Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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ERA UMA VEZ UM ESPANTALHO CHAMADO ESPIGA, QUE MORAVA NO MEIO DE UMA GRANDE PLANTAÇÃO DE GIRASSÓIS. ESPIGA ERA FEITO DE PALHA E VESTIA UM CHAPÉU DE PALHA TAMBÉM, SEMPRE DE BRAÇOS ABERTOS, COMO SE ESTIVESSE PRONTO PARA UM ABRAÇO. ELE NÃO RECLAMAVA DA SUA VIDA SIMPLES, MAS NAQUELE DIA, O SOL ESTAVA TÃO FORTE QUE ELE SENTIA QUE SEUS MIOLOS DE PALHA ESTAVAM QUASE COZINHANDO!

 

"AH, COMO EU QUERIA UM POUCO DE SOMBRA!" SUSPIROU ESPIGA, OLHANDO PARA O CÉU SEM NUVENS.

 

FOI ENTÃO QUE ELE OUVIU UM SOM DISTANTE, COMO SE ALGUÉM ESTIVESSE BATENDO ASAS. "CLAP, CLAP, CLAP!" E LOGO EM SEGUIDA, UM GRUPO DE CORVOS ENORMES APARECEU NO HORIZONTE.

 

"CRUÁ, CRUÁ, CRUÁ!" CROCITAVAM OS CORVOS, VOANDO EM DIREÇÃO A UMA GRANDE ÁRVORE DE PINHEIRO QUE FICAVA BEM AO LADO DE ESPIGA.

 

“QUE LEGAL!”, PENSOU ESPIGA. “ELES VÃO ME FAZER COMPANHIA!”

 

MAS, MAL SABIA ELE, AQUELES CORVOS NÃO ESTAVAM COM A MELHOR DAS INTENÇÕES. SEM PENSAR DUAS VEZES, O BANDO DE CORVOS POUSOU NOS RAMOS DO PINHEIRO, BEM EM CIMA DA CABEÇA DO POBRE ESPANTALHO.

 

ESPIGA, QUE JÁ ESTAVA TODO DERRETIDO DEBAIXO DO SOL, COMEÇOU A SE PREOCUPAR. OS CORVOS COMEÇARAM A BATER AS ASAS COM FORÇA E A CROCITAR AINDA MAIS ALTO. “CRUÁ! CRUÁ! CRUÁ!” O BARULHO ERA TÃO FORTE QUE ATÉ AS ABELHAS PARARAM DE VOAR POR PERTO.

 

"E-EI! VOCÊS PODEM ME DAR UM POUCO DE PAZ?" PERGUNTOU ESPIGA, NERVOSO. MAS OS CORVOS NEM LIGARAM! NA VERDADE, COMEÇARAM A DESCER MAIS E MAIS PERTO DELE, BICANDO SUA CAMISA DE RETALHOS E PUXANDO SEUS FIOS DE PALHA.

 

"EI, PAREM COM ISSO! MINHAS ROUPAS SÃO FRÁGEIS, E EU SOU FEITO DE... PALHA!" GRITOU ESPIGA, SACUDINDO SEUS BRAÇOS DE UM LADO PARA O OUTRO, MAS OS CORVOS SÓ RIRAM. "CRUÁ, CRUÁ, CRUÁ!"

 

ESPIGA ESTAVA COMEÇANDO A FICAR DESESPERADO. O QUE ELE FARIA PARA AFASTAR AQUELES CORVOS? ENTÃO, ELE TEVE UMA IDEIA BRILHANTE. “JÁ SEI!” PENSOU ELE. “CORVOS TÊM MEDO DE SONS ALTOS!”

 

COM TODO O AR QUE CONSEGUIU, ESPIGA COMEÇOU A FAZER O SOM MAIS ALTO QUE PODIA: “BUUUUUUUU!”

 

OS CORVOS, SURPRESOS COM O GRITO DO ESPANTALHO, BATERAM ASAS COM TANTA FORÇA QUE QUASE CAÍRAM DO PINHEIRO. “CRUÁ, CRUÁ! O ESPANTALHO GRITA!” E VOARAM PARA LONGE, ASSUSTADOS.

 

ESPIGA, ALIVIADO, SUSPIROU FUNDO E AJEITOU O CHAPÉU QUE QUASE TINHA VOADO TAMBÉM. “UFA, ACHO QUE VOU PRECISAR TREINAR ESSE GRITO MAIS VEZES!”, DISSE ELE, RINDO SOZINHO.

 

E ASSIM, O POBRE ESPANTALHO CONSEGUIU SE LIVRAR DO ATAQUE DOS CORVOS. O SOL AINDA ESTAVA FORTE, MAS ESPIGA ESTAVA FELIZ. "BOM, PELO MENOS AGORA TENHO UM POUCO DE PAZ!"

 

E OS CORVOS? BEM, ELES APRENDERAM A LIÇÃO: NUNCA MAIS MEXERAM COM UM ESPANTALHO TÃO CORAJOSO COMO ESPIGA.

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 07/10/2024
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