NUM VILAREJO À BEIRA DE UM LAGO CRISTALINO, HAVIA UMA PRAINHA ENCANTADORA CERCADA POR GRANDES ÁRVORES E FLORES COLORIDAS. LÁ, VIVIAM OS IRMÃOS PEDRO E LUÍSA, DUAS CRIANÇAS CHEIAS DE IMAGINAÇÃO QUE PASSAVAM OS DIAS EXPLORANDO O BOSQUE E INVENTANDO HISTÓRIAS FANTÁSTICAS. MAS O LUGAR MAIS ESPECIAL PARA ELES ERA A PRAINHA DAS ESPREGUIÇADEIRAS, UM LOCAL MÁGICO ONDE VELHAS CADEIRAS DE PRAIA ESTAVAM DISPOSTAS SOB A SOMBRA DAS ÁRVORES.

AS ESPREGUIÇADEIRAS ERAM DIFERENTES DE QUALQUER OUTRA: ERAM FEITAS DE MADEIRA ESCURA E BRILHANTE, COM TECIDOS COLORIDOS QUE PARECIAM MUDAR DE TOM COM A LUZ DO SOL. NINGUÉM SABIA AO CERTO QUEM HAVIA DEIXADO AQUELAS ESPREGUIÇADEIRAS LÁ. A ÚNICA COISA QUE TODOS SABIAM É QUE ELAS ESTAVAM SEMPRE NO MESMO LUGAR, ALINHADAS EM FILA, COMO SE ESPERASSEM ALGUÉM.

PEDRO E LUÍSA ADORAVAM DEITAR-SE NELAS DEPOIS DE CORRER E BRINCAR. CERTA MANHÃ, AO CHEGAREM NA PRAINHA, NOTARAM ALGO ESTRANHO. AS ESPREGUIÇADEIRAS ESTAVAM VIRADAS PARA O LAGO, COMO SE ESTIVESSEM OLHANDO PARA O HORIZONTE. ISSO NUNCA TINHA ACONTECIDO ANTES.

— SERÁ QUE O VENTO FEZ ISSO? — PERGUNTOU PEDRO, COÇANDO A CABEÇA.

— NÃO TEM VENTO HOJE, PEDRO. ACHO QUE TEM ALGO DIFERENTE ACONTECENDO! — RESPONDEU LUÍSA, COM OS OLHOS BRILHANDO DE CURIOSIDADE.

OS DOIS SE APROXIMARAM E PERCEBERAM QUE UMA DAS ESPREGUIÇADEIRAS TINHA UMA ALMOFADA DOURADA. ERA A ÚNICA COM ALGO DIFERENTE. PEDRO, SEM PENSAR MUITO, DEITOU-SE NELA.

ASSIM QUE ELE ENCOSTOU A CABEÇA, ALGO INCRÍVEL ACONTECEU: A ALMOFADA COMEÇOU A BRILHAR, E AS ESPREGUIÇADEIRAS AO REDOR COMEÇARAM A BALANÇAR LEVEMENTE, COMO SE ESTIVESSEM RINDO DE ALEGRIA. DE REPENTE, PEDRO E LUÍSA SENTIRAM O CHÃO DESAPARECER SOB SEUS PÉS, E TUDO FICOU ESCURO.

O REINO DAS ESPREGUIÇADEIRAS VIAJANTES

QUANDO ABRIRAM OS OLHOS, ESTAVAM EM UM LUGAR COMPLETAMENTE DIFERENTE. O LAGO AINDA ESTAVA LÁ, MAS A ÁGUA BRILHAVA COMO SE FOSSE FEITA DE ESTRELAS LÍQUIDAS. ÁRVORES FALANTES COM FOLHAS DE CRISTAL DANÇAVAM AO SOM DE UMA MÚSICA SUAVE QUE VINHA DO CÉU.

— ONDE ESTAMOS? — PERGUNTOU LUÍSA, ENCANTADA.

UMA ESPREGUIÇADEIRA DOURADA, AINDA MAIS BRILHANTE QUE A ALMOFADA, APROXIMOU-SE FLUTUANDO. ELA TINHA BRAÇOS E PERNAS DE MADEIRA QUE SE MOVIAM COMO SE FOSSE UM SER VIVO. QUANDO FALOU, SUA VOZ ERA GRAVE, MAS AMIGÁVEL:

— BEM-VINDOS AO REINO DAS ESPREGUIÇADEIRAS VIAJANTES! MEU NOME É BALDRINA, E SOU A GUARDIÃ DESTE LUGAR.

PEDRO E LUÍSA NÃO ACREDITAVAM NO QUE VIAM. BALDRINA EXPLICOU QUE O REINO ERA UMA DIMENSÃO MÁGICA, ACESSÍVEL APENAS POR CRIANÇAS COM CORAÇÃO PURO E GRANDE IMAGINAÇÃO. AS ESPREGUIÇADEIRAS ERAM PORTAIS PARA DIFERENTES AVENTURAS E, NAQUELE DIA, ELAS ESCOLHERAM PEDRO E LUÍSA PARA UMA MISSÃO ESPECIAL.

— PRECISAMOS DA AJUDA DE VOCÊS — DISSE BALDRINA. — O NOSSO MUNDO ESTÁ EM PERIGO. O SENHOR DAS SOMBRAS, UM VELHO INIMIGO, ROUBOU O CRISTAL DO DESCANSO, QUE NOS DÁ ENERGIA PARA VIAJAR ENTRE OS MUNDOS. SEM ELE, TODAS AS ESPREGUIÇADEIRAS PERDERÃO SUA MAGIA.

A JORNADA PELO CRISTAL DO DESCANSO

BALDRINA ENTREGOU A PEDRO E LUÍSA UMA BÚSSOLA QUE BRILHAVA SEMPRE QUE APONTAVA NA DIREÇÃO CERTA. TAMBÉM LHES DEU UM CONSELHO IMPORTANTE:

— LEMBREM-SE, A CHAVE PARA ENCONTRAR O CRISTAL ESTÁ EM USAR A IMAGINAÇÃO. SÓ ASSIM VOCÊS CONSEGUIRÃO SUPERAR OS DESAFIOS.

OS IRMÃOS EMBARCARAM EM UMA ESPREGUIÇADEIRA QUE COMEÇOU A FLUTUAR PELO AR. A VIAGEM FOI INCRÍVEL: PASSARAM POR CÉUS COLORIDOS, CAMPOS DE ALGODÃO-DOCE E UM ARCO-ÍRIS QUE PARECIA NÃO TER FIM. FINALMENTE, A BÚSSOLA OS LEVOU A UM DESERTO CHEIO DE DUNAS DOURADAS.

NO MEIO DO DESERTO, ENCONTRARAM UM GRANDE CARROSSEL PARADO. CADA CAVALO PARECIA FEITO DE VIDRO, E NO CENTRO HAVIA UMA SOMBRA MISTERIOSA QUE GIRAVA LENTAMENTE.

— ESSE DEVE SER O ESCONDERIJO DO SENHOR DAS SOMBRAS! — DISSE PEDRO, TENTANDO PARECER CORAJOSO.

OS IRMÃOS DESCERAM DA ESPREGUIÇADEIRA E SE APROXIMARAM COM CUIDADO. A SOMBRA NO CARROSSEL COMEÇOU A TOMAR FORMA, TRANSFORMANDO-SE EM UM HOMEM ALTO COM OLHOS COMO POÇOS ESCUROS.

— QUEM OUSA ENTRAR NO MEU TERRITÓRIO? — PERGUNTOU O SENHOR DAS SOMBRAS COM UMA VOZ QUE PARECIA UM TROVÃO DISTANTE.

— SOMOS PEDRO E LUÍSA, E VIEMOS RECUPERAR O CRISTAL DO DESCANSO! — RESPONDEU LUÍSA COM FIRMEZA.

O SENHOR DAS SOMBRAS RIU, MAS LOGO PAROU AO PERCEBER QUE OS IRMÃOS NÃO ESTAVAM COM MEDO. ELE PROPÔS UM DESAFIO: SE CONSEGUISSEM RESOLVER TRÊS ENIGMAS, ELE DEVOLVERIA O CRISTAL. CASO CONTRÁRIO, FICARIAM PRESOS ALI PARA SEMPRE.

OS TRÊS ENIGMAS

PRIMEIRO ENIGMA:
O SENHOR DAS SOMBRAS PERGUNTOU:
— O QUE SEMPRE CORRE, MAS NUNCA TEM PERNAS?

PEDRO PENSOU POR UM MOMENTO E RESPONDEU:
— UM RIO!

A SOMBRA FICOU IMPRESSIONADA E PASSOU AO PRÓXIMO ENIGMA.

SEGUNDO ENIGMA:
— O QUE PODE SER QUEBRADO, MAS NUNCA É TOCADO?

DESSA VEZ, LUÍSA RESPONDEU:
— UMA PROMESSA!

O SENHOR DAS SOMBRAS FICOU AINDA MAIS SURPRESO, MAS LANÇOU O TERCEIRO E ÚLTIMO ENIGMA.

TERCEIRO ENIGMA:
— SOU INVISÍVEL, MAS FAÇO AS FOLHAS DANÇAREM. SOU OUVIDO, MAS NUNCA VISTO. O QUE SOU?

OS IRMÃOS SORRIRAM E RESPONDERAM JUNTOS:
— O VENTO!

A SOMBRA RUGIU DE RAIVA, MAS NÃO TEVE ESCOLHA. DE UMA DE SUAS MÃOS, SURGIU O CRISTAL DO DESCANSO, BRILHANDO COMO UMA PEQUENA ESTRELA. ELE ENTREGOU O CRISTAL A PEDRO E LUÍSA, E, ASSIM QUE O TOCARAM, FORAM TRANSPORTADOS DE VOLTA AO REINO DAS ESPREGUIÇADEIRAS.

O RETORNO AO LAR

COM O CRISTAL DO DESCANSO RESTAURADO, O REINO DAS ESPREGUIÇADEIRAS VOLTOU A BRILHAR. BALDRINA AGRADECEU AOS IRMÃOS, QUE FORAM TRATADOS COMO HERÓIS. ANTES DE VOLTAREM PARA CASA, ELA LHES DEU UM PRESENTE ESPECIAL: UMA PEQUENA ESPREGUIÇADEIRA EM MINIATURA QUE BRILHAVA À LUZ DO SOL.

DE VOLTA À PRAINHA, PEDRO E LUÍSA OLHARAM PARA AS ESPREGUIÇADEIRAS ALINHADAS E PROMETERAM NUNCA ESQUECER A AVENTURA MÁGICA QUE VIVERAM. ELES SABIAM QUE SEMPRE QUE QUISESSEM, BASTAVA USAR A IMAGINAÇÃO PARA VIAJAR NOVAMENTE.

E ASSIM, O MISTÉRIO DAS ESPREGUIÇADEIRAS MÁGICAS CONTINUOU A ENCANTAR O VILAREJO, ESPERANDO PELAS PRÓXIMAS CRIANÇAS CURIOSAS QUE PUDESSEM DESVENDAR SEUS SEGREDOS.