ERA UMA VEZ, EM UM PEQUENO VILAREJO CERCADO POR COLINAS VERDES E UM CÉU ESTRELADO, UMA MENINA CHAMADA CLARA. ELA ADORAVA OLHAR PARA O CÉU À NOITE, ESPECIALMENTE PARA A LUA. A LUA BRILHAVA DE UM JEITO ENCANTADOR E PARECIA SEMPRE CONTAR SEGREDOS A CLARA. TODA NOITE, CLARA SENTAVA-SE NA JANELA DE SEU QUARTO E CONVERSAVA COM A LUA, QUE PARECIA SER SUA AMIGA.
UMA NOITE, ENQUANTO CLARA OBSERVAVA A LUA CHEIA BRILHAR MAIS DO QUE NUNCA, ALGO ESTRANHO ACONTECEU. A LUA COMEÇOU A FALAR COM CLARA! "OLÁ, MINHA QUERIDA CLARA", DISSE A LUA COM UMA VOZ SUAVE. CLARA, SURPRESA, RESPONDEU: "OI, DONA LUA! EU SEMPRE ACHEI QUE VOCÊ PUDESSE FALAR!"
A LUA RIU BAIXINHO. "É CLARO QUE POSSO! E EU TENHO ALGO MUITO IMPORTANTE PARA TE CONTAR."
CLARA ARREGALOU OS OLHOS DE CURIOSIDADE. "O QUE É? O QUE É?" PERGUNTOU, MAL CONSEGUINDO CONTER A ANSIEDADE.
"EU SOU A ESTRELA MAIS ESPECIAL DO CÉU! EU BRILHO MAIS FORTE QUE QUALQUER OUTRA ESTRELA E SOU A MAIS SÁBIA DE TODAS AS COISAS NO MUNDO!" AFIRMOU A LUA, ENCHENDO-SE DE ORGULHO.
CLARA FRANZIU A TESTA. "MAS... VOCÊ NÃO É UMA ESTRELA. VOCÊ É A LUA, CERTO?"
A LUA, UM POUCO NERVOSA, DESVIOU O BRILHO E COMEÇOU A BALANÇAR DE UM LADO PARA O OUTRO NO CÉU. "AH, BEM... É QUE... EU SOU UMA ESTRELA TAMBÉM, SÓ QUE DIFERENTE!" RESPONDEU, SUA LUZ PISCANDO COMO SE ESTIVESSE INQUIETA.
"EU OUVI DIZER QUE AS ESTRELAS BRILHAM COM LUZ PRÓPRIA, MAS VOCÊ SÓ REFLETE A LUZ DO SOL, NÃO É?" CLARA PERGUNTOU, OBSERVANDO QUE A LUA PARECIA MUDAR DE TOM.
A LUA HESITOU, SUAS BORDAS TREMELICANDO NO CÉU. "QUEM TE DISSE ISSO? É MENTIRA! EU BRILHO SOZINHA, NÃO PRECISO DE AJUDA DO SOL! ELE SÓ GOSTA DE ME COPIAR!" A LUA COMEÇOU A FALAR RÁPIDO, E SUA LUZ AGORA OSCILAVA.
CLARA NOTOU QUE A LUA PARECIA ESTAR FICANDO INQUIETA, MEXENDO-SE DE UM LADO PARA O OUTRO NO CÉU, COMO SE ESTIVESSE TENTANDO ESCONDER ALGO. SEUS RAIOS PISCAVAM MAIS DO QUE O NORMAL, E A MENINA PENSOU POR UM MOMENTO. "SERÁ QUE A LUA ESTÁ... MENTINDO?"
ELA LEMBROU DAS HISTÓRIAS QUE SUA AVÓ SEMPRE CONTAVA. "QUANDO ALGUÉM ESTÁ MENTINDO, ELES MUDAM O JEITO DE FALAR, FICAM NERVOSOS E TENTAM SE EXPLICAR DEMAIS", A AVÓ COSTUMAVA DIZER. E CLARA SABIA QUE ALGO NÃO ESTAVA CERTO COM A LUA NAQUELA NOITE.
"LUA, ACHO QUE VOCÊ ESTÁ ME ENGANANDO", DISSE CLARA, CALMAMENTE.
A LUA PAROU DE BALANÇAR E FICOU QUIETA POR UM INSTANTE. "EU... BEM... TALVEZ... SÓ UM POUQUINHO", ADMITIU ELA, ENVERGONHADA. "EU NÃO SOU UMA ESTRELA, E É VERDADE QUE EU SÓ BRILHO PORQUE O SOL ME ILUMINA. MAS EU QUERIA TANTO SER ESPECIAL PARA VOCÊ, CLARA."
CLARA SORRIU, COMPREENDENDO O SENTIMENTO DA LUA. "MAS VOCÊ *É* ESPECIAL, DONA LUA! NÃO PRECISA MENTIR. EU GOSTO DE VOCÊ DO JEITO QUE VOCÊ É, REFLETINDO A LUZ DO SOL E MUDANDO DE FORMA TODAS AS NOITES. VOCÊ É ÚNICA!"
A LUA, AGORA MAIS TRANQUILA, DEIXOU SEU BRILHO SUAVE E CONSTANTE. "OBRIGADA, CLARA. PROMETO QUE NUNCA MAIS VOU MENTIR PARA VOCÊ."
A PARTIR DAQUELA NOITE, CLARA E A LUA CONTINUARAM A SE FALAR TODAS AS NOITES, SEMPRE COM A LUA SENDO SINCERA SOBRE QUEM ERA. E CLARA APRENDEU UMA VALIOSA LIÇÃO: A VERDADE SEMPRE BRILHA MAIS FORTE DO QUE QUALQUER MENTIRA, MESMO QUE ÀS VEZES, A VERDADE PRECISE DE UM EMPURRÃOZINHO PARA APARECER.
E ASSIM, SOB A LUZ VERDADEIRA DA LUA, CLARA ADORMECEU EM PAZ, SABENDO QUE A AMIZADE DELAS ERA AINDA MAIS BRILHANTE E SINCERA.