ERA UMA VEZ, NUM REINO DISTANTE, UMA JOVEM PRINCESA CHAMADA AMÉLIA. AMÉLIA ERA AMADA POR TODOS NO REINO, NÃO APENAS PELA SUA BONDADE, MAS TAMBÉM PELA SUA SABEDORIA. ELA VIVIA NUM CASTELO ENCANTADO, CHEIO DE TORRES QUE TOCAVAM AS NUVENS E JARDINS FLORIDOS, ONDE BORBOLETAS COLORIDAS DANÇAVAM AO VENTO.
UM DIA, ALGO TERRÍVEL ACONTECEU: A COROA DA PRINCESA FOI ROUBADA! AQUELA NÃO ERA UMA COROA QUALQUER. ELA ERA MÁGICA, FEITA DE OURO BRILHANTE, CRAVEJADA DE PEDRAS PRECIOSAS QUE REFLETIAM O BRILHO DAS ESTRELAS. DIZIAM QUE QUEM A USASSE, GANHAVA SABEDORIA E CORAGEM PARA GOVERNAR COM JUSTIÇA.
DESESPERADA, AMÉLIA CHAMOU TODOS OS GUARDAS DO CASTELO E OS CONSELHEIROS DO REINO, MAS NINGUÉM SABIA QUEM HAVIA LEVADO A COROA. "SEM A COROA, COMO PODEREI GOVERNAR?" PENSAVA A PRINCESA, PREOCUPADA.
DECIDIDA A RESOLVER O MISTÉRIO, AMÉLIA PEGOU SEU MANTO E PARTIU NUMA JORNADA, SOZINHA, PELA FLORESTA ENCANTADA QUE CERCAVA O CASTELO. SABIA QUE, EM ALGUM LUGAR DAQUELA FLORESTA, MORAVA UMA SÁBIA CORUJA CHAMADA ORFEU, CONHECIDA POR SABER DE TUDO O QUE ACONTECIA NO REINO.
AMÉLIA CAMINHOU POR HORAS ATÉ ENCONTRAR A GRANDE ÁRVORE ONDE ORFEU VIVIA. AO VÊ-LA, A CORUJA ABRIU SUAS ASAS MAJESTOSAS E POUSOU NUM GALHO BAIXO, FITANDO A PRINCESA COM SEUS OLHOS DOURADOS.
— SEI POR QUE VEIO, PRINCESA AMÉLIA — DISSE ORFEU, COM SUA VOZ GRAVE E MISTERIOSA. — SUA COROA FOI ROUBADA PELO DUENDE DA MONTANHA SORRATEIRA.
— MAS POR QUÊ? — PERGUNTOU AMÉLIA, ASSUSTADA.
— O DUENDE QUER O PODER DA COROA PARA COMANDAR OS VENTOS E AS CHUVAS. ELE VIVE NO ALTO DA MONTANHA SORRATEIRA, CERCADO POR ARMADILHAS. MAS CUIDADO, AMÉLIA: APENAS O VERDADEIRO DONO DA COROA PODE RECUPERÁ-LA — ADVERTIU A CORUJA.
SEM HESITAR, A PRINCESA AGRADECEU E CONTINUOU SUA JORNADA RUMO À MONTANHA. AO CHEGAR, ENCONTROU O DUENDE EM SEU TRONO DE PEDRAS, SEGURANDO A COROA COM UM SORRISO MALICIOSO.
— VIM BUSCAR O QUE É MEU! — DISSE AMÉLIA, SEM MEDO.
— AH, VOCÊ ACHA QUE É TÃO FÁCIL? — ZOMBOU O DUENDE. — A COROA PODE SER SUA DE DIREITO, MAS VOCÊ SÓ A TERÁ DE VOLTA SE RESOLVER O MEU ENIGMA.
AMÉLIA, DETERMINADA, CONCORDOU. O DUENDE DEU UMA RISADA CURTA E DISSE:
— QUAL É A COISA QUE MAIS BRILHA, MAS QUE NINGUÉM PODE TOCAR?
A PRINCESA PENSOU, OLHOU AO REDOR E FINALMENTE RESPONDEU:
— A LUZ DAS ESTRELAS! ELA BRILHA NO CÉU, MAS NINGUÉM PODE TOCÁ-LA.
O DUENDE FICOU BOQUIABERTO. AMÉLIA ESTAVA CERTA. COM UM SUSPIRO, ELE DEVOLVEU A COROA, MAS ALGO CURIOSO ACONTECEU: QUANDO A PRINCESA COLOCOU A COROA NA CABEÇA, ELA NÃO BRILHOU COMO ANTES. NA VERDADE, PARECIA UMA COROA COMUM, SEM MAGIA.
— O QUE ESTÁ ACONTECENDO? — PERGUNTOU AMÉLIA, CONFUSA.
ORFEU APARECEU NOVAMENTE, VOANDO SOBRE A MONTANHA, E EXPLICOU:
— AMÉLIA, A VERDADEIRA FORÇA DE UM GOVERNANTE NÃO VEM DE UMA COROA MÁGICA, MAS DO CORAÇÃO. SUA BONDADE, CORAGEM E SABEDORIA SÃO O QUE REALMENTE FAZEM DE VOCÊ UMA PRINCESA. A COROA É APENAS UM SÍMBOLO.
AMÉLIA SORRIU. AGORA ENTENDIA. COM OU SEM A COROA, ELA SEMPRE SERIA UMA LÍDER JUSTA E AMADA POR SEU POVO. E ASSIM, A PRINCESA AMÉLIA VOLTOU PARA O CASTELO, GOVERNANDO SEU REINO COM AMOR E JUSTIÇA, SEM PRECISAR DE UMA COROA PARA MOSTRAR QUEM ELA REALMENTE ERA.
E TODOS NO REINO SABIAM: ELA ERA A PRINCESA SEM COROA, MAS COM O CORAÇÃO MAIS BRILHANTE QUE AS ESTRELAS.