Contos doTio-Avô
Saulo Piva Romero
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NO VASTO E QUENTE GRANDE DESERTO ARENOSO, LÁ ESTAVA BEN, O COWBOY AUSTRALIANO, MONTADO NO SEU FIEL COMPANHEIRO, UM AVESTRUZ CHAMADO CACO. ATRÁS DELES, UMA ÁGUIA MAJESTOSA, DE NOME ÁRIA, PLANAVA PELOS CÉUS, SEGUINDO O DUO EM SUAS AVENTURAS.

 

BEN E CACO FORMAVAM UMA DUPLA ÚNICA. ENQUANTO A MAIORIA DOS COWBOYS CAVALGAVA CAVALOS, BEN PREFERIA SEU AVESTRUZ, COM SUAS LONGAS PERNAS ÁGEIS E PENAS MARRONS QUE BRILHAVAM SOB O SOL DO DESERTO. QUANDO CACO SENTIA O PERIGO, ELE CORRIA MAIS RÁPIDO QUE O VENTO, DEIXANDO UMA NUVEM DE AREIA NO RASTRO. MAS, QUANDO NÃO HAVIA SAÍDA, ELE TINHA UMA ESTRATÉGIA BEM PECULIAR: ENTERRAVA A CABEÇA NA AREIA, ACHANDO QUE O PERIGO DESAPARECIA.

 

CERTO DIA, BEN, CACO E ÁRIA ESTAVAM EXPLORANDO UMA ÁREA DO DESERTO CHEIA DE DUNAS ALTAS E SOMBRAS MISTERIOSAS. DE REPENTE, UM SOM FORTE VEIO DE TRÁS DE UMA DUNA. CACO IMEDIATAMENTE FICOU TENSO, E SEUS GRANDES OLHOS SE ARREGALARAM.

 

— CALMA, CACO — DISSE BEN, DANDO UM TAPINHA NAS PENAS DO AVESTRUZ. — DEVE SER SÓ O VENTO.

 

MAS CACO NÃO PARECIA CONVENCIDO. ELE DEU UM PASSO PARA TRÁS, PRONTO PARA CORRER A QUALQUER MOMENTO. NO CÉU, ÁRIA SOLTOU UM GRITO AGUDO, CIRCULANDO ACIMA DE SUAS CABEÇAS.

 

DE REPENTE, UM ENORME LAGARTO DO DESERTO, COM SUA PELE ESCAMOSA BRILHANDO AO SOL, SURGIU DA AREIA. CACO ENTROU EM PÂNICO E SAIU CORRENDO, COM BEN SEGURANDO FIRME NO PESCOÇO DE PENAS MACIAS.

 

— VAMOS, CACO! CORRE, MAS NÃO MUITO LONGE!

 

O AVESTRUZ CORRIA TÃO RÁPIDO QUE PARECIA QUE ESTAVAM VOANDO SOBRE A AREIA. ÁRIA VOAVA AO LADO, GRITANDO COMO SE ESTIVESSE OS ENCORAJANDO A IR MAIS RÁPIDO. NO ENTANTO, ALGO ESTRANHO ACONTECEU. O LAGARTO NÃO ESTAVA MAIS ATRÁS DELES, E O DESERTO FICOU EM SILÊNCIO NOVAMENTE.

 

— ACHO QUE ESTAMOS SEGUROS, COMPANHEIRO — DISSE BEN, TENTANDO ACALMAR O CORAÇÃO ACELERADO DO AVESTRUZ. MAS, ASSIM QUE BEN TERMINOU DE FALAR, CACO VIU OUTRA SOMBRA SE APROXIMANDO. DESTA VEZ, ELE PAROU ABRUPTAMENTE, OLHOU PARA BEN E... ENTERROU A CABEÇA NA AREIA!

 

BEN SUSPIROU, OLHANDO PARA O CÉU ONDE ÁRIA VOAVA TRANQUILAMENTE.

 

— AH, CACO... DE NOVO, ESSA IDEIA DE QUE SE VOCÊ NÃO VÊ O PROBLEMA, ELE DESAPARECE.

 

MAS, PARA A SURPRESA DE BEN, O QUE SURGIU DA SOMBRA NÃO ERA UM MONSTRO, E SIM UMA PEQUENA FAMÍLIA DE CANGURUS CURIOSOS. ELES SE APROXIMARAM, OLHANDO PARA O COWBOY E O AVESTRUZ COM UM AR DE QUEM NUNCA TINHA VISTO ALGO TÃO ENGRAÇADO.

 

ÁRIA POUSOU NUMA ROCHA PRÓXIMA, OBSERVANDO A CENA. BEN RIU E DEU UM TAPINHA CARINHOSO NAS COSTAS DE CACO.

 

— VIU SÓ, PARCEIRO? ÀS VEZES, O QUE PARECE ASSUSTADOR NÃO É TÃO RUIM ASSIM.

 

CACO TIROU A CABEÇA DA AREIA E OLHOU AO REDOR, ALIVIADO AO VER QUE NÃO HAVIA PERIGO. ELE DEU UM LEVE CACAREJO, COMO SE ESTIVESSE RINDO DE SI MESMO.

 

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 05/09/2024
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