU POR UM MOMENTO, MAS ENTÃO, COM UM SUSPIRO DE DETERMINAÇÃO, ATRAVESSOU O PORTÃO.

DENTRO DO CASTELO, O AMBIENTE ERA SILENCIOSO, MAS ACOLHEDOR. HAVIA TAPEÇARIAS NAS PAREDES E CANDELABROS DOURADOS QUE ILUMINAVAM SUAVEMENTE O LUGAR. LÍVIA SE SENTIU COMO SE TIVESSE ENTRADO EM UM OUTRO MUNDO. MAS O QUE MAIS LHE CHAMOU A ATENÇÃO FOI A GRANDE QUANTIDADE DE POEIRA QUE COBRIA O CHÃO E AS MOBÍLIAS. ALGO NÃO ESTAVA CERTO.

ELA COMEÇOU A ANDAR PELAS IMENSAS SALAS DO CASTELO, E LOGO PERCEBEU QUE HAVIA ALGO PECULIAR. O CASTELO, EMBORA BRILHASSE COMO SE TIVESSE SIDO LIMPO, PARECIA TER CAMADAS DE POEIRA ESPALHADAS POR TODOS OS LADOS. ISSO A CONFUNDIU, PORQUE ELA SEMPRE OUVIRA DIZER QUE O CASTELO ESTAVA SEMPRE IMPECÁVEL. ERA COMO SE ALGUÉM ESTIVESSE ESFREGANDO TUDO PARA DEIXAR O LUGAR BRILHANDO, MAS AO MESMO TEMPO DEIXANDO UM RESQUÍCIO DE SUJEIRA.

LÍVIA SABIA QUE NÃO PODERIA DEIXAR DE INVESTIGAR. ELA SE APROXIMOU DE UMA GRANDE ESCADA DE MÁRMORE QUE LEVAVA ATÉ O ANDAR SUPERIOR DO CASTELO. CADA DEGRAU RANGIA SOB SEUS PÉS, COMO SE O CASTELO ESTIVESSE FALANDO COM ELA. QUANDO ELA CHEGOU AO TOPO, ENCONTROU UMA PORTA DE MADEIRA ESCURA, ORNAMENTADA COM DELICADOS DESENHOS DE FLORES E ESTRELAS.

ELA EMPURROU A PORTA E ENTROU EM UM QUARTO ILUMINADO APENAS PELA LUZ SUAVE DA LUA QUE ENTRAVA POR UMA JANELA GRANDE. MAS, AO OLHAR PARA O CENTRO DO QUARTO, LÍVIA SE SURPREENDEU. NO MEIO DO CÔMODO, HAVIA UM ENORME BALDE, E DENTRO DELE, UMA VASSOURA VELHA E ESFREGÃO. LÍVIA SE APROXIMOU E OLHOU PARA OS OBJETOS COM CURIOSIDADE. QUEM ESTARIA ESFREGANDO O CASTELO O TEMPO TODO?

DE REPENTE, UMA VOZ SUAVE E QUASE IMPERCEPTÍVEL FALOU DE TRÁS DELA: “VOCÊ ENCONTROU MEU SEGREDO.”

LÍVIA SE VIROU RAPIDAMENTE E VIU UMA MULHER IDOSA, DE CABELOS BRANCOS E UMA EXPRESSÃO GENTIL. ELA VESTIA UM VESTIDO SIMPLES E, NAS MÃOS, SEGURAVA UM PANO DE PRATO. “EU SOU A GUARDIÃ DO CASTELO”, EXPLICOU A MULHER. “MEU TRABALHO É CUIDAR DESTE LUGAR E MANTÊ-LO BRILHANDO, COMO VOCÊ VIU. MAS HÁ ALGO QUE TALVEZ VOCÊ NÃO SAIBA.”

A GUARDIÃ FEZ UMA PAUSA E OLHOU PARA A VASSOURA E O ESFREGÃO. “ESTAS FERRAMENTAS NÃO SÃO APENAS PARA LIMPAR A SUJEIRA. ELAS TÊM UMA MISSÃO MUITO MAIS IMPORTANTE. ELAS SÃO USADAS PARA ESFREGAR A POEIRA DAS LEMBRANÇAS.”

LÍVIA FRANZIU A TESTA, NÃO ENTENDENDO COMPLETAMENTE. “ESFREGAR A POEIRA DAS LEMBRANÇAS? O QUE ISSO SIGNIFICA?”

A GUARDIÃ SORRIU E SE SENTOU EM UMA CADEIRA PERTO DA JANELA. “O CASTELO GUARDA MUITAS HISTÓRIAS E MEMÓRIAS. E ALGUMAS DESSAS MEMÓRIAS SÃO TÃO INTENSAS QUE PODEM DEIXAR MARCAS. ESTAS MARCAS SÃO COMO POEIRA. E É MINHA TAREFA ESFREGÁ-LAS, PARA QUE AS LEMBRANÇAS PERMANEÇAM VIVAS, MAS SEM QUE AS MARCAS DEIXEM SOMBRAS NO LUGAR DELAS.”

