Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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O SR. LEOPOLDO ERA UM HOMEM PECULIAR, CONHECIDO POR SUA ELEGÂNCIA E SUA PAIXÃO POR BORBOLETAS. UM VERDADEIRO LEPIDOPTEROLOGISTA, O ESTUDIOSO DAS DELICADAS CRIATURAS, ELE PASSAVA OS DIAS EM SUA BIBLIOTECA, CATALOGANDO ESPÉCIES, ESCREVENDO SOBRE O CICLO DE VIDA E COMPORTAMENTO DAS BORBOLETAS, E, À NOITE, AVENTURAVA-SE NAS PROFUNDEZAS DA FLORESTA AMAZÔNICA, QUANDO O CÉU ESTAVA ILUMINADO PELAS ESTRELAS E A LUA CHEIA BRILHAVA COMO UM FAROL.

 

COM SEU CHAPÉU MARROM DE ABAS LARGAS, TERNO IMPECÁVEL E GRAVATA BORBOLETA, SR. LEOPOLDO LEVAVA CONSIGO SUA INSEPARÁVEL MALETA, CHEIA DE INSTRUMENTOS CIENTÍFICOS, E UMA REDINHA LEVE, TÃO DELICADA QUANTO O BATER DAS ASAS DE UMA BORBOLETA. SEU BIGODE GRISALHO, LONGO E BEM APARADO, BALANÇAVA CONFORME ELE ANDAVA PELA FLORESTA EM PASSOS LEVES, QUASE FLUTUANDO SOBRE AS FOLHAS.

 

— "AH, ESTA É UMA NOITE PERFEITA!" — MURMURAVA ELE ENQUANTO SE PREPARAVA PARA OBSERVAR AS BORBOLETAS DE LONGE. AS BORBOLETAS, QUE SEMPRE TENTAVAM FUGIR DE SUA REDINHA, FAZIAM MOVIMENTOS DE BAILARINAS NO AR, DANÇANDO ENTRE AS ÁRVORES, QUASE COMO SE BRINCASSEM COM O SR. LEOPOLDO.

 

ENTRE ELAS, HAVIA UMA BORBOLETA DE UM AZUL PROFUNDO, CHAMADA SAFIRA AZUL, QUE ELE VINHA OBSERVANDO POR MESES. SAFIRA ERA ÁGIL E SEMPRE CONSEGUIA ESCAPAR NO ÚLTIMO SEGUNDO, BATENDO SUAS ASAS DE FORMA QUE MAIS PARECIA UM BALÉ AÉREO.

 

— "HOJE SERÁ A MINHA NOITE!" — DIZIA O SR. LEOPOLDO, COM UM SORRISO CONFIANTE.

 

ENQUANTO CAMINHAVA PELA FLORESTA, UMA BORBOLETA DOURADA CHAMADA AURORA, COM ASAS QUE REFLETIAM OS RAIOS DA LUA, PASSOU ZIGUEZAGUEANDO POR ENTRE OS GALHOS. AURORA ERA UMA DAS FAVORITAS DO SR. LEOPOLDO, SEMPRE BRILHANDO COMO UM PEQUENO SOL, MESMO NAS NOITES MAIS ESCURAS.

 

O TRABALHO DE UM LEPIDOPTEROLOGISTA, COMO O SR. LEOPOLDO, NÃO ERA APENAS CAPTURAR BORBOLETAS. ELE AS ESTUDAVA COM PAIXÃO, OBSERVAVA SEUS PADRÕES DE VOO, SUAS CORES E COMPORTAMENTOS. DEPOIS DE COLETÁ-LAS CUIDADOSAMENTE EM SUA REDINHA, ELE AS EXAMINAVA DE PERTO, ANOTANDO DETALHES EM SEU CADERNO, MAS SEMPRE AS SOLTAVA DE VOLTA À NATUREZA, GARANTINDO QUE SUA BELEZA CONTINUASSE A ENFEITAR O MUNDO.

 

— "ESSAS PEQUENAS CRIATURAS SÃO TÃO FASCINANTES! VEJAM COMO SUAS ASAS SÃO SIMÉTRICAS... COMO UMA OBRA-PRIMA DA NATUREZA!" — EXCLAMAVA ELE AO OBSERVAR A FADA CORAL, UMA BORBOLETA DE ASAS ROSADAS E ALARANJADAS QUE MAIS PARECIA PINTADA À MÃO.

 

E LÁ ESTAVA ELA, FINALMENTE, VOANDO À LUZ DA LUA, A LENDÁRIA RAINHA DA NOITE, UMA BORBOLETA TÃO RARA QUE ERA CONHECIDA POR APARECER APENAS NAS NOITES MAIS CLARAS E ESTRELADAS. SUAS ASAS ERAM NEGRAS COM PONTINHOS BRILHANTES, COMO O PRÓPRIO CÉU NOTURNO, E O SR. LEOPOLDO A OBSERVAVA COM REVERÊNCIA.

 

— "AH, MINHA QUERIDA RAINHA DA NOITE... VOCÊ É A MAIS MAJESTOSA DE TODAS!" — SUSSURROU ELE, SEM OUSAR TENTAR CAPTURÁ-LA.

 

EM VEZ DISSO, O SR. LEOPOLDO APENAS A SEGUIU COM O OLHAR, ADMIRANDO SUA DANÇA SILENCIOSA PELO AR.

 

AS BORBOLETAS, COM SEUS MOVIMENTOS GRACIOSOS, SEMPRE ESCAPAVAM DE SUA REDINHA COM A LEVEZA DE BAILARINAS, MAS O SR. LEOPOLDO NUNCA SE IMPORTAVA. PARA ELE, O VERDADEIRO PRAZER ESTAVA EM OBSERVAR SUAS CORES, SEUS PADRÕES E A MÁGICA QUE ELAS TRAZIAM AO MUNDO.

 

ASSIM, ELE CONTINUAVA SUA CAMINHADA PELA FLORESTA, ILUMINADA PELA LUA, SEMPRE ELEGANTE E APAIXONADO, EM BUSCA DE NOVAS BORBOLETAS PARA ADMIRAR E, ACIMA DE TUDO, APRENDER COM ELAS.

 

E NAQUELA NOITE ESTRELADA, SR. LEOPOLDO NÃO CAPTUROU NENHUMA BORBOLETA, MAS FOI RECOMPENSADO COM O ESPETÁCULO DA NATUREZA, UMA DANÇA DE CORES, LUZES E BELEZA QUE SÓ ELE, COM SEU OLHAR ATENTO E CORAÇÃO DE AMANTE DAS BORBOLETAS, PODIA COMPREENDER.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 22/09/2024
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