Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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LOLA ERA UMA CADELINHA MUITO QUERIDA, DE PELOS MACIOS E OLHAR BRILHANTE. SEUS PAIS, ANA E PEDRO, A AMAVAM MAIS DO QUE TUDO. PORÉM, NOS ÚLTIMOS DIAS, ALGO ESTAVA ERRADO: LOLA SIMPLESMENTE NÃO COMIA. ELES TENTARAM DE TUDO! PREPARARAM OS PRATOS MAIS DELICIOSOS QUE UMA CADELINHA PODERIA SONHAR — CARNE MACIA, BISCOITOS CROCANTES E ATÉ AQUELE PATÊ DE FRANGO ESPECIAL QUE ELA SEMPRE ADOROU. MAS NADA FAZIA EFEITO. LOLA CONTINUAVA SEM TOCAR NA COMIDA.

 

ANA E PEDRO COMEÇARAM A SE PREOCUPAR. LEVARAM LOLA AO VETERINÁRIO, QUE RECEITOU COMPRIMIDOS E XAROPES PARA ABRIR O APETITE. MAS, MESMO ASSIM, LOLA TEIMAVA. ELA RECUSAVA TUDO, VIRAVA A CABECINHA PARA O LADO E SE SE DEITAVA QUIETINHA, SEM DAR UM ÚNICO MORDISCO.

 

— O QUE SERÁ QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSA PEQUENA LOLA? — PERGUNTAVA ANA, TRISTE.

 

— ELA SEMPRE FOI UMA CADELINHA ALEGRE E CHEIA DE ENERGIA... ISSO NÃO PARECE COM ELA — COMPLETAVA PEDRO, COÇANDO A CABEÇA, SEM ENTENDER.

 

OS DIAS SE PASSAVAM E LOLA CONTINUAVA A MESMA: QUIETINHA E SEM COMER. ANA E PEDRO, JÁ QUASE SEM ESPERANÇAS, DECIDIRAM TENTAR ALGO DIFERENTE. LEMBRARAM-SE DE QUE LOLA ADORAVA BRINCAR NO PARQUE PERTO DE CASA. ELA SEMPRE CORRIA, SALTAVA E CHEIRAVA CADA CANTINHO DO GRAMADO. TALVEZ, UM PASSEIO AO AR LIVRE A AJUDASSE A SE SENTIR MELHOR.

 

ASSIM, NUMA TARDE ENSOLARADA, OS TRÊS FORAM AO PARQUE. LOLA, AO VER O PORTÃO DE ENTRADA, DEU SEUS PRIMEIROS PULINHOS EM DIAS. ANA E PEDRO FICARAM ANIMADOS.

 

— OLHA SÓ, PEDRO! ACHO QUE ELA ESTÁ VOLTANDO AO NORMAL! — DISSE ANA, ESPERANÇOSA.

 

LOLA CORREU PELO PARQUE, BRINCOU COM OUTRAS CADELINHAS, CORREU ATRÁS DE UMA BORBOLETA E PARECIA MAIS FELIZ DO QUE NUNCA. ANA E PEDRO SORRIRAM, ALIVIADOS, VENDO SUA QUERIDA AMIGA DE QUATRO PATAS TÃO ALEGRE. MAS, DEPOIS DE UM TEMPO, PERCEBERAM ALGO CURIOSO: ENQUANTO LOLA BRINCAVA PERTO DE UMA ÁRVORE, ELA COMEÇOU A CAVAR O CHÃO COM SUAS PATINHAS, COMO SE ESTIVESSE PROCURANDO ALGO.

 

— O QUE SERÁ QUE ELA ESTÁ FAZENDO? — PEDRO SE PERGUNTOU.

 

DE REPENTE, LOLA PAROU DE CAVAR E PUXOU UM PEQUENO OSSO QUE TINHA ENTERRADO ALI ALGUNS DIAS ANTES. ELA OLHOU PARA ANA E PEDRO COM UM BRILHO NOS OLHOS, ABANOU O RABO FELIZ E, FINALMENTE, COMEÇOU A ROER O OSSO COM VONTADE.

 

— AH, ENTÃO ERA ISSO! — EXCLAMOU ANA, ALIVIADA. — ELA ESTAVA COM SAUDADE DE BRINCAR E DE ENCONTRAR SEU TESOURO ESCONDIDO!

 

PEDRO RIU.

 

— NOSSA TEIMOSA LOLA! SÓ QUERIA SE DIVERTIR E SABOREAR SEU PRÓPRIO LANCHINHO!

 

DEPOIS DAQUELE DIA NO PARQUE, LOLA VOLTOU A SER A CADELINHA FELIZ DE SEMPRE. ELA ENTENDEU QUE SEUS PAIS SEMPRE LHE DAVAM COMIDA COM CARINHO, MAS, DE VEZ EM QUANDO, TUDO O QUE ELA QUERIA ERA UM POUCO DE AVENTURA E ENCONTRAR SEUS OSSINHOS POR CONTA PRÓPRIA.

 

E ASSIM, ANA E PEDRO APRENDERAM QUE, ÀS VEZES, NÃO É SÓ O QUE COLOCAMOS NO PRATO QUE IMPORTA, MAS O QUE FAZ NOSSO CORAÇÃO BATER MAIS FORTE.

 

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 19/10/2024
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