Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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ERA UMA VEZ UMA ZEBRA CHAMADA ZÉLIA, COM LISTRAS TÃO ELEGANTES QUE TODAS AS OUTRAS ZEBRAS FICAVAM COM INVEJA. ELA VIVIA NA SAVANA, UM LUGAR ENSOLARADO E CHEIO DE VIDA, MAS TINHA UM SEGREDO QUE DEIXAVA SEU CORAÇÃO AOS PULOS: ZÉLIA ESTAVA APAIXONADÍSSIMA POR UM BURRO CHAMADO BETO.

 

BETO NÃO ERA O BURRO MAIS CHARMOSO DA SAVANA, NEM O MAIS RÁPIDO, MAS PARA ZÉLIA, ELE ERA SIMPLESMENTE PERFEITO. ELA ADORAVA COMO ELE TROTAVA DE FORMA TRANQUILA E COMO SUAS ORELHAS BALANÇAVAM AO VENTO. "AH, BETO... QUE BURRO MAIS ADORÁVEL!" SUSPIRAVA ZÉLIA, TODA VEZ QUE O VIA PASTANDO CALMAMENTE.

 

O PROBLEMA ERA QUE BETO NÃO PARECIA NOTAR ZÉLIA DE JEITO NENHUM! ELA TENTAVA DE TUDO PARA CHAMAR A ATENÇÃO DELE. UM DIA, DECIDIU FAZER TRANÇAS NAS SUAS LISTRAS, ACREDITANDO QUE BETO ADORARIA UM TOQUE DIFERENTE. “ELE VAI ADORAR MINHAS LISTRAS TRANÇADAS”, PENSOU ZÉLIA, ADMIRANDO-SE NO REFLEXO DE UM LAGO. MAS BETO PASSOU POR ELA E SÓ DEU UMA OLHADINHA, CONTINUANDO A MASTIGAR O CAPIM SEM DIZER UMA PALAVRA.

 

NO DIA SEGUINTE, ZÉLIA TENTOU CANTAR UMA MÚSICA, UMA CANÇÃO DOCE QUE FALAVA DO AMOR E DA BELEZA DO PÔR DO SOL NA SAVANA. ELA CANTOU COM TODA SUA VOZ E SEU CORAÇÃO, ESPERANDO QUE BETO FINALMENTE A OUVISSE E VIESSE ATÉ ELA. MAS BETO, SEM NEM LEVANTAR AS ORELHAS, APENAS BOCEJOU E FOI TIRAR UM COCHILO DEBAIXO DE UMA ÁRVORE.

 

ZÉLIA COMEÇOU A FICAR TRISTE. “O QUE MAIS POSSO FAZER?” PENSAVA ELA, COM AS LISTRAS UM POUCO MENOS BRILHANTES. ELA FAZIA DE TUDO: PULAVA, DANÇAVA, TRAZIA FLORES, MAS NADA PARECIA FUNCIONAR. O BURRO BETO, POR MAIS MARAVILHOSO QUE ELA O ACHASSE, CONTINUAVA SEM PERCEBER SEU ESFORÇO.

 

ATÉ QUE UM DIA, ZÉLIA TEVE UMA CONVERSA MUITO IMPORTANTE COM SUA AMIGA GIGI, UMA GIRAFA SÁBIA E SEMPRE PRONTA PARA DAR CONSELHOS. "AMIGA ZÉLIA," COMEÇOU GIGI, "VOCÊ JÁ PAROU PARA PENSAR QUE TALVEZ VOCÊ ESTEJA TENTANDO SER QUEM VOCÊ ACHA QUE O BETO GOSTARIA, AO INVÉS DE SER QUEM VOCÊ REALMENTE É?"

 

ZÉLIA PISCOU OS OLHOS. "COMO ASSIM?"

 

"O AMOR, MINHA QUERIDA, NÃO É SOBRE SE TRANSFORMAR NA PESSOA PERFEITA. NÃO EXISTEM PRÍNCIPES E PRINCESAS. O QUE É BONITO NO AMOR É QUANDO ENCONTRAMOS ALGUÉM QUE NOS FAZ QUERER SER A MELHOR VERSÃO DE NÓS MESMOS, SEM PRECISAR MUDAR QUEM SOMOS DE VERDADE."

 

ZÉLIA PENSOU MUITO NAS PALAVRAS DE GIGI. TALVEZ, AO TENTAR IMPRESSIONAR TANTO BETO, ELA ESTIVESSE ESQUECENDO DE SER ELA MESMA, AQUELA ZEBRA ALEGRE, ESPONTÂNEA E CHEIA DE VIDA.

 

NO DIA SEGUINTE, ZÉLIA DECIDIU PARAR DE TENTAR TANTO IMPRESSIONAR BETO. ELA VOLTOU A SER A ZEBRA DE SEMPRE, BRINCANDO COM AS AMIGAS, CORRENDO PELA SAVANA E RINDO ALTO COMO FAZIA ANTES. PARA SUA SURPRESA, UM DIA, ENQUANTO ELA CORRIA E SE DIVERTIA, BETO SE APROXIMOU.

 

"OI, ZÉLIA," DISSE ELE, COM SEU JEITO CALMO. "EU ESTAVA TE OBSERVANDO... VOCÊ É MUITO DIVERTIDA. QUER DAR UMA VOLTA COMIGO PELA SAVANA?"

 

ZÉLIA FICOU SURPRESA, MAS SORRIU, SEU CORAÇÃO BATENDO RÁPIDO. "CLARO, BETO!" RESPONDEU ELA, COM AS BOCHECHAS CORADAS.

 

E ASSIM, ZÉLIA APRENDEU QUE O AMOR VERDADEIRO NÃO PRECISA DE TRANÇAS NAS LISTRAS OU CANÇÕES AO PÔR DO SOL. O AMOR BONITO É AQUELE QUE NOS FAZ BRILHAR POR QUEM REALMENTE SOMOS. BETO FINALMENTE NOTOU ZÉLIA QUANDO ELA FOI AUTÊNTICA, E OS DOIS SE TORNARAM GRANDES AMIGOS, CURTINDO A SAVANA JUNTOS.

 

E QUEM SABE, TALVEZ, COM O TEMPO, O AMOR ESTIVESSE REALMENTE NO AR...

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 22/09/2024
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