ESTEFÂNIA SEMPRE FOI UMA MENINA CURIOSA, DAQUELAS QUE ADORAM OBSERVAR O MUNDO AO REDOR. COM SEUS OLHOS GRANDES E ATENTOS, ELA GOSTAVA DE PRESTAR ATENÇÃO EM CADA DETALHE DO CÉU, PRINCIPALMENTE QUANDO DEPOIS DE UM DIA DE CHUVA, O ARCO-ÍRIS SURGIA.
EM UMA TARDE DE PRIMAVERA, DEPOIS DE UMA LEVE GAROA, O CÉU SE ENCHEU DE CORES. LÁ NO HORIZONTE, UM ARCO-ÍRIS IMENSO E BRILHANTE APARECEU, PINTANDO O CÉU DE SETE CORES VIBRANTES. ESTEFÂNIA SORRIU, COMO SEMPRE FAZIA, ADMIRADA COM A BELEZA DAQUELAS CORES. MAS, DE REPENTE, ALGO INESPERADO ACONTECEU.
ELA PISCOU OS OLHOS, PENSANDO QUE ESTAVA IMAGINANDO COISAS, MAS NÃO ERA ENGANO. AOS POUCOS, AS CORES DO ARCO-ÍRIS COMEÇARAM A ESCORRER, COMO SE FOSSEM TINTA FRESCA DERRETENDO AO SOL. A MENINA ARREGALOU OS OLHOS, SEM SABER O QUE PENSAR. O VERMELHO SE MISTUROU AO LARANJA, QUE SE UNIU AO AMARELO, E LOGO O VERDE, AZUL, ANIL E VIOLETA SE JUNTARAM EM UMA DANÇA LÍQUIDA. ELAS FORMARAM UMA GRANDE POÇA COLORIDA NO CÉU, QUE AOS POUCOS COMEÇOU A CAIR COMO UMA CHUVA DIFERENTE DE TUDO QUE ESTEFÂNIA JÁ HAVIA VISTO. ERA UMA CHUVA ROXA.
PINGOS DELICADOS, DE UM ROXO SUAVE, COMEÇARAM A CAIR DO CÉU. CADA GOTA ERA COMO UMA PEQUENA JOIA LÍQUIDA, BRILHANTE E PERFUMADA, QUE ENCHIA O AR COM UMA FRAGRÂNCIA DOCE, COMO DE LAVANDA. ESTEFÂNIA ESTENDEU AS MÃOS E SENTIU OS PINGOS TOCAREM SUA PELE, COMO SE FOSSEM BEIJOS DE SEDA. NÃO ERA UMA CHUVA FRIA, COMO AS COMUNS, MAS UMA CHUVA MORNA, QUASE ACOLHEDORA, QUE PARECIA ABRAÇAR O MUNDO INTEIRO.
A MENINA DEU UMA RISADINHA LEVE, ENCANTADA. CORREU PARA O JARDIM DE SUA CASA, SEUS PÉS DESCALÇOS AFUNDANDO NA GRAMA MACIA. AO SEU REDOR, AS FLORES PARECIAM VIBRAR COM A NOVA COR QUE CAÍA DOS CÉUS. AS MARGARIDAS FICARAM MAIS BRILHANTES, AS ROSAS DESABROCHARAM COM UM TOM LILÁS NUNCA VISTO ANTES, E ATÉ AS BORBOLETAS, QUE DANÇAVAM NO AR, PARECIAM FLUTUAR MAIS LENTAMENTE, MARAVILHADAS COM A BELEZA DA CHUVA ROXA.
ESTEFÂNIA GIROU SOBRE SI MESMA, OS BRAÇOS ABERTOS, COMO SE QUISESSE ABRAÇAR TODA AQUELA MAGIA. CADA GOTA QUE CAÍA TRAZIA UMA SENSAÇÃO DIFERENTE: UMA LEMBRANÇA DE UM DIA FELIZ, UMA GARGALHADA DISTANTE, UM PERFUME DE FLOR NO CAMPO. ERA COMO SE A CHUVA ROXA TROUXESSE CONSIGO TODOS OS MOMENTOS MAIS DOCES DA VIDA.
AOS POUCOS, AS NUVENS COMEÇARAM A CLAREAR, E O SOL REAPARECEU TIMIDAMENTE. A CHUVA FOI FICANDO MAIS LEVE, ATÉ CESSAR COMPLETAMENTE. O CÉU VOLTOU A SER AZUL, E A GRAMA E AS ÁRVORES ESTAVAM AGORA COBERTAS POR UM BRILHO ROXO SUAVE. ERA COMO SE O MUNDO TIVESSE SIDO BANHADO POR UMA TINTA MÁGICA, TRANSFORMANDO TUDO EM UM SONHO LILÁS.
ESTEFÂNIA OLHOU PARA O CÉU E SUSPIROU, COM O CORAÇÃO CHEIO DE GRATIDÃO. ELA SABIA QUE AQUELE ERA UM MOMENTO ÚNICO, UM SEGREDO ENTRE ELA E O CÉU. SORRIU COM A CERTEZA DE QUE, MESMO QUE NINGUÉM ACREDITASSE, ELA SEMPRE SE LEMBRARIA DO DIA EM QUE O ARCO-ÍRIS DERRETEU E CAIU DO CÉU UMA CHUVA ROXA.
E, SEMPRE QUE VISSE UM ARCO-ÍRIS NOVAMENTE, ESPERARIA, COM O CORAÇÃO ACELERADO, PELO INSTANTE EM QUE AS CORES SE MISTURARIAM MAIS UMA VEZ, TRAZENDO A DELICADEZA DAQUELA CHUVA MÁGICA.