Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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HOUVE UM TEMPO EM QUE MINHA JANELA SE ABRIA PARA UMA CIDADE QUE PARECIA SER FEITA DE GIZ. BRANCA, SECA, E CHEIA DE POEIRA, ERA UMA CIDADE QUE PARECIA NUNCA SORRIR. PERTO DA MINHA JANELA HAVIA UM PEQUENO JARDIM QUASE SECO. ERA UM PEDAÇO DE TERRA DURA, COM FOLHAS AMARELADAS E FLORES QUE MAL RESPIRAVAM. 

 

ERA UMA ÉPOCA DE ESTIAGEM, DE TERRA ESFARELADA, E O JARDIM PARECIA MORTO. MAS, TODAS AS MANHÃS, ANTES MESMO DE O SOL ACORDAR POR COMPLETO, VINHA UM SENHOR COM UM BALDE E, EM SILÊNCIO, IA ATIRANDO COM A MÃO UMAS GOTAS DE ÁGUA SOBRE AS PLANTAS. 

 

EU O OBSERVAVA, CURIOSA. SEU ROSTO ERA TÃO MARCADO QUANTO O CHÃO SECO, MAS HAVIA ALGO EM SEUS OLHOS: UMA PACIÊNCIA INFINITA. PARECIA ACREDITAR QUE AQUELE JARDIM, TÃO PÁLIDO, AINDA PODIA FLORESCER. 

 

 O SEGREDO DE ROSINHA 

NUM DESSES DIAS DE MANHÃ CLARA E AR QUENTE, VI ALGO DIFERENTE NO JARDIM. UMA MENINA APARECEU, PEQUENA E DELICADA COMO UMA FLOR. USAVA UM VESTIDO COR-DE-ROSA E TRAZIA NOS CABELOS UMA FITA QUE DANÇAVA COM O VENTO. CHAMAVA-SE ROSINHA. 

 

ROSINHA CARREGAVA UMA CESTINHA. DE DENTRO DELA, TIROU UM PUNHADO DE SEMENTES BRILHANTES COMO ESTRELAS. ELA ANDOU PELO JARDIM, ESPALHANDO AS SEMENTES COM CUIDADO, ENQUANTO CANTAVA BAIXINHO UMA MELODIA DOCE, QUE PARECIA FEITA DE PÉTALAS E NUVENS. 

 

— QUEM É VOCÊ? — PERGUNTEI, INCLINANDO-ME NA JANELA. 

 

— SOU ROSINHA, E GOSTO DE BORBOLETAS! — RESPONDEU, SORRINDO. — ESTOU PLANTANDO FLORES COR-DE-ROSA PARA ATRAÍ-LAS. 

 

OLHEI PARA O JARDIM. PARECIA IMPOSSÍVEL QUE ALGO CRESCESSE ALI. MAS ROSINHA NÃO PARECIA DUVIDAR. 

 

 A MAGIA DAS BORBOLETAS 

OS DIAS PASSARAM. TODAS AS MANHÃS, O SENHOR DO BALDE VINHA REGAR, E ROSINHA, COM SUA CESTINHA, APARECIA PARA CANTAR SUAS MÚSICAS. AOS POUCOS, ALGO INCRÍVEL COMEÇOU A ACONTECER: PEQUENOS BROTOS VERDES SURGIRAM. PRIMEIRO TÍMIDOS, DEPOIS MAIS CORAJOSOS. 

 

UMA MANHÃ, O JARDIM ESTAVA DIFERENTE. PEQUENAS FLORES COR-DE-ROSA DESABROCHAVAM COMO SE TIVESSEM ESPERADO AQUELE MOMENTO POR TODA A VIDA. AS PÉTALAS PARECIAM SUSSURRAR SEGREDOS AO VENTO. 

 

FOI ENTÃO QUE ELAS VIERAM. BORBOLETAS! MILHARES DE BORBOLETAS COR-DE-ROSA. ELAS DANÇAVAM SOBRE AS FLORES, COMO SE FOSSEM AS DONAS DAQUELE PEQUENO PARAÍSO. 

 

ROSINHA RIU, FELIZ, ENQUANTO CORRIA ENTRE AS BORBOLETAS. EU NUNCA TINHA VISTO NADA TÃO BONITO. O JARDIM, QUE ANTES PARECIA MORTO, AGORA PULSAVA DE VIDA E COR. 

 

A LIÇÃO DE ROSINHA 

UM DIA, CRIEI CORAGEM E PERGUNTEI: 

 

— ROSINHA, COMO VOCÊ SABIA QUE O JARDIM PODIA RENASCER? 

 

ELA PAROU E OLHOU PARA MIM COM SEUS OLHOS BRILHANTES: 

 

— QUANDO ACREDITAMOS NO QUE NÃO SE PODE VER, COISAS MÁGICAS ACONTECEM. AS FLORES PRECISAM DE CUIDADO, E AS BORBOLETAS PRECISAM DAS FLORES. É SÓ PLANTAR ESPERANÇA E ESPERAR O TEMPO DELAS. 

 

ROSINHA SORRIU E FOI EMBORA COM SUA CESTINHA. 

 

NUNCA MAIS A VI. MAS O JARDIM NUNCA DEIXOU DE FLORESCER, E AS BORBOLETAS COR-DE-ROSA CONTINUARAM A ENFEITÁ-LO. E TODA VEZ QUE O VENTO SOPRAVA PELA CIDADE, PARECIA TRAZER A MELODIA DE ROSINHA, LEMBRANDO QUE ATÉ A TERRA MAIS SECA PODE VOLTAR A SER UM CAMPO DE SONHOS. 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 19/11/2024
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