ERA UMA VEZ, NUMA GRANDE FAZENDA, UMA MOÇA CHAMADA JUJU. JUJU ERA A FILHA DO FAZENDEIRO MAIS RICO DA REGIÃO, E TODO MUNDO A CHAMAVA DE SINHAZINHA JUJU. ELA TINHA CABELOS LONGOS, VESTIDOS DE BABADOS E SAPATINHOS DE CETIM. SEU PAI, O SENHOR DA FAZENDA, ERA UM HOMEM MUITO MALVADO, E, QUANDO FICAVA BRAVO, MANDAVA CASTIGAR OS ESCRAVOS QUE TRABALHAVAM NO CAMPO. JUJU, PORÉM, TINHA UM CORAÇÃO DOCE E BONDOSO. ELA NÃO GOSTAVA NEM UM POUCO DAS COISAS RUINS QUE SEU PAI FAZIA.
TODAS AS NOITES, QUANDO A LUA BRILHAVA NO CÉU, UM MISTÉRIO TOMAVA CONTA DA FAZENDA. DIZIAM QUE UMA ESCRAVA FANTASMA, CHAMADA ESCRAVA LUMINOSA, APARECIA PARA SALVAR AQUELES QUE ERAM INJUSTIÇADOS. ELA SURGIA ENVOLTA EM UMA LUZ TÃO FORTE QUE ILUMINAVA TODA A FAZENDA, COM UMA LUZ ESPECIAL QUE SAÍA DA SUA BOCA. ESSA LUZ BRILHANTE FAZIA COM QUE NINGUÉM A VISSE DIREITO, EXCETO JUJU, QUE SEMPRE A OBSERVAVA ESCONDIDINHA ATRÁS DAS CORTINAS.
CERTA NOITE, DEPOIS DE SEU PAI DAR ORDENS PARA CASTIGAR UM POBRE ESCRAVO, JUJU DECIDIU QUE JÁ ERA HORA DE FAZER ALGUMA COISA. ELA SABIA QUE A ESCRAVA LUMINOSA APARECERIA PARA AJUDAR, MAS TAMBÉM SABIA QUE SOZINHA ELA NÃO PODIA LIBERTAR TODOS OS ESCRAVOS DAS GARRAS DE SEU PAI. “EU PRECISO AJUDAR!” PENSOU JUJU, DETERMINADA.
COM UM PEQUENO LAMPIÃO NAS MÃOS, JUJU SAIU DE SEU QUARTO E SEGUIU O RASTRO DA LUZ DA ESCRAVA LUMINOSA, QUE VOAVA LEVE COMO O VENTO PELOS CORREDORES DA FAZENDA. QUANDO CHEGOU PERTO, JUJU SENTIU SEU CORAÇÃO BATER FORTE. A ESCRAVA FANTASMA PARECIA PERCEBER SUA PRESENÇA, MAS, EM VEZ DE FUGIR, ELA SORRIU COM SEUS OLHOS BRILHANTES.
— SINHAZINHA JUJU, VOCÊ ME VÊ? — PERGUNTOU A ESCRAVA LUMINOSA COM UMA VOZ SUAVE E ACOLHEDORA.
— SIM, EU VEJO VOCÊ. E QUERO AJUDAR! — RESPONDEU JUJU, CORAJOSA.
A ESCRAVA LUMINOSA SORRIU, E SUA LUZ FICOU AINDA MAIS FORTE.
— HÁ MUITO TEMPO, EU PROTEJO ESSES ESCRAVOS, MAS SOZINHA EU NÃO CONSIGO LIBERTÁ-LOS. ELES PRECISAM DE UMA AMIGA COM UM CORAÇÃO TÃO PURO QUANTO O SEU PARA DAR-LHES ESPERANÇA.
JUJU ARREGALOU OS OLHOS. ELA SABIA QUE SEU PAI ERA PODEROSO E CRUEL, MAS NÃO PODIA MAIS FICAR PARADA. ELA TINHA QUE AJUDAR A LIBERTAR TODOS.
— O QUE EU POSSO FAZER? — PERGUNTOU A MENINA, CHEIA DE CURIOSIDADE E DETERMINAÇÃO.
— VOCÊ DEVE ENCONTRAR A CHAVE DOURADA ESCONDIDA NA SALA SECRETA DO SEU PAI. COM ELA, VOCÊ PODERÁ ABRIR AS CORRENTES QUE PRENDEM OS ESCRAVOS E LIBERTÁ-LOS DE VEZ! — EXPLICOU A ESCRAVA, SUA VOZ ECOANDO COMO UMA MÚSICA NO VENTO.
COM ISSO, JUJU EMBARCOU NUMA AVENTURA CHEIA DE MISTÉRIOS PELOS CORREDORES ESCUROS DA FAZENDA. ELA PRECISAVA SER RÁPIDA, POIS O AMANHECER SE APROXIMAVA. A CADA PASSO, ELA SENTIA O PESO DA RESPONSABILIDADE EM SEUS PEQUENOS OMBROS, MAS SEU CORAÇÃO ESTAVA FIRME. FINALMENTE, DEPOIS DE MUITO PROCURAR, JUJU ENCONTROU A SALA SECRETA. LÁ, SOBRE UMA MESA DE MADEIRA ANTIGA, ESTAVA A CHAVE DOURADA. ELA ERA LINDA, BRILHANTE E PARECIA FEITA DE MAGIA.
COM A CHAVE NAS MÃOS, JUJU CORREU DE VOLTA PARA OS ESCRAVOS, E COM A AJUDA DA ESCRAVA LUMINOSA, ELA FOI ABRINDO AS CORRENTES UMA POR UMA. A LUZ DA ESCRAVA BRILHAVA MAIS FORTE A CADA LIBERDADE CONQUISTADA, ATÉ QUE, AO FINAL, TODOS OS ESCRAVOS ESTAVAM LIVRES E FELIZES.
QUANDO O SOL COMEÇOU A NASCER, A ESCRAVA LUMINOSA SE VIROU PARA JUJU E DISSE:
— OBRIGADA, SINHAZINHA. VOCÊ FEZ O QUE POUCOS TERIAM CORAGEM DE FAZER. AGORA, ELES ESTÃO LIVRES, E EU POSSO DESCANSAR EM PAZ.
COM UM ÚLTIMO SORRISO, A ESCRAVA FANTASMA DESAPARECEU, ABANDONANDO UMA LEVE BRISA E UMA SENSAÇÃO DE MISSÃO CUMPRIDA. JUJU, COM SEUS CABELOS BAGUNÇADOS E SUAS ROUPAS SUJAS DE AVENTURA, SABIA QUE SEU MUNDO MUDARIA PARA SEMPRE. E, A PARTIR DAQUELE DIA, A PEQUENA SINHAZINHA JUJU SE TORNOU A VERDADEIRA HEROÍNA DA FAZENDA, AQUELA QUE LIBERTOU TODOS COM SUA CORAGEM E BONDADE.
E ASSIM, JUJU CUIDOU DE TODOS OS QUE FORAM SALVOS, GARANTINDO QUE A LUZ DA LIBERDADE NUNCA SE APAGASSE. E DIZEM QUE, NAS NOITES DE LUA CHEIA, SE VOCÊ OLHAR BEM DE PERTO, AINDA PODE VER UM BRILHO NO CÉU... O SORRISO DA ESCRAVA LUMINOSA, QUE NUNCA DEIXOU DE CUIDAR DAQUELES QUE ELA AMAVA.