NUMA NOITE TRANQUILA, QUANDO A LUA CHEIA BRILHAVA NO CÉU COMO UM GRANDE FAROL PRATEADO, TODOS OS DEUSES DO OLIMPO ESTAVAM REUNIDOS EM SEUS TRONOS DE NUVENS. ENTRE ELES, DESTACAVA-SE DIANA, A DEUSA DA CAÇA E DA LUA, COM SEUS LONGOS CABELOS DOURADOS E SEUS OLHOS TÃO AZUIS QUANTO O OCEANO MAIS PROFUNDO.
DIANA ERA CONHECIDA POR SUA DESTREZA E CORAGEM. SEMPRE ACOMPANHADA POR UM ARCO DOURADO E UMA ALJAVA CHEIA DE FLECHAS, ELA PERCORRIA AS FLORESTAS EM BUSCA DE AVENTURAS, PROTEGENDO OS ANIMAIS E GUIANDO OS CAÇADORES JUSTOS. MAS O QUE MUITOS NÃO SABIAM ERA QUE, ALÉM DE SER UMA GRANDE CAÇADORA, DIANA TAMBÉM TINHA UM CORAÇÃO GENEROSO E AMAVA AS CRIATURAS DA NATUREZA COM TODO SEU SER.
CERTO DIA, ENQUANTO CAMINHAVA PELA FLORESTA DOS VENTOS, DIANA OUVIU UM SUSSURRO SUAVE. ERA A VOZ DE UMA PEQUENA CORÇA QUE ESTAVA EM APUROS. ELA SE APROXIMOU E VIU QUE O ANIMAL ESTAVA PRESO EM UMA ARMADILHA CRUEL, COM SUAS DELICADAS PATAS ENROSCADAS EM CORDAS AFIADAS.
— NÃO TENHA MEDO, PEQUENA AMIGA — DISSE DIANA COM SUA VOZ SUAVE E PROTETORA. — VOU LIBERTÁ-LA.
COM UM MOVIMENTO RÁPIDO, ELA CORTOU AS CORDAS COM UMA DE SUAS FLECHAS. A CORÇA, AINDA TREMENDO DE MEDO, OLHOU PARA DIANA COM GRATIDÃO.
— OBRIGADA, DEUSA DA LUA — DISSE A CORÇA COM UM BRILHO DE ALÍVIO NOS OLHOS. — FUI CAPTURADA POR CAÇADORES IMPIEDOSOS. ELES NÃO CAÇAM PARA SE ALIMENTAR OU PARA PROTEGER SUAS ALDEIAS, MAS POR PURA MALDADE.
DIANA FRANZIU AS SOBRANCELHAS. ELA NÃO TOLERAVA CAÇADORES QUE NÃO RESPEITAVAM AS CRIATURAS DA NATUREZA. DECIDIU, ENTÃO, DAR UMA LIÇÃO ÀQUELES HOMENS.
NAQUELA NOITE, A LUA FICOU AINDA MAIS BRILHANTE. DIANA SUBIU ATÉ UMA COLINA, SEU ARCO NAS MÃOS, E OBSERVOU DE LONGE OS CAÇADORES. ELES ESTAVAM RINDO E COMEMORANDO SUAS CAÇADAS, SEM SABER QUE A DEUSA OS OBSERVAVA.
— VAMOS VER O QUÃO CORAJOSOS VOCÊS SÃO QUANDO ENFRENTAREM A JUSTIÇA — MURMUROU DIANA, COM UM LEVE SORRISO.
ELA PEGOU UMA FLECHA E, COM PRECISÃO DIVINA, DISPAROU-A NO AR. A FLECHA PERCORREU O CÉU COMO UM RAIO DE LUZ E CAIU PRÓXIMA AO ACAMPAMENTO DOS CAÇADORES. MAS, EM VEZ DE FERI-LOS, A FLECHA SE TRANSFORMOU EM UMA LUZ MÁGICA QUE ENVOLVEU O ACAMPAMENTO, PRENDENDO-OS EM UMA BOLHA DE NÉVOA.
OS CAÇADORES TENTARAM FUGIR, MAS NÃO CONSEGUIRAM SAIR DA NÉVOA.
— O QUE ESTÁ ACONTECENDO? — GRITARAM ELES, ASSUSTADOS.
DIANA APARECEU, FLUTUANDO SUAVEMENTE SOBRE A NÉVOA, SEUS OLHOS AZUIS BRILHANDO COM A LUZ DA LUA.
— VOCÊS CAÇAM SEM RESPEITO, SEM PENSAR NAS VIDAS QUE TIRAM — DISSE ELA, SUA VOZ ECOANDO COMO O VENTO. — AGORA, APRENDERÃO O VALOR DA VIDA.
COM UM GESTO, A NÉVOA SE DISSIPOU E OS CAÇADORES PERCEBERAM QUE ESTAVAM NO MEIO DA FLORESTA, CERCADOS POR ANIMAIS QUE OS OBSERVAVAM. MAS, AO CONTRÁRIO DO QUE ESPERAVAM, OS ANIMAIS NÃO OS ATACARAM. ELES APENAS FICARAM ALI, OLHANDO, COMO SE ESPERASSEM ALGO.
— VÃO, APRENDAM COM A NATUREZA — DISSE DIANA. — SEJAM DIGNOS DAQUILO QUE CAÇAM. E, ACIMA DE TUDO, LEMBREM-SE DE QUE A CAÇA SÓ É JUSTA QUANDO HÁ RESPEITO.
OS CAÇADORES, AGORA HUMILDES E ARREPENDIDOS, PROMETERAM NUNCA MAIS CAÇAR SEM PROPÓSITO. E, A PARTIR DAQUELE DIA, ESPALHARAM PELA TERRA A HISTÓRIA DE DIANA, A OLIMPIANA DOS OLHOS AZUIS, QUE PROTEGIA AS FLORESTAS E SEUS HABITANTES COM CORAGEM E SABEDORIA.
DIANA, SATISFEITA, RETORNOU AO SEU LUGAR NO OLIMPO, ONDE CONTINUARIA A BRILHAR NO CÉU NOTURNO, GUIANDO TANTO OS CAÇADORES JUSTOS QUANTO OS PERDIDOS NA ESCURIDÃO.
E ASSIM, SOB A LUZ SUAVE DA LUA, AS FLORESTAS PERMANECERAM SEGURAS, GRAÇAS À VIGILÂNCIA DA DEUSA DA CAÇA E DA LUA.