ERA UMA VEZ UM HABILIDOSO FERREIRO CHAMADO EULÉ. ELE VIVIA SOZINHO EM UMA PEQUENA CABANA NAS MONTANHAS, ONDE PASSAVA SEUS DIAS TRABALHANDO COM FERRO E PEDRA. SEU CORAÇÃO, PORÉM, ESTAVA CHEIO DE UM DESEJO PROFUNDO: EULÉ QUERIA TER FILHOS A QUEM PUDESSE ENSINAR SUA ARTE E COMPARTILHAR SUA SABEDORIA. MAS, POR MAIS QUE SONHASSE, SEUS FILHOS NÃO VINHAM.
CERTA NOITE, SOB O BRILHO DAS ESTRELAS, EULÉ TEVE UMA IDEIA OUSADA. ELE OLHOU AO REDOR E VIU A RIQUEZA DA NATUREZA À SUA DISPOSIÇÃO. COM SUAS MÃOS CALEJADAS E SEU CORAÇÃO CHEIO DE ESPERANÇA, ELE DECIDIU QUE, SE NÃO PODIA TER FILHOS DA FORMA COMUM, ELE OS CRIARIA DE OUTRA MANEIRA.
COM TERRA E PEDRA, EULÉ COMEÇOU A MOLDAR PEQUENAS FIGURAS. TRABALHOU NOITE E DIA, COM CUIDADO E DEDICAÇÃO, ATÉ QUE SETE PEQUENOS SERES GANHARAM FORMA. ERAM BAIXOS, MAS INCRIVELMENTE FORTES, COM ROSTOS QUE IRRADIAVAM FORÇA E CORAGEM. SUAS BOCHECHAS ERAM ROSADAS, SUAS PELES BRONZEADAS PELO TOQUE DA TERRA, E SEUS CORPOS ROBUSTOS E MUSCULOSOS. CADA UM DELES TINHA APROXIMADAMENTE 1,25 METROS DE ALTURA E PESAVA CERCA DE 75 QUILOS.
EULÉ OLHOU PARA SUAS CRIAÇÕES E SORRIU, MAS SABIA QUE AINDA FALTAVA ALGO. ELE QUERIA QUE ESSES SERES TIVESSEM VIDA PRÓPRIA, QUE FOSSEM SEUS VERDADEIROS FILHOS. ASSIM, O FERREIRO SE VOLTOU PARA O CÉU E PEDIU ÀS ESTRELAS QUE LHES DESSEM VIDA. E, COMO POR UM MILAGRE, AS ESTRELAS OUVIRAM SEU PEDIDO.
DE REPENTE, OS OLHOS DOS PEQUENOS SERES BRILHARAM. UM POR UM, OS SETE ANÕES ABRIRAM SEUS OLHOS E COMEÇARAM A SE MOVER. ELES OLHAVAM PARA EULÉ COM ADMIRAÇÃO, COMO SE SOUBESSEM QUE ELE ERA SEU CRIADOR. EULÉ, EMOCIONADO, OS ACOLHEU COMO SEUS FILHOS, DANDO-LHES NOMES QUE REFLETIAM SUAS PERSONALIDADES ÚNICAS: BOLDAR, O CORAJOSO; THARUN, O SÁBIO; GRIM, O FORTE; HURIN, O SILENCIOSO; FYN, O BRINCALHÃO; TORAK, O LEAL; E BRAN, O PENSATIVO.
OS ANÕES ERAM UMA RAÇA RESISTENTE, FEITOS PARA ENFRENTAR AS DURAS CONDIÇÕES DA MONTANHA. EULÉ OS ENSINOU A ARTE DA FORJA, E ELES LOGO SE TORNARAM MESTRES, CRIANDO FERRAMENTAS, ARMAS E JOIAS QUE ERAM TÃO BELAS QUANTO FORTES. O TRABALHO DOS ANÕES ERA ADMIRADO POR TODOS QUE VIVIAM NAS REDONDEZAS, E SUAS CRIAÇÕES ERAM CONHECIDAS POR SUA DURABILIDADE E BELEZA.
OS ANÕES, COM SEUS LONGOS CABELOS, BARBAS E BIGODES, VESTIAM ROUPAS SIMPLES, FEITAS DE TECIDO COR DE TERRA, QUE OS CAMUFLAVAM NAS MONTANHAS. SUAS MÃOS GROSSAS E CALEJADAS ERAM HÁBEIS NO TRABALHO, MAS TAMBÉM GENTIS, QUANDO CUIDAVAM UNS DOS OUTROS. AS MULHERES ANÃS, EMBORA RARAMENTE VISTAS, ERAM TÃO FORTES E HABILIDOSAS QUANTO OS HOMENS, E SUAS LENDAS DIZIAM QUE, QUANDO APARECIAM, TRAZIAM CONSIGO GRANDES FEITOS E MUDANÇAS PARA O POVO ANÃO.
OS SETE ANÕES CRIADOS POR EULÉ VIVERAM MUITOS ANOS, E SUA RAÇA TORNOU-SE CONHECIDA POR SUA GRANDE LONGEVIDADE. ENQUANTO OS HUMANOS ENVELHECIAM E PASSAVAM, OS ANÕES CONTINUAVAM VIVENDO ENTRE 350 E 450 ANOS. SUA RESISTÊNCIA ERA NOTÁVEL, E SUAS LENDAS CRESCERAM COM O PASSAR DO TEMPO.
EULÉ, ORGULHOSO DE SEUS FILHOS, VIVEU O RESTO DE SEUS DIAS CERCADO PELO AMOR E PELA FORÇA DE SUA CRIAÇÃO. E, MESMO APÓS SUA PARTIDA, OS ANÕES CONTINUARAM A TRANSMITIR OS ENSINAMENTOS DE SEU CRIADOR, HONRANDO SUA MEMÓRIA E MANTENDO VIVA A CHAMA DA ARTE DA FORJA.
E ASSIM, A LENDA DOS ANÕES, COM SUAS BOCHECHAS ROSADAS, CORPOS FORTES E CORAÇÕES LEAIS, PERDUROU POR GERAÇÕES, COMO UM SÍMBOLO DE FORÇA, UNIÃO E TRABALHO DURO.
E, NAS NOITES ESTRELADAS, QUANDO O VENTO SOPRA ATRAVÉS DAS MONTANHAS, ALGUNS DIZEM QUE AINDA PODEM OUVIR O SOM DOS MARTELOS DOS ANÕES, FORJANDO NOVOS CAMINHOS PARA O FUTURO.