NA PEQUENA CIDADE DE SÃO SERAFIM, HAVIA UMA PRAÇA BEM NO CENTRO, ONDE FICAVA O CORETO, RODEADO POR ÁRVORES E BANCOS. TODAS AS NOITES, ALGO MUITO MISTERIOSO ACONTECIA: UMA CORUJA DE PENAS BRILHANTES E OLHOS GRANDES COMO DUAS LUAS RASGAVA O CÉU NOTURNO, VOANDO POR ENTRE AS ESTRELAS. ESSA CORUJA ERA CONHECIDA COMO DONA CORUJA, E SUA PRESENÇA ENCHIA A CIDADE DE CURIOSIDADE.
— LÁ VEM DONA CORUJA DE NOVO! — AS CRIANÇAS DIZIAM, APONTANDO PARA O CÉU.
ELA PASSAVA POR CIMA DAS CASAS, SOBREVOAVA O CORETO E, NUM PISCAR DE OLHOS, DESAPARECIA. NINGUÉM SABIA AONDE ELA IA DURANTE O DIA, MAS MUITOS AFIRMAVAM QUE DONA CORUJA SE ESCONDIA DENTRO DA IGREJA ANTIGA, LÁ NO ALTO, ENTRE AS TORRES.
ALGUMAS PESSOAS DA CIDADE COMEÇAVAM A FICAR PREOCUPADAS. DIZIAM QUE O CANTO DE DONA CORUJA ERA ASSUSTADOR E QUE TRAZIA MAU AGOURO, COMO SE ANUNCIASSE ALGO DE RUIM. OUTROS ACREDITAVAM QUE ELA SÓ APARECIA POR CAUSA DE UM FEITIÇO QUE A LUA CHEIA JOGAVA SOBRE ELA, E QUE TALVEZ ELA NÃO QUISESSE FAZER NADA DE MAL.
MAS NEM TODOS ACREDITAVAM NESSAS HISTÓRIAS. A PEQUENA **LUÍSA**, FILHA DE UM SIMPÁTICO FEITICEIRO DA CIDADE, SABIA DE ALGO QUE OS OUTROS NÃO SABIAM. SEU PAI, **FEITICEIRO ZILMAR**, TINHA UM SEGREDO: ELE ERA PAGO POR UMA SENHORA MISTERIOSA PARA LANÇAR UM ENCANTAMENTO SOBRE DONA CORUJA! ISSO DEIXAVA A CORUJA BRILHANTE COMO AS ESTRELAS E A FAZIA APARECER E DESAPARECER NOS MOMENTOS MAIS INESPERADOS.
— PAPAI, POR QUE DONA CORUJA É TÃO ESPECIAL? — PERGUNTOU LUÍSA CERTA NOITE, ENQUANTO OBSERVAVA A CORUJA VOAR POR CIMA DA PRAÇA.
— AH, MINHA FILHA, ESSA CORUJA TEM UMA MISSÃO IMPORTANTE. ELA GUARDA UM SEGREDO MUITO ANTIGO, MAS O FEITIÇO DA LUA A FAZ CANTAR QUANDO ELA NÃO QUER. POR ISSO AS PESSOAS A ESTRANHAM — RESPONDEU FEITICEIRO ZILMAR, COÇANDO A BARBA BRANCA.
LUÍSA FICOU PENSATIVA. ELA NÃO GOSTAVA DA IDEIA DE QUE AS PESSOAS TINHAM MEDO DE DONA CORUJA, ENTÃO RESOLVEU FAZER ALGO. NA NOITE SEGUINTE, ESPEROU A LUA APARECER BEM GRANDE NO CÉU E, ESCONDIDA, SEGUIU DONA CORUJA. A CORUJA VOOU DIRETO PARA A IGREJA, E LUÍSA, COM PASSOS LEVES, SUBIU AS ESCADAS ATÉ O ALTO DA TORRE.
LÁ EM CIMA, ELA VIU DONA CORUJA POUSADA NUM CANTO, COM AS ASAS FECHADAS. MAS, PARA SUA SURPRESA, A CORUJA NÃO PARECIA ASSUSTADA NEM AMEAÇADORA. PELO CONTRÁRIO, PARECIA TRISTE.
— DONA CORUJA, POR QUE ESTÁ TÃO TRISTE? — PERGUNTOU LUÍSA, SE APROXIMANDO DEVAGAR.
A CORUJA ABRIU OS OLHOS, E SEU BRILHO SE REFLETIU NA LUZ DA LUA.
— PORQUE O FEITIÇO ME FAZ APARECER E DESAPARECER SEM EU QUERER. ÀS VEZES, SÓ QUERO DESCANSAR E PROTEGER ESTE LUGAR, MAS AS PESSOAS SE ASSUSTAM COM O MEU CANTO — RESPONDEU DONA CORUJA, COM UMA VOZ SUAVE COMO O VENTO DA NOITE.
LUÍSA ENTÃO TEVE UMA IDEIA BRILHANTE.
— VOU FALAR COM MEU PAI! ELE PODE QUEBRAR O FEITIÇO, E VOCÊ PODERÁ VOAR LIVREMENTE, SEM PRECISAR CANTAR QUANDO NÃO QUISER.
DONA CORUJA OLHOU PARA A MENINA COM SEUS OLHOS BRILHANTES E SORRIU.
NA MANHÃ SEGUINTE, LUÍSA CONTOU TUDO PARA FEITICEIRO ZILMAR. ELE FICOU IMPRESSIONADO COM A CORAGEM DA FILHA E, JUNTOS, SUBIRAM ATÉ O ALTO DA TORRE DA IGREJA. LÁ, FEITICEIRO ZILMAR FEZ UM NOVO FEITIÇO, USANDO O BRILHO SUAVE DO AMANHECER. ELE SUSSURROU PALAVRAS MÁGICAS QUE LIBERTARAM DONA CORUJA DO FEITIÇO DA LUA.
AGORA, DONA CORUJA PODIA VOAR LIVREMENTE E, QUANDO QUERIA CANTAR, SEU SOM ERA DOCE E SUAVE, COMO UMA MELODIA DE NINAR. AS PESSOAS DA CIDADE LOGO PERCEBERAM A MUDANÇA E COMEÇARAM A GOSTAR DA PRESENÇA DA CORUJA. TODOS OS DIAS, ELA DESCANSAVA NA TORRE DA IGREJA, E À NOITE, VOAVA LIVREMENTE SOBRE A CIDADE, ENCANTANDO A TODOS COM SUA BELEZA.
E ASSIM, COM A AJUDA DE LUÍSA, DONA CORUJA PÔDE SER ELA MESMA, E SÃO SERAFIM NUNCA MAIS TEVE MEDO DO CANTO MISTERIOSO DA CORUJA.