ERA UMA MANHÃ FRESCA DE OUTONO NAS FLORESTAS DO CANADÁ. AS FOLHAS DOURADAS E AVERMELHADAS DANÇAVAM SUAVEMENTE AO VENTO, ENQUANTO O PEQUENO ESQUILO DENTUÇO, COM SEU PELO MARROM E SEUS DENTINHOS SALIENTES, CORRIA DE GALHO EM GALHO. DENTUÇO ERA MUITO CURIOSO, SEMPRE EM BUSCA DE AVENTURAS, MAS NAQUELA MANHÃ ELE HAVIA ENCONTRADO ALGO QUE MEXEU COM SUA IMAGINAÇÃO.
ENQUANTO ORGANIZAVA SUAS NOZES NO OCO DE UMA ÁRVORE, DENTUÇO ENCONTROU ALGO INUSITADO: UMA CARTA MISTERIOSA! O ENVELOPE ERA PEQUENO E DE COR AMARELA, COM UMA ÚNICA PALAVRA ESCRITA: "SECRETO". DENTUÇO OLHOU AO REDOR, MAS NÃO HAVIA NINGUÉM POR PERTO. QUEM TERIA DEIXADO AQUELA CARTA, E PARA QUEM ELA ERA?
ANSIOSO E CURIOSO, DENTUÇO DECIDIU LEVAR A CARTA ATÉ SUA AMIGA, A SÁBIA CORUJA SOFIA. SOFIA VIVIA NO TOPO DE UMA ÁRVORE ALTA E SEMPRE TINHA BONS CONSELHOS.
— O QUE SERÁ ISSO? — PERGUNTOU DENTUÇO, ENTREGANDO A CARTA A SOFIA.
SOFIA AJUSTOU SEUS ÓCULOS, OLHOU O ENVELOPE E DISSE:
— ESTA CARTA ESTÁ ENDEREÇADA AO GRANDE URSO BRUNO.
DENTUÇO FICOU SURPRESO! O GRANDE URSO BRUNO ERA O PROTETOR DA FLORESTA, MAS ERA TAMBÉM MUITO RECLUSO. DIZIAM QUE ELE RARAMENTE SAÍA DE SUA CAVERNA, EXCETO QUANDO ALGO MUITO IMPORTANTE ACONTECIA.
— O QUE VOCÊ VAI FAZER, DENTUÇO? — PERGUNTOU SOFIA, COM UM OLHAR CURIOSO.
COM UMA MISTURA DE RECEIO E EMPOLGAÇÃO, DENTUÇO DECIDIU QUE LEVARIA A CARTA ATÉ O GRANDE URSO. MAS O QUE PODERIA ESTAR ESCRITO NELA? O QUE ERA TÃO SECRETO?
DENTUÇO ATRAVESSOU A FLORESTA, EVITANDO OS BURACOS NO CHÃO E OS GALHOS QUE CAÍAM. NO CAMINHO, ELE PASSOU PELA RAPOSA LILA E PELO CASTOR BENTO, QUE O VIRAM CORRENDO COM O ENVELOPE NAS MÃOS.
— EI, O QUE VOCÊ ESTÁ LEVANDO AÍ? — PERGUNTOU BENTO, CURIOSO.
— UM SEGREDO! — RESPONDEU DENTUÇO, SEM REVELAR NADA. ELE SABIA QUE A CARTA ERA IMPORTANTE E QUE DEVERIA ENTREGÁ-LA O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL.
FINALMENTE, CHEGOU À CAVERNA DO GRANDE URSO BRUNO. A ENTRADA ERA ENORME E ESCURA, E DENTUÇO HESITOU POR UM MOMENTO ANTES DE CRIAR CORAGEM.
— SENHOR BRUNO! — CHAMOU ELE, TENTANDO SER O MAIS RESPEITOSO POSSÍVEL. — EU... EU TENHO UMA CARTA PARA VOCÊ!
UM SOM PROFUNDO E GRAVE ECOOU DA CAVERNA, SEGUIDO POR PASSOS PESADOS. O IMENSO URSO APARECEU, COM SUA PELAGEM GROSSA E OLHOS SÉRIOS.
— UMA CARTA? — PERGUNTOU O URSO, TOMANDO O ENVELOPE COM SUAS GRANDES PATAS.
DENTUÇO OBSERVOU, ANSIOSO, ENQUANTO BRUNO ABRIA A CARTA LENTAMENTE. QUANDO O URSO TERMINOU DE LER, ELE PAROU POR UM MOMENTO E OLHOU PARA DENTUÇO COM UM BRILHO NOS OLHOS.
— AH! — EXCLAMOU BRUNO, COM UM SORRISO QUE DENTUÇO NUNCA IMAGINARIA VER. — ESTA CARTA É UM PEDIDO DE AJUDA! É DA MINHA VELHA AMIGA, A RAPOSA RUBI. ELA PRECISA DE MIM PARA PROTEGER UM PEDAÇO DA FLORESTA QUE ESTÁ SENDO AMEAÇADO PELOS HUMANOS. ELES QUEREM CONSTRUIR UMA ESTRADA ALI.
DENTUÇO ARREGALOU OS OLHOS. ISSO ERA SÉRIO! A CONSTRUÇÃO DE UMA ESTRADA PODERIA DESTRUIR CASAS DE VÁRIOS ANIMAIS.
— O QUE VAMOS FAZER? — PERGUNTOU DENTUÇO, AGORA SENTINDO A RESPONSABILIDADE PESAR SOBRE ELE.
— VOCÊ JÁ FEZ A PARTE MAIS DIFÍCIL, DENTUÇO. TROUXE A MENSAGEM A TEMPO — DISSE BRUNO, COM GRATIDÃO. — AGORA, REUNIREI TODOS OS ANIMAIS DA FLORESTA PARA AJUDARMOS RUBI A PROTEGER O TERRITÓRIO DELA. E QUERO QUE VOCÊ VÁ COMIGO. SUA CORAGEM MOSTROU QUE VOCÊ É DIGNO DE SER UM DOS GUARDIÕES DA FLORESTA!
DENTUÇO MAL PODIA ACREDITAR NO QUE OUVIA. ELE, UM PEQUENO ESQUILO, SERIA UM DOS GUARDIÕES DA FLORESTA?
NAQUELA NOITE, BRUNO E DENTUÇO VIAJARAM JUNTOS ATÉ O TERRITÓRIO DA RAPOSA RUBI. COM A AJUDA DE TODOS OS ANIMAIS, CONSEGUIRAM PROTEGER A FLORESTA DOS HUMANOS, QUE DECIDIRAM DESVIAR O CAMINHO DA ESTRADA PARA NÃO PREJUDICAR OS ANIMAIS.
DENTUÇO VOLTOU PARA CASA CANSADO, MAS FELIZ. A CARTA SECRETA HAVIA MUDADO SUA VIDA PARA SEMPRE. NÃO SÓ ELE TINHA AJUDADO A SALVAR A FLORESTA, MAS AGORA ELE FAZIA PARTE DOS PROTETORES DELA.