ERA UMA VEZ, EM UM PÂNTANO ESCURO E MISTERIOSO, UM SAPO CHAMADO ZABOR. MAS ELE NÃO ERA UM SAPO COMUM — ELE EA UM SAPO MAGO, E NÃO UM MAGO BOM. ZABOR ADORAVA USAR SEUS PODERES PARA PREGAR PEÇAS E ASSUSTAR OS OUTROS ANIMAIS DA FLORESTA. SEU MAIOR DESEJO ERA SER TEMIDO POR TODOS E CONTROLAR O PÂNTANO.
CERTO DIA, ENQUANTO CAMINHAVA PELAS MARGENS DE UM LAGO, ZABOR AVISTOU UM ANIMAL PEQUENO E SIMPÁTICO. ERA UM COELHO CHAMADO PIP, QUE ESTAVA DISTRAÍDO COLHENDO FLORES PARA LEVAR PARA SUA TOCA.
ZABOR, COM SEUS OLHOS BRILHANDO DE MALÍCIA, SE APROXIMOU E PERGUNTOU:
— O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM ESSAS FLORES, COELHINHO?
PIP, UM POUCO ASSUSTADO COM A PRESENÇA DO SAPO MAGO, RESPONDEU EDUCADAMENTE:
— ESTOU COLHENDO FLORES PARA MINHA FAMÍLIA. ELAS ADORAM O PERFUME DELAS.
ZABOR SORRIU DE FORMA MALDOSA E, AGITANDO SUAS PATAS VERDES, DISSE COM UMA VOZ GRAVE:
— QUE BOBAGEM! POSSO FAZER ESSAS FLORES SE TORNAREM ALGO MUITO MAIS "DIVERTIDO".
SEM DAR TEMPO PARA PIP RESPONDER, ZABOR MURMUROU UM FEITIÇO EM UMA LÍNGUA ESTRANHA. AS FLORES COMEÇARAM A BRILHAR COM UMA LUZ VERDE SOMBRIA E, NUM INSTANTE, SE TRANSFORMARAM EM SERPENTES RASTEJANTES, QUE COMEÇARAM A SE MOVER EM DIREÇÃO AO COELHINHO.
PIP, ATERRORIZADO, GRITOU E TENTOU FUGIR, MAS UMA DAS SERPENTES SE ENROSCOU EM SUA PERNA, E ELE NÃO CONSEGUIA SE SOLTAR.
— HAHAHA! AGORA VOCÊ ESTÁ PRESO NO MEU FEITIÇO, COELHINHO TOLO! — ZABOR RIU ALTO.
O POBRE PIP ESTAVA SEM ESPERANÇA, ATÉ QUE, DO NADA, UMA BRISA SUAVE SOPROU PELO PÂNTANO, CARREGANDO CONSIGO UMA ESTRANHA CANÇÃO. AS SERPENTES QUE ANTES O ENROSCAVAM, DE REPENTE, PARARAM E DESAPARECERAM COMO FUMAÇA AO VENTO. PIP SENTIU UM CALOR ACONCHEGANTE E, QUANDO OLHOU PARA CIMA, VIU UMA CRIATURA QUE NUNCA HAVIA VISTO ANTES: UMA ANTIGA RÃ BRANCA, COM UMA APARÊNCIA SÁBIA E SERENA.
— QUEM OUSA INTERFERIR NOS MEUS FEITIÇOS? — GRITOU ZABOR, IRRITADO.
A RÃ BRANCA OLHOU DIRETAMENTE NOS OLHOS DE ZABOR E FALOU CALMAMENTE:
— EU SOU ELDORA, GUARDIÃ DESTE PÂNTANO, E SEUS DIAS DE MALDADE ACABARAM, ZABOR. POR MUITO TEMPO VOCÊ USOU SUA MAGIA PARA O MAL, MAS AGORA TERÁ QUE ENFRENTAR AS CONSEQUÊNCIAS.
ZABOR, QUE NUNCA HAVIA VISTO ELDORA ANTES, RIU COM DESPREZO.
— CONSEQUÊNCIAS? EU SOU O MAGO MAIS PODEROSO DESTE PÂNTANO!
ELDORA SORRIU COM PACIÊNCIA E, COM UM MOVIMENTO LEVE DE SUAS PATAS, LANÇOU UMA NÉVOA DOURADA QUE ENVOLVEU ZABOR. O SAPO MAGO TENTOU USAR SEUS FEITIÇOS, MAS, PARA SUA SURPRESA, SEUS PODERES NÃO FUNCIONAVAM MAIS. ELE COMEÇOU A ENCOLHER, ATÉ SE TRANSFORMAR EM UM PEQUENO E COMUM SAPO, SEM MAGIA.
— O QUE VOCÊ FEZ COMIGO?! — GRITOU ZABOR, DESESPERADO.
— AGORA VOCÊ É APENAS UM SAPO, COMO SEMPRE DEVERIA TER SIDO. SE QUISER SEUS PODERES DE VOLTA, TERÁ QUE APRENDER A USAR A MAGIA PARA O BEM, NÃO PARA O MAL — RESPONDEU ELDORA COM SERENIDADE.
ZABOR, AGORA SEM PODERES E COM MEDO, PULOU RAPIDAMENTE PARA LONGE, DESAPARECENDO NO MEIO DO PÂNTANO. ELE NÃO SABIA SE ALGUM DIA CONSEGUIRIA SEUS PODERES DE VOLTA, MAS UMA COISA ERA CERTA: ELE JAMAIS ESQUECERIA O QUE ELDORA LHE DISSERA.
PIP, AINDA ASSUSTADO, AGRADECEU À SÁBIA RÃ. ELDORA SORRIU E DISSE:
— VÁ EM PAZ, PEQUENO COELHO. O PÂNTANO ESTARÁ PROTEGIDO DE AGORA EM DIANTE.
E ASSIM, ZABOR APRENDEU DA FORMA MAIS DIFÍCIL QUE O PODER VERDADEIRO NÃO ESTÁ NA MALDADE, MAS NO RESPEITO E NO EQUILÍBRIO.
MAS SE ELE REALMENTE MUDARIA, ISSO... SÓ O TEMPO DIRIA.