Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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ERA UMA VEZ, NO CORAÇÃO DE UM JARDIM ENCANTADO, UMA LINDA ROSA VERMELHA. SUAS PÉTALAS ERAM BRILHANTES E AVELUDADAS, E SEU PERFUME ADOÇAVA O AR AO REDOR. AO SEU LADO, SEMPRE CRESCIA SEU MARIDO, O CRAVO BRANCO, COM QUEM COMPARTILHAVA CADA RAIO DE SOL E CADA GOTA DE CHUVA. ELES ERAM INSEPARÁVEIS, DANÇANDO JUNTOS AO SOM DO VENTO E BRILHANDO SOB A LUZ DA LUA.

 

MAS UM DIA, O CRAVO BRANCO DESAPARECEU. UMA FORTE TEMPESTADE O LEVOU EMBORA. A ROSA VERMELHA SENTIU SEU CORAÇÃO APERTAR DE SAUDADES E TRISTEZA. SEM O CRAVO AO SEU LADO, AS MANHÃS NÃO TINHAM BRILHO E AS NOITES ERAM LONGAS E FRIAS.

 

DIA APÓS DIA, A ROSA VERMELHA COMEÇOU A MURCHAR, SUA TRISTEZA ERA TÃO GRANDE QUE ATÉ AS BORBOLETAS PARARAM DE VISITAR. SEUS ESPINHOS SE TORNARAM MAIS AFIADOS, E SUAS FOLHAS PERDERAM O BRILHO. "NÃO AGUENTO MAIS ESSA SOLIDÃO," PENSOU A ROSA, ENQUANTO UMA LÁGRIMA ESCORRIA PELA SUA PÉTALA MAIS VERMELHA.

 

FOI ENTÃO QUE, NUMA TARDE SILENCIOSA, A ROSA VERMELHA OLHOU PARA O CÉU E FEZ UM PEDIDO AOS ANJOS DA NATUREZA. "POR FAVOR, ANJOS, TRANSFORMEM-ME EM HUMANA. QUERO CAMINHAR, FALAR E PROCURAR MEU CRAVO BRANCO PELO MUNDO. TALVEZ, COMO MULHER, EU POSSA ENCONTRÁ-LO DE NOVO."

 

OS ANJOS DA NATUREZA, QUE SEMPRE CUIDAVAM DAS FLORES E ÁRVORES, OUVIRAM SEU PEDIDO. COMOVIDOS PELA TRISTEZA DA ROSA VERMELHA, ELES DESCERAM DAS NUVENS EM FORMA DE PEQUENOS VAGA-LUMES BRILHANTES E RODEARAM A FLOR COM UMA LUZ DOURADA. "QUERIDA ROSA," DISSERAM OS ANJOS, "SUA TRISTEZA TOCOU NOSSOS CORAÇÕES. VAMOS REALIZAR SEU DESEJO."

 

E ENTÃO, COM UM TOQUE DE MÁGICA, AS RAÍZES DA ROSA COMEÇARAM A SE DESPRENDER DA TERRA, SUAS PÉTALAS SE TRANSFORMARAM EM LONGOS CABELOS PRETOS, E SEUS ESPINHOS DELICADOS VIRARAM DEDOS FINOS E GRACIOSOS. A ROSA VERMELHA HAVIA SE TRANSFORMADO NUMA JOVEM MULHER DE BELEZA INCOMPARÁVEL, COM A PELE SUAVE E O CORAÇÃO CHEIO DE ESPERANÇAS.

 

VESTIDA COM UM MANTO COR DE CARMIM, ELA OLHOU PARA SUAS NOVAS MÃOS E SORRIU. "AGORA POSSO CAMINHAR PELO MUNDO!" EXCLAMOU. E ASSIM, A ROSA, AGORA MULHER, COMEÇOU SUA JORNADA. ELA CORRIA PELOS CAMPOS, SENTIA A BRISA EM SEU ROSTO E RIA COMO NUNCA. PORÉM, MESMO COM TANTA NOVIDADE, SEU CORAÇÃO AINDA ESTAVA VAZIO SEM O CRAVO BRANCO.

 

AO LONGO DE SUA CAMINHADA, A JOVEM ENCONTROU CRIATURAS DO JARDIM QUE NUNCA HAVIA CONHECIDO ANTES. UM PEQUENO BEIJA-FLOR, DE BICO DOURADO, VOOU ATÉ ELA E DISSE: "EU VI O CRAVO BRANCO! ELE ESTÁ NAS MONTANHAS ALÉM DO ARCO-ÍRIS." O CORAÇÃO DA ROSA MULHER PULOU DE ALEGRIA.

 

SEM PERDER TEMPO, ELA SEGUIU O BEIJA-FLOR, ATRAVESSANDO RIACHOS CRISTALINOS E SALTANDO SOBRE PEDRAS COBERTAS DE MUSGO. QUANDO FINALMENTE CHEGOU AO TOPO DA MONTANHA, O CÉU ESTAVA PINTADO COM AS CORES DO ARCO-ÍRIS. E LÁ, NO MEIO DE UM CAMPO DE FLORES BRANCAS, ESTAVA ELE: O CRAVO BRANCO.

 

MAS ALGO MÁGICO HAVIA ACONTECIDO! ASSIM COMO A ROSA VERMELHA, O CRAVO BRANCO TAMBÉM HAVIA FEITO UM PEDIDO AOS ANJOS DA NATUREZA. ELE HAVIA SE TRANSFORMADO NUM HOMEM, FORTE E GENTIL, À ESPERA DE SUA ROSA. AO SE VEREM, OS DOIS SE ABRAÇARAM COM A MESMA DELICADEZA COM QUE SE TOCAVAM QUANDO ERAM FLORES.

 

"EU SABIA QUE TE ENCONTRARIA," DISSE A ROSA MULHER, COM OS OLHOS BRILHANDO COMO ESTRELAS.

 

"E EU ESPEREI POR VOCÊ," RESPONDEU O CRAVO HOMEM, SORRINDO.

 

E ASSIM, JUNTOS NOVAMENTE, ELES COMEÇARAM UMA NOVA VIDA, AGORA COMO HUMANOS, PRONTOS PARA VIVER MUITAS AVENTURAS PELO JARDIM ENCANTADO E PELO MUNDO AFORA, SEMPRE DE MÃOS DADAS, COM O AMOR FLORESCENDO EM SEUS CORAÇÕES.

 

E DIZEM QUE, ATÉ HOJE, NAS NOITES DE LUA CHEIA, PODE-SE SENTIR O PERFUME DE ROSA VERMELHA E CRAVO BRANCO DANÇANDO AO VENTO.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 21/09/2024
Alterado em 21/09/2024
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