RICOLINO ERA UM ALCE COMO POUCOS. ERA CUIDADOSO COM SEUS PRÓPRIOS BRINQUEDOS, SUAS ROUPAS E TODOS OS SEUS OBJETOS PESSOAIS. GOSTAVA DE MANTER SUA CASA IMPECÁVEL, COM TUDO SEMPRE LIMPO E ORGANIZADO. MAS, QUANDO SE TRATAVA DAS COISAS DOS OUTROS, RICOLINO NÃO TINHA O MESMO CUIDADO. QUANDO IA BRINCAR NA CASA DOS AMIGOS, CHUTAVA OS BRINQUEDOS, DERRUBAVA PEÇAS E, MUITAS VEZES, DEIXAVA AS COISAS ESPALHADAS PELO CHÃO.
SEU PAI, SEMPRE ATENTO, NÃO GOSTAVA NADA DESSA ATITUDE. UM DIA, ENQUANTO RICOLINO JOGAVA OS CARRINHOS DE SEU AMIGO RAMIRO PELOS ARES, O PAI O CHAMOU:
— RICOLINO, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ESTÁ MUITO ERRADO! OS SEUS BRINQUEDOS TÊM O MESMO VALOR QUE OS DOS SEUS AMIGOS. PORTANTO, VOCÊ DEVE TRATÁ-LOS COM O MESMO CUIDADO E RESPEITO.
MAS RICOLINO NÃO OUVIA. ELE ACHAVA QUE OS BRINQUEDOS DOS OUTROS NÃO IMPORTAVAM TANTO QUANTO OS DELE. CONTINUAVA A BRINCAR DE MANEIRA DESCUIDADA, SEM PENSAR NAS CONSEQUÊNCIAS.
COM O PASSAR DO TEMPO, SEUS AMIGOS COMEÇARAM A PERCEBER O COMPORTAMENTO DESRESPEITOSO DE RICOLINO. RAMIRO FOI O PRIMEIRO A DIZER “NÃO” QUANDO ELE PEDIU PARA BRINCAR COM SEU QUEBRA-CABEÇA FAVORITO.
— DESCULPE, RICOLINO — DISSE RAMIRO —, MAS VOCÊ NÃO CUIDA BEM DOS MEUS BRINQUEDOS.
OUTROS AMIGOS, COMO LILA E BRUTUS, FIZERAM O MESMO. LOGO, NINGUÉM QUERIA MAIS EMPRESTAR NADA A RICOLINO. SEMPRE QUE ELE PEDIA, SEUS AMIGOS RESPONDIAM COM A MESMA EXPLICAÇÃO: “VOCÊ NÃO CUIDA BEM DAS NOSSAS COISAS.”
RICOLINO FICOU FURIOSO. COMO PODIAM FAZER ISSO COM ELE? ELE NÃO ENTENDIA QUE O PROBLEMA ERA SUA PRÓPRIA ATITUDE. DECIDIU QUE, SE NÃO PODIA BRINCAR COM OS BRINQUEDOS DOS OUTROS, ENTÃO FARIA ALGO MUITO PIOR: IRIA SE VINGAR.
NAQUELA NOITE, ELE BOLOU UM PLANO. ESCONDIDO NO BOSQUE, ELE OBSERVOU A CASA DE RAMIRO. "VOU ENTRAR LÁ E BAGUNÇAR TUDO", PENSOU. E ASSIM FEZ. QUANDO TODOS ESTAVAM DORMINDO, RICOLINO ENTROU SILENCIOSAMENTE NA CASA DO AMIGO, JOGOU OS BRINQUEDOS PELO CHÃO, DESARRUMOU OS LIVROS E FEZ UMA BAGUNÇA TERRÍVEL. DEPOIS, VOLTOU PARA CASA COM UM SORRISO DE SATISFAÇÃO NO ROSTO.
MAS ALGO ESTRANHO COMEÇOU A ACONTECER. NO DIA SEGUINTE, QUANDO RICOLINO FOI PEGAR SEU BRINQUEDO FAVORITO, UM CARRINHO VERMELHO QUE ELE SEMPRE GUARDAVA COM CUIDADO, ELE O ENCONTROU TODO ARRANHADO E SUJO. "COMO ISSO ACONTECEU?", PERGUNTOU-SE. FOI VERIFICAR SEUS OUTROS BRINQUEDOS E DESCOBRIU QUE MUITOS ESTAVAM DANIFICADOS: O URSO DE PELÚCIA ESTAVA RASGADO, O QUEBRA-CABEÇA, COM PEÇAS FALTANDO, E ATÉ SEUS LIVROS TINHAM PÁGINAS AMASSADAS.
RICOLINO FICOU DESESPERADO. CORREU ATÉ O PAI E CONTOU O QUE HAVIA ACONTECIDO.
— PAI, ALGUÉM ESTRAGOU MEUS BRINQUEDOS! — EXCLAMOU, AFLITO.
O PAI OLHOU PARA ELE, COM UM SEMBLANTE SÉRIO, MAS CALMO.
— RICOLINO, SERÁ QUE ISSO NÃO É UM REFLEXO DE COMO VOCÊ TEM TRATADO OS BRINQUEDOS DOS SEUS AMIGOS? ÀS VEZES, QUANDO NÃO RESPEITAMOS OS OUTROS, AS COISAS ACABAM VOLTANDO PARA NÓS DE UMA MANEIRA RUIM.
RICOLINO FICOU EM SILÊNCIO, REFLETINDO SOBRE O QUE O PAI DISSE. ELE FINALMENTE ENTENDEU. NÃO ERA APENAS UMA COINCIDÊNCIA QUE SEUS BRINQUEDOS ESTIVESSEM ESTRAGADOS. ERA COMO SE O DESRESPEITO QUE ELE MOSTRAVA PARA COM OS OBJETOS DOS AMIGOS TIVESSE VOLTADO PARA ELE DE ALGUMA FORMA MÁGICA. E, MAIS DO QUE ISSO, ELE PERCEBEU QUE SUA VINGANÇA CONTRA RAMIRO NÃO HAVIA TRAZIDO NENHUMA ALEGRIA VERDADEIRA. PELO CONTRÁRIO, SÓ HAVIA CRIADO MAIS TRISTEZA.
NAQUELE MOMENTO, RICOLINO DECIDIU MUDAR. NO DIA SEGUINTE, PEDIU DESCULPAS A RAMIRO, LILA E BRUTUS. ELE PROMETEU CUIDAR MELHOR DOS BRINQUEDOS DOS AMIGOS E RESPEITAR SUAS COISAS COMO SE FOSSEM SUAS. E, POUCO A POUCO, SEUS AMIGOS VOLTARAM A CONFIAR NELE.
COM O TEMPO, RICOLINO APRENDEU QUE O VERDADEIRO VALOR DAS COISAS NÃO ESTAVA APENAS EM MANTÊ-LAS ORGANIZADAS, MAS EM TRATÁ-LAS COM CARINHO E RESPEITO, ESPECIALMENTE QUANDO PERTENCIAM A OUTRA PESSOA.
E ASSIM, RICOLINO NUNCA MAIS PRECISOU PENSAR EM VINGANÇA, POIS ENTENDEU QUE O RESPEITO E A AMIZADE SÃO OS TESOUROS MAIS VALIOSOS QUE ALGUÉM PODE TER.