Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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ERA UMA VEZ UMA MENINA CHAMADA CATARINA, QUE VIVIA EM UMA PEQUENA VILA CERCADA POR MONTANHAS VERDES E CAMPOS CHEIOS DE FLORES COLORIDAS. CATARINA ERA CURIOSA E SONHADORA; ADORAVA CORRER PELO CAMPO E OBSERVAR AS BORBOLETAS DANÇANDO AO VENTO. ELA ACHAVA QUE AS BORBOLETAS ERAM MÁGICAS, TÃO LEVES E LIVRES, COMO SE ESTIVESSEM SEMPRE BRINCANDO COM A BRISA.

 

CERTO DIA, ENQUANTO ESTAVA SENTADA SOB UMA ÁRVORE FRONDOSA, CATARINA VIU UMA BORBOLETA DOURADA POUSAR DELICADAMENTE EM UMA FLOR VERMELHA. O VENTO SOPRAVA SUAVE, MAS FORTE O SUFICIENTE PARA BALANÇAR A FLOR. CATARINA OUVIU UM SUSSURRO, COMO SE O VENTO FALASSE.

 

— SEGURA-TE, BORBOLETA, NA PÉTALA DA FLOR.

 

CATARINA ARREGALOU OS OLHOS. SERÁ QUE O VENTO PODIA FALAR? OU SERIA A FLOR? OU TALVEZ... A PRÓPRIA BORBOLETA?

CURIOSA, APROXIMOU-SE DEVAGAR E, PARA SUA SURPRESA, A BORBOLETA COMEÇOU A FALAR.

 

— OLÁ, CATARINA. EU SOU LILA, A BORBOLETA. VOCÊ JÁ PAROU PARA PENSAR COMO É O MUNDO VISTO DE ASAS TÃO PEQUENAS?

 

— VOCÊ PODE FALAR? — PERGUNTOU CATARINA, SURPRESA, MAS NÃO COM MEDO.

 

— CLARO QUE POSSO! E VOCÊ TAMBÉM PODE OUVIR, SE ABRIR SEU CORAÇÃO.

 

CATARINA SE SENTOU PERTO DA FLOR E OUVIU LILA CONTAR SOBRE SUA VIDA. ELA FALOU DE COMO COMEÇOU COMO UMA LAGARTA PEQUENA E DESAJEITADA, E COMO PRECISOU ENFRENTAR UM TEMPO DE ESCURIDÃO NO CASULO.

 

— FOI ASSUSTADOR, CATARINA. MAS EU SABIA QUE, PARA SER LIVRE, PRECISAVA TER CORAGEM E MUDAR. A TRANSFORMAÇÃO É DIFÍCIL, MAS É O ÚNICO CAMINHO PARA VOAR.

 

CATARINA PENSOU NAQUILO. ÀS VEZES, ELA SE SENTIA COMO UMA LAGARTA — PEQUENA, PRESA NOS SEUS MEDOS E DÚVIDAS. ELA QUERIA SER TÃO CORAJOSA QUANTO LILA.

 

ENTÃO A FLOR, QUE ATÉ ENTÃO ESTAVA QUIETA, ENTROU NA CONVERSA:

 

— SABEM, O VENTO ME BALANÇA TODOS OS DIAS, MAS EU NÃO TENHO MEDO. MINHAS RAÍZES SÃO FORTES, E EU SEI QUE ESTOU AQUI PARA OFERECER APOIO. AS BORBOLETAS VÊM ATÉ MIM PARA DESCANSAR, E ISSO ME ENCHE DE ALEGRIA. TODOS NÓS ENFRENTAMOS DESAFIOS, MAS É IMPORTANTE SABER ONDE ENCONTRAR FORÇA.

 

CATARINA SORRIU E OLHOU PARA A BORBOLETA E PARA A FLOR. PERCEBEU QUE ELAS ESTAVAM LHE ENSINANDO ALGO PRECIOSO: A BORBOLETA MOSTROU QUE MUDAR PODE SER ASSUSTADOR, MAS NECESSÁRIO PARA CRESCER; E A FLOR, QUE MESMO SENDO FRÁGIL, ERA FORTE PORQUE SABIA ONDE ESTAVA FIRMADA.

 

NAQUELE DIA, CATARINA DECIDIU QUE ENFRENTARIA SEUS PRÓPRIOS MEDOS E DÚVIDAS, ASSIM COMO A BORBOLETA ENFRENTOU O CASULO. ELA SABIA QUE TERIA DIAS DIFÍCEIS, MAS TAMBÉM SABIA QUE SEMPRE PODERIA ENCONTRAR APOIO NAS COISAS SIMPLES E BELAS DA VIDA — COMO A FLOR ENCONTRA SUA FORÇA NA TERRA.

 

QUANDO O SOL COMEÇOU A SE PÔR, LILA ABRIU SUAS ASAS E VOOU AO VENTO, GRITANDO:

 

— LEMBRE-SE, CATARINA: TER CORAGEM É COMO SEGURAR-SE NA PÉTALA DE UMA FLOR ENQUANTO O VENTO SOPRA. UM DIA, VOCÊ TAMBÉM VOARÁ!

 

E ASSIM, CATARINA VOLTOU PARA CASA COM O CORAÇÃO LEVE E CHEIO DE SONHOS, PRONTA PARA SUA PRÓPRIA METAMORFOSE.

 

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 21/11/2024
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