Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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ERA UMA VEZ UMA PEQUENA VILA ESCONDIDA NO CORAÇÃO DE UMA FLORESTA DENSA E MISTERIOSA, ONDE O SOL MAL CONSEGUIA ATRAVESSAR A COPA DAS ÁRVORES. CERTO DIA, UM VIAJANTE CURIOSO CHEGOU AO LUGAR, TRAZIDO POR UMA CANOA FRÁGIL QUE DESLIZAVA PELO RIO TRANQUILO. ASSIM QUE DESEMBARCOU, O CANOEIRO, UM HOMEM SIMPLES E DE POUCAS PALAVRAS, COMEÇOU A ABRIR CAMINHO NA FLORESTA POR UMA TRILHA QUE ZIGUEZAGUEAVA ENTRE ÁRVORES ANTIGAS E RAÍZES GIGANTES.

 

O SILÊNCIO DA FLORESTA ERA TÃO PROFUNDO QUE O VIAJANTE SENTIA COMO SE O MUNDO INTEIRO ESTIVESSE PRESO NAQUELE MOMENTO CALMO E QUENTE. O SOL BRILHAVA ALTO, E TUDO PARECIA ENVOLTO EM UMA ATMOSFERA SONOLENTA. DE REPENTE, O CANOEIRO PAROU E FEZ UM SINAL PARA QUE O VIAJANTE PISASSE COM CUIDADO, COMO SE ALGO MÁGICO ESTIVESSE PRESTES A ACONTECER.

 

INTRIGADO, O VIAJANTE SEGUIU EM SILÊNCIO, ATÉ QUE SEUS OLHOS CAPTARAM UMA CENA ENCANTADORA: EM UMA ÁRVORE QUASE SEM FOLHAS, NOVE PASSARINHOS AZUIS COM CRISTAS VERMELHAS DANÇAVAM E CANTAVAM, COMO SE ESTIVESSEM EM UMA FESTA. UM DELES, CLARAMENTE O LÍDER, ESTAVA NO GALHO MAIS ALTO, CANTANDO UMA MELODIA SUAVE QUE PARECIA ENCHER O AR DE ALEGRIA. SUAS PENAS BRILHAVAM, E ELE BALANÇAVA A CABEÇA COM DELICADEZA, ENQUANTO OS OUTROS ACOMPANHAVAM O RITMO.

 

QUANDO O LÍDER TERMINOU SUA CANÇÃO, TODOS OS OUTROS PASSARINHOS SE JUNTARAM EM UM CORO HARMONIOSO. DEPOIS, COMO SE ESTIVESSEM SEGUINDO UMA COREOGRAFIA SECRETA, COMEÇARAM A SALTITAR E A VOAR DE GALHO EM GALHO, FORMANDO PARES COMO NUMA QUADRILHA, REVEZANDO-SE DE MANEIRA GRACIOSA. ERA UMA DANÇA DE PURA BELEZA, ONDE OS PRIMEIROS PASSARINHOS FICAVAM ATRÁS DOS ÚLTIMOS, E ESSES VOLTAVAM PARA A FRENTE EM UMA DANÇA INTERMINÁVEL.

 

O VIAJANTE, ENCANTADO COM A CENA, QUIS SE APROXIMAR PARA VER MELHOR. NO ENTANTO, AO PISAR EM UM GALHO SECO, FEZ UM PEQUENO RUÍDO. OS PASSARINHOS, ASSUSTADOS, VOARAM PARA LONGE EM UM INSTANTE, DEIXANDO APENAS O SILÊNCIO ATRÁS.

 

- QUEM SÃO ESSES PASSARINHOS? – PERGUNTOU O VIAJANTE AO CANOEIRO, AINDA IMPRESSIONADO.

 

O CANOEIRO SORRIU E DISSE:

 

- ESSES AÍ, SINHÔ, SÃO CONHECIDOS COMO TANGARÁS. MAS VOU LHE CONTAR UMA HISTÓRIA, QUE É O QUE O POVO DAQUI ACREDITA.

 

O VIAJANTE FICOU CURIOSO E SE APROXIMOU MAIS, ENQUANTO O CANOEIRO ACENDIA SEU CACHIMBO E COMEÇAVA A CONTAR:

 

- MUITO TEMPO ATRÁS, VIVIA AQUI UMA FAMÍLIA QUE ADORAVA DANÇAR. ERA UMA ALEGRIA SÓ! O PAI DELES, O VELHO CHICO SANTOS, TINHA MUITOS FILHOS, E TODOS ELES ERAM DANÇADORES DE PRIMEIRA. DANÇAVAM O DIA TODO, ATÉ MESMO SEM MOTIVO. A DANÇA CORRIA NO SANGUE DELES.

 

O VIAJANTE ESCUTAVA ATENTO, E O CANOEIRO CONTINUOU:

 

- DIZEM QUE UM DIA, QUANDO ESTAVAM DANÇANDO NUMA GRANDE FESTA, ALGO MÁGICO ACONTECEU. OS FILHOS DE CHICO SANTOS, COM TANTO AMOR PELA DANÇA, ACABARAM SENDO TRANSFORMADOS EM PASSARINHOS. AGORA, ELES CONTINUAM A DANÇAR E A CANTAR PARA QUEM TIVER SORTE DE VÊ-LOS, COMO O SINHÔ VIU HOJE.

 

O VIAJANTE, FASCINADO PELA HISTÓRIA, OLHOU PARA O CÉU, IMAGINANDO AQUELES PASSARINHOS DANÇADORES COMO PARTE DE UMA ANTIGA LENDA QUE JAMAIS SE APAGARIA DA FLORESTA. E COM UM SORRISO NO ROSTO, ELE SEGUIU VIAGEM, SABENDO QUE TINHA PRESENCIADO ALGO VERDADEIRAMENTE MÁGICO. AFINAL, OS PASSARINHOS QUERIAM DANÇAR, E SEMPRE DANÇARIAM, ENQUANTO HOUVESSE ALGUÉM DISPOSTO A ESCUTAR SUA MÚSICA.

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 16/09/2024
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