ERA UMA VEZ, NUM LAGO AZUL E TRANQUILO, VIVIA UM JACARÉ MUITO ESPERTO, CONHECIDO COMO JACARÉ BANGUELA. ELE TINHA ESSE NOME NÃO PORQUE NÃO TINHA DENTES, MAS PORQUE GOSTAVA DE FICAR COM A BOCA BEM ABERTA, FINGINDO QUE ESTAVA BANGUELA. O JACARÉ BANGUELA PASSAVA OS DIAS DEITADO AO SOL, COM AS ÁGUAS MORNAS DO LAGO LAMBENDO SUAS COSTAS. E, O MAIS CURIOSO, ELE FICAVA DE BOCA ABERTA O TEMPO TODO, ESPERANDO QUE ALGUM BICHO DESATENTO PASSASSE POR ALI.
NAQUELE MESMO LAGO, VIVIAM OUTROS ANIMAIS: UMA TARTARUGA CHAMADA LENTA, UM PINGUIM CHAMADO PINGO E UM PASSARINHO CHAMADO BICO.
**PINGO**, O PINGUIM, ERA MUITO CURIOSO. ELE SEMPRE OBSERVAVA JACARÉ BANGUELA E PENSAVA:
— POR QUE SERÁ QUE ELE FICA COM A BOCA ABERTA O TEMPO TODO? DEVE ESTAR CANSADO DE MORDER AS COISAS... SERÁ QUE ELE PERDEU TODOS OS DENTES?
UM DIA, PINGO NÃO AGUENTOU MAIS A CURIOSIDADE E FOI NADANDO ATÉ O JACARÉ BANGUELA. APROXIMOU-SE COM CUIDADO E, COM A VOZ ENGRAÇADA, PERGUNTOU:
— SENHOR JACARÉ, POR QUE O SENHOR ESTÁ SEMPRE COM A BOCA ABERTA? ESTÁ COM DOR DE DENTE?
O JACARÉ BANGUELA SORRIU POR DENTRO, MAS CONTINUOU IMÓVEL, APENAS COM OS OLHOS ACOMPANHANDO O PINGUIM CURIOSO. ELE PENSOU:
"SE EU FICAR BEM QUIETINHO, ESSE PINGUIM VAI CHEGAR MAIS PERTO, E AÍ... NHAC!"
MAS O PINGO ERA ESPERTO TAMBÉM, E VENDO QUE O JACARÉ NÃO RESPONDIA, RESOLVEU SE AFASTAR.
— HMMM... ESTRANHO... — RESMUNGOU O PINGUIM, SAINDO DALI COM A CAUDA BALANÇANDO.
NO DIA SEGUINTE, FOI A VEZ DE **LENTA**, A TARTARUGA. ELA ERA MUITO VAGAROSA, MAS TAMBÉM GOSTAVA DE EXPLORAR O LAGO E SEUS ARREDORES. AO VER JACARÉ BANGUELA COM A BOCA ABERTA, PENSOU:
— QUE BOCA GRANDE! SERÁ QUE ELE ME ENGOLIRIA? — DISSE COM A VOZ ARRASTADA, ENQUANTO CAMINHAVA DEVAGAR ATÉ ELE.
LENTA CAMINHAVA TÃO DEVAGAR QUE O JACARÉ BANGUELA QUASE DORMIU ESPERANDO. MAS ELE PENSAVA CONSIGO:
"QUANDO ELA CHEGAR AQUI... VAI SER SÓ NHAC! UM LANCHINHO FÁCIL E DEVAGAR."
MAS LENTA, MESMO VAGAROSA, DESCONFIOU.
— MELHOR NÃO... — DISSE, VOLTANDO LENTAMENTE PARA A MARGEM DO LAGO.
POR FIM, **BICO**, O PASSARINHO, QUE VIVIA CANTAROLANDO ENTRE OS GALHOS DAS ÁRVORES, VIU AQUELA BOCA ABERTA E ACHOU AQUILO MUITO ESQUISITO. ELE NÃO ERA LÁ MUITO CURIOSO, MAS ADORAVA METER O BICO ONDE NÃO ERA CHAMADO. E É CLARO QUE VOOU DIRETO ATÉ A BOCA DO JACARÉ.
— OLHA SÓ! QUE COISA MAIS ENGRAÇADA! — PIOU O PASSARINHO, POUSANDO NA CABEÇA DO JACARÉ BANGUELA.
— QUE BOCA ENORME! SERÁ QUE ELE ESTÁ ESPERANDO UMA MOSCA ENTRAR? OU SERÁ QUE ELE ESTÁ ESPERANDO... **EU**?
BICO DEU UMA BICADINHA NA PONTA DO FOCINHO DO JACARÉ, E FOI ENTÃO QUE JACARÉ BANGUELA PENSOU:
"AGORA É O MOMENTO PERFEITO!" E, EM UM SEGUNDO, ELE FECHOU A BOCA!
— NHAC!
MAS QUANDO FECHOU, SENTIU ALGO DIFERENTE. ERA LEVE, NÃO TINHA GOSTO E, O MAIS IMPORTANTE, AINDA ESTAVA PIANDO EM SUA CABEÇA.
— IH, ACHO QUE ERREI! — RESMUNGOU JACARÉ BANGUELA, ABRINDO A BOCA DE NOVO.
O PASSARINHO, TODO ATREVIDO, RIU:
— VIU, SEU JACARÉ? NÃO É SEMPRE QUE SE PODE PEGAR O MAIS LIGEIRO!
JACARÉ BANGUELA FICOU BRAVO, MAS LÁ NO FUNDO SABIA QUE, MESMO COM TODA A SUA ESPERTEZA, OS ANIMAIS DO LAGO ERAM MAIS RÁPIDOS OU MAIS CAUTELOSOS DO QUE ELE IMAGINAVA.
E ASSIM, JACARÉ BANGUELA CONTINUOU SEUS DIAS NO LAGO, SEMPRE DE BOCA ABERTA, ESPERANDO PACIENTEMENTE. QUEM SABE UM DIA ALGUM BICHO DESATENTO RESOLVERIA DAR UM PASSEIO BEM PERTINHO DE SEUS DENTES AFIADOS...
MAS, ATÉ LÁ, OS AMIGOS DO LAGO APRENDERAM QUE, CURIOSOS OU NÃO, DEVIAM SEMPRE FICAR LONGE DA BOCA DO JACARÉ.