ERA UMA VEZ, EM UMA CASA PEQUENA E ACONCHEGANTE, ONDE VIVIAM UMA FAMÍLIA: PAPAI, MAMÃE, O PEQUENO JOÃO DE QUATRO ANOS, E O VELHO AVÔ. O AVÔ, QUE JÁ TINHA VIVIDO MUITAS AVENTURAS NA VIDA, AGORA ESTAVA MUITO FRÁGIL. SUAS MÃOS TREMIAM O TEMPO TODO, E SUA VISÃO ESTAVA UM POUCO EMBAÇADA. MESMO ASSIM, ELE FAZIA QUESTÃO DE SE SENTAR À MESA COM A FAMÍLIA NAS REFEIÇÕES, PORQUE ADORAVA ESTAR PERTO DE TODOS.
NO ENTANTO, COMER NÃO ERA MAIS TÃO FÁCIL PARA O VOVÔ. COM SUAS MÃOS TRÊMULAS, ÀS VEZES ELE DEIXAVA CAIR A COMIDA NO CHÃO, E O LEITE DERRAMAVA DA SUA XÍCARA. TODA VEZ QUE ISSO ACONTECIA, O PAPAI E A MAMÃE FICAVAM MUITO IRRITADOS.
— JÁ NÃO AGUENTO MAIS — DISSE O PAI UM DIA, ENQUANTO LIMPAVA O LEITE DERRAMADO. — TODA VEZ QUE O VOVÔ COME, É UMA BAGUNÇA!
A MAMÃE TAMBÉM ESTAVA CANSADA DE LIMPAR OS GRÃOS DE ARROZ QUE CAIAM NO CHÃO.
— ACHO QUE PRECISAMOS DE UMA SOLUÇÃO — ELA RESPONDEU, CRUZANDO OS BRAÇOS.
FOI ENTÃO QUE ELES TIVERAM UMA IDEIA.
— VAMOS FAZER ALGO PARA ELE COMER SOZINHO, SEPARADO DA GENTE, PARA NÃO SUJAR TUDO! — PROPÔS O PAI.
E ASSIM, CONSTRUÍRAM UMA PEQUENA MESA DE MADEIRA NUM CANTINHO DA COZINHA, BEM AFASTADA DA MESA GRANDE DA FAMÍLIA. FIZERAM TAMBÉM UMA TIGELA DE MADEIRA SIMPLES PARA O AVÔ COMER, E UMA CANECA ESPECIAL, QUE NÃO QUEBRARIA SE ELE DEIXASSE CAIR NO CHÃO. QUANDO O AVÔ SE SENTOU NA MESINHA PARA A PRÓXIMA REFEIÇÃO, COM SUA TIGELA DE MADEIRA, SEUS OLHOS FICARAM TRISTES, MAS ELE NÃO DISSE NADA. APENAS COMIA SILENCIOSAMENTE, LONGE DOS OUTROS.
JOÃO, O NETINHO, ASSISTIA A TUDO COM ATENÇÃO. ELE ERA PEQUENO, MAS SEU CORAÇÃO ERA GRANDE E ELE AMAVA MUITO O VOVÔ. SENTIA-SE TRISTE VENDO O AVÔ COMENDO SOZINHO, EM SUA MESINHA. JOÃO PERCEBEU O QUANTO O VOVÔ ESTAVA DIFERENTE, SEM SEUS SORRISOS E SEM CONTAR SUAS HISTÓRIAS DURANTE O JANTAR.
DIAS SE PASSARAM, E NUMA TARDE, ENQUANTO JOÃO ESTAVA BRINCANDO COM SEUS BLOQUINHOS DE MADEIRA, O PAPAI PERGUNTOU O QUE ELE ESTAVA FAZENDO.
— ESTOU FAZENDO UMA TIGELA DE MADEIRA PARA VOCÊ E A MAMÃE — RESPONDEU JOÃO COM INOCÊNCIA, SEM TIRAR OS OLHOS DA SUA CONSTRUÇÃO.
— POR QUE, JOÃOZINHO? — PERGUNTOU O PAPAI, CURIOSO.
— PORQUE, QUANDO EU CRESCER, E VOCÊS FICAREM VELHOS COMO O VOVÔ, VOCÊS TAMBÉM PODEM COMER NUMA TIGELA DE MADEIRA, IGUAL A DELE! — EXPLICOU O MENINO.
AS PALAVRAS DE JOÃO CAÍRAM COMO UMA PEDRA NOS CORAÇÕES DO PAPAI E DA MAMÃE. ELES SE OLHARAM EM SILÊNCIO E PERCEBERAM A GRAVIDADE DO QUE ESTAVAM FAZENDO. ESTAVAM ENSINANDO AO FILHO QUE, QUANDO ALGUÉM ENVELHECIA, MERECIA MENOS CUIDADO E AMOR.
NAQUELA NOITE, SEM DIZER NADA, O PAPAI E A MAMÃE DESMONTARAM A PEQUENA MESA E GUARDARAM A TIGELA DE MADEIRA. NA HORA DO JANTAR, CHAMARAM O VOVÔ PARA SE SENTAR NOVAMENTE À MESA GRANDE, COM ELES. O AVÔ FICOU SURPRESO, MAS SEUS OLHOS BRILHARAM DE FELICIDADE.
— HOJE VAMOS COMER TODOS JUNTOS, COMO SEMPRE DEVE SER! — DISSE A MAMÃE COM UM SORRISO GENTIL.
E ASSIM, A PARTIR DAQUELE DIA, O VOVÔ VOLTOU A SENTAR-SE COM A FAMÍLIA EM TODAS AS REFEIÇÕES. MESMO QUE ELE DERRUBASSE UM POUCO DE COMIDA DE VEZ EM QUANDO, NINGUÉM MAIS SE IMPORTAVA. O QUE REALMENTE IMPORTAVA ERA QUE ESTAVAM JUNTOS, COMPARTILHANDO AMOR E CUIDADO. E JOÃO? ELE APRENDEU A LIÇÃO MAIS IMPORTANTE DE TODAS: O RESPEITO E O CARINHO PELOS MAIS VELHOS.
E ASSIM, ELES VIVERAM FELIZES, SEMPRE CUIDANDO UNS DOS OUTROS.