Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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ERA UMA VEZ, EM UM VILAREJO ESCONDIDO ENTRE MONTANHAS E RIOS, UMA MENINA CHAMADA FANY. ELA ERA MEIGA E DELICADA, COM UM CORAÇÃO QUE PARECIA FEITO DE NUVENS DE ALGODÃO. MAS, EMBORA FOSSE DOCE, FANY TINHA ALGO MUITO ESPECIAL: UMA IMAGINAÇÃO QUE PODIA VOAR PARA OS LUGARES MAIS INCRÍVEIS. À NOITE, ENQUANTO TODOS NO VILAREJO DORMIAM, FANY SONHAVA COM A MAGIA DA LUA.

 

TODAS AS NOITES, ANTES DE DORMIR, FANY SENTAVA-SE À BEIRA DA JANELA, OLHAVA PARA O CÉU E SUSPIRAVA: 

"QUERIDA LUA, QUE BRILHA NO CÉU, VOCÊ É TÃO BONITA E MISTERIOSA. DONA DA NOITE E PROTETORA DOS SONHOS!"

E ASSIM, A LUA CHEIA RESPONDIA COM UM BRILHO SUAVE, COMO SE PISCASSE DE VOLTA PARA FANY. CADA FASE DA LUA PARECIA CONTAR UMA HISTÓRIA, E FANY ESTAVA SEMPRE PRONTA PARA OUVIR.

 

UMA DESSAS NOITES, ALGO MÁGICO ACONTECEU. QUANDO FANY FECHOU OS OLHOS, SENTIU UM CALORZINHO NO PEITO E, DE REPENTE, LÁ ESTAVA ELA... FLUTUANDO NO CÉU, BEM PERTINHO DA LUA! AO OLHAR PARA BAIXO, SUAS PERNAS NÃO ESTAVAM MAIS LÁ, MAS SIM BELAS ASAS DE BORBOLETA, COLORIDAS COMO O ARCO-ÍRIS!

 

— UAU! — FANY EXCLAMOU, MARAVILHADA. — AGORA EU POSSO VOAR ATÉ A LUA!

 

COM UM BATER SUAVE DE SUAS ASAS, ELA SE APROXIMOU DA LUA, QUE A RECEBEU COM UMA LUZ DOURADA E ACOLHEDORA. AO POUSAR NA SUPERFÍCIE LUNAR, FANY PERCEBEU QUE NÃO ESTAVA SOZINHA. HAVIA PEQUENAS CRIATURAS, BRILHANDO COMO ESTRELAS, SALTITANDO AO REDOR. ERAM OS GUARDIÕES DA LUA, SERES MÁGICOS QUE PROTEGIAM SEUS SEGREDOS.

 

— BEM-VINDA, FANY! — DISSE UMA DAS CRIATURINHAS, COM UMA VOZINHA CANTADA. — SABÍAMOS QUE VOCÊ VIRIA.

 

— SABIAM? — PERGUNTOU FANY, SURPRESA.

 

— CLARO! A LUA SEMPRE ESCUTA AQUELES QUE SONHAM COM ELA. E VOCÊ SONHA GRANDE, COMO UMA BORBOLETA QUE NÃO PODA SUAS ASAS PARA CABER NO MUNDO DE NINGUÉM.

 

FANY SORRIU AO OUVIR ISSO. ERA EXATAMENTE COMO SE SENTIA. SEMPRE QUIS VOAR PARA LUGARES ONDE PUDESSE SER ELA MESMA, SEM PRECISAR SE MOLDAR AOS DESEJOS DOS OUTROS.

 

— VENHA, TEMOS ALGO ESPECIAL PARA TE MOSTRAR — DISSE O GUARDIÃO, CONDUZINDO-A POR UM CAMINHO PRATEADO.

 

ELES CAMINHARAM ATÉ UMA PARTE DA LUA ONDE HAVIA UM LAGO MÁGICO, CHEIO DE ESTRELAS FLUTUANTES. O LAGO REFLETIA O CÉU, MAS TAMBÉM MOSTRAVA ALGO MAIS: ELE REVELAVA OS SONHOS DE QUEM OLHASSE PARA ELE.

 

— ESSE É O LAGO DOS SONHOS — EXPLICOU O GUARDIÃO. — AQUI, VOCÊ PODE VER O QUE SEU CORAÇÃO DESEJA DE VERDADE.

 

FANY SE INCLINOU PARA VER SEU REFLEXO. LÁ, NO LAGO BRILHANTE, ELA SE VIU VOANDO PELO MUNDO, ESPALHANDO CORES E ALEGRIA COM SUAS ASAS DE BORBOLETA. CADA BATER DE ASAS FAZIA FLORES NASCEREM NOS CAMPOS E ESTRELAS BRILHAREM MAIS NO CÉU. ELA SABIA QUE AQUELA IMAGEM ERA O QUE ELA SEMPRE QUIS: LIBERDADE PARA SER QUEM REALMENTE ERA E LEVAR FELICIDADE POR ONDE PASSASSE.

 

MAS, DE REPENTE, UMA SOMBRA APARECEU NO LAGO. ERA UM GRANDE MONSTRO CINZA QUE TENTAVA COBRIR A LUA COM SUAS MÃOS. FANY ARREGALOU OS OLHOS, ASSUSTADA.

 

— O QUE É ISSO? — PERGUNTOU ELA.

 

— ESSE É O MEDO, FANY — DISSE O GUARDIÃO COM CALMA. — ELE APARECE SEMPRE QUE ALGUÉM DUVIDA DE SI MESMO. MAS VOCÊ NÃO PRECISA TER MEDO. SUAS ASAS SÃO FORTES O SUFICIENTE PARA ENFRENTAR QUALQUER ESCURIDÃO.

 

COM CORAGEM RENOVADA, FANY ABRIU SUAS ASAS E VOOU PARA O CÉU ESTRELADO. ELA SABIA QUE O MEDO SÓ PODERIA VENCÊ-LA SE ELA DEIXASSE DE ACREDITAR EM SI MESMA. E, COM UM BRILHO DETERMINADO NOS OLHOS, ELA SE APROXIMOU DO MONSTRO. COM UM SIMPLES BATER DE SUAS ASAS COLORIDAS, FANY FEZ O MEDO DESAPARECER, DEIXANDO O CÉU LIMPO E BRILHANTE DE NOVO.

 

AO VOLTAR PARA A LUA, OS GUARDIÕES A APLAUDIRAM COM ALEGRIA.

 

— VOCÊ CONSEGUIU, FANY! — DISSERAM EM CORO. — A LUA SEMPRE ESTARÁ COM VOCÊ, EM CADA SONHO, EM CADA BATIDA DE ASAS.

 

E, ASSIM, A AVENTURA TERMINOU. FANY ACORDOU EM SUA CAMA, COM UM SORRISO SUAVE NOS LÁBIOS. A LUA AINDA BRILHAVA LÁ NO CÉU, MAIS BELA DO QUE NUNCA, COMO UMA AMIGA ANTIGA. FANY SABIA QUE, DE AGORA EM DIANTE, NÃO IMPORTAVA O QUE ACONTECESSE, ELA SEMPRE TERIA A MAGIA DA LUA E SUAS ASAS DE BORBOLETA PARA GUIÁ-LA EM SUAS AVENTURAS.

 

E ASSIM, TODAS AS NOITES, ANTES DE FECHAR OS OLHOS, FANY SUSSURRAVA: 

— SUBLIME LUA, SEMPRE ESTAREI CONTIGO.

 

E A LUA, COMO SEMPRE, BRILHAVA EM RESPOSTA.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 20/09/2024
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