ERA UMA VEZ UMA MENINA CHAMADA MILA. ELA TINHA CABELOS LOIROS E LISOS, QUE BRILHAVAM À LUZ DO SOL COMO FIOS DE OURO. MAS O QUE MILA MAIS AMAVA NO MUNDO ERA SEU URSINHO DE PELÚCIA, PEPO. ELE ERA FOFINHO, COM UMA PELAGEM MARROM MACIA E UM NARIZ REDONDINHO, QUE MILA ADORAVA APERTAR. OS DOIS ERAM INSEPARÁVEIS, MELHORES AMIGOS EM TODAS AS AVENTURAS.

CERTA TARDE, DEPOIS DE BRINCAR NO QUINTAL, MILA SENTOU-SE DEBAIXO DE UMA GRANDE ÁRVORE, CUJA SOMBRA ERA PERFEITA PARA DESCANSAR. ELA COLOCOU PEPO EM SEU COLO E OLHOU PARA O CÉU. "O QUE SERÁ QUE AS NUVENS ESTÃO FAZENDO LÁ EM CIMA?", PERGUNTOU MILA.

"EU ACHO QUE ESTÃO BRINCANDO DE ESCONDE-ESCONDE", RESPONDEU PEPO COM SUA VOZ SUAVE E CARINHOSA. CLARO, MILA SABIA QUE ERA ELA QUEM FALAVA POR PEPO, MAS, NA SUA IMAGINAÇÃO, ELE TINHA SUA PRÓPRIA VOZ, CHEIA DE SABEDORIA E AMOR.

"DE ESCONDE-ESCONDE?" MILA OLHOU COM CURIOSIDADE PARA O CÉU. "ENTÃO POR QUE ELAS NÃO SE ESCONDEM DE VERDADE?"

PEPO SORRIU. "PORQUE AS NUVENS SÃO MUITO GRANDES PARA SE ESCONDEREM COMPLETAMENTE, ENTÃO FICAM MUDANDO DE FORMA. UM MOMENTO PARECEM COELHOS, NO OUTRO, DRAGÕES!"

MILA RIU. "VOCÊ ESTÁ CERTO, PEPO! EU VEJO UMA NUVEM QUE PARECE UM BARCO AGORA."

ELA FICOU QUIETA POR UM INSTANTE, ABRAÇANDO PEPO. "SABE, PEPO... ÀS VEZES EU ME PERGUNTO SE VOCÊ GOSTARIA DE SER UM URSINHO DE VERDADE, QUE ANDA E FALA SOZINHO, COMO NAS HISTÓRIAS."

PEPO FICOU EM SILÊNCIO POR UM TEMPO, E ENTÃO RESPONDEU: "SE EU FOSSE UM URSINHO DE VERDADE, TALVEZ NÃO PUDESSE FICAR NO SEU COLO COMO AGORA. E EU GOSTO TANTO DE FICAR AQUI."

MILA SORRIU, SENTINDO O CORAÇÃO AQUECER. "EU TAMBÉM GOSTO. VOCÊ SEMPRE ME FAZ SENTIR SEGURA."

A ÁRVORE BALANÇAVA SUAVEMENTE AO VENTO, E OS PÁSSAROS CANTAVAM AO REDOR, COMO SE ESTIVESSEM OUVINDO A CONVERSA DOS DOIS AMIGOS. MILA OLHOU PARA AS FOLHAS QUE DANÇAVAM NO ALTO E DISSE: "ESSA ÁRVORE DEVE SER MUITO VELHA. SERÁ QUE ELA JÁ OUVIU MUITAS CONVERSAS COMO A NOSSA?"

PEPO DEU UMA RISADINHA. "COM CERTEZA! AS ÁRVORES SÃO AS GUARDIÃS DAS HISTÓRIAS. ELAS ESCUTAM TUDO O QUE DIZEMOS E GUARDAM EM SEUS GALHOS E RAÍZES."

MILA OLHOU PARA CIMA, COMO SE PUDESSE VER A ÁRVORE GUARDANDO CADA PALAVRA. "ENTÃO, ESTA ÁRVORE VAI SE LEMBRAR DE NÓS PARA SEMPRE?"

"SIM," RESPONDEU PEPO, "E SEMPRE QUE VOCÊ VOLTAR AQUI, ELA VAI SE LEMBRAR DA MENINA QUE CONVERSAVA COM SEU URSINHO, DEBAIXO DE SUA SOMBRA."

MILA DEU UM BEIJO SUAVE NA TESTA DE PEPO. "ENTÃO VAMOS VOLTAR MUITAS VEZES. QUERO QUE A ÁRVORE GUARDE MUITAS E MUITAS HISTÓRIAS NOSSAS."

E ASSIM, DEBAIXO DAQUELA GRANDE ÁRVORE, MILA E PEPO CONTINUARAM CONVERSANDO, IMAGINANDO MIL AVENTURAS E HISTÓRIAS, ENQUANTO O SOL IA SE ESCONDENDO DEVAGARZINHO NO HORIZONTE. PORQUE NÃO IMPORTA O QUANTO O MUNDO MUDASSE AO REDOR, ENQUANTO MILA TIVESSE PEPO, ELA SEMPRE TERIA O MELHOR AMIGO DO MUNDO PARA COMPARTILHAR SEUS SONHOS.

E A ÁRVORE, COMO PROMETIDO, GUARDOU CADA PALAVRA EM SILÊNCIO, BALANÇANDO SUAS FOLHAS AO RITMO DA AMIZADE ETERNA DOS DOIS.