LÍVIA OLHOU PARA OS OBJETOS AO REDOR. CADA UM PARECIA CARREGAR UMA HISTÓRIA. UM ESPELHO ANTIGO, UMA CADEIRA DE BALANÇO, UMA MESA DE MADEIRA — TUDO PARECIA CARREGAR UM SEGREDO. A GUARDIÃ LEVANTOU-SE E CAMINHOU ATÉ A VASSOURA E O ESFREGÃO. ELA ENTÃO DEMONSTROU COMO USAVA O ESFREGÃO, PASSANDO-O SUAVEMENTE SOBRE AS SUPERFÍCIES DE MADEIRA. “QUANDO ESFREGO, ESTOU LIMPANDO AS MEMÓRIAS ANTIGAS, FAZENDO COM QUE ELAS BRILHEM NOVAMENTE.”

LÍVIA SE APROXIMOU E PERGUNTOU: “POSSO AJUDAR?”

A GUARDIÃ OLHOU PARA A MENINA COM UM SORRISO ACOLHEDOR. “VOCÊ TEM A CORAGEM E O CORAÇÃO PURO PARA ISSO, ENTÃO, SIM, VOCÊ PODE AJUDAR. HOJE, VOCÊ VAI APRENDER A ESFREGAR AS MEMÓRIAS. VAMOS JUNTOS FAZER O CASTELO BRILHAR AINDA MAIS.”

E ASSIM, LÍVIA PASSOU O RESTO DA NOITE AJUDANDO A GUARDIÃ. ELA APRENDEU A TÉCNICA ESPECIAL DE ESFREGAR, QUE NÃO ERA SÓ UMA TAREFA DE LIMPEZA, MAS UM RITUAL MÁGICO PARA PRESERVAR E MANTER AS BOAS LEMBRANÇAS DO CASTELO. JUNTAS, ELAS ESFREGARAM O SALÃO DE BAILE, A BIBLIOTECA E ATÉ OS CORREDORES SOMBRIOS DO CASTELO, ONDE AS MEMÓRIAS MAIS ANTIGAS ESTAVAM GUARDADAS.

AO AMANHECER, O CASTELO ESTAVA MAIS BRILHANTE DO QUE NUNCA. AS PAREDES ESTAVAM TÃO LIMPAS QUE PARECIAM REFLETIR A LUZ DO SOL COMO ESPELHOS, E O CHEIRO DA MADEIRA RECÉM-LIMPA ERA AGRADÁVEL NO AR. MAS LÍVIA SABIA QUE O BRILHO NÃO VINHA SÓ DA LIMPEZA FÍSICA. ELE VINHA DAS BOAS MEMÓRIAS QUE O CASTELO GUARDAVA E DAS HISTÓRIAS QUE HAVIAM SIDO PROTEGIDAS COM TANTO CARINHO.

A GUARDIÃ SORRIU PARA LÍVIA E DISSE: “AGORA VOCÊ ENTENDE O SEGREDO DO CASTELO. NÃO SE TRATA APENAS DE MANTER O LUGAR LIMPO, MAS DE PROTEGER AS MEMÓRIAS, AS HISTÓRIAS QUE NOS TORNAM QUEM SOMOS.”

LÍVIA CONCORDOU, MARAVILHADA COM A EXPERIÊNCIA QUE ACABARA DE VIVER. ELA NUNCA MAIS VERIA O CASTELO DA MESMA FORMA. SABIA QUE, SEMPRE QUE OLHASSE PARA AQUELE CASTELO BRILHANTE, PODERIA VER NÃO APENAS A LIMPEZA, MAS A MAGIA DAS MEMÓRIAS PRESERVADAS.

QUANDO VOLTOU PARA O VILAREJO, LÍVIA CONTOU AOS OUTROS SOBRE SUA AVENTURA. MAS, CURIOSAMENTE, NINGUÉM MAIS PARECIA PERCEBER O BRILHO DO CASTELO DA MESMA MANEIRA QUE ELA. PARA TODOS OS OUTROS, O CASTELO ERA APENAS UM CASTELO ANTIGO, SEM NADA DE EXTRAORDINÁRIO. SÓ LÍVIA SABIA DO SEGREDO QUE ELE GUARDAVA.

E ASSIM, TODAS AS NOITES, QUANDO A LUA ILUMINAVA O CASTELO NO TOPO DA COLINA, LÍVIA SE LEMBRAVA DA GUARDIÃ E DAS MEMÓRIAS QUE HAVIAM SIDO ESFREGADAS COM TANTO CARINHO. ELA SABIA QUE, UM DIA, TALVEZ ELA MESMA FOSSE CHAMADA PARA SER A NOVA GUARDIÃ DO CASTELO, MAS, POR ENQUANTO, ESTAVA FELIZ EM SABER QUE O CASTELO CONTINUARIA BRILHANDO POR MUITO TEMPO, PROTEGENDO AS HISTÓRIAS E AS LEMBRANÇAS DE TODOS QUE O AMASSEM.

E O CASTELO NUNCA MAIS DEIXOU DE BRILHAR, POIS, EM ALGUM LUGAR ENTRE OS MUROS DE PEDRA, AS MEMÓRIAS CONTINUAVAM SENDO CUIDADAS E ESFREGADAS, PARA SEMPRE.