Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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ERA UMA VEZ, NA PEQUENA CIDADE DE NEVÁLIA, UM LUGAR ONDE O INVERNO DURAVA QUASE O ANO TODO E A NEVE COBRIA AS CASAS E AS RUAS COMO UM COBERTOR FOFINHO E BRANCO. AS CRIANÇAS ADORAVAM CONSTRUIR BONECOS DE NEVE, E O MAIS FAMOSO DELES ERA O BONECO DE NEVE NICOLAU.

NICOLAU NÃO ERA UM BONECO QUALQUER. ELE TINHA UMA CARTOLA PRETA, UM CACHECOL VERMELHO QUENTINHO E OLHOS FEITOS DE BOTÕES BRILHANTES QUE PARECIAM ENXERGAR TUDO AO REDOR. MAS O QUE O TORNAVA ESPECIAL ERA O SEU CORAÇÃO DE CRISTAL MÁGICO. DIZIAM QUE, UMA VEZ POR ANO, NA VÉSPERA DE NATAL, NICOLAU GANHAVA VIDA PARA REALIZAR UM DESEJO ESPECIAL.

NAQUELA VÉSPERA DE NATAL, AS CRIANÇAS ESTAVAM ANIMADAS. ELAS CORRIAM PELAS RUAS, PREPARANDO OS ÚLTIMOS ENFEITES E CANTANDO MÚSICAS NATALINAS. NICOLAU OBSERVAVA TUDO SILENCIOSAMENTE DE SEU LUGAR NO MEIO DA PRAÇA, TORCENDO PARA QUE ALGUÉM PRECISASSE DELE.

MAS ALGO DIFERENTE ACONTECEU NAQUELE NATAL. ENQUANTO AS FAMÍLIAS TROCAVAM PRESENTES E ABRAÇOS, UMA MENINA CHAMADA CLARA CAMINHAVA SOZINHA PELA PRAÇA. ELA ERA NOVA NA CIDADE E NÃO CONHECIA NINGUÉM. CLARA SEGURAVA UM PEQUENO EMBRULHO NAS MÃOS — UM PRESENTE QUE ELA MESMA TINHA FEITO PARA SEU AVÔ, QUE MORAVA MUITO LONGE E NÃO PÔDE VISITÁ-LA NAQUELE ANO.

DE REPENTE, UMA RAJADA DE VENTO SOPROU FORTE E LEVOU O EMBRULHO PARA LONGE, FAZENDO-O CAIR BEM AO LADO DO BONECO DE NEVE NICOLAU. CLARA CORREU ATÉ ELE, MAS AO PERCEBER QUE O PRESENTE ESTAVA FORA DE ALCANCE, SENTOU-SE NA NEVE E COMEÇOU A CHORAR BAIXINHO.

— POR QUE ESTÁ CHORANDO, MENINA? — PERGUNTOU UMA VOZ SUAVE.

CLARA OLHOU AO REDOR, SURPRESA. NÃO HAVIA NINGUÉM... A NÃO SER O BONECO DE NEVE NICOLAU.

— VOCÊ... VOCÊ FALOU? — PERGUNTOU CLARA, ESFREGANDO OS OLHOS.

— SIM, EU SOU NICOLAU. E ESTOU AQUI PARA AJUDAR! — RESPONDEU ELE, PISCANDO UM DOS BOTÕES DOS OLHOS. — O QUE ACONTECEU?

CLARA EXPLICOU SOBRE O PRESENTE QUE TINHA PREPARADO COM TANTO CARINHO PARA O AVÔ E QUE AGORA ESTAVA PERDIDO. NICOLAU OUVIU COM ATENÇÃO E, COM UM SORRISO, DISSE:

— NÃO SE PREOCUPE. VAMOS ENCONTRÁ-LO.

COM UM MOVIMENTO MÁGICO DAS MÃOS DE GRAVETOS, NICOLAU CHAMOU OS FLOCOS DE NEVE AO SEU REDOR. ELES FORMARAM UM PEQUENO REDEMOINHO QUE SEGUIU O RASTRO DO PRESENTE PERDIDO. CLARA OLHOU ENCANTADA ENQUANTO OS FLOCOS DE NEVE DANÇAVAM PELO AR ATÉ ENCONTRAREM O EMBRULHO PRESO EM UM GALHO DE ÁRVORE.

— AÍ ESTÁ! — DISSE NICOLAU. — AGORA, O NATAL ESTÁ SALVO.

CLARA PEGOU O PRESENTE COM CUIDADO E ABRAÇOU O BONECO DE NEVE.

— OBRIGADA, NICOLAU! VOCÊ É O MELHOR AMIGO QUE ALGUÉM PODERIA TER.

— SEMPRE ESTAREI AQUI, CLARA — DISSE ELE, SORRINDO. — E LEMBRE-SE: O NATAL É FEITO DE MOMENTOS COMO ESTE. NÃO IMPORTA SE O PRESENTE É PEQUENO, O QUE IMPORTA É O AMOR QUE COLOCAMOS NELE.

NAQUELA NOITE, CLARA VOLTOU PARA CASA COM O CORAÇÃO AQUECIDO, E NICOLAU FICOU NA PRAÇA, OBSERVANDO AS ESTRELAS BRILHAREM NO CÉU.

E DIZEM QUE, DESDE AQUELE NATAL, NICOLAU CONTINUA POR LÁ, ESPERANDO O MOMENTO CERTO PARA TRAZER MAGIA E ALEGRIA A QUEM PRECISAR.

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 29/11/2024
